segunda-feira, 10 de julho de 2017

Oswaldo Aranha: fotobiografia, de Pedro Corrêa do Lago (Augusto Nunes)


COLUNA

Augusto Nunes

Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido.

SIGA

Política

Oswaldo Aranha, o insuperável número 2

Uma fotobiografia ilumina a trajetória do parceiro e rival de Vargas. Seu brilho político contrasta com a mediocridade dos homens públicos de hoje

Por Augusto Nunes


O REVOLUCIONÁRIO  - Oswaldo Aranha, no uniforme de campanha dos conflitos de 1923, no Rio Grande do Sul: o presidente que poderia ter sido e não foi

O REVOLUCIONÁRIO  - Oswaldo Aranha, no uniforme de campanha dos conflitos de 1923, no Rio Grande do Sul: o presidente que poderia ter sido e não foi (Arcevo/Arquivo pessoal)


O REVOLUCIONÁRIO  - Oswaldo Aranha, no uniforme de campanha dos conflitos de 1923, no Rio Grande do Sul: o presidente que poderia ter sido e não foi

O REVOLUCIONÁRIO  - Oswaldo Aranha, no uniforme de campanha dos conflitos de 1923, no Rio Grande do Sul: o presidente que poderia ter sido e não foi (Arcevo/Arquivo pessoal)

Publicado na edição impressa de VEJA



Podem conviver sob a mesma pele, em desconcertante harmonia, tipos humanos aparentemente incompatíveis? Eis uma graça alcançada por uns poucos eleitos. A essa tribo sempre ameaçada de extinção pertenceu o brasileiro nascido em 1894 na cidade gaúcha de Alegrete resgatado pela recém-lançada Oswaldo Aranha – Uma Fotobiografia. Na obra de fina feitura, organizada pelo neto do biografado, Pedro Corrêa do Lago, mais de 600 imagens, 80% das quais até agora inéditas, conjugam-se com textos concisos e claros para promover o desfile das distintas versões que coexistiram no território localizado entre a alma e o coração da figura extraordinariamente múltipla. O revolucionário e o conciliador, o guerreiro impetuoso e o negociador político, o caudilho sem paciência e o diplomata sem pressa, o nativista de bombachas e o cosmopolita de terno branco e sapato bicolor — Oswaldo Euclides de Souza Aranha sempre administrou com notável equilíbrio tantas ambivalências. Talvez porque esse íntimo convívio dos contrários tenha estado permanentemente subordinado ao mais poderoso traço de sua personalidade: a paixão visceral pelos valores democráticos. Assim, seja qual for a foto que se contempla, seja qual for a versão nela retratada, o que se vê é Oswaldo Aranha (quase sempre com o inevitável cigarro debruçado sobre o lábio inferior).


Nada se vislumbra de antagônico mesmo em imagens dissonantes separadas por alguns centímetros. O jovem que comanda em trajes típicos uma tropa de cavaleiros chimangos, rumo a mais um entrevero da revolução de 1923, é o embrião do elegante frequentador do Jockey do Rio que conversa numa roda de amigos entre uma aposta e outra. O intendente de Alegrete que conduz energicamente o Partido Republicano Rio-Grandense na região fronteiriça é o esboço do embaixador que, na presidência da Assembleia da ONU, conceberia a complicada tessitura da partilha da Palestina e consumaria os trabalhos de parto do Estado de Israel. O filho dos pampas à vontade no grupo de peões na hora do chimarrão exibe o mesmo desembaraço do cidadão do mundo que troca ideias em inglês, nos mais cobiçados salões do Rio, com celebridades como o banqueiro Nelson Rockefeller e o cineasta Orson Welles, com um John Kennedy mal saído da adolescência ou com estrelas de Hollywood. O conspirador de 1930 que convenceu um hesitante Getúlio Vargas a assumir a chefia suprema das forças armadas oposicionistas e chegar pelos campos de batalha ao palácio presidencial que não conseguira alcançar pelo caminho das urnas, obstruído pela fraude em escala industrial, antecipa o ministro da Fazenda que em 1954, na derradeira reunião do ministério de Getúlio, defenderia a contraofensiva destinada a abortar os ataques ferozes da aliança que juntara militares sublevados e políticos golpistas. A atitude de Aranha rima com o discurso à beira da sepultura em São Borja, quando se despediu do velho companheiro.


“Não te trouxe meu abraço, mas aquele aperto de mão amigo de todos os dias, para que continuemos, tu na eternidade e eu nessa vida, o diálogo de dois irmãos ligados pela terra, pela raça, pelo serviço e pelo amor ao Brasil”, disse no começo da bela oração fúnebre. Esse poema do adeus ao companheiro morto, grande suicida, foi o fecho perfeito para a história de uma amizade que sobreviveu a rupturas dramáticas, reaproximações desconfiadas e ciumeiras muito mal disfarçadas.




Amigos díspares – Oswaldo Aranha, então chanceler, com o presidente Getúlio Vargas, em 1942: “irmãos ligados pela terra” (Biblioteca Nacional/VEJA)

Os vínculos consolidados na década de 20 nunca se dissolveram, mas foram esgarçados em várias ocasiões por colisões frontais entre o presidente que amava o poder acima de todas as coisas e o amante da liberdade, avesso a autoritarismos e regimes absolutistas. Em 1937, por exemplo, Aranha se opôs publicamente à decretação do Estado Novo. Em 1942, valendo-se do prestígio acumulado no Brasil e das ligações com autoridades americanas estabelecidas desde os primeiros dias como embaixador em Washington, estimulando com discrição e habilidade o poder de pressão da Casa Branca, Aranha conseguiu neutralizar o fascínio de Getúlio pelo Eixo nazifascista e, em seguida, induzir o ditador a juntar-se aos Aliados na II Guerra Mundial. Foram poucas as vitórias do herdeiro político dos Aranha de Alegrete nas quedas de braço travadas com o continuador da dinastia dos Vargas de São Borja. O mais demorado de todos os embates nunca foi explicitado claramente. Ambos sabiam que tinham todos os atributos para governar o Brasil, mas só um deles acabou chegando lá.


“Nunca vi duas figuras tão díspares se darem tão bem, era uma espécie de concubinato político”, disse Alzira Vargas do Amaral Peixoto numa entrevista publicada em 1958. Dois anos depois, a filha preferida e única confidente de um homem avesso a intimidades verbais escreveria Getúlio Vargas, Meu Pai, que acaba de ser relançado. “Como brigavam, como se disputavam e como se ajudavam!” Segundo Alzirinha, nenhum deles perdia chances de criticar o outro, mas os dois também não admitiam que terceiros entrassem no assunto, mesmo que para endossar o que diziam. “Parecia uma briga de marido e mulher na qual ninguém podia se meter”, comparou. “As diferenças entre eles eram visíveis, claras. Oswaldo, alegre, falastrão, extrovertido, com ambições recalcadas, sonhos irrealizados. Getúlio, quieto, comedido, introvertido, ambições realizadas aparentemente, sonhos impossíveis. Porém, conversavam, se entendiam, se completavam.”


Nascido em 1894, doze anos depois de Getúlio, Aranha seria o número 2 da geração que ingressou na vida política na década de 20 ─ a melhor e mais brilhante safra de homens públicos da história do Brasil republicano. Ao elenco gaúcho, enriquecido por raridades como João Neves da Fontoura, Flores da Cunha, Lindolfo Collor, Batista Luzardo, Cordeiro de Farias ou Luís Carlos Prestes, somaram-se coadjuvantes com suficientes qualificações para brilhar como protagonistas. Nessa categoria figuram os cearenses Juarez Távora e Juracy Magalhães, o mineiro Virgilio de Mello Franco, o fluminense Eduardo Gomes, o paulista Armando de Salles Oliveira, o paraibano José Américo de Almeida. Nunca mais o Brasil veria tantos políticos vocacionais esbanjando talento ao mesmo tempo.



Dias e épocas – Com Flores da Cunha, a quem escreveu a carta acima, de 1959: a melhor safra de políticos (Biblioteca Nacional/VEJA)

Aranha ainda não sabia disso em 1933, quando era ministro da Fazenda do governo provisório. Se soubesse, não teria dito que “o Brasil é um deserto de homens e de ideias”. Seria a sua frase mais famosa. Seria também o mais desastrado parecer fabricado por um cérebro reverenciado pela precisão dos diagnósticos políticos. Se a geração dos anos 20 lhe pareceu miseravelmente árida, o que diria se estivesse vivo? Como descreveria a paisagem do país nesta segunda década do século XXI? Que qualificações mereceriam os governantes que transformaram o deserto de homens e de ideias numa selva infestada de larápios, vigaristas, assaltantes de cofres públicos e ramificações da grande tribo dos fora da lei? Como reagiria Aranha ao saber que o país que levou um presidente honrado ao suicídio é governado por um homem que, acuado pelas bandalheiras em que se meteu, aparece cercado de prontuários para acusar o acusador? Alguém conseguiria explicar-lhe por que líderes originários da elite que escrevia sem erros e falava português corretamente foram trocados por analfabetos funcionais como Lula ou bestas quadradas como Dilma Rousseff? Aranha estava com Tancredo Neves quando um tiro ecoou no Catete e mudou o rumo da história. O que acharia da conversa em que o neto do ministro da Justiça de Getúlio, o afastado Aécio Neves, esbanjou fluência na linguagem de cortiço? Faltam homens, faltam ideias, falta cadeia. O que há de sobra é bandido. São tantos que podem ser encontrados na cúpula dos três poderes.


A gestação do deserto começou com a mudança da capital para Brasília. Se o Congresso ainda funcionasse no Rio, por exemplo, bastaria que os renans, jucás, collors e eunícios dessem as caras na Avenida Rio Branco para sentir na pele o que o povo pensa do desempenho da turma. Entre 1964 e 1984, o sumiço de homens e ideias foi intensificado pela ditadura militar, que sufocou os nascedouros de homens públicos, como os centros acadêmicos, e fez o que pôde para extinguir espécies afetadas por defeitos intoleráveis ─ coragem, honradez, vergonha na cara, altivez, autonomia intelectual e independência política, por exemplo. Somam-se a essas mazelas históricas uma legislação eleitoral ineficiente e um sistema político em permanente crise de representatividade. Os estragos restantes podem ser explicados pela constatação de Nelson Rodrigues: “Os idiotas estão por toda parte”. Talvez já sejam hegemônicos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Os otimistas irredutíveis lembram que as coisas pareciam menos assustadoras há menos de trinta anos. E eram, graças à longevidade de gente que sobreviveu à devastação desencadeada em 1964. Em julho de 1994, quando já era candidato à Presidência, Fernando Henrique Cardoso evocava em tom nostálgico os seus tempos de senador. “Eu tive o privilégio de conviver com homens como Darcy Ribeiro, Roberto Campos, Afonso Arinos, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e outras cabeças brilhantes”, exemplificou. Todos os integrantes da lista de FHC tinham o status de cardeal. Mas também tinham mais de 70 anos. A morte dos últimos servidores da nação extinguiu o cardinalato. Hoje o Legislativo é governado pelo baixo clero.



Arena mundial – Na declaração de guerra contra o nazifascismo, em 1942 (à esquerda), e na presidência da Assembleia das Nações Unidas que criou o Estado de Israel, em 1947 (Biblioteca Nacional/VEJA)

Serão todos enterrados na cova rasa dos que por pouco não destruíram o país que a geração de Oswaldo Aranha tentou bravamente modernizar. “Vivemos, realmente, demais, porque os dias de nossas vidas serão contados por épocas, para o mundo e para o nosso país”, constatou numa carta a Flores da Cunha em fevereiro de 1959, um ano antes da morte, no Rio. “Essa metade do século XX foi uma síntese de todos os tempos. As decisões tomadas em nossa época (…) assemelharam-se à semana da criação. Ajudamos, Flores, a amainar a terra desse renovado destino brasileiro.”


O legado do atual ajuntamento de políticos é inferior a zero. A poucos meses do início da campanha presidencial de 2018, milhões de profissionais da esperança não conseguem localizar um candidato que os anime a pelo menos sair de casa para votar. Há pouco mais de cinquenta anos, faltava palanque para um Oswaldo Aranha. Meses antes do fim, ele recusou um convite para candidatar-se a vice-presidente, em 1960, na chapa encabeçada pelo marechal Henrique Lott. “Estou cansado de ser o segundo”, confessou. Pena que as trapaças da sorte impediram que se tornasse o número 1. A fotobiografia confirma que Oswaldo Aranha é o presidente que poderia ter sido e não foi. Se tivesse governado o país, ele morreria mais feliz. E o Brasil viveria mais feliz enquanto fosse presidido por um homem assim.

Oswaldo Aranha – uma fotobiografia, de Pedro Corrêa do Lago (Capivara; 412 páginas; 70 reais)


Um retrato íntimo da esfinge

O testemunho de Alzira, filha e confidente de Getúlio Vargas, ganha uma nova edição ampliada


Ge e rapariguinha – Alzira com o pai, em 1936: uma vida inteira dentro de palácios de governo (Biblioteca Nacional/VEJA)

Escrito em 1960 e só agora relançado em edição definitiva, enriquecida por complementos inéditos e por um segundo volume de memórias cuja conclusão se tornou impossível com a morte da autora, em 1992, Getúlio Vargas, Meu Pai é um amoroso retrato do mais influente político brasileiro do século visto por Alzira Vargas do Amaral Peixoto. A compreensível brandura do olhar é compensada por revelações só acessíveis à filha predileta e única confidente de um homem que sempre preferiu ouvir a falar.

Nas versões oficiais, ela foi arquivista e depois auxiliar de gabinete do presidente constitucional. A história real informa que coube a Alzirinha a guarda de um precioso baú de segredos do gaúcho que governou o Brasil por quase vinte anos. Quem leu a edição original sabe que, para a funcionária avessa a mesuras e salamaleques, Getúlio era simplesmente o “patrão”. A safra de novidades atesta que Alzirinha reduziu a farrapos a couraça que protegia a intimidade de um introvertido vocacional. A confiança crescente e recíproca conferiu à confidente o status de conselheira de alta patente. Numa das dezenas de cartas trocadas entre a filha que chamava de “Ge” o pai que a tratava por “Rapariguinha”, o ex-ditador exilado nos pampas alinhava os perigos que espreitavam todos os caminhos possíveis e, na última linha, pede a opinião da destinatária: “Que pensas?”. Dúvidas e desconfianças são dissipadas por considerações argutas, observações irônicas e sugestões astuciosas. A correspondência manuscrita comprova que foi Alzirinha quem convenceu a esfinge de que era hora de regressar pela rota do voto ao coração do poder alcançado vinte anos antes pelo atalho da insurreição armada.

O livro que expõe facetas ocultas de Getúlio já seria indispensável se apenas contasse quem foi Alzira Vargas. Ninguém viveu tanto tempo em palácios. A filha do governador do Rio Grande do Sul morou no Piratini. A filha do presidente da República trabalhou no Catete e dormiu no Guanabara. A mulher de Ernani do Amaral Peixoto dividiu o palácio em Niterói com o interventor e depois governador do Rio de Janeiro. Deve ser muito bom morar em lugares assim, deixei escapar no meio de uma conversa com ela em 1987. “Bobagem”, cortou a septuagenária que desprezava rodeios. “Seria uma vida insuportável se eu não carregasse o tempo todo a caixinha com coisas que nenhum palácio tem.” Intrigado, pedi exemplos. “Fósforos, pente, agulha, linha e botão”, informou. “Você pode mobilizar todos os ajudantes de ordens, todos os oficiais de gabinete e dois ou três ministros”, riu Alzirinha. “Eles demoram meia hora até descobrir que é melhor mandar alguém buscar na cidade.”


Getúlio Vargas, Meu Pai, de Alzira Vargas do Amaral Peixoto (Objetiva; 560 páginas; 69,90 reais ou 39,90 em versão digital)

sábado, 8 de julho de 2017

Uma delacao super premiada e uma mentira subinvestigada - Editorial Estadao

Mentira comprometedora

Editorial O Estado de S. Paulo, sábado, 8 de julho de 2017


A validade dos chamados acordos de delação premiada depende fundamentalmente de dois elementos, cuja falta é grave o bastante para suscitar a anulação dos termos da colaboração: a voluntariedade e o compromisso inarredável com a verdade.
 
Um investigado, acusado ou réu não pode estar sentado à mesa de negociação com o Ministério Público ou com a autoridade policial sob ameaça ou coação. Ele precisa estar disposto a contar o que sabe por livre e espontânea vontade, em troca dos benefícios relativos à persecução penal a que está sujeito pelo crime que lhe é imputado. Além disso, para ser digno de receber tais prêmios, que podem chegar ao perdão judicial, é mandatório que diga a verdade às autoridades, por mais óbvio que isso possa parecer.
 
Esses requisitos obedecem a um imperativo legal – conforme as disposições da Lei 12.850 de 2013, que trata das organizações criminosas – e serão verificados pelo Poder Judiciário em dois momentos: a voluntariedade, na fase de homologação do acordo; e a veracidade das alegações, no momento da sentença, após a reunião de um conjunto de provas no curso do processo que comprove o que o colaborador disse às autoridades. De acordo com o mesmo diploma legal, nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações do agente colaborador.

Desde sua divulgação, em maio, o acordo de colaboração premiada firmado entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o sr. Joesley Batista, controlador da J&F, vinha sendo bastante criticado por variados segmentos da sociedade pela disparidade entre o que o delator ofereceu de informações ao Estado e o que dele recebeu em troca, a saber, a imunidade total para os gravíssimos crimes que confessou ter cometido.
 
Já seria questionável, de pronto, a concessão de imunidade total a um criminoso confesso e contumaz, atitude que não se coaduna com o próprio conceito de justiça que deve sempre pautar as ações da PGR. Causou ainda mais estranheza a irrazoabilidade dos termos negociados no acordo com o sr. Joesley Batista, cujo resultado, como já foi dito neste espaço, foi uma denúncia inepta por corrupção passiva contra o presidente da República.
 
Sabe-se agora que sr. Joesley Batista mentiu para a PGR. Durante as tratativas para o fechamento do acordo de colaboração premiada, ele negou ter tido qualquer de seus negócios facilitado por Antonio Palocci no âmbito do BNDES. Entretanto, de acordo com informações veiculadas pelo Estado, a JBS – uma das empresas controladas pela holding J&F – pagou, entre dezembro de 2008 e junho de 2010, cerca de R$ 2,1 milhões à Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, empresa do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, em troca das gestões de Palocci com a direção do BNDES para o aporte de US$ 2 bilhões do banco estatal que serviram para a compra da Pilgrim’s Pride Corporation pela JBS por cerca de US$ 2,8 bilhões em 2009. Vale dizer, por meio da intervenção remunerada de Antonio Palocci, a JBS ampliou seus negócios nos Estados Unidos utilizando mais de 70% de capital do BNDES. É importante repetir que, mesmo quando questionado, o sr. Joesley Batista negou ter recebido auxílio de Antonio Palocci para fechar seus negócios bilionários.
 
Além de ter negociado os termos do acordo de colaboração premiada da JBS contrariando ditames legais, vê-se agora que a PGR negociou mal. É inadmissível que uma delação que baseou uma denúncia contra o presidente da República venha eivada de mentira. Não se pode supor que um fato dessa gravidade seja um mero “descuido” da PGR, que de pronto acreditou na palavra do delator e não fez uma averiguação prévia de sua veracidade.
 
O açodamento e o desmazelo do Ministério Público Federal no tratamento das informações entregues pelo sr. Batista reforçam a percepção de que os objetivos da delação são, antes de tudo, eminentemente políticos.

Tudo o que vc sempre quis saber sobre a tal de financeirizacao - book review

Published by EH.Net (July 2017)


Youssef Cassis, Richard S. Grossman, and Catherine R. Schenk, editors, The Oxford Handbook of Banking and Financial History. Oxford: Oxford University Press, 2016. xviii + 537 pp., $160 (hardcover), ISBN: 978-0-19-965862-6.

Reviewed for EH.Net by Larry Neal, Department of Economics, University of Illinois at Urbana-Champaign (emeritus).


The global financial crisis that began in 2007-08 and continued to rattle the Eurozone countries after 2010 has certainly been good for the market for financial history. The Oxford Handbook of Banking and Financial History is clearly a response to these events. In their introductory chapter, the editors set out their ambitious agenda, which is to deal with the individual parts of our modern complex financial system and trace how each has evolved over time. Each chapter ends with some insight into how the current turmoil in global banking and finance might affect part of the global financial system. This broad-ranging approach is very much in keeping with current analysis by policy economists, who have become very sensitive to how our financial system intertwines banks, which specialize in particular niches of the economy; shadow banks, which innovate to find new niches; money markets, which deal with short-term finance; capital markets, which provide long-term finance; and regulators, who attempt to oversee the operation of the financial system for the interest of the public (or the government). The editors’ goal is to provide anyone concerned with a particular aspect of the financial system an authoritative treatment by an acknowledged expert that is clearly written for the non-specialist combined with a useful bibliography to follow up particular aspects.


The Oxford Handbook is organized into four parts: Part I, Thematic Issues, deals explicitly with the problems that the editors confronted at the outset: how have historians approached the issues in financial history (Youssef Cassis); how have economists dealt with the issues that interest them (John D. Turner); and how have policy makers tried to apply lessons from history for promoting economic development (Gerard Caprio, Jr.). To pay due attention to historical contingency, economic analysis, and policy relevance in each of the following chapters is, indeed, a daunting task for each author.


Part II, Financial Institutions, takes up these challenges by separating out several categories of distinctly different institutions, a useful distinction too often overlooked in practice and one that illustrates nicely the complexity of any financial system. Youssef Cassis’s “Private Banks and Private Banking” begins with the initial role models for banks, from their origins in kinship networks in Renaissance Italy to today’s Swiss managers of private wealth. Gararda Westerhuis’s “Commercial Banking: Changing Interactions between Banks, Markets, Industry, and State” follows by dealing with the nineteenth-century spread of industrialization globally, which led to the rise of universal banks. By the end of the twentieth century, however, it appeared that commercial banks might be in “a state of terminal decline.” (See Raghuram Rajan, 1998, “The Past and Future of Commercial Banking Viewed through an Incomplete Contracts Lens,” Journal of Money, Credit, and Banking. 30(3), 524.) The financial crisis of 2008 led many observers to push for a separation of investment and commercial banking once again in the interest of financial stability. Westerhuis goes on to distinguish the motives for establishing market-based systems (U.S. and England) versus bank-based systems (Germany and Japan). She posits that the two paths diverged early on due to the differences in government control over banks and then the role played by banks in financing industrialization for follower countries, such as Germany and Japan. Oddly missing from her overview is any consideration of the experience of Scottish banking, which developed joint-stock banks with national branches early in the eighteenth century. Only after the financial crisis of 1825 did the English care to look seriously at the Scottish example for improving their commercial banking system! Further, joint-stock banks did not disappear in the U.S. during the “free banking” period as she asserts. While they were confined within state boundaries, limitations on branching within a state varied considerably. The wide range of experiments undertaken by various states has stimulated a growing and interesting literature among U.S. scholars, largely omitted from her bibliography.


Caroline Fohlin’s “A Brief History of Investment Banking from Medieval Times to the Present” takes up the most challenging role of banks, how to transform short-term liabilities into long-term assets. Rather than taking specific organizational forms, she prefers to analyze investment banks as a set of services that help finance the long-term capital needs of business and governments. After briefly looking at merchant banks from medieval times to the early nineteenth century, this loose definition requires her to take up individual countries one by one during the nineteenth century. Sections follow that deal with England, the European continent, Belgium and the Netherlands, France, Germany, Austria and Switzerland, Italy, Japan, and the United States. Each section highlights the differences in organizational structures created to accomplish basically the same goals, helping governments promote industrialization. The twentieth century presents more interesting differences, essentially due to the ways various governments regulated, deregulated, and then re-regulated from the 1920s to the present. She concludes, “even well-known investment banking names that have endured over the centuries bear little resemblance to their ancestors” (p. 159).


Christopher Kobrak’s “From Multinational to Transnational Banking” takes up the complex transformations of the world’s leading banks by size as they successively internalized their international operations. The availability of huge advances in information technology combined with increasing opportunities for re-allocating domestic savings across foreign investments provided the basis for the growth of today’s megabanks. Oddly, however, Kobrak takes as archetypes of the new transnational bank two of the worst performers after 2008 — Deutsche Bank and Citibank. Relying on their respective annual reports in 2007-2010, he touts each of them as “market players” rather than staid fiduciary agents, lauding their scale and scope of activities that are only vaguely related to financial intermediation associated with banks “lending long, while borrowing short.” He dispassionately notes that three-quarters of Deutsche Bank’s two trillion euros in assets in 2007 were securities held for trading, and 40 percent were financial derivatives (p. 183), without disparaging the obvious omission of fiduciary responsibility. Citibank, similarly, by 2007 had “invested huge resources in creating an internal market, in essence warehousing securities and derivatives to build hedged positions and for future sale” (p. 182). All these intra-bank holdings of assets and liabilities enabled such banks to make a lot of money by proprietary trading that remained unobserved by regulators or by publicly accessible financial markets. He refrains from criticizing the model developed by these two megabanks, each of which has suffered huge losses and justified public acrimony since 2008, confining himself to the anodyne remark that “megabanks may be forced, as they have many times in the past, to find an intertwined institutional and organizational adaptation more sustainable in the modern social order” (p. 185)!


R. Daniel Wadhwani’s “Small-Scale Credit Institutions: Historical Perspectives on Diversity in Financial Intermediation” concludes Part II by lumping together a motley assortment of credit cooperatives, savings banks, industrial banks, pawn shops, and savings and loans associations. Wadhwani argues their cumulative size makes their impact on their respective economics arguably as great or greater than that made by the commercial, investment, and public banks dealt with in the previous chapters. Their common origin across many cultures and through past millennia he finds in the ubiquitous presence of ROSCAs (rotating savings and credit associations). Beginning with small kinship groups desiring to pool their limited resources to enable individual members to acquire a desired goal, perhaps a piece of land, a dwelling, livestock, or even the means to migrate somewhere else for employment, ROSCAs often provide a basis for transition to the more modern forms of intermediation. These include savings banks, credit cooperatives, and savings and loans, with each evolving quite differently depending on local circumstances. Critical to their evolution historically is the role of government, whether as regulator (restricting competition), competitor (postal savings banks), or customer (providing sovereign debt as risk-free asset). The theoretical economic bases for their evolution and persistence are robust, both for their monitoring capability and for their local knowledge of investment possibilities. Nevertheless, Wadhwani calls attention to more post-modern “theories” that favor the creation of supportive narratives when cultures confront changes in economic regimes.


Part III, Financial Markets, begins with Stefano Battilossi’s “Money Markets,” which emphasizes the importance of access to outside liquidity for banks when they face unanticipated shocks either for increased loans or increased withdrawals of deposits. Further, Battilossi argues that a key lesson learned by banking theorists and practitioners in the nineteenth century, namely that money markets are essential for a smooth working of the economy but are inherently unstable, was lost over the course of the twentieth century. The success of the Bank of England in stabilizing the money market at the center of the global economy of the nineteenth century, he argues, was due to a complex combination of close monitoring by the Bank of England and cartel complicity by the major joint-stock banks, each with extensive branching networks domestically and overseas. U.S. efforts to imitate the British example after creation of the Federal Reserve System in 1913 failed due to irreconcilable differences in institutional structures between the two banking systems and their respective central banks. It took over a century and a half for the Bank of England to learn how to avoid being a dealer of last resort, a role that the Federal Reserve System in the U.S. had to undertake in the 2008 crisis, and which it has not yet been able to relinquish. Readers are left to draw the implications for the future of the global financial system for themselves!


Ranald C. Michie’s “Securities Markets” lays out convincingly and clearly the importance of securities markets for a successful financial system. Divisibility and transferability of a security expands greatly the potential customer base, adding the virtue of diversity in demands for liquidity among the creditors as well. He distinguishes clearly between “Primary Securities Markets” and “Secondary Securities Markets,” showing their interdependence in layman’s terms. “Stock Exchanges” provide the effective linkage between the two levels of markets, but fall prey in turn to problems either of monopoly pricing or government repression. His exposition of the underlying theory of securities markets provides the structure for his narrative that follows. From “Early Developments in Securities Markets,” which only mentions briefly the roles of informal markets in the speculative booms of 1720, Michie insists on focusing on the nineteenth century, starting with the London Stock Exchange in 1801. It’s unfortunate that he ignores recent work on the Amsterdam stock market, (e.g., Lodewijk Petram, The World’s First Stock Exchange, New York: Columbia University Press, 2014), or early work by this reviewer on the precedents for the London Stock Exchange (Larry Neal, The Rise of Financial Capitalism, New York: Cambridge University Press, 1990). Committed to the importance of formal structures for modern stock exchanges, however, Michie takes up their rise in the advanced capitalist economies of the nineteenth century and then their eclipse from 1914 to 1975. Thanks to the exigencies of war finance from World War I through the Cold War, stock markets seemed to “appear somewhat irrelevant in a world dominated by governments and banks” (p. 253) “The Era of Global Banks” did not come to an end in 2008, however, but what had ended was the “self-regulation that had contributed so much to the attractions of stocks and bonds to governments, businesses, and investors through the reduction or elimination of counterparty risk and price manipulation and the certainty that sales and purchases could be made as and when required” (p. 258). Big banks are bad once again!


Moritz Schularick’s “International Capital Flows” is the most quantitative and instructive of the chapters, as he summarizes succinctly in nine brief tables and one graph, the levels of international capital flows over the nineteenth and twentieth centuries, their size relative to Gross Domestic Product, and the main sending countries and main receiving countries over time. In sum, rich countries invested in poor countries in the nineteenth century, when international capital flows were highest relative to GDP, and the rich continued to invest in poor countries even when capital flows were severely constrained during the period 1914-1975. But after the collapse of Bretton Woods, when international capital flows rose sharply once again, the result has been for poor countries to invest in rich countries. Further, when capital does flow suddenly to emerging economies, financial crises often follow when the flow tapers off, undoing whatever economic advance may have occurred.


Youssef Cassis’s “International Financial Centres” concludes the coverage of financial markets by analyzing the recurring features of international financial centers that lead to their persistence over time. The physical layout of the dominant cities, the combination of functions they perform (government, communications, education, as well as trade and finance), and their organization may change as the technology of transport, communications, and information change, but, Cassis argues, the network externalities created by the concentration of so much expertise in one location make the existing centers hard to replace.


Part IV, Financial Regulation, takes up the most vexing questions for policy makers, starting with Angela Redish’s “Monetary Systems.” Redish begins with the complexity of metallic currencies with coins minted in varying combinations of copper, silver, and gold in early modern Europe, and deftly reviews the causes that concerned European policy makers as they sought to maintain coins with fixed legal tender values, whether minted in any or a combination of the three precious metals. Basically, their concerns were the same as today, “whether nominal change can have real consequence for the balance of trade or level of economic activity?” (p. 327). Redish goes on to trace out the academic literature that has dealt with the Emergence of the Gold Standard, the Latin Monetary Union, the Cross of Gold, the Classical Gold Standard, and the Good Housekeeping Seal of Approval, highlighting the controversies that have arisen under each rubric. Next, she divides the End of the Gold Standard into the First World War and the Interwar Period, Bretton Woods and European Monetary Arrangements, and the End of Bretton Woods and the Rise of the Euro. Reproducing faithfully the graph produced by Eichengreen and Sachs to show that countries that stayed committed to the gold standard after 1929 suffered in terms of industrial production relative to those that devalued, she doesn’t point out that the outliers of Germany and Belgium are readily explained by mistaking their formal exchange rate regimes with the ones they followed in practice (Germany using bilateral trade agreements to increase industrial exports while keeping the nominal exchange rate fixed, and Belgium reducing its nominal exchange rate while being forced to maintain existing trade agreements with France). She concludes with a brief discussion of both inflation targeting under fiat currency regimes and the rise of crypto currencies such as Bitcoin, Her conclusion is merely that “money is information, a method to enable multilateral clearing of myriad transactions. It would be surprising if the digital revolution did not lead to a revolution in how this information is managed” (p. 339).


Forrest Capie’s “Central Banking” takes up the baton passed on by Redish to provide a brief synopsis of the issues confronting central banks as they have increasingly taken control of the supply of money over the past two or more centuries. Monetary stability, their prime responsibility, can be assessed in terms of price stability, but financial stability, which has become a major concern, he notes is more difficult to assess, much less to sustain. Central bank independence, however defined, does seem to correlate with monetary and price stability, which shows that policy lessons have been learned successfully on that score. Continued independence of central banks, however, hinges very much on attaining and then sustaining financial stability. This task, very much underway now among the world’s central banks, 174 at last count, may require expanding their role to include financial regulation as well as oversight of the banking system.


Harold James’s “International Cooperation and Central Banks” makes an interesting argument that central banks in their pursuit of the goal of monetary stability naturally tend to cooperate with other central banks internationally, but without need for formal mechanisms. Cooperation can then be merely discursive, as it was during the classical gold standard. Financial crises, however, often do call for international cooperation, but cooperation is difficult, perhaps impossible, to sustain given the priority of strictly national policy concerns. Large countries, needed to make cooperative efforts successful, are the most reluctant to join in cooperative efforts. His examples cover episodes during the classical gold standard, the interwar period, the brief Bretton Woods period, and the ongoing travail of the euro-system, which he concludes is “the global test case for both the possibilities and the limits of central bank action” (p. 391). In an interesting aside, he explains why the Bank for International Settlements was resuscitated to manage the European Payments Union in the 1950s. Top U.S. officials were wary of using the newly-established International Monetary Fund because its staff were largely protégés of Harry Dexter White, then under suspicion as a possible Russian agent!


Catherine Schenk and Emmanuel Mourlon-Droul’s “Bank Regulation and Supervision” develops a sub-theme to the arguments presented by Harold James, namely the recurring problems of regulatory competition, moral hazard, and regulatory capture. Essentially, “[r]eputation and private information are key bank assets in a market with information asymmetry, but this complicates the ability to engage in transparent prudential supervision” (p. 396). The U.S. stands out for having the most complicated and unwieldy array of conflicted regulatory agencies, summarized in Table 17.1. The authors conclude, as do Charles Calomiris and Stephen Haber (Fragile by Design: The Political Origins of Banking Crises and Scarce Credit, Princeton, NJ: 2014), that it is no accident that Canada and the UK, with more coherent approaches to bank regulation have had fewer banking crises. Much of the remaining chapter focuses on China and the successive efforts of China’s rulers to establish, then regulate, a banking system to enable industrialization and modernization, concluding, perhaps prematurely, that China managed to reduce the problem of non-performing loans after their peak in 2000. The difficulties of deciding where to locate the regulator of the banking system are highlighted by tracing the successive efforts of the U.S., then the UK to find an ex post regulatory solution to the problems of recurring financial crises. The efforts of the Basel Committee, established after the collapse of the Bretton Woods System, are described in the context of the European Union’s efforts to move toward regulatory cooperation within a more limited scope of international cooperation. Prospects for success on that score are still very much in doubt.


Laure Quennouelle-Corre’s “State and Finance” takes a step back to look at the origins of the ongoing dilemma for the Eurozone of the interaction between governments’ sovereign debt and financial fragility of their banks. The recurring differences between France and the other members of the European Union form the backdrop for his rambling notes on the interactions of private and public financial institutions, ending with the observation that France alone has had to deal with the European Union’s pro-market ideology versus the French tradition of state intervention.


Part V, Financial Crises, opens with Richard Grossman’s “Banking Crises,” which reprises the standard story of boom-bust cycles, exacerbated when new opportunities for speculative investments open up (first globalization after 1848; second globalization after 1979; post-war adjustments after WWI) but then moderated under strict regulation (capital controls, interest rate restrictions from 1945-71). In his perspective, the Eurozone crisis fits the boom-bust pattern first described by D. Morier Evans in 1859 (The History of the Commercial Crisis, 1857-58, and the Stock Exchange Panic of 1859, New York: Augustus M. Kelley, 1969).


Peter Temin’s “Currency Crises: From Andrew Jackson to Angela Merkel” takes up the international aspect of the boom-bust paradigm by extending it into national decisions about setting the exchange rate with foreign trading partners and possible investors. To bolster his long-standing conviction that most, if not all, banking crises are really currency crises at heart, he lays out in detail the open macro-economy model developed by Trevor Swan. Swan’s diagram relates a country’s domestic level of production to its real exchange rate. Internal balance is maintained if production rises with the real exchange rate, while external balance requires the real exchange rate to fall when production increases. The model leads to dire consequences for a country if it does not succeed in maintaining both internal balance (matching domestic investment with domestic supplies of savings) and external balance (matching capital account flows with offsetting trade balances) simultaneously. Either excessive inflation or long-term unemployment occurs whenever imbalances are sustained due to misguided government policy. Banking crises then arise as the necessary outcome of such policy failures by governments. The historical evidence to support Temin’s argument starts with Andrew Jackson and the crisis of 1837 in the U.S., continues through the Great Depression in the U.S. in the 1930s, not to mention the concurrent crisis in Germany, and concludes with the ongoing Eurozone crisis, all basically due to misguided political leaders, as named in his sub-title.


Juan H. Flores Zendejas’s “Capital Markets and Sovereign Defaults: A Historical Perspective” concludes the Oxford Handbook. The first global financial market, arising with the collapse of the Spanish Empire in Latin America after the Napoleonic Wars, saw various devices to cope with the recurring problem of governments defaulting on the sovereign bonds they issued for whatever reason, usually to fight a war or quell a revolution. Flores recounts the success of the London Stock Exchange in bringing governments to heel if they wanted access to British savers. The monitoring capabilities of the leading merchant bankers, especially the Barings and Rothschilds, put their imprimatur on bonds issued through their firms. Twentieth century regulatory restrictions on these leading investment banks by their host governments, however, have limited the effectiveness of their “branding” and their intrusive follow-up in monitoring the finances of their customer governments. Flores casts some doubt as well on the effectiveness of the Council of Foreign Bondholders in the nineteenth century. He could also have challenged the effectiveness of international financial control committees that served as the model for the League of Nations Financial Commission after World War I if he had cited the recent work of Coskun Tuncer (Sovereign Debt and International Financial Control, The Middle East and the Balkans, 1870-1914, London: Palgrave Macmillan, 2015). Flores concludes in general that governments that avoided defaulting in times of general crisis did so because they had been excluded from the earlier expansion of international credit.


All in all, the editors did get the compilation in print still in time to be useful for anyone concerned with how the ongoing financial crisis of the early twenty-first century will play out. Specialists in each topic, however, may be disappointed in the necessary brevity of treatment, not to mention absence of references to their own work, particularly if they worry most about the future of the U.S. financial system.

Larry Neal is the author of A Concise History of International Finance: From Babylon to Bernanke, Cambridge: Cambridge University Press, 2015

Copyright (c) 2017 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (July 2017). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.



Quem quer ser diplomata? - Entrevista com o diretor do Instituto Rio Branco

ITAMARATY

Exame – Quer ser diplomata? / Entrevista / José Estanislau do Amaral Souza Neto

Diretor-geral do Instituto Rio Branco (IRBr) 

Por Claudia Gasparini 

Organizado pelo Instituto Rio Branco, concurso para diplomatas aceita inscrições até 10 de julho. Veja como se candidatar e tire dúvidas sobre a carreira

 

São Paulo — Num passado bastante recente, só era diplomata no Brasil quem tinha frequentado as melhores escolas do país e pertencia a uma certa elite econômica. Hoje, as exceções a essa regra começam a se multiplicar.

“A carreira no Itamaraty se tornou mais democrática nos últimos anos”, afirma o embaixador José Estanislau do Amaral Souza Neto, diretor-geral do Instituto Rio Branco (IRBr), instituição responsável desde 1946 pelo concurso público que anualmente renova os quadros de diplomatas no país.

Segundo ele, o perfil dos ingressantes tem sido mais diverso. “Agora temos candidatos aprovados não só do sudeste, mas do Brasil inteiro”, explica. “Além disso, pelo terceiro ano consecutivo, reservamos 20% das vagas para negros”. As mulheres ainda correspondem a apenas um terço dos aprovados, mas chegam cada vez mais ao topo da hierarquia no Itamaraty.

O perfil mais heterogêneo dos candidatos e a natureza meritocrática do concurso fazem com que ele seja um dos mais concorridos do país. “Nossa estimativa é que tenhamos um número recorde de inscrições neste ano, até pelo momento difícil do mercado de trabalho”, afirma Souza Neto. 

Nos últimos anos, houve uma média de 5 mil candidatos no concurso para a carreira diplomática, que em 2017 oferece apenas 30 vagas. O salário inicial, de aproximadamente 16,9 mil reais por mês, contribui para aguçar a concorrência. As inscrições estão abertas até o dia 10 de julho (veja o edital e o link para se candidatar no site do Cespe/UnB).

Quem consegue passar por essa peneira já é contratado como terceiro-secretário, cargo inicial da carreira diplomática. No primeiro ano, os aprovados permanecem no Instituto Rio Branco, onde fazem um curso de formação e participam de um programa de viagens pelo país. O treinamento inclui aulas, seminários e monografias.

As notas que o diplomata obtiver nesse curso, junto com a sua pontuação no concurso, são importantes para o seu futuro: será a classificação por mérito acadêmico que determinará onde ele será alocado após o término da formação no IRBr. “Nos dois primeiros anos, eles devem ficar no Brasil”, explica o diretor-geral da instituição. “Só depois podem trabalhar no exterior”. 

Mas o que faz, afinal, um diplomata? 

De acordo com Souza Neto, as missões de um diplomata se dividem em três vertentes principais. A primeira delas é a representação do governo brasileiro perante governos estrangeiros. A segunda é a negociação, que abrange desde acordos de cooperação científica internacional até pactos de natureza econômica com outros países. 

A terceira e última vertente é a da informação: o diplomata traduz o Brasil para o mundo, e vice-e-versa. “É ele quem informa Brasília sobre algo relevante que está acontecendo agora na Suíça, por exemplo, e também quem ajuda o suíço a compreender uma determinada política pública brasileira”, explica o embaixador.

Ao contrário do que ocorre em outros países, por aqui o raio de atuação do diplomata também pode abranger tarefas consulares, que incluem atividades de documentação e assistência a brasileiros no exterior.

Quais são os requisitos para conseguir uma vaga? 

O edital do concurso do Instituto Rio Branco informa que, para se candidatar, é preciso ser brasileiro nato, estar em dia com as obrigações eleitorais e, no caso dos homens, com o serviço militar. Também é preciso ter concluído qualquer curso de graduação com diploma reconhecido pelo Ministério da Educação.

De acordo com o embaixador Souza Neto, as formações acadêmicas mais frequentes entre os aprovados são direito e relações internacionais, mas também há graduados em outros cursos de humanas, como letras, economia e administração. Também aparecem de vez em quando, como exceções, engenheiros, médicos e dentistas, ou pessoas com formação em academias militares.

Embora não conste como requisito no edital, o domínio de línguas, obrigatório para desempenhar as funções da diplomacia, também é obrigatório. Além do português, o candidato também precisa conhecer bem três línguas estrangeiras: inglês, francês e espanhol. Não há prova oral de idiomas. 

O que cai na prova?

Segundo Tanguy Baghdadi, coordenador pedagógico do Clio, curso preparatório para a área de diplomacia do Damásio Educacional, o exame preparado pelo Instituto Rio Branco é considerado difícil sobretudo porque cobra um grande número de matérias. 

As disciplinas presentes no exame são história (brasileira e mundial), direito (constitucional e internacional), economia, política internacional e geografia, além de português, inglês, francês e espanhol.

Na 1ª fase da seleção, que dura um dia inteiro, há uma prova objetiva, no estilo “certo/errado”, em que são cobradas todas as disciplinas mencionadas acima, menos francês e espanhol. Quem passa para a 2ª fase encara dois dias de prova de redação em português e em inglês. 

No caso do texto em português, muitas vezes são cobrados temas de literatura e cultura brasileira. Já a redação em inglês pode ter um enunciado bastante aberto, diz Baghdadi, como no ano em que a banca propôs como tema a pergunta: “Qual livro você levaria para uma ilha deserta?”. 

O candidato que consegue chegar à 3ª fase terá que resolver uma prova com questões dissertativas e abertas sobre geografia, história, economia, direito e política internacional, além de provas de francês e espanhol, também discursivas.

Para se dar bem na prova de inglês, o candidato precisa ter conhecimentos avançados da língua e amplo vocabulário. No caso do espanhol e do francês, diz Baghdadi, quem tem pelo menos nível intermediário já pode se dar bem. 

Qual é a faixa etária média dos candidatos? 

De acordo com o embaixador Souza Neto, a idade média dos aprovados aumentou nos últimos anos. Nas duas últimas turmas, gira entre 29 e 30 anos. “Isso mudou porque, até os anos 1990, você não precisava ter curso superior completo para se candidatar”, explica ele. “E também pelo fato de que a prova se tornou mais difícil, o que exige mais tempo de estudo até a aprovação”.

De acordo com Baghdadi, há muitos candidatos recém-formados, que terminaram a faculdade e logo começaram a preparação para o concurso. Também existem aqueles que já viveram alguns anos de experiência profissional antes de se decidirem por essa carreira.

E dá para trabalhar e estudar para esse concurso ao mesmo tempo? Segundo o professor, sim; mas é preciso muito mais foco. “O candidato que consegue ser aprovado normalmente ficou um tempo sem trabalhar, ou em momentos críticos da preparação tirou férias ou saiu do emprego”, diz ele.

Quanto tempo de estudo é necessário para passar?

De acordo com o professor do Clio, o tempo médio de preparação dos candidatos aprovados costuma variar entre dois anos e meio e três anos. Vale lembrar, porém, que essa é uma média “cega” para os casos excepcionais de pessoas que demoram menos tempo para conseguir o feito — ou para aquelas que passam mais do que três anos tentando, e não conseguem.

A concorrência foi temporariamente menor entre 2005 e 2010, o que Bahgdadi chama de “período áureo” para ingressantes na diplomacia, quando as turmas chegaram a ter 100 pessoas. “Hoje, embora o interesse pela carreira tenha diminuído, o nível de exigência do exame é bem maior do que costumava ser, o que torna as vagas bem disputadas”, explica ele. 

A nota de corte depende do grau de dificuldade da prova de cada ano. Normalmente, explica o professor do Clio, a nota de corte para passar para a 2ª fase costuma variar entre 45, 46 ou 47. “Neste ano, haverá mais questões de história, nas quais os candidatos costumam ir bem”, afirma o professor. “Isso provavelmente fará a nota de corte subir”.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Historia economica brasileira: biografia de Edmundo P. Barbosa da Silva - Rogerio S. Farias

Recomendo vivamente. Podem downloadar neste link: 
 http://funag.gov.br/index.php/pt-br/component/content/article?id=1986


Rogério de Souza Farias:
       Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira
       (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4)

Assim como as memórias de Roberto Campos, Lanterna na Popa, constituem, bem mais que mera autobiografia, uma verdadeira história econômica do Brasil, esta densa biografia de um dos grandes construtores da diplomacia econômica no Itamaraty representa, igualmente, uma verdadeira reconstrução historiográfica de toda a história econômica do Brasil na segunda metade do século XX, sendo, como a obra de Campos, de leitura obrigatória por todos aqueles que pretendem abordar, doravante, as relações econômicas internacionais do Brasil, e as políticas econômicas, em especial a comercial e a industrial no período. Enriquecida por um belo e substantivo prefácio do colega de Edmundo, embaixador Marcílio Marques Moreira, a biografia se estende do século XIX ao XXI, e representa um monumento à inteligência econômica, como feita no Itamaraty.
Paulo Roberto de Almeida 


A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) publica a obra “Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira”, do doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, Rogério de Souza Farias. Diplomata de carreira, Edmundo Penna Barbosa da Silva (1917-2012) exerceu papel crucial nas negociações em favor do comércio externo brasileiro, sendo personalidade central do desenvolvimentismo da década de 1950. Foi articulador da diplomacia econômica na busca de capital estrangeiro, na elevação das tarifas aduaneiras, no aumento de laços com os vizinhos, bem como na reabertura das relações comerciais com a União Soviética. A obra tem o prefácio assinado pelo embaixador Marcilio Marques Moreira.
O livro está disponível para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.


quinta-feira, 6 de julho de 2017

Venezuela: um Estado falido - Paulo Paranagua

Analyse 
Imposture populiste au Venezuela 


Paulo A. Paranagua10/05/2017
Service International 
Au Venezuela, les manifestations contre le régime se ­succèdent, malgré une répression brutale. Il y a une ­vingtaine d'années, un lieutenant-colonel parachutiste, Hugo Chavez, arrivait au pouvoir par les urnes, après avoir échoué à le faire par les armes. Il avait promis de combattre la corruption. Pendant sa longue présidence (1999-2013), le cours du pétrole est passé de 8 dollars le baril à 150 dollars. La manne pétrolière dont il a bénéficié a dépassé les 1 100 milliards de dollars. La moitié de cette somme ne figurait pas dans le budget de l'Etat, basé sur un cours du brut systématiquement sous-évalué, ni dans les comptes publics. C'est le hold-up du siècle.
Cette fortune a été versée à des cagnottes opaques, utilisées de manière discrétionnaire. Elle a alimenté le clientélisme chaviste et arrosé les soutiens du régime des deux ­côtés de l'Atlantique, qu'ils soient hommes politiques ou affairistes, journalistes ou universitaires. Les pétrodollars n'ont pas d'odeur. ­Légende noire ? En Argentine, une douanière zélée a découvert une valise provenant de ­Caracas avec 800 000 dollars, en pleine campagne pour la réélection de la présidente Cristina Kirchner. Et en Espagne, le fisc a coincé des dirigeants de Podemos (gauche radicale) qui avaient omis de déclarer des sommes ­reçues du Venezuela. Ces revenus pétroliers siphonnés ne sont pas inscrits dans les livres de comptabilité, contrairement aux pots-de-vin de l'entreprise brésilienne Odebrecht : une chance pour les propagandistes du ­chavisme invités au Cayena, luxueux hôtel de Caracas, aux frais de la princesse. Le ­Venezuela est un Etat corrompu et corrupteur.
Après quarante ans de démocratie civile, Hugo Chavez a remis en selle la tradition militariste du pays. Les militaires, qui n'ont ­jamais gagné une guerre, se posent en sauveurs de la patrie. Avec le chavisme, ils se sont enrichis, ils ont trempé dans les trafics d'armes, de drogues et de denrées alimentaires, alors que les Vénézuéliens subissent des ­pénuries. Ils ont leur propre entreprise pour l'exploitation pétrolière et minière. Le tiers des ministres, de nombreux gouverneurs et chefs d'entreprises publiques sont des gradés. Le ­Venezuela est un Etat militaire.
La nouvelle bourgeoisie « bolivarienne » a stimulé les appétits du crime organisé. Au lieu de le combattre, le populisme s'est appuyé sur la pègre, qui tient les prisons et contrôle des territoires. Les « collectifs » chavistes armés, chargés des basses oeuvres du régime, sont à la frontière de la politique et de la délinquance. L'explosion du nombre d'homicides - 21 752 en 2016, selon la procureure générale de la République, beaucoup plus selon des ONG - est le symptôme des déchirements du tissu social et d'une déliquescence des institutions. La plupart des juges sont soumis au pouvoir. Le président de la Cour suprême a un ­casier judiciaire, avec deux homicides. Le ­Venezuela est un Etat mafieux. Hugo Chavez a respecté les résultats électoraux tant qu'ils lui étaient favorables. Ce n'est plus le cas de son successeur, Nicolas Maduro. D'aucuns ont cru voir dans le bricolage institutionnel d'Hugo Chavez une forme de ­démocratie participative, capable de rééquilibrer la démocratie représentative. En fait, il a vidé de leur substance l'une et l'autre. Il n'était pas un bâtisseur, juste un démolisseur, qui faisait le vide autour de son leadership charismatique.
UN éTAT FAILLI
Sa Constitution stipule l'existence de cinq pouvoirs au lieu de trois : les autorités électorales sont censées être autonomes, tandis qu'un « pouvoir moral » regroupe le parquet, le médiateur et la Cour des comptes. Or la séparation des pouvoirs n'existe pas : l'exécutif commande au nom de la « révolution ­bolivarienne » et de « l'unité civico-militaire ». Le Venezuela n'est pas un Etat de droit, ni une République, mais un Etat failli.
Par ordre d'Hugo Chavez, l'ambassade vénézuélienne à Paris devait s'assurer que la vie du terroriste Carlos en prison soit la plus confortable possible. Cela va bien au-delà du devoir d'assistance consulaire. Ce mercenaire vénézuélien du terrorisme palestinien, trois fois condamné à la prison à perpétuité en France, est un héros national pour les chavistes. Base arrière de la guérilla des Forces armées révolutionnaires de Colombie, plate-forme du trafic de stupéfiants vers l'Europe, le Venezuela est impliqué dans un trafic de passeports au Moyen-Orient. Caracas est complaisant, si ce n'est complice, avec « narcos » et terroristes.
Hugo Chavez prétendait aider les pauvres avec ses programmes sociaux. Le populisme, la gabegie et les malversations ont plongé dans la pauvreté les trois quarts des Vénézuéliens, privés d'aliments, de médicaments et désormais du droit de vote, puisque les élections sont renvoyées aux calendes grecques. Depuis début avril, on assiste à un printemps vénézuélien. Le régime réprime et ses « collectifs » tuent par balles les opposants ou les mécontents qui manifestent dans la rue.
Hugo Chavez et Nicolas Maduro ont cherché une légitimité révolutionnaire du côté de Cuba. Fidel Castro a joué son rôle de mentor en échange de pétrole à prix d'ami et de devises pour ses services de santé. Ainsi, même le castrisme crépusculaire s'est fait rétribuer son soutien. Le « socialisme du XXIe siècle » de Chavez s'est donc construit sur les vestiges mal digérés du stalinisme du XXe siècle et une régression nostalgique vers le nationalisme du XIXe. Le chavisme a ruiné le Venezuela en moitié moins de temps que Castro l'a fait à Cuba, alors que l'économie cubaine avait pour seul carburant le sucre. Le populisme est l'imposture idéologique du XXIe siècle.

Venezuela: uma ditadura aberta, e assassina - Paulo Paranagua (Le Monde)

A matéria precede o ataque criminoso das milícias fascistas do chavismo contra a Assembleia venezuelana.
Paulo Roberto de Almeida

Au Venezuela, esquisse de convergence entre chavisme dissident et opposition
Paulo Paranaguá,
Le Monde, 6/07/2017
 
Les anti-Maduro organisent un référendum, le 16 juillet, pour déjouer la convocation d'une Assemblée constituante par le président

clip_image003
clip_image004
clip_image005
La procureure générale de la République du Venezuela, Luisa Ortega, devenue l'égérie des chavistes dissidents, ne s'est pas présentée devant la Cour suprême où elle était convoquée mardi 4  juillet. Cette audience publique devait examiner la plainte du député chaviste Pedro Carreño, qui accuse la magistrate de " fautes graves dans l'exercice de sa fonction ". La Cour, soumise au pouvoir, lui avait interdit de quitter le territoire et avait saisi ses biens. Des perquisitions ont été menées au siège du ministère public. Le gouver-nement du président Nicolas -Maduro veut se débarrasser de la procureure.
Mme  Ortega ne s'est pas laissée démonter. Elle a récusé les dix-sept juges de la Cour suprême qui doivent statuer sur son cas, désignés sans respecter les normes constitutionnelles. Elle a contre-attaqué en demandant aux Etats-Unis des informations sur les deux neveux de Cilia Flores, l'épouse du président Maduro, jugés par un tribunal de New York pour trafic de stupéfiants. Au cours d'une conférence de presse, à Caracas, elle a réaffirmé sa position : " La décision de -Nicolas Maduro de convoquer une Assemblée constituante est contraire à la Constitution. " A son avis, le Venezuela connaît un " coup d'Etat " perpétré par le pouvoir contre les institutions indépendantes, comme le ministère public ou le Parlement.
Lundi, Mme  Ortega avait donné une preuve de son indépendance en se présentant devant le Parlement, contrôlé par l'opposition. Les députés chavistes avaient déserté l'hémicycle, à l'exception de son époux, German Ferrer, unchaviste et ancien guérillero réputé. Pour la première fois, le chavisme dissident, représenté par la procureure générale, et les opposants au régime de M.  Maduro joignaient leurs voix. Jusqu'alors, les uns et les autres hésitaient à se montrer ensemble et à avouer la moindre convergence. D'après l'analyste Luis Vicente Leon, " la massification de la protestation de la rue " et l'élargissement de la " fracture du chavisme " sont les deux conditions pour envisager une solution démocratique à la crise vénézuélienne.
Pouvoir d'achat ravagé
Depuis trois mois, les manifestations se succèdent quasiment tous les jours. La répression brutale, critiquée par les défenseurs des droits de l'homme mais aussi par Mme  Ortega, a provoqué au moins 90 morts, la plupart d'entre eux tués par balles. Les pénuries, le pouvoir d'achat ravagé par l'hyperinflation et l'effondrement du système de santé provoquent des explosions sociales localisées et des saccages. Le gouvernement refuse l'aide humanitaire internationale pour ne pas avouer son échec.
" Je ne suis responsable ni de la famine ni des pénuries ", a déclaré la procureure générale, pour mieux souligner les responsabilités gouvernementales. La conférence des évêques vénézuéliens s'est exprimée dans le même sens, mardi : le peuple a besoin de " nourriture, de médicaments et de liberté ", pas d'une nouvelle -Constitution. Forte du soutien du pape François, l'Eglise catholique qualifie la convocation d'une Assemblée constituante de " formule communiste d'organisation de la société ".
L'élection de la Constituante a été fixée au 30  juillet. Lundi, l'opposition a décidé d'organiser un référendum, le 16  juillet, sur l'opportunité de l'action du gouvernement : " Que ce soit le peuple qui décide s'il rejette ou refuse la Constituante convoquée de manière -inconstitutionnelle par Nicolas Maduro ", a justifié le président du Parlement, Julio Borges. Sans compter sur le Conseil national électoral, aux ordres du pouvoir, les opposants veulent placer des urnes dans " chaque paroisse ", sans doute avec la collaboration de l'Eglise. Selon M.  Leon, cette initiative " vise à montrer la différence entre la gigantesque abstention " prévisible le jour de l'élection de la Constituante et la " participation massive " au référendum organisé par les opposants, à deux semaines d'intervalle.
A Caracas, des observateurs souhaitent la formation d'un gouvernement de transition d'union nationale, avec des opposants et des chavistes critiques à l'égard de M.  Maduro. Une telle solution négociée de la crise dépend de l'attitude des militaires. Le projet de référendum appelle d'ailleurs les forces armées à défendre la Constitution. " L'obscurité ne dure pas toujours ", assure Luisa Ortega.
Paulo A. Paranagua

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...