sábado, 3 de janeiro de 2015

As mais belas bibliotecas do mundo -- HuffPost Books (Korea)

Não concordo com o fotógrafo: ele só pegou algumas, e não são as melhores.
Em todo caso, aqui segue, tal como publicado neste link:
http://www.huffingtonpost.com/2014/12/29/most-beautiful-libraries_n_6391600.html
Paulo Roberto de Almeida

Gorgeous Photos of the World's Most Beautiful Libraries

Posted: Updated:
PARIS



Photographer and literary enthusiast Franck Bohbot captures the beauty of libraries in his photographs as he tours the world.
Bohbot, a French photographer currently living in New York, released the photographs of libraries in several cities including Paris and Rome as a part of his 2012 project “House of Books.” According to Bohbot, this is an ongoing project to record the libraries of the world.
Several awe-inspiring photos from this collection are below.
(h/t boredpanda)
  • Paris – France National Library (Bibliothèque Nationale de France)
  • Paris – Mazarine Library (Bibliothèque Mazarine)
  • Rome – Angelica Library (Biblioteca Angelica)
  • Boston – Boston Public Library (Boston Public Library)
  • Paris – Mazarine Library (Bibliothèque Mazarine)
  • Paris - François Mitterrand National Library (BNF Site François Mitterrand)
  • Paris - Sainte Geneviève Library (Bibliothèque Sainte Geneviève)
  • Paris – Sorbonne University Library (Bibliothèque Interuniversitaire de la Sorbonne)
  • Paris – Sorbonne University Library (Bibliothèque Interuniversitaire de la Sorbonne)
  • Rome – Vallicelliana Library (Biblioteca Vallicelliana)
  • Paris – Sénat Library (Bibliothèque du Sénat)
  • Paris – Sorbonne University Library (Bibliothèque Interuniversitaire de la Sorbonne)
  • Rome – Vallicelliana Library(Biblioteca Vallicelliana)
This post originally appeared on The Huffington Post Korea and was translated into English.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Petrobras: o roubo deliberado da mafia dos dirigentes (DPF, 5/05/2014)

Coloquei à disposição dos interessados, documento em pdf, contendo depoimento de funcionario da Petrobras (cujo nome não foi revelado), com data de 5 de maio de 2014, do Departamento da Polícia Federal em Curitiba, relatando a sucessão de crimes deliberados cometidos contra a companhia, pela máfia composta por seus próprios dirigentes.
Foi peça chave na definição da Operação Lava Jato, ainda em curso.
Impressionante a sucessão de crimes perpetrados pelos sanguessugas autorizados pelo partido de mafiosos que se apossou do Brasil.
Leiam, e como diria alguém: é estarrecedor.
Paulo Roberto de Almeida

Disponível na plataforma Academia.edu, neste link:
https://www.academia.edu/9975584/O_roubo_mafioso_na_Petrobras_depoimento_de_funcionario_%C3%A0_DPF

Portugal-Inglaterra: a mais antiga alianca diplomatica do mundo - tratado de 1353

Esse tratado deixou de existir, mas os dois países mantêm outro, o mais antigo do mundo, de aliança e amizade, feito bem antes do Reino Unido, logo depois da restauração portuguêsa de 1640. Como nunca foi denunciado, permanece em vigor, por mais de três séculos...
Grato a meu amigo Paulo Werneck por mais esta pérola.
Paulo Roberto de Almeida

Tratado de Boa Vizinhança em 1353 com a Inglaterra (II)
Blog Guardamoria, 01 Jan 2015
Paulo Werneck

Recentemente encontrei, em Internet Archive, a coleção dos 18 volumes do "Quadro Elementar das Relações Politicas e Diplomáticas de Portugal com as Diversas Potencias do Mundo Desde o Principio da Monarchia Portugueza Até aos Nossos Dias", redigido pelo segundo Visconde de Santarém, diplomata e historiador.

A coleção registra documentos - tratados, cartas, até mesmo eventos - que mostram as relações de Portugal com o resto do mundo, desde priscas eras, os volumes organizados cronologicamente por nações.

O volume 14 contempla um extrato do tratado que denominei de Boa Vizinhança, que está copiada a seguir, para o leitor usar como uma segunda leitura do referido tratado, publicado na íntegra na postagem "Tratado de Boa Vizinhança em 1353 com a Inglaterra", com a minha tradução leiga:
Tratado de commercio por 50 annos entre Duarte III, Rei d'Inglaterra, e os mercadores, maritimos, e communidades da marinha das cidades e villas maritimas de Portugal, sendo Enviado destas Affonso Martins Alho, que assignou o mesmo Tratado.

Principia este acto pela forma seguinte: «Seja a todos notório, que as gentes, os mercadores, communidades (associações) das cidades maritimas de Lisboa e Porto, e outras do Reino e Senhorios do Rei de Portugal e do Algarve, enviárão Affonso Martins, chamado Alho, como seu mensageiro e procurador perante o excellente Principe, Edwardo pela graça de Deos Rei d'Inglaterra e de França, afim de se contractar e firmar um Tratado de amizade e alliança entre o dito Rei, seus vassallos e os povos, mercadores, maritimos, e communidades das ditas cidades maritimas de Portugal com todas em geral, e com cada uma dellas em particular para sempre, ou por um tempo determinado, em consequencia do que resolve e determina ElRei que se estabeleça uma alliança firme e d'amizade, afim de entreter a melhor affeição entre o dito Rei d'Inglaterra e a de seus vassallos, e os do sobredito povo e cidades maritimas de Portugal, para mutua vantagem e proveito de ambas as partes. Em virtude do que se estipulou o seguinte:

1.º Haveria a melhor intelligencia e firme alliança tanto por mar, como por terra, entre as ditas partes contractantes, por 50 annos a partir da data deste Tratado.

2.º Em consequência disso, os vassallos d'ElRei d'Inglaterra não serião injuriados nem maltratados, tanto nas suas pessoas como nos seus navios, mercadorias ou outros objectos a elles pertencentes, pelos mercadores e maritimos, ou communidades das cidades maritimas de Lisboa e Porto.

3.º Pela mesma maneira o povo, mercadores e communidades das sobreditas cidades não receberião injuria, vexação, ou prejuizo nas suas pessoas, navios, mercadorias ou outros objectos dos maritimos de Inglaterra, Gasconha, Irlanda e de Galles, nem de nenhum outro subdito d'ElRei de Inglaterra.

4.º Nenhum dos povos ou subditos de uma ou de outra parte poderia contractar alliança com os inimigos, opponentes, ou adversários da outra, nem causar-lhe prejuizo, nem prestar-lhe ajuda ou soccorro.

5.º Estipula-se igualmente que os subditos commerciantes, maritimos e quaesquer outros de que condição forem de uma e de outra parte possão livremente, e com toda a segurança, ir e voltar por mar ou por terra a todos os portos de mar, cidades e villas de um e de outro paiz, e passar por todos os logares dos ditos Reinos quando e onde lhes convier, assim como seus navios grandes e pequenos, e Iodas as mercadorias que trouxerem nos seus ditos navios, de qualquer paiz de onde ellas possão provir.

6.º Todas as disputas, dissensões e discórdias que existirão nos tempos passados, bem como todos os damnos e prejuizos causados por uma ou por outra das partes (contractantes) anteriormente á data do presente Tratado (se por ventura existem) serão (e annullandas) annuladas para sempre, e não se intentará nenhuma acção nem processo por nenhuma das duas partes.

Se porêm no futuro alguma das duas partes contractantes causar algum aggravo ou prejuizo á outra, neste caso o aggravo, ou damno será devidamente reparado pelos senhorios ou autoridades das partes respectivas, e a parte prejudicada será indemnizada das despezas que fizer no proseguimento da pessoa ou dos bens da pessoa que lhe tiver causado o prejuizo.

No caso porêm que esta não possua sufficientes mercadorias ou bens para pagar as multas será constrangido e preso, e justiça será feita em proveito da pessoa que soffreu o aggravo.

7.º Estipula-se também que no caso que ElRei d'Inglaterra, ou algum dos seus vassallos, tome ou ganhe sobre seus adversarios alguma cidade, castello, ou porto no qual se achem mercadorias, ou fazendas pertencentes ao povo, mercadores, maritimos ou communidades das cidades mencionadas (Lisboa e Porto, etc), ou navios nos quaes se encontrem mercadorias pertencentes ás mesmas, nesse caso o dito Rei d'Inglaterra e de França, ou a pessoa que commandar em seu nome, procederá a uma pesquiza sobre a pessoa em cujas mãos se achão taes mercadorias ou effeitos, fazendo taes diligencias conforme a Lei, e exibindo este Tratado, afim de que taes navios e mercadorias sejão restituidas e recobradas pelo povo, mercadores, maritimos ou outras pessoas das associações maritimas acima mencionadas, tendo estas declarado previamente com juramento que estas lhes pertencião.

Advertindo todavia que taes navios não estejão armados, ou que tenhão dado ajuda ou auxilio aos inimigos do dito Rei d'Inglaterra. No caso que algum dos ditos navios seja encontrado armado, ou lendo assistido ou soccorrido os inimigos do dito Rei, perderá os seus bens e das pessoas a quem pertencerem, mas que os outros que cumprirem lealmente este acordo não deverão experimentar nenhum damno.

Outrosim no caso que os vassallos do dito Rei d'Inglaterra e de França tomem ou capturem no mar, ou em um porto, algum ou alguns navios dos seus adversários e inimigos, e que nelles se encontrar algumas mercadorias ou objectos pertencentes ás ditas cidades maritimas, estas serão transportadas para Inglaterra onde serão cuidadosamente guardadas até que os interessados provem o seu direito a ellas.

Em idênticos casos o mesmo será observado pelo povo e marinha das ditas cidades a respeito dos vassallos do dito Rei d'Inglaterra.

8.º Outrosim se ajustou que os pescadores das ditas cidades maritimas (de Portugal) poderão ir pescar livremente sem incorrer em nenhum perigo nos portos d'Inglaterra e de Bretanha, e nos outros portos e logares que elles julgarem opportunos, pagando somente os direitos (costumes) devidos ao senhor do paiz.

Feito era Londres a 20 d'Outubro do anno da graça de 1353
Veja também:
Tratado de Boa Vizinhança em 1353 com a Inglaterra.

Fonte:
CARVALHOSA, Manuel Francisco de Barros e Sousa de Mesquita de Macedo Leitão e (Visconde de Santarém). Quadro Elementar das Relações Politicas e Diplomáticas de Portugal com as Diversas Potencias do Mundo Desde o Principio da Monarchia Portugueza Até aos Nossos Dias. Tomo 14. Segunda edição. Páginas 39 a 43. Lisboa: Typographia da Academia Real das Sciencias, 1865. Disponível em Internet Archive (www.archive.org).

O afundamento da Petrobras pelos petistas desonestos - Carlos Alberto Sardenberg

Um desastre de Lula/Dilma

Perdeu-se um momento de preço alto do óleo, que atrairia investimentos, nacionais e estrangeiros, ávidos pelos novos campos 

Carlos Alberto Sardenberg

O Globo, 1/01/2015

O preço do petróleo tem ciclos e pelo menos parte da história funciona assim. O mundo entra em um período de crescimento — e aí falta o combustível, cuja produção estava ajustada à demanda anterior, de baixa expansão econômica. Sobe o preço do petróleo e isso viabiliza mais investimentos na exploração e produção de óleo, especialmente quando se supõe que o crescimento global é duradouro. E as pessoas têm uma tendência irresistível de achar que agora vai, e vai por muito tempo. Daí, podem acontecer duas coisas: o ciclo de expansão é longo ou curto. Neste último caso, o preço do petróleo cai e volta logo ao patamar anterior, pois a oferta fica maior que a demanda, diminuída com a redução do crescimento do PIB mundial.
Procurar, explorar e produzir petróleo novo não é atividade trivial. Requer muita tecnologia e investimentos pesados. Se o ciclo de expansão global for muito curto, às vezes nem dá tempo de se iniciar a busca. Investimentos são paralisados ainda na fase de planejamento.
Mas se o período de crescimento for longo o suficiente, os novos investimentos vão a campo, viabilizados pela contínua alta da demanda. Foi o que aconteceu nos anos 90 e no início deste século 21, até a grande crise de 2008/09. O consumo mundial de óleo subiu o tempo todo e chegou aos 93 milhões de barris/dia.
Preços foram para a lua e viabilizaram mesmo a produção do petróleo caro — e caro, nesta história, é sempre em relação à mixaria que se gasta na Arábia Saudita para tirar um barril de óleo bom: menos de US$ 5. Para comparar: nosso petróleo mais barato, o da Bacia de Campos, sai por algo como US$ 15 o barril.
Já o óleo novo, do pré-sal, varia de US$ 30 a US$ 70. No seu programa de investimentos até 2018, a Petrobras fez todas as contas considerando o barril a US$ 100 na média do período.
Pois o preço está abaixo dos US$ 60.
Ficando assim, inviabiliza alguns campos e reduz as margens de lucro de todos os outros. Quer dizer, o investimento fica proporcionalmente mais caro.
Quando se olha para a economia mundial, o que se vê hoje? Entre os desenvolvidos, só os EUA vão bem. A recuperação ainda é moderada, diz o Federal Reserve, Fed, o banco central deles. Mas é muito melhor do que ocorre no Japão e na Europa, onde só a Inglaterra tem dados animadores.
A China, motor emergente, está em clara desaceleração. Em consequência, o resto do mundo necessariamente cresce menos. E não dá alimento para novas altas do petróleo.
Para alguns economistas, o capitalismo já era, de modo que, no máximo, teremos ciclos muito curtos de crescimento modesto. O que vem depois? Não dizem. Não sabem.
Mas se aceitarmos que o capitalismo é o melhor sistema que a humanidade conseguiu criar, a melhor ideia disponível, então certamente teremos novos longos ciclos de crescimento.
Portanto, para os países que têm boas reservas de petróleo, é só ter calma, moderar os investimentos atuais (fatal), mas ficar preparado para um novo ciclo de crescimento global. Certo?
Mais ou menos. É verdade que o óleo negro é a mais eficiente fonte de energia jamais descoberta.
Mas é poluente. Isso não era importante quando se iniciou a era do petróleo, mas agora, obviamente, é.
Além disso, acontece que boa parte da humanidade, a maior parte, está farta dessa dependência do petróleo. Primeiro, porque dá excessivo poder político aos donos do óleo. Segundo, porque transfere muita riqueza a esses donos. Depois, porque picos e vales dos preços desarrumam a economia global, ora gerando inflação, ora deflação.
Resultado, está todo mundo procurando e desenvolvendo outras fontes de energia que, a cada dia, tornam-se mais viáveis, econômica e tecnicamente. Aqui cabem desde as novas formas de se obter óleo e gás, como a extração do xisto, até as outras fontes, etanol, palha de cana, vento, sol, e um mundo de alternativas nas quais trabalham centros de tecnologia pelo mundo afora.
Tudo considerado, fica evidente que o Brasil, nos governos Lula e Dilma, perdeu uma imensa oportunidade. Cinco anos sem leilão para a exploração de novas áreas, enquanto se discutia e se tentava aprovar a nova forma de dividir o dinheiro do óleo, deixaram um enorme prejuízo. Perdeu-se um momento de preço alto, que certamente atrairia investimentos, nacionais e estrangeiros, ávidos pelos novos campos.
Quando se juntam a cobiça e a miopia política, histórica e econômica, o resultado só pode ser um imenso desastre. Lula e Dilma anunciaram a autossuficiência em petróleo e a devolução da Petrobras ao povo brasileiro, para terminar importando combustível caro e jogando a Petrobras no mar da corrupção e do atraso. Sem contar a quase destruição do etanol. Pode haver desastre maior que esse?
Não ouviram o sábio ensinamento do xeque Yamani, inventor da Opep: a Idade da Pedra não terminou por falta de pedra.

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/um-desastre-de-luladilma-14937623#ixzz3NdsHydXA
© 1996 - 2015. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015 - Paulo Roberto de Almeida


Resoluções de Ano Novo: minhas promessas (críveis?) para 2015
(sem garantia de cumprimento, porém...)

Paulo Roberto de Almeida

Assim como existem as avaliações e balanços que empreendemos todo final de ano, assim como também existem as previsões que fazemos para cada ano que se inicia – de modo profissional ou amador, segundo as vocações; eu, por exemplo, sempre insisto nas minhas previsões imprevidentes, que são justamente aquelas que não devem se realizar –, existe uma categoria literária muito usada nos veículos de entretenimento que são as promessas de ano novo. É o que vemos nos programas de entrevistas com personalidades famosas, ou nas colunas de assuntos mundanos, quando o animador ou o colunista se põe a imaginar, ou a idealizar, tudo de bom, de útil, de agradável, ou, no limite, o que de necessário será preciso empreender no novo ano que se inicia para que ele seja, se não perfeito, pelo menos um pouco melhor, ou diferente, daquele que acaba de terminar (ano miserável, incompleto, frustrante). É um fato que as promessas nunca se realizam por completo, ou que falhamos miseravelmente nas intenções proclamadas um ano antes, mas como somos humanos, nunca desistimos, nem desacreditamos, e continuamos apostando no que possa ocorrer de melhor, como essas apostas no jogo, ou a compra renovada de bilhetes de loteria, imaginando o que fazer, depois, com todo aquele dinheiro que poderia, ou deveria, pingar na nossa conta.
Promessas de ano novo são uma especulação contra o futuro, uma espécie de aposta na esperança, contra a dura realidade da vida diária, invariavelmente feita de muita correria para ficar no mesmo lugar, mas sempre achando que, por uma vez, vai ser diferente. Sempre é diferente, obviamente, mas não necessariamente para melhor, muito embora os políticos e líderes partidários que nos governam estejam sempre prometendo que haverá trabalho para todos, que a renda vai crescer, que os serviços públicos vão melhorar e que as tarifas vão ser corrigidas no mínimo necessário para assegurar a qualidade da prestação daquilo que já pagamos com todos os impostos, taxas e contribuições, mas que somos abrigados a contratar privadamente nos mercados de bens e serviços. O que será que explica essa crença ingênua que mantemos nas promessas dos políticos? Seriam elas equivalentes às que fazemos nós mesmos para nosso uso pessoal, e que falham miseravelmente em se realizar integralmente? Se for assim, melhor largar toda esperança, caros ingênuos irrecuperáveis...
Não obstante, vou tentar a sorte eu também, talvez pela primeira vez em muitos anos, uma vez que minhas previsões imprevidentes se referem, quase sempre, a fatos da vida política e da conjuntura econômica do país, não a itinerários de vida ou a recortes da vida pessoal. Sem ter o hábito deste tipo de exercício, vejamos o que a minha mente já ocupada por mil e uma obrigações programadas – na vida professional, nas atividades acadêmicas, ou nas ocupações pessoais – poderia imaginar como promessas válidas de serem proclamadas, e inscritas, no calendário deste ano da graça de 2015, no contexto do trabalho profissional, ou na minha agenda de atividades previstas para o ano.
Começo, como teria de ser, pela produção intelectual, a faceta de minhas atividades pessoais que mais me absorve como simples vivente, além e acima das demais ocupações de natureza mais prosaica, que são aquelas, em todo caso, que são responsáveis pelo meu sustento material e financeiro. Prometo iniciar, finalmente, e se possível terminar, aquele segundo volume de minha história da diplomacia econômica no Brasil, desta vez voltada mais para as relações econômicas internacionais do Brasil, circunscritas ao período da República Velha e à primeira era Vargas (mais exatamente até Bretton Woods). Há anos, praticamente desde que terminei, entre 1999 e 2001, o primeiro volume – atrevidamente intitulado Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império –, venho prometendo a mim mesmo, e aos meus leitores, terminar e entregar esse segundo volume, provisoriamente intitulado A Ordem Internacional e o Progresso da Nação: as relações econômicas internacionais do Brasil na era republicana. A concepção será um pouco diferente do primeiro volume, menos aborrecidamente baseado nos relatórios anuais da Secretaria de Estado do Ministério das Relações Exteriores, e mais fundamentado na literatura já acumulada em torno da história econômica do Brasil, mas sempre bem apoiado nos dados primários das relações econômicas externas do país: em comércio, finanças, investimentos estrangeiros, importação de mão-de-obra (ou seja, não mais tráfico ou escravidão e sim imigração europeia e asiática), relações regionais, multilateralismo e organização institucional e extensão geográfica do ministério. Como obra de fôlego, essa também deve ocupar-me por meses e meses, talvez durante o ano inteiro, se conseguir terminar, não obstante o fato de que várias partes já se encontram escritas, outras pesquisadas, e várias outras já tenham sido mapeadas mentalmente, com base em leituras anteriores e no conhecimento adquirido ao longo de muitos anos de pesquisas.
Teria ainda dois pequenos – ou grandes, dependendo da disposição – livros para terminar, ambos já escritos, em grande medida, mas faltando completar algumas partes imaginadas ou projetadas, e revisar o que já está pronto: um seria a compilação, ainda para ser agregada de mais três ou quatro capítulos, de minha série sobre as Falácias Acadêmicas, uma espécie de manual politicamente incorreto de todos os equívocos, ou bobagens, repetidamente ensinadas por professores ingênuos (ou mal formados, senão simplesmente deformados pelo gramscismo de botequim que vigora em nossas mal designadas academias) e que são ministradas a um público cativo, geralmente crédulo, de alunos passivos, submetidos impunemente ao besteirol que conhecemos; o segundo pode ser a minha outra série de minitratados, bem mais um divertimento do que um trabalho sério, feito de considerações jocosas sobre situações de vida, ou até de quase vida, como pode ser, por exemplo, a reencarnação.
Tenho muitos outros projetos de trabalho, alguns sérios, outros de pura diversão (para não dizer de gozação), já que a vida no Brasil já é suficientemente preocupante para que ainda agreguemos aos dilemas dominantes (na economia, na política, na mera esfera da ética pública e da moral ambiente). Não sei o que vou fazer, além do que já foi programado nos parágrafos precedentes, pois o mais provável que ocorra, e o que mais temo, é que me chamem para participar de algum livro coletivo, me solicitem muitos pareceres para artigos submetidos a revistas de sou consultor editorial, me convidem para palestras ou contribuições a publicações diversas, ademais da minha já prometida colaboração ao boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, sob a forma de mini-resenhas para a seção Prata da Casa, ou seja, dos livros publicados por diplomatas. Tudo isso vai desviar-me dos trabalhos mais séries, e tomar um precioso tempo que tento usar para leituras, reflexões e escritos de ocasião, geralmente objeto de postagens em meu blog Diplomatizzando (um mero divertissement, como sempre o classifico).
Terei tempo, disposição, condições de realizar tudo isso em 2015? Não tenho ideia, mas o ideal seria começar imediatamente, sem esperar essas acalmias que sempre imaginamos que possam ocorrer, sem que elas realmente aconteçam. Vou colocar os projetos em minha agenda eletrônica, para que luzes, trinados e alarmes disparem a cada semana, para lembrar-me o quão atrasado estou no cumprimento de todas essas promessas. Em todo caso, declarando assim, e tornando públicas, elas se tornam ainda mais constrangedoras, obrigando-me a avançar no programado, ainda que seja para não passar vergonha. Será? Vamos marcar rendez-vous para daqui a seis meses, em meados do ano, portanto, esperando que algo tenha sido adiantado até lá. Inch’Allah!

Savannah, Georgia, 1o. de janeiro de 2015

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ah, esses capitalistas bonzinhos: os Rockefellers e o progresso das ciencias sociais (book review)

A Fundação Rockefeller começou bem cedo a ajudar o Brasil. Não estou falando do apoio às ciências sociais a partir dos anos 1960, o que foi essencial para garantir a boa "substituição de importações" também na construção da pós-graduação no Brasil (até derivar para o politicamente correto do afro-brasileirismo e outros besteirois de gênero e sociais), mas do financiamento e expertise técnica no campo da saúde e da profilaxia desde os anos 1920. Já existe tese sobre os programas de saúde sustentados pelos Rockefellers logo depois da primeira guerra mundial: nossas faculdades de medicina, especialmente em SP, foram consolidadas graças ao dinheiro desses capitalistas malvados...
Paulo Roberto de Almeida

David L. Seim, Rockefeller Philanthropy and Modern Social Science. London: Pickering and Chatto, 2013.  ix + 265 pp. $120 (cloth), ISBN: 978-1-84893-391-0.

Reviewed for EH.Net by Donald T. Critchlow, Department of History, Arizona State University.

In this age of excessive wealth, the Rockefellers, John D. and his son John D. Jr., in the early twentieth century provide an example of how great wealth can be used to better the world.  Through the establishment of the Rockefeller Foundation, huge sums of money were given to philanthropic causes.  The Rockefeller Foundation’s greatest contribution arguable lay in the advancement of medicine, but its efforts in education and the social sciences were notable.

Historian David Seim focuses his short book on the Rockefeller philanthropy in the social sciences from 1900 through 1920.  Seim eschews deep analysis for a straight-forward narrative of Rockefeller involvement in a wide-range of projects to support individual social scientists, advance social science research and education, and institutionalize the social sciences within universities and inter-disciplinary research institutions.  His book reads like a lengthy institutional report on a dizzying array of projects, but the wealth of information contained in his study is rewarding for any scholar interested in the history of the social sciences, university education, race relations, and public policy in the twentieth-century.

The period from the late nineteenth century up to the Great Depression starting in 1929 can be described as the “Golden Age” of the American social sciences. The emergence of the modern social sciences in this period, so ably described by historians such as Thomas Haskell, Barry Karl, Lawrence Cremin, Mary Furner, and others, projected an optimism that empirical social science research could better the world. The accumulation of empirically derived knowledge about human behavior and nature, these early social scientists maintained, was critical to reforming society, ensuring progress, and overcoming what they believed was a lag between scientific and technological advancement and traditional culture and customs. The confidence of early social scientists in their role in advancing society manifested hubris, but in the process American higher education was transformed and the social sciences became institutionalized. John D. Rockefeller, his son, and a brilliant staff played a critical role in this transformation.

Having earned a fortune in oil, John D. Rockefeller, a devout Baptist, believed that his wealth should be put to use in bettering the world.  At first he directed his charity toward mostly missionary organizations, educational institutions, and projects. From the outset he gave significant funds to African-American and Native American causes, including black seminaries and Indian schools. Overwhelmed by requests for support — sometimes reaching hundreds of letters each day — Rockefeller hired Dr. Frederick T. Gates, a Minneapolis minister, to organize his philanthropic activities. After retiring in 1896 from business, John D. Rockefeller joined with his son, John D. Junior, to direct his philanthropy. In 1901, they decided to establish the Rockefeller Institute for Medical Research. This was followed by the establishment of the General Education Board, which directed much of its money toward the South and black education. In 1913, they established the Rockefeller Foundation. With the specific goal of serving “The Well Being of Mankind throughout the World” (Seim, pp. 58-59). The Rockefeller Foundation collaborated with the Carnegie Institution and the Russell Sage Foundation in promoting the social sciences.

The first efforts of the Rockefeller Foundation were small, providing financial support to the Bureau of Social Hygiene, a Division of Industrial Relations, and an Institute of Economics (1922), which later developed into the Brookings Institution.  The Bureau of Social Hygiene provided support for research into the “prostitution problem,” eugenics, and the establishment of Margaret Sanger’s American Birth Control League.

The turning point in Rockefeller’s involvement in the social sciences came with the establishment of the Laura Spelman Rockefeller Memorial Fund in 1918, named after Rockefeller’s late wife. With an original endowment of $13 million, later extended to $74 million, an extensive program developed providing funds to assist the well-being of women and children and providing major resources to an effort to promote the broad advancement of knowledge, methods and application in the social sciences. The first years of the Spelman Memorial Fund focused on women and children, including support for the East Harlem Health Center, the Maternity Center Association of Manhattan, the YMCA and YWCA, the Boy Scouts and Girl Scouts, the Salvation Army, and the American Child Health Association. Headed by Beardsley Ruml, a University of Chicago trained Ph.D., who had studied with James R. Angell, the Memorial Fund turned its attention to the advancement of the social sciences in 1923. Key advisers such as Abraham Flexner, Raymond Fosdick, and Henry Embree played important roles in shaping the Memorial Fund program.

Seim details the multiple activities of the Spelman Memorial Fund through specific grants to educational institutions, individual research projects, the creation of research centers, and areas of research.  Seim ably outlines the full extent of these projects, showing how Ruml and his associates carefully developed and directed a program to fund the social sciences in America.  The major focus of this program was to redress what was seen as a cultural lag in American society, and to develop knowledge useful to maintaining what was described at the time as “social control” in human behavior. By social control, as Seim observes, Rockefeller people meant social advancement. This was a reform agenda that sought to distinguish between narrow business and class interests and empirical research by non-partisan expertise.

As these research programs developed, Ruml and his advisers expressed particular concern that funds be targeted toward institutional advancement within the universities and interdisciplinary organizations. Ruml did not limit funding to only American universities. In 1923, the London School of Economics began a long-term relationship with the Rockefeller Foundation.

In America, Ruml targeted funding major institutions, including the University of Chicago, which was founded largely with John D. Rockefeller money in 1892. Spelman Memorial funds provided vital in developing what became known as the Chicago School in Sociology. Much of the Chicago school of sociology focused on studies of ethnic and race relations. This focus on race relations was evident as well in funding to the University of North Carolina, where major research was conducted on the state and the means of bettering race relations in the South. At Columbia University in New York, Rockefeller funded major research on black southern migration to the North. Major Spelman Memorial grants went to Harvard University, especially to support the pioneering work of G. Elton Mayo.  Other funding — also on race relations — went to Western Reserve University in Cleveland, and Charles S. Johnson at Fisk University. A graduate student of Robert E. Park at University of Chicago, Johnson published in 1930 The Negro in American Civilization.

Spelman Memorial funds were directed to China, the Soviet Union, Sweden, and Western Europe, often toward research in what now would be called economic development. Seim notes that one of the black marks on Spelman Memorial funding during this period was support of eugenics research in the United States, as well as in Australia and Germany, where funds were used to support the Kaiser Wilhelm Institute for Psychiatry and the Kaiser Wilhelm Institute for Anthropology, Eugenics and Human Heredity. At the same time, Ruml supported research in international relations with a particular goal of aiding the League of Nations. Major funding helped launch the Social Science Research Council, under the direction of University of Chicago political scientist Charles Merriam. Less attention was given to the humanities, although the fund directed some funding toward historians, especially in France.

Seim ends his study with the merging of the Spelman Fund into the Rockefeller Foundation in 1929.  In accomplishing his intent to explain “the creation of the ideal of neutral, public-oriented social scientists (p. 239), Seim does not evaluate more fundamental questions raised by the rise of specialized, empirical social science research. The mindset of Ruml and the Rockefeller Foundation assumed that empirical social science research would improve the world. In many ways, it did and continues to do so today. Yet the mindset of early Rockefeller Foundation officers often precluded larger fundamental questions that had been explored by earlier philosophers and political thinkers: The ancient Greeks, Plato and Aristotle, asked basic questions as to the meaning of truth, justice, and a good society?  Adam Smith and David Hume examined what makes for a well-ordered society?  Alexis de Tocqueville, less than a century before the founding of the Rockefeller Foundation, asked about the relationship of equality and liberty in a democratic society, while warning of a “soft-despotism” that comes with a breakdown in civil society and the rise of a bureaucratic state. Already in the 1920s, political thinkers such as Ludwig von Mises and F.A. Hayek were challenging the hubris of economic planners and regulators. Earlier thinkers may have reached wrong conclusions, but debate over these fundamental issues rests generally outside the realm of narrow empirical social science research, as envisioned by the “new” social science in the early twentieth century.

The new social scientists in this golden age rejected the deductive reasoning of the past –the ancient Greeks and Christian theologians. The new social scientists found such debate maddening and ultimately irresolvable.  Yet, without dismissing the importance of the contributions that empirical modern social science can impart to our understanding of the world — often funded then and today by philanthropic foundations — the question that should have confronted the promoters of the new social sciences was simply: Are we too narrow, too exclusive, and too confident as to the ultimate contribution which we can make to what makes for a just, well-ordered, liberal society in our often facile dismissal of previous thinkers?

Donald T. Critchlow is Director of the Arizona State University Center for Political Thought and Leadership. His most books include The Brookings Institution: Expertise and the Public Interest in a Democratic Society; When Hollywood Was Right: How Movie Moguls, Film Stars, and Big Business Remade American Politics; and A Very Short Introduction to American Political History (forthcoming).

Copyright (c) 2014 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (December 2014). All EH.Net reviews are archived at http://eh.net/book-reviews/

A frase do inicio do ano: Vladimir Putin’s Unhappy New Year

It’s often said that Russian history veers between chaos and despotism. Vladimir Putin is the rare Kremlin leader to span both. 
Matthew Kaminski, The Wall Street Journal, January 1, 2015

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...