terça-feira, 17 de março de 2020

Bullshitter: um jornalista alemão especialmente furioso com Bolsonaro - Philipp Lichterbeck

COLUNA CARTAS DO RIO

Com um 'bullshiter' no Planalto, covid-19 pode virar a peste negra brasileira

Se o coronavírus infectar milhares de brasileiros nas próximas semanas, o maior culpado já tem nome: Jair Bolsonaro. O Brasil é governado por um psicopata que age de forma criminosa, escreve Philipp Lichterbeck.
     Deutsche Welle
Jair Bolsonaro participa de protestos no dia 15 de março
Em 15 de março, Bolsonaro participou de protestos que havia pedido para serem cancelados
Antes das eleições de 2018, escrevi aqui sobre a hostilidade do bolsonarismo em relação à ciência. Agora, está comprovado aonde isso leva. Direto para a catástrofe. A situação no Brasil pode muito bem ser comparada à Idade Média na Europa. Naquela época, o fanatismo religioso fez com que fossem esquecidos os conhecimentos dos gregos e romanos no campo da higiene. Um resultado: a peste negra atravessou a Europa e matou milhões que nem sabiam como pegaram a doença, porque o veículo de transmissão – pulgas que passavam de ratos para humanos – era desconhecido.
A covid-19 é a peste negra do Brasil. Se o novo coronavírus fizer com que milhares de brasileiros adoeçam nas próximas semanas e levar não apenas o sistema de saúde, mas também a sociedade brasileira à beira do caos, haverá para isso um principal culpado. O nome dele é Jair Bolsonaro, ele é chefe de Estado de 210 milhões de pessoas e disse que não se importa com o coronavírus. Ele age de forma criminosa. O Brasil é liderado por um psicopata, e o país faria bem em removê-lo o mais rápido possível. Razões para isso haveria muitas. Também não parece mais absurdo que os generais já estejam fartos do caos que o presidente está causando, enquanto uma pandemia ameaça o Brasil.
O problema não é apenas a maldade do presidente, que, por vaidade e cálculo político, coloca em risco a vida de centenas de pessoas e desrespeita acintosamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde. É, antes, sua limitação cognitiva. A visão de mundo de Bolsonaro e de seus seguidores é, na sua primitividade, algo difícil de superar. Tudo o que é complexo demais para eles, descrevem como invenção da mídia e dos comunistas. Foi o que o bispo Edir Macedo, chefe da medieval IURD, acabou de dizer, literalmente, sobre o coronavírus.
O colunista da DW Brasil, Philipp Lichterbeck
O colunista da DW Brasil, Philipp Lichterbeck
Já em 2019 foi possível ver até onde a hostilidade à ciência do bolsonarismo pode levar, quando o presidente demitiu um dos cientistas mais respeitados do país ao ficar contrariado com seus dados sobre os incêndios florestais na Amazônia. Isso deveria ter sido um aviso. Porque decisões responsáveis são tomadas com base no conhecimento, e não no delírio. Quando se trata de resolver problemas reais, como a pandemia do coronavírus, a verdade tem uma clara vantagem prática: ela funciona. E, da mesma forma: quem sabe muito, se torna humilde; quem sabe pouco, arrogante. E arrogância é, definitivamente, algo que não falta a este presidente e à sua turma.
Na Europa e, especialmente, na Ásia, vê-se agora como a ciência é importante para lidar com a pandemia do coronavírus. Aumenta novamente a demanda por cientistas e políticos sóbrios, enquanto os populistas, com suas mentiras e teorias da conspiração, são postos de lado. A situação é extrema demais para ser relegada a extremistas. Mas no Brasil, o extremista ocupa o mais alto cargo do Estado.
O governo brasileiro teve tempo suficiente para evitar o pior quando os dois primeiros casos de covid-19 foram notificados em São Paulo. Se o governo cuidasse do bem-estar dos brasileiros, rapidamente teria começado a restringir a vida pública e a preparar a população. Hoje, se conhece, a partir dos exemplos de China, Itália, Espanha e França, a forma rápida e devastadora com que o coronavírus pode se espalhar. Também está claro que isso não interessa ao presidente e a seus seguidores.
O filósofo Harry G. Frankfurt escreve em seu livro On Bullshit (Sobre falar merda) que o "bullshitter" é pior que o mentiroso, porque este último ainda tem pelo menos uma conexão com a verdade que ele nega. Já o bullshitter não se importa com nada. Ele diz qualquer absurdo para agradar seus seguidores e satisfazer sua vaidade.
Se o bullshitter é seu vizinho José ou sua tia Márcia, pode até ser bastante divertido. Mas se o bullshitter é o presidente do Brasil e se, ao mesmo tempo, o país enfrenta uma pandemia, então realmente é possível que venha o pânico contra o qual todos estão alertando. O problema não se chama coronavírus. Ele se chama Bolsonaro. O tempo está voando.
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Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para jornais na Alemanha, Suíça e Austria. Ele viaja frequentemente entre Alemanha, Brasil e outros países do continente americano. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.
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Milhares de livros disponíveis: Bibliotecas de Cambridge e da Complutense

Já que vamos ficar em casa estudando, cabe se armar de todas as possibilidades de consultar todos os livros disponíveis nas bibliotecas universitárias.
Aqui estão duas: 

Cambridge tornou público o acesso a seus livros (text-books)
(enquanto durar o Coronavirus: isto não quer dizer torcer para ser longo)
https://www.cambridge.org/core/what-we-publish/textbooks

A Complutense de Madrid também (130 mil livros): 
biblioteca.ucm.es/librose


Evolução dos casos do Codiv-19 - Jornal Nexo

O jornal reproduz o gráfico do Visual Capitalist sem dar a fonte.

17 de março de 2020 | Ver na web
Olá,
Esta é a newsletter diária do Nexo sobre o novo coronavírus. Nela, você tem acesso a conteúdos selecionados produzidos pelo jornal que tratam da pandemia, seus impactos na saúde pública, na economia e no cotidiano. Tem ainda uma curadoria de materiais publicados por outros veículos de comunicação a respeito do tema.
Desde o dia 12 de março, o Nexo desligou seu paywall para seus conteúdos sobre o novo coronavírus. O acesso está livre. A ação vem sendo sinalizada nas redes sociais com a hashtag #AcessoLivre. Dessa forma, o jornal reafirma seu compromisso de ampliar o acesso a informações claras e fundamentadas em fatos de interesse público.
EVOLUÇÃO DOS CASOS


⚠️ Atenção: os gráficos estão em escalas diferentes.

EXCLUSIVO NO NEXO
EXPRESSO
Como falar sobre a pandemia de coronavírus com uma criança
Organização Mundial de Saúde e agência de saúde americana divulgaram orientações sobre como os pais podem tratar do tema com os filhos

LEIA TAMBÉM
THE NEW YORK TIMES
‘É como uma guerra’
Este episódio do The Daily, o podcast diário do New York Times, tem uma conversa com o médico Fabiano Di Marco, professor da Universidade de Milão. Ele também é chefe da unidade respiratória de um grande hospital na Itália, país em quase 30 mil casos da infecção por covid-19 foram registrados. [em inglês]

Modelos de estado desarrollista - Bresser-Pereira

Bresser Pereira é um velho desenvolvimentista, que continua defendendo as mesmas ideias há mais ou menos 50 anos. Lembro-me de ter lido suas teses principais, que não mudaram muito, apenas se sofisticaram na mesma direção, desde os anos 1960, pelo menos, e sobretudo a partir dos anos 1970.
Ele continua patrocinando as mesmas teses que derivam basicamente do arsenal prebischiano-cepaliano-desenvolvimentista de recomendações de políticas públicas.
Essas políticas de crescimento e de desenvolvimento econômico foram aplicadas SISTEMATICAMENTE na América Latina desde o final dos anos 1950.
Se elas fossem, realmente, um guia infalível para o desenvolvimento econômico e social, a América Latina deveria certamente estar entre as regiões e países mais desenvolvidos e avançados do planeta, o que não é manifestamente o caso, e bem a contrário.
Pode-se sempre argumentar que os dirigentes políticos não seguiram exatamente o receituário desenvolvimentista preconizado por Raul Prebisch e seus colegas da CEPAL, e que eles preferiram seguir as recomendações "neoliberais", o que sabemos que não é o caso. Sim, sabemos que governos de esquerda e mesmo de direita – os militares do Brasil, por exemplo – seguiram exatamente as políticas desenvolvimentistas recomendadas pela CEPAL, mas parece que cometeram outros erros e equívocos na condução da economia: se cita o inflacionismo, a manipulação cambial, o protecionismo, o regulacionismo excessivo, o intervencionismo na esfera privada, o nacionalismo econômico e outros pecados do gênero.
Mas isso corresponde exatamente ao que preconizava a escola cepaliana: políticas estatais de estímulo a determinados setores, controle do câmbio e dos investimentos estrangeiros, restrições às importações por "penúria de dólares", construção de uma boa base industrial nacional, e escapar do maldito modelo "exportador de commodities". 
Se estou bem informado, as teorias, receitas e propostas cepalianas foram fragorosamente derrotadas ao longo do último meio século, mas quero conceder que todas elas tinham boas intenções, só errando na preservação do patrimonialismo, dos privilégios, da não-educação de massa, no fechamento das economias ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros. O estatismo certamente não ajudou, pois estimulou a corrupção e o nepotismo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17/03/2020

Modelos de estado desarrollista (Bresser-Pereira)

Modelos de estado desarrollista por Luiz Carlos Bresser-Pereira publicado por CEPAL (2020).
"Este artículo tiene por objeto entender el estado desarrollista y el papel histórico que le ha correspondido en las revoluciones industriales y en períodos posteriores. Primeramente se define al estado desarrollista como alternativa al estado liberal. En segundo lugar, se sostiene que las revoluciones industriales siempre se han producido en el marco de un estado desarrollista. En tercer lugar, se definen cuatro modelos de estado desarrollista en función del momento en que tuvo lugar la revolución industrial y del carácter central o periférico del país. Por último, se describe la forma en que el Estado fue apartándose parcialmente de la economía después de la revolución industrial; sin embargo, el estado desarrollista sigue cumpliendo un papel importantísimo en la dirección de la política industrial y en la ejecución de una política macroeconómica activa."

Do site de José Roberto Afonso: 
https://www.joserobertoafonso.com.br/?mailpoet_router&endpoint=track&action=click&data=WyIxNTI1MSIsIjI3ajYza3ZjaW83NGc0b2dzb2cwZ28wMDRjczBrMDB3IiwiMzEyIiwiODFlMGUwMGNjOTIxIixmYWxzZV0

Carga tributária bruta de 2019: recorde histórico e evidências federativas por José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro (2020)

Carga Tributária Recorde Histórico (Afonso & Castro)

Carga Tributária Recorde Histórico (Afonso & Castro)
Carga tributária bruta de 2019: recorde histórico e evidências federativas por José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro (2020).
"A instituição da Comissão Mista da Reforma Tributária no Congresso Nacional no início do mês de março de 2020 é a consolidação da reforma tributária como uma das pautas prioritárias na agenda de reforma do estado brasileiro – ainda que o executivo federal esteja agindo de forma vacilante na condução do assunto.
A priorização da reformulação da tributação no Brasil não é para menos: o sistema tributário brasileiro é iníquo, ineficiente, anticompetitivo, complexo, pouco transparente e inflexível. Se tomarmos à risca o que a teoria da tributação aponta como “boas práticas”, muito provavelmente, o sistema tributário do Brasil irá violar todas elas.
Para levar à frente uma reforma tributária é extremamente importante que o diagnóstico deste sistema seja bem feito. Nesse sentido, atualizar estatísticas sobre a carga tributária e analisá-las de forma regular é uma tarefa que se faz necessária. Este é justamente o objetivo deste artigo: apresentar uma fotografia recente da carga tributária, bem como apontar algumas características importantes e que devem servir de subsídio para o desenho de um novo sistema..." 

https://www.joserobertoafonso.com.br/?mailpoet_router&endpoint=track&action=click&data=WyIxNTI1MSIsIjI3ajYza3ZjaW83NGc0b2dzb2cwZ28wMDRjczBrMDB3IiwiMzEyIiwiZjNmMDIwMDQ0ZDU5IixmYWxzZV0

Instituições em perspectiva histórica: o BNDES - Palludeto & Borghi

Historical Perspective (Palludeto & Borghi)

Institutions and development from a historical perspective: the case of the brazilian development bank by Alex Wilhans Antonio Palludeto and Roberto Alexandre Zanchetta Borghi published by Review of Political Economy (2020).
"This paper analyzes the role played by the Brazilian Development Bank (BNDES) in different periods of Brazil’s development process since its founding in 1952. The bank’s history is nonlinear, varying with socio-economic and political changes over time. Four major periods in its history are: (i) from its creation to the debt crisis in the 1980s, a period known as ‘developmentalism’; (ii) the neoliberal movement of the 1990s; (iii) the reintroduction of the BNDES as a relevant tool for development in the 2000s; and (iv) a new neoliberal movement that arose beginning in mid-2016. Each of these periods is characterized by certain development conventions that shape how institutions, such as the BNDES, operate, and at the same time are shaped by them. In contrast to mainstream economics, which focuses on a one-size-fits-all institution for development, this paper evaluates the interactions between development and institutions as historical processes, with an emphasis on the prevailing development conventions. The trajectory and different roles assumed by the BNDES over time exemplify this permanent relationship, rejecting the idea that particular types of institutions are related to development."

Do site de José Roberto Afonso: 
https://www.joserobertoafonso.com.br/?mailpoet_router&endpoint=track&action=click&data=WyIxNTI1MSIsIjI3ajYza3ZjaW83NGc0b2dzb2cwZ28wMDRjczBrMDB3IiwiMzEyIiwiZWVkZDVlM2U1ZTNkIixmYWxzZV0

Public-Private Partnerships (Engel et al.)

Public-Private Partnerships (Engel et al.)

When and how to use public-private partnerships in infrastructure: lessons from the international experience by Eduardo Engel, Ronald D. Fischer, and Alexander Galetovic published by NBER (2/2020).
"Public-private partnerships (PPPs) have emerged as a new organizational form to provide public infrastructure over the last 30 years. Governments find them attractive because PPPs can be used to avoid fiscal check-and-balances and increase spending. At the same time, PPPs can lead to important efficiency gains, especially for transportation infrastructure. These gains include better maintenance, reduced bureaucratic costs, and filtering white elephants. For these gains to materialize, it is necessary to deal with the governance of PPPs, which is more demanding than for the public provision of infrastructure. The governance can be improved by the use of contracts with appropriate risk allocation and by avoiding opportunistic renegotiations, which have been pervasive. The good news is that, based on the experience with PPPs over the last three decades, we have learnt how to address these challenges."

Do site de José Roberto Afonso: https://www.joserobertoafonso.com.br/?mailpoet_router&endpoint=track&action=click&data=WyIxNTI1MSIsIjI3ajYza3ZjaW83NGc0b2dzb2cwZ28wMDRjczBrMDB3IiwiMzEyIiwiMGE3YjBjMTJhYWE1IixmYWxzZV0

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