sexta-feira, 10 de março de 2023

Lula envia Amorim em missão secreta à Venezuela para ampliar relação com Maduro - Janaína Figueiredo (O Globo)

Lula envia Amorim em missão secreta à Venezuela para ampliar relação com Maduro

Por Janaína Figueiredo — Brasília

09/03/2023


Por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma pequena delegação liderada pelo assessor especial da Presidência Celso Amorim chegou a Caracas na tarde de quarta-feira para o primeiro encontro de alto nível do governo com o chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro. A reunião, mantida em segredo pelo Palácio do Planalto, foi informada quase em tempo real pelo governo venezuelano, através da conta de Maduro no Twitter.


Segundo O GLOBO apurou, Amorim foi até Caracas ter uma primeira conversa com o governo venezuelano sobre a situação política no país, a importância das eleições presidenciais de 2024, além de temas da relação bilateral, entre eles a dívida que o país tem com o Brasil, de cerca de US$ 1 bilhão (dos quais 80% são com o BNDES).


Uma parcela desta dívida, de em torno de US$ 100 milhões, vence em breve, e o governo Lula vem discutindo internamente como lidar com a questão. A viagem de Amorim surpreendeu até mesmo integrantes do Itamaraty, embora o chanceler, Mauro Vieira, tivesse sido informado, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores. O encarregado de Negócios do Brasil em Caracas, o embaixador Flávio Macieira, nomeado recentemente, está no Brasil.


Enquanto Amorim realiza a primeira viagem de alto nível do governo Lula à Venezuela, o chanceler está no Paraguai, para reunir-se com autoridades do governo de Mario Abdo Benítez. A parceria entre Amorim e Vieira, confirmam fontes próximas a ambos, está funcionando muito bem, e o chanceler era uma das poucas pessoas que sabia da missão secreta do assessor especial do presidente.


Em pouco mais de dois meses, o ministro teve mais de 50 reuniões com colegas de pasta de outros países, e outros ministros e autoridades estrangeiras.

Já Amorim acompanhou Lula a Buenos Aires, Montevidéu, Washington e irá com o presidente à China. A possibilidade de uma viagem de Lula a Caracas ainda é incerta — mas considerada importante pelo governo brasileiro —, e o assessor presidencial foi, justamente, para iniciar a retomada das conversas diretas entre os dois governos, antes de um encontro de chefes de Estado.

Na mesma semana em que o Brasil se posicionou pela primeira vez sobre a situação na Nicarágua, e os abusos cometidos pelo governo do presidente Daniel Ortega em matéria de violações dos direitos humanos, foi dado o primeiro grande passo para começar a trabalhar sobre a crise venezuelana. O governo Lula está disposto a conversar com membros da oposição, principalmente os que estão envolvidos no diálogo — atualmente interrompido — no México, mediado pela Noruega.

Na véspera do encontro com o assessor presidencial brasileiro, Maduro se reuniu com o chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, também em Caracas. Na Venezuela, a sensação entre fontes locais ouvidas pelo GLOBO é de que os governos de Gustavo Petro e Lula querem contribuir para que a situação política da Venezuela se normalize e estabilize.O assunto tem sido discutido entre funcionários do governo brasileiro e representantes do governo de Joe Biden, um dos mais interessados em que o Brasil se envolva mais em iniciativas sobre Venezuela. As eleições de 2024 são vistas por brasileiros e americanos como uma oportunidade que não pode ser perdida, em termos de recomposição da democracia venezuelana.


Se, de acordo com fontes brasileiras, Ortega é visto pelo governo Lula como um problema e uma ameaça para a região, no caso de Maduro a intenção é trabalhar para que o Brasil tenha um papel relevante no que se espera que seja uma transição política pacífica e civilizada, seja qual for o resultado das eleições presidenciais de 2024. Se o chavismo perder, a expectativa do Brasil é de que o poder seja entregue ao vencedor legítimo do pleito, sem sobressaltos.

Já a Nicarágua é um caso bem mais complexo, que preocupa o governo e incomoda profundamente o presidente Lula, que conhece há mais de 30 anos o país e teve um vínculo direto com Ortega.

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/03/lula-envia-amorim-em-missao-secreta-a-venezuela-para-ampliar-relacao-com-maduro.ghtml

quinta-feira, 9 de março de 2023

LULA E DANIEL ORTEGA: entenda relação de Lula com presidente da Nicarágua e polêmica sobre declaração da ONU - Rodrigo Fernandes (JC online)

 Curiosa a argumentação da diplomacia brasileira: a República da África do Sul racista foi objeto de sanções unilaterais contra o seu regime legal do Apartheid, antes que elas fosse convertidas em sanções multilaterais, quando então o Brasil da ditadura militar teve de começar a aplicar essas sanções. 

Certos países, que possuem certos valores e princípios inscritos em sua Constituição, e cláusulas de relações internacionais semelhantes e similares às da Carta da ONU e outros tratados humanitários internacionais, são praticamente empurrados para cumprir com tais requerimentos ÉTICOS apenas quando todos os outros o fizeram, tipo "Maria vai com as outras", algumas vezes a contragosto.
O governo Lula tem diversos pesos, medidas e princípios; alguns não valem para os amigos... (PRA) 

LULA E DANIEL ORTEGA: entenda relação de Lula com presidente da Nicarágua ... - JC Online - UOL
A diplomacia brasileira se sentiu incomodada com a adoção de sanções e medidas unilaterais sobre o regime nicaraguense.
https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/jamildo/2023/03/15192084-lula-e-daniel-ortega-entenda-relacao-de-lula-com-presidente-da-nicaragua-e-polemica-sobre-declaracao-da-onu.html
NICARÁGUA
LULA E DANIEL ORTEGA: entenda relação de Lula com presidente da Nicarágua e polêmica sobre declaração da ONU
LULA NICARÁGUA: Presidente brasileiro não assinou declaração contra o líder da Nicarágua na ONU
Rodrigo Fernandes
O governo Lula se envolveu em polêmica após não aderir à declaração conjunta contra os crimes cometidos pelo regime de Daniel Ortega na Nicarágua. O documento foi assinado por 55 países, incluindo governos latino-americanos de esquerda, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, na última sexta-feira (4).
Segundo diplomatas da gestão petista, o governo federal não concordou em assinar um documento com sanções a Ortega sem ao menos tentar um acordo. O Brasil optou por manter uma posição construtiva no trato com o nicaraguense, sendo Lula um personagem tratado como possível mediador dos conflitos.
LULA E DANIEL ORTEGA NA ONU
O Governo Lula até tentou fazer com que o texto contemplasse uma saída negociada para a crise da Nicarágua, tentando amenizar a pressão internacional sobre Ortega, antigo aliado de Lula. A diplomacia brasileira se sentiu incomodada com a adoção de sanções e medidas unilaterais sobre o regime nicaraguense.
Esse silêncio do Brasil incomodou a comunidade internacional, especialmente por não seguir o posicionamento de governos de esquerda sul-americanos, como Chile e Colômbia, que foram contra Ortega.
Uma possível resolução a respeito da situação da Nicarágua deve ser levada a votação ainda nesta semana, a partir da próxima quinta-feira, revela o Estadão. O deve adotar uma posição individual sobre o caso.
O documento do Conselho de Direitos Humanos da ONU menciona atos ditatoriais do governo de Daniel Ortega, como execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, estupros, tortura e privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer no país.
“A população nicaraguense vive com o temor das ações que o próprio governo pode tomar contra ela”, afirmou o especialista independente Jan Simon.
Lula, por sua vez, evitou condenar o regime Ortega durante a campanha eleitoral de 2022. No entanto, pode chegar a demonstrar sua preocupação com as violações de direitos humanos.
O presidente petista já chegou a minimizar os atos de Ortega alegando que Jair Bolsonaro era "infinitamente pior".

Book Review: O Brasil Contra a Democracia, de Roberto Simon - Mundorama

Introdução — Roundtable Book Review — “O Brasil contra a democracia”, de Roberto Simon

Carlo Patti

Fonte: .

A partir de hoje, a Revista Mundorama apresenta aos seus leitores uma série de aprofundadas resenhas acadêmicas sobre o último livro de Roberto Simon, “O Brasil contra a democracia: a ditadura o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul”, publicado em 2021 pela Companhia das Letras. O volume representa uma obra fundamental no processo de revisão e de maior compreensão da política externa brasileira durante a fase mais dura do regime militar.

De maneira específica, Simon trata do posicionamento brasileiro em relação ao governo de Salvador Allende no Chile de 1970 até o golpe que derrubou o presidente socialista. Paralelamente, o livro revela o grau de envolvimento do estado brasileiro no golpe de estado de 1973, assim como as relações entre o regime liderado pelo general Augusto Pinochet e o governo de Brasília nos primeiros anos de existência da ditadura chilena.

Todos os autores das resenhas, importantes especialistas da área de história das relações internacionais ou da política externa brasileira, destacam a importância da pesquisa de Roberto Simon e o impacto dela para uma nova interpretação do papel do Brasil no sistema internacional da época e daquela que a pesquisadora britânica Tanya Harmer batizou de “Guerra Fria interamericana”.

Os ensaios apresentam diferentes perspectivas sobre aspectos diversos do livro. Para Sebastián Hurtado-Torres, renomado especialista sobre a história internacional do Chile durante a Guerra Fria e professor da Universidad de San Sebastián, o livro permite uma maior compreensão da autonomia brasileira na atuação da própria política externa em relação a Washington.

Vitor Sion, doutorando em Relações Internacionais pelo programa San Tiago Dantas, enfatiza a importância da obra para o desenvolvimento de uma teoria de promoção autoritária.

Rogério de Souza Farias, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília, realiza uma análise meticulosa do trabalho de Simon, apontando os grandes méritos da pesquisa, mas também alguns limites metodológicos na interpretação das fontes efetuada pelo autor.

Para Alessandra Castilho, doutora em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo, Simon é capaz de preencher importantes e “incômodas” lacunas da história diplomática brasileira.

Finalmente, Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira e pesquisador associado ao Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, sublinha a relevância do livro por jogar luz sobre um dos mais significativos episódios de ingerência brasileira na política interna de outro país latinoamericano.

A série é eventualmente enriquecida pela resposta que Roberto Simon apresenta aos vários autores das resenhas, permitindo um proveitoso diálogo científico.

Sobre o autor

Carlo Patti: Professor Adjunto do Curso de Relações Internacionais e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Goiás.

Revista Mundorama

By Mundorama

Artigos e notícias publicadas na Revista Mundorama, Divulgação Científica em Relações Internacionais 

quarta-feira, 8 de março de 2023

Uma política externa feminista? A Alemanha demonstra que é possível - GZero Media,

 


   

Alles liebe zum Frauentag! To mark International Women's Day we delve into feminist foreign policy. Which countries have adopted the gender-focused framework that shapes how they interact with other states, and how does the policy play out in practice? 

Germany made headlines this week when Foreign Minister Annalena Baerbock unveiled a new feminist foreign policy framework, outlining Berlin's efforts to boost female participation in international affairs. It directs an additional 12 billion euros in development funds to further global gender equality and says that Berlin will work to ensure that European foreign policy focuses more on the needs of women worldwide.

But what is a feminist foreign policy, and what do proponents and critics of the framework have to say about it?

First, some background. In 1995, then-first lady Hillary Clinton declared in Beijing that “women’s rights are human rights,” publicly advocating that gender equality be a core principle in international politics.

Since then, a growing number of political influencers have pushed for a radical overhaul of how states interact with each other, arguing that the pursuit of gender equality should be at the heart of all international politics.

While there is no uniform approach to its implementation – countries have interpreted the framework differently – there are areas of overlap, including the idea that increasing the number of women working in foreign policy reduces conflict and enhances peaceful outcomes. A look at the impact of having women negotiators, mediators, and witnesses involved in 182 peace agreements from 1989-2011, for example, shows that those deals involving females were 35% more likely to survive at least 15 years, according to a report by the International Peace Institute.

There’s broad agreement that gender equality at home, including increased female participation in the workforce, at the negotiating table, and in policy-making, boosts security at home andabroad. As a result, there's been an uptick in female participation in legislatures in many countries, while some institutions have introducedgender quotas in politics. The European Union, for instance, started calling for a minimum of 50% women in all its decision-making positions back in 2020 – and a whopping 85% of women in decisions about development aid.

But how do these policies play out in practice? Read more here and tell us what you think.

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A Nova Ordem Econômica Internacional: alguém ainda se lembra? Seminario em Veneza (2024)

 Já morreu, mas tem gente que ainda tem saudades…


CFP: The New International Economic Order. Lessons and Legacies 50 Years Later 

by Ernesto BOHOSLAVSKY

Conference: The New International Economic Order. Lessons and Legacies 50 Years Later  

May 10-11, 2024. Ca’ Foscari University of Venice, Italy

Call for Papers

 

The New International Economic Order (NIEO) was a series of proposals promoted by Third World countries during the 1970s with the purpose of reshaping the global economy in favor of developing nations. By taking advantage of the consolidation of new voices and actors in the international arena, these initiatives represented a high point of Third World multilateralism and sought to propose innovative solutions for a supposedly better governance of the international economy and world’s affairs.

 

The economic crisis of the 1980s and the consolidation of the so-called Washington Consensus displaced the ideas and implementation of the NIEO. However, the theoretical and political importance of these initiatives remains relevant, even today. Initiatives such as the creation of new forms of global taxation for multinational corporations and new mechanisms of regulation of financial and commercial flows currently discussed in the United States or Europe draw, in many cases unconsciously, on proposals originally pertaining to the NIEO. Recently at the UN, countries from the Global South have explicitly returned to the proposals for a New International Economic Order, renewing interest in its goals.  

 

The problems of global interdependence in the current economic, global health, and climate crises have compelled scholars to return to the NIEO in recent years, but much work remains to be done—not least in the archives and from the perspectives of Third World countries themselves. New work published in the last ten years attests to the relevance of this multilateral effort, but there has not yet been a coordinated effort to recover the full diplomatic and intellectual history and significance of the NIEO. What initiatives constituted the NIEO, beyond the 1974 UN declaration? How were its legal and procedural tenets negotiated at the multilateral level? What was the intellectual framework behind the NIEO? What were the regional and national differences in the way countries approached and participated in this project? How did the two Cold-War blocs react to NIEO’s initiatives and diplomacy? And very importantly: what aspects, if any, of the NIEO are still relevant for today’s debate on global economic, financial, trade and political governance and the struggle against climate change? 

 

To address such questions and generate an international historiographical and political conversation on the New International Economic Order’s history and afterlives, Ca’ Foscari University of Venice, El Colegio de México, the History and Political Economy Project, Temple University and University College London, with the collaboration of the Berggruen Institute will convene a two day conference in Venice in May 2024. We encourage scholars to submit paper abstracts. We are particularly interested in projects drawing on original research from former Third World’s countries’ archives that address the historical but also the contemporary relevance of these ideas, on subjects such as (but not limited to):

 

  • The potentials and pitfalls of South-South cooperation
  • Multilateral Organizations and the NIEO
  • Counter hegemonic diplomatic strategies of Third World nations
  • Trade, finance and the NIEO’s governance of capitalism
  • The NIEO’s implications for natural resources and extractivism
  • Cultural diplomacy in the NIEO
  • The history of political thought around the NIEO
  • The reception of and reaction to the NIEO in the Global North
  • The afterlives, legacies, and current relevance of the NIEO’s proposals

 

To apply, please send an abstract of no more than 200/250 words and a short bio to the conference’s official email account: nieoconference@unive.it, by April 30, 2023. Submissions will be reviewed by the conference committee and successful applicants will be notified by July 2023. Full papers are due by March 30, 2024. Best papers will be considered for publication in a journal (still to be decided) special issue. Funding will be available to cover at least some travel and accommodation expenses. 

 

Organizing Committee: Vanni Pettinà, Ana Sofía Rodríguez Everaert, Christy Thornton, Artemy Kalinovsky, Alessandro Iandolo, Duccio Basosi, Giuliano Garavini and Nils Gilman. 

O dia que vai encerrar o apoio dos EUA à luta pela soberania e democracia na Ucrânia - Stephen Collinson, Caitlin Hu and Shelby Rose (CNN)

 

A “nova Guerra Fria” começou a ficar mais quente - Paulo Roberto de Almeida, CNN Meanwhile in America

A “nova Guerra Fria” começou a ficar quente

A nova Guerra Fria econômica e tecnológica começou quando os EUA cometeram o terrível erro estratégico de considerar a China um adversário no campo da hegemonia global, em lugar de um parceiro na construção de um mundo multipolar deficiente. Sim, deficiente, mas pelo menos não dominado pela ideia de uma competição pela liderança global.

De 1972, quando Nixon vai ao encontro de Mao, até o início dos anos 2000, quando os EUA reinavam absolutos, mas quando a China começava a flexionar os seus músculos econômicos ao ingressar na OMC, EUA e China eram aliados tácitos, senão táticos, no confronto com a URSS, a inimiga de ambos, mas em forte declínio nos anos 1980, até desaparecer como entidade estatal, mas sobreviver como desafiante nuclear, na velha Rússia que nunca se desfez de seus sonhos imperiais. 

Os dez anos que abalaram o mundo, entre Gorbachev e Ieltsin, também representaram o começo do grande erro estratégico dos EUA, ao humilharem a Rússia e ao tentarem diminuir, conter, confrontar a irresistível ascensão econômica da China. Esse erro estratégico está bem representado pelo livro de Graham Allison sobre a falsa e equivocada “armadilha de Tucídides”, ou seja, o embate entre a Atenas americana e a Esparta chinesa. Escreverei mais longamente sobre porque eu considero esse livro de Graham Allison como o “mais perigoso do mundo”, depois do Mein Kampf de Adolf  Hitler.

No momento, só tenho a lamentar que as posições opostas dos EUA e da China caminhem para uma nova confrontação similar em tensão a uma Ucrânia-Berlim ou a uma Taiwan-Cuba, dos tempos “clássicos” da velha Guerra Fria geopolítica da era bipolar. A nova Guerra Fria econômica e tecnológica não precisaria ter essa nova bipolaridade que se desenha entre EUA-UE vs China-Rússia. Não precisaria, mas está tendo esse efeito. Talvez estejamos entrando numa nova fase dos velhos confrontos interimperiais que se estenderá pelos próximos 20 ou 30 anos, mas sem conflagração direta entre potências rivais: “apenas” uma nova e inútil corrida armamentista e um novo atraso de mais meio século no não desenvolvimento dos países pobres e regiões miseráveis.

O mundo perde, mas quem perde mais serão os países pobres; quanto ao Brasil e América Latina, permanecerão marginais e irrelevantes como sempre foram, meros fornecedores de commodities para o Ocidente e a nova e dinâmica região da Ásia-Pacifico. E não há nenhum “Não-Alinhamento Ativo” que resolva essa marginalidade estrutural da América Latina. 

Paulo Roberto de Almeida


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...