domingo, 18 de setembro de 2022

The Strategy Against Russia Is Working and Must Continue - Josep Borrel (Project Syndicate)

The Strategy Against Russia Is Working and Must Continue

 Josep Borrel, 14.09.2022

Project Syndicate / Several outlets - Russia’s war against Ukraine has entered a new phase. The Ukrainian army is making spectacular advances, liberating many towns and villages, and forcing Russian forces to retreat. While it remains to be seen how far the Ukrainian counteroffensive will go, it is already clear that the strategic balance on the ground is shifting.

Meanwhile, the European Union has fully mobilized to confront the energy crisis. We have filled our gas storage facilities to above 80% – well ahead of the November 1 target date – and agreed to clear targets to reduce gas consumption through the winter. To help vulnerable consumers and businesses manage price surges, we are moving forward with proposals such as a windfall tax on energy companies that have made excess profits.

Moreover, in coordination with the G7 and other likeminded partners, we are discussing plans to cap the price of Russian oil exports. And we are helping our partners in the Global South to handle the fallout from Russia’s brutal aggression and cynical weaponization of energy and food.

In short: the overall strategy is working. We must continue to support Ukraine, pressure Russia with sanctions, and help our global partners in a spirit of solidarity.

Those who question whether sanctions are working are on increasingly shaky ground. In general, sanctions have a double function: to signal and to compel. The signal expresses opposition to a state’s conduct – which in this case includes violations of international law and wanton attacks on civilians and civilian infrastructure. And while we are not at war with Russia, the compelling aims both to force a change in its behavior and to erode the economic and technological means for its aggression.

In a very clear signal, the EU has made the historic decision to end its reliance on Russian energy. The Kremlin has broken its contracts by dramatically reducing gas export volumes, rattling markets in the process. The ability to engage in such blackmail may seem like a Russian strength; but it ultimately is a losing strategy. Contrary to popular belief, Russia cannot easily find sustainable substitutes for the European market, because much of its gas-export infrastructure (pipelines and LNG terminals) is geared toward Europe. Redirecting the flow of gas to countries like China will take years and cost billions of dollars.

True, Russia has benefited from the recent gas-price hikes. But that doesn’t mean the sanctions have failed. Rather, we must wait to see the full effects of Europe’s decision to cut its energy imports from Russia. So far, Europe has only banned Russian coal imports and reduced its purchases of Russian oil. Yet even here, the impact has been discernible.

Russia’s coal export volumes recently fell to their lowest level since the start of the invasion, reflecting the Kremlin’s failure to find other buyers. Similarly, since the EU announced that it would reduce its imports of Russian oil by 90% by the end of 2022, oil prices have come down. And the Kremlin will be reducing its revenues by even more if it makes still more cuts to its gas deliveries to Europe.

As German Foreign Minister Annalena Baerbock has observed, Europe may have paid a low financial price for Russian gas in the past, but that was because it was paying in terms of its security. Russia attacked Ukraine because it was convinced that the EU would be too divided and dependent on Russian energy to act. But Russian President Vladimir Putin miscalculated.

By reducing its dependence on Russian energy, Europe is freeing itself from the old belief that economic interdependence automatically reduces political tensions. This might have made sense 40 years ago, but it certainly doesn’t now, when economic interdependence has become weaponized.

But the proper response is not to turn inward. We still need an open economy; but we must not permit interdependence without resilience and diversification. We need to account of the political identities of those with whom we trade and interact. Otherwise, we will fall into the same kind of trap that Putin has been setting for 20 years.

The sanctions have demonstrably also had a compelling effect. The loss of access to Western technology has begun to hit the Russian military, whose tanks, planes, telecommunication systems, and precision weapons also rely on imported components.

Moreover, a leaked internal Russian government report warns of prolonged damage to the Russian economy from the import restrictions. In agriculture, 99% of poultry production depends on imported inputs. In aviation, 95% of passengers in Russia travel on foreign-made planes; and now, a lack of spare parts is shrinking the Russian commercial aviation fleet. In pharmaceuticals, 80% of domestic production relies on imported raw materials. Finally, in communications and information technology, Russia could run short of SIM cards by 2025, and other parts of its telecommunications sector are being set back by many years. Remember, this bleak assessment came from official internal Russian sources.

Will sanctions alone be sufficient to defeat the invader? No, but that is why we are also providing massive economic and military support to Ukraine and working to deploy an EU military training mission to strengthen the Ukrainian armed forces further. The war is not over, and Putin’s regime still holds some cards. But with the current Western strategy in place, the Kremlin will find it virtually impossible to turn the tide. Time and history are on the Ukrainians’ side – as long we stick with our strategy.

As Forças Armadas na Política, não no Brasil, mas na Alemanha, para um enorme desastre nacional - leitura

 Estou lendo este livro, depressivamente instrutivo, sobre como as Forças Armadas da Prússia, e da Alemanha, foram especialmente ativas no ato de intervir na política do Estado, sempre provocando guerras de conquista e, em última instância, provocando a ruína do país e do seu povo.


Como relembra o autor na Introdução, Mirabeau, retornando a Paris no final do século XVIII (1788), escrevia isto: 

"La Prusse n'est pas um pays qui a une armée; c'est une armée qui a un pays", 

acrescentando em seguida: 

"La guerre est l'industrie nationale de la Prusse". 

Pois é, parece que outras Forças Armadas também tentaram dominar um país.

Eis o resumo do espírito com o qual este livro foi escrito, tal como o autor escreve em sua Introdução: 


Traduzo a última parte, que pode ser instrutiva, para outras épocas e outros países (como ênfase minha nas maiúsculas):

"Foi também meu objetivo mostrar a extensão da responsabilidade das Forças Armadas (da Alemanha) na ascensão dos nazistas ao poder, por tolerar as infâmias desse regime desde que alcançou o poder, E POR NÃO TOMAR AS MEDIDAS – numa fase em que só as FFAA o poderiam fazer – para remover aquele regime do poder." (p. x)

From the Epilogue (p. 694)

"As Forças Armadas dominaram a República de Weimar desde o momento exato de seu nascimento e o seu próprio eclipse aparente em Novembro de 1918, até as fantásticas circunstâncias de sua contribuição para os obséquios da República em janeiro de 1933. Elas procuraram dominar o Terceiro Reich da mesma maneira, e foram cegas e confiantes sob a impressão de que eles o estavam fazendo, até que a crise de 1938 diminuiu o seu orgulho e enfraqueceu o seu poder.
Até 1938, as FFAA foram o árbitro final dos destinos políticos do Reich. Elas tinham primeiro apoiado, e então condenaram a República à sua derrota, e tinham feito a principal contribuição para a chegada de Hitler ao poder. Elas entraram num pacto com o Partido [Nazista] de maneira a preservar o seu status privilegiado e influência, e, como resultado, foram culpadas de cumplicidade na Purga Sangrenta de 30 de junho de 1934 [aquela que eliminou Ernst Rohm e diversos membros das tropas de assalto, inclusive dois generais da Wehrmacht.]. Conhecendo muito bem o que tinham feito, elas aceitaram Hitler como chefe de Estado e ofereceram sua lealdade a ele pessoalmente como o Supremo Comandante, sempre com a reserva ao seu próprio arbítrio que elas poderiam desfazer o Cesar que elas criaram".  (p. 694) 

PRA: Muito parecido com certo país, bem conhecido...

O final foi a rendição incondicional de maio de 1945, na França e em Berlim, depois da completa derrota da Wehrmacht.

Relação de trabalhos sobre diplomacia e independência do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Relação de trabalhos sobre diplomacia e independência do Brasil

Paulo Roberto de Almeida

  

A partir de agosto de 2021 até setembro de 2022 

 

3954. “Hipólito da Costa, a censura e a independência do Brasil”, Brasília, 1 agosto 2021, 16 p. Introdução ao livro de José Theodoro Mascarenhas Menck: Hipólito José da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821: a Imprensa no processo de independência do Brasil; Obra Comemorativa dos Duzentos Anos da Imprensa Brasileira e sua Contribuição ao Processo da Independência do Brasil na coleção do Bicentenário da CD. Publicado in: José Theodoro Mascarenhas Menck: A imprensa no processo de Independência do Brasil (Brasília: Câmara dos Deputados, 2022, 228 p.; p. 19-41; ISBNs: Papel: 978-65-87317-75-5; E-book: 978-65-87317-76-2; Prefácio: Helena Chagas; Introdução: Paulo Roberto de Almeida; Posfácio: Enrico Misasi. Relação de Publicados n. 1433.

 

3963. “A revolução liberal de 1820 como precursora da independência do Brasil: o papel do Correio Braziliense de Hipólito da Costa”, Brasília, 26 agosto 2021, 15 p. Paper apresentado como colaboração ao Congresso Internacional sobre a Revolução de 1820. Painel temático: As revoluções na América do Sul; disponível no blog Diplomatizzando(13/10/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/10/a-revolucao-liberal-de-1820-como.html) e na plataforma Academia.edu (links: https://www.academia.edu/57571213/Revol_Porto_Independ_Brasil e https://www.academia.edu/57571213/3963_A_revolução_liberal_de_1820_como_precursora_da_independência_do_Brasil_o_papel_do_Correio_Braziliense_de_Hipólito_da_Costa_2021_).

 

4000. “Mini-macro história sobre o país que um dia foi do futuro”, Brasília, 19 outubro 2021, 2 p. Comentários, em estilo de clássico revisitado, sobre nossos fracassos ao longo de 200 anos de independência. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/10/mini-macro-historia-sobre-o-pais-que-um.html).

 

4018. “A diplomacia brasileira da independência: heranças e permanências”, Brasília, 15 novembro 2021, 26 p. Ensaio preparado especialmente para Aula Magna na Universidade Federal Fluminense (dia 29/11, de 9 a 11h), a convite do Prof. Danilo Sorato. Anunciado antecipadamente no blog Diplomatizzando (16/11/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/11/a-diplomacia-brasileira-da.html). Preparada apresentação em Power Point, em 24/11/2021, sob n. 4023. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/62641768/4018_A_diplomacia_brasileira_da_independencia_heranças_e_permanencias_2021_), anunciado no blog Diplomatizzando (28/11/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/11/a-diplomacia-brasileira-da_28.html). Disponibilizado também para o webinar do IHG-DF, com Carlos Henrique Cardim e José Theodoro Menck, dia 17/12/2021, 16hs.

 

4023. A diplomacia brasileira da independência: Apresentação”, Brasília, 24 novembro 2021, 30 slides. Apresentação em formato de PowerPoint, seguindo de forma flexível o trabalho n. 4018, preparada para Aula Magna na Universidade Federal Fluminense (dia 29/11, de 9 a 11h), a convite do Prof. Danilo Sorato. Divulgados, texto e apresentação, na plataforma Academia.edu (links: https://www.academia.edu/62641768/4018_A_diplomacia_brasileira_da_independencia_heranças_e_permanencias_2021_https://www.academia.edu/62644789/4023_A_diplomacia_brasileira_da_independencia_Apresentacao_2021_) e divulgado no blog Diplomatizzando (28/11/2021, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/11/a-diplomacia-brasileira-da_28.html). 

 

4081. “Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre a independência do Brasil e a evolução histórica da nação brasileira”, Brasília, 14 fevereiro 2022, 11 p. Lista de todos os meus trabalhos que guardam conexão com a história da independência do Brasil, feita com base na lista geral de trabalhos, em ordem cronológica inversa, ou seja, mais recentes na frente. Para aproveitamento de trabalhos inéditos e preparação de um livro sobre a história do Brasil, especificamente sobre a independência e os 200 anos de história que se seguiram. Feita versão reduzida, sem links, para divulgação. Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/71427797/Trabalhos_sobre_a_independencia_do_Brasil_e_a_evolucao_historica_da_nacao_brasileira_2022_).

 

4228. “Bicentenário da Independência: os fundadores do Estado”, Brasília, 3 setembro 2022, 3 p. Notas para palestra em seminário do IAB, em 5/09/2022, 10:30hs. Para assistir, canal do IAB no YouTube (link: www.youtube.com/user/tviab); texto disponível no blog Diplomatizzando (5/09/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/bicentenario-da-independencia-os.html).

 

4229. “Os fundadores do Estado: Bicentenário da Independência”, Brasília, 3 setembro 2022, 12 slides. Apresentação em PP para o seminário do IAB, em 5/09/2022, 10:30hs. Apresentado no canal do IAB no YouTube (link: www.youtube.com/user/tviab).

 

4233. “A Independência do Brasil e a formação da diplomacia brasileira”, Brasília, 8 setembro 2022, 10 p. Notas para evento da Confraria Conservadora, coordenado por Alex Catharino, com a participação de Guilherme Diniz, do curso Ubique; dia 14/09, 20:00hs. Via Instagram. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/09/a-independencia-do-brasil-e-formacao-da.html). Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/86550759/4233_A_independencia_do_Brasil_e_a_formacao_da_diplomacia_brasileira_2022_).

 

4234. “Historiografia da independência: síntese bibliográfica comentada”, Brasília, 9 setembro 2022, 19 p. Seleção de obras sobre o processo da independência, para número especial dos Cadernos do CHDD.

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18 de setembro de 2022

 

sábado, 17 de setembro de 2022

Sobre o “Estado” predatório que foi construído no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre o “Estado” predatório que foi construído no Brasil

Paulo Roberto de Almeida

O estupro orçamentário iniciado pelas emendas obrigatórias instituídas sob Eduardo Cunha na presidência da CD chegou ao ápice com as emendas secretas do relator, na gerência criminosa dos dois meliantes políticos do governo do Bozo: o presidente da CD e o chefe da Casa Civil.

Junto com os dois fundos pornográficos, o partidário e o eleitoral, as emendas parlamentares arbitrárias e compulsórias representam a destruição de qualquer arremedo racional de administração dos orçamentos públicos. 

Ao lado das imensas mordomias e gastos abusivos dos estamentos políticos em todos os níveis da federação, assim como dos privilégios aristocráticos dos grandes mandarins do Estado, essa predação, essa extorsão e o assalto à luz do dia, tudo isso legalizado pelos donos do poder CONTRA os seus “súditos”, nesta contrafação de nação que se chama Brasil, asseguram a semiestagnação do país no futuro indefinido. 

Como está atualmente organizado “politicamente”, o Brasil se revela uma nação inviável no plano do crescimento econômico sustentado e do desenvolvimento socialmente inclusivo no horizonte histórico que é o da atual e das próximas gerações. A nação produtiva — empresários e trabalhadores do setor privado — se arrasta penosamente, pois que carregando nas costas esse ogro famélico e predatório que se chama Estado brasileiro. Como a ignorância ganhou foros de virtude política sob os populistas e demagogos que tomaram de assalto o poder nos últimos 20 anos, não vejo nenhuma possibilidade de progresso real da nação nas atuais condições de funcionamento do Estado no futuro previsível. 


Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 17/09/2022

AGNU 2022: pelo fim do veto ao violador da Carta da ONU - Paulo Roberto de Almeida; Covas coletivas encontradas em Izyum libertada (Spectator)

 Está mais do que provado que as forças bárbaras de conquista e ocupação russas cometeram crimes de guerra e contra a humanidade, sob a responsabilidade do tirano de Moscou, que ainda perpetrou um crime contra a paz. Ou seja, Putin merece um Nuremberg só seu, pois cometeu os mesmos crimes que aqueles sob os quais foram julgados os líderes civis e militares nazistas em 1946, pelo Tribunal Internacional de Nuremberg. 

A primeira providência da próxima AGNU será discutir a suspensão, na Carta da ONU, do direito de veto para qualquer um dos cinco membros do Conselho de Segurança que violar qualquer um dos artigos dessa Constituição da Humanidade.

Paulo Roberto de Almeida 

Covas coletivas encontradas em Izyum libertada

Por Svitlana Morenets

The Spectator, 15/09/2022


O exército russo recuou de Izyum, na região de Kharkiv, no fim de semana passado, após um contra-ataque da Ucrânia. Ao lado do alívio após a libertação da região vem uma compreensão mais profunda dos horrores da ocupação. A polícia continua encontrando os corpos de civis com vestígios de tortura em aldeias e cidades e ontem, uma vala comum de 25 soldados ucranianos e cerca de 460 novas sepulturas foram encontradas perto de Izyum em Kharkiv Oblast. A maioria deles não tem nomes – apenas números em cruzes de madeira feitas à mão.

A exumação dos corpos começou hoje, com jornalistas ucranianos e internacionais convidados a testemunhar a atrocidade. ‘Bucha, Mariupol, agora, infelizmente, Izyum... a Rússia deixa a morte em todos os lugares. E deve ser responsabilizada por isso”, disse Volodymyr Zelensky no discurso da noite passada à nação.

Serhii Bolvinov, investigador-chefe da polícia da região de Kharkiv, disse que algumas das vítimas na vala comum foram mortas a tiros, enquanto outras foram mortas por fogo de artilharia ou ataques aéreos. Muitos corpos – e causas de morte – ainda não foram identificados. Maksym Strelnyk, deputado do conselho da cidade de Izyum, disse que pelo menos 1.000 civis foram mortos durante a ocupação russa.

A polícia ucraniana, promotores e outros investigadores reunirão evidências de suspeitos de crimes de guerra russos. Enquanto isso, cerca de 10.000 moradores permanecem em Izyum, uma cidade onde mais de 80% de sua infraestrutura foi destruída – mas eles podem ser evacuados com a chegada do inverno pois as condições serão difíceis.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Alemanha caminha para a recessão: começou pela siderurgia (ArcelorMittal), vai se propagar a outros setores

 Alemanha

O caos econômico, provocado pela alta exorbitante da Energia elétrica e do gás, chegou na maior siderúrgica na Europa, que avisou que vai fechar as portas. 

Em comunicado aos investidores a ArcelorMittal, disse que está fechando uma siderúrgica na Espanha e paralisando outras duas empresas na Alemanha, nas cidades Bremen e outra em Hamburgo. A medida vai colapsar o preço do aço na Alemanha e causar uma destruição da cadeia produtiva. Em nota a empresa disse que o alto preço do gás e da energia elétrica foi o motivo, pois o "aumento exorbitante dos preços da energia", que está afetando devastadoramente a "competitividade da produção de aço". A empresa deve começar as demissões no final de setembro. 

Abaixo o comunicado da empresa:

https://germany.arcelormittal.com/icc/arcelor/broker.jsp?uMen=7a770135-5051-5e71-9945-be470aa06ac3&uCon=b611ba70-782e-2810-a61e-481f0ad3a7b3&uTem=aaaaaaaa-aaaa-aaaa-aaaa-000000000042

Estamos prestes a enfrentar uma situação preocupante no fornecimento do aço mundial. A Europa está hoje sofrendo enormes problemas  devido a decisões estratégicas tomadas em sua matriz energética. Isto está tendo um impacto severo no custo da energia, que em alguns lugares já subiu mais que 1300%.

A consequência para o mercado do aço é o fechamento e desligamento de usinas e fábricas como jamais visto antes .

São no total 14 desligamentos e fechamentos de usinas por toda a Europa, incluindo 7 da ArcelorMittal.

O resultado lógico será um sobrecarregamento dos demais produtores e um potencial aumento nos preços do aço.

Nossa avaliação é que não se trata de uma situação de fácil solução para o curto e médio prazo, afinal é um problema de direcionamento de matriz energética na Europa.

Recomendamos aos amigos que façam uma análise profunda e considerem todos os fatores macro, para as decisões nos meses que virão. E desejamos à todos que tomem decisões sábias e acertivas para os seus negócios para enfrentar os próximos meses.


A demolição da política externa brasileira - Sergio Amaral (OESP)

Opinião 

Meu livro publicado mais recente se chama, justamente Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Curitiba: Appris, 2021)

Opinião 

A demolição da política externa brasileira

Sergio Amaral

O Estado de S.Paulo, 15 de setembro de 2022

O Itamaraty é uma das instituições mais respeitadas do serviço público brasileiro. Seus funcionários são, via de regra, competentes. O concurso de ingresso é rigoroso, a formação e o aperfeiçoamento dos diplomatas estendem-se ao longo de toda uma carreira. Seu compromisso com o País é inquestionável.

Não obstante, a política externa foi um dos desastres do governo de Jair Bolsonaro. De início, o presidente seguiu, em suas linhas básicas, a política externa de Donald Trump, que isolou os Estados Unidos do mundo e fez adversários em todas as partes, inclusive na Europa, onde os Estados Unidos sempre mantiveram alianças estreitas e amigos fiéis. Combateu a ordem mundial concebida e implantada por iniciativa dos Estados Unidos nas conferências de São Francisco e de Bretton Woods, logo após o término da Segunda Guerra Mundial.

As confusas e obscuras visões de mundo de Ernesto Araújo, o primeiro chanceler de Bolsonaro, inspiraram-se nas exóticas teses de Steve Bannon, o influente guru e “estrategista” de Trump, que chegou a criar um “movimento” nacional populista na Europa, com sede no mosteiro medieval de Trisulti, na Itália. Seu objetivo era o de abrigar uma escola para a formação dos cruzados do século 21. Ali eles seriam adestrados para defender os valores da cultura judaico-cristã contra as ameaças dos infiéis e do materialismo ateu. Os alunos do Instituto Rio Branco foram convocados para assistir a palestras nas quais ouviram, perplexos, uma doutrinação em defesa dos valores do cristianismo medieval. Não chegaram a realizar o seu treinamento em Trisulti, mas no auditório do Instituto Rio Branco, em Brasília.

Influenciado por essas visões insólitas, também compartilhadas por membros do gabinete da Presidência da República, o governo Bolsonaro iniciou uma meticulosa demolição de algumas de nossas mais respeitadas tradições diplomáticas. O alvo privilegiado, como também o era para Trump, foi a ONU, particularmente o Conselho dos Direitos Humanos e a Organização Mundial da Saúde. O multilateralismo passou, então, a ser considerado uma ameaça aos interesses brasileiros.

Na mesma linha, o Mercosul, que já foi um dos pilares de nossa diplomacia, sob Bolsonaro foi condenado ao descaso. Foi acusado por não ter alcançado a união aduaneira, nem mesmo o livre-comércio, o que é em parte verdade, sem lembrar que muitos dos que faziam a crítica são os mesmos que se haviam oposto a uma desgravação mais ampla. E não reconhecem tampouco a contribuição valiosa da harmonização do marco regulatório, nos mais diferentes setores, para a circulação mais desimpedida dos bens e capitais, ciência e tecnologia, transporte e serviços de infraestrutura, cultura e turismo, entre outros.

Nessas condições, o Mercosul ficou praticamente restrito a uma discussão ociosa entre Brasil e Argentina sobre o grau de redução da Tarifa Externa Comum, como se dois ou três pontos porcentuais, para cima ou para baixo, pudessem fazer a diferença para atingir um patamar mais elevado de integração entre os membros do acordo regional.

Enquanto isso, as reais questões sobre a reforma do Mercosul, a dinamização do comércio, a ampliação ou a expansão em direção à Aliança do Pacífico, ou mesmo em direção à Parceria Transpacífica, passaram para o segundo plano, pois não é possível avançar numa agenda regional, complexa e desafiadora sem o engajamento ativo dos chefes de Estado.

Outra iniciativa de que o Brasil havia participado e mesmo liderado, o acordo Mercosul- União Europeia, está paralisada diante das ofensas pessoais de Bolsonaro à esposa do presidente da França, um episódio sem precedentes na história da diplomacia brasileira. A recusa em não ratificar o acordo, da parte de outros países europeus, deveu-se ao descumprimento pelo Brasil de seus compromissos com a redução do desmatamento na Amazônia.

Por fim, vale relembrar os ruídos, senão hostilidades, em relação aos dois mais importantes parceiros econômicos do Brasil. A China, em razão das hostilidades gratuitas a membros de sua Embaixada em Brasília. Os Estados Unidos, pela embaraçosa, mas deliberada demora no reconhecimento da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais norte-americanas.

Na iminência de concluir-se o governo do presidente Bolsonaro, resta uma indagação central: o que o Brasil ganhou com esta série de desfeitas e equívocos gratuitos de seu governo, inclusive em relação aos mais importantes parceiros do País? Os riscos e custos são conhecidos: o isolamento internacional do Brasil; a perda de sua liderança, inclusive em nossa própria região; e a criação, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de um comitê especial para investigar a progressão do desflorestamento na Amazônia, cujos resultados serão levados em conta na aprovação ou não do pedido de adesão do Brasil ao organismo, por exemplo.

A política externa está entre os setores que o próximo governo, qualquer que seja, terá de mudar substancialmente.

* FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON E PRESIDENTE DO CONSELHO EMPRESARIAL BRASIL-CHINA 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...