Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 1 de abril de 2024
Lincoln Gordon pode ter sido o embaixador do golpe, mas para isso teve a ajuda do coronel Vernon Walters - Elio Gaspari (Globo, FSP)
O americano esteve em todas
Elio Gaspari
O Globo,
Na manhã de hoje, há 60 anos, o embaixador americano Lincoln Gordon chegou à sua sala por volta das 9h15m. Ele sabia que o golpe estava por dias, mas não sabia que o general Olímpio Mourão Filho, comandante da Região Militar com sede em Juiz de Fora (MG), havia resolvido se rebelar. Quem o avisou que a coisa havia começado foi seu adido militar, o coronel Vernon Walters, um homem corpulento, amigo de militares brasileiros desde a Segunda Guerra Mundial.
Walters ralou durante esse dia. No fim da tarde achava-se que o general Castello Branco, seu colega de barraca na Itália e chefe do Estado-Maior do Exército, estava encurralado no Ministério da Guerra. (Falso, ele estava num aparelho na Zona Sul.) Um marechal avisou-o de que uma tropa legalista da Vila Militar marchava para Minas Gerais. Às 19h05m seu prognóstico era sombrio: “A rebelião parece estar perdendo ímpeto.”
Naqueles dias o Rio de Janeiro penava um racionamento de energia e bairros inteiros ficavam sem luz à noite. Perto das 23h, o marechal Lima Brayner, chefe do Estado-Maior da Força Expedicionária Brasileira durante a guerra, ouviu pancadas na entrada de serviço do seu apartamento de Copacabana, abriu a portinhola e viu, iluminado por uma vela, o coronel Walters. Brayner disse-lhe: “O Kruel acaba de lançar um manifesto.” “Graças a Deus”, respondeu Walters, um católico devoto.
A adesão do general Amaury Kruel, comandante da guarnição de São Paulo, havia decidido a parada. O marechal Cordeiro de Farias, patriarca de todas as sublevações militares do período resumiria a questão: “O Exército foi dormir janguista a acordou revolucionário.”
No dia 2 de abril, Walters passou pela casa de Castello Branco, em Ipanema. No dia 4, de novo, e também na do ex-presidente, marechal Eurico Dutra (1946-1950).
Eleito presidente, no primeiro dia de serviço, Castello convidou-o para um almoço no Palácio do Planalto. Walters presenteou-o com um abacaxi.
O coronel Walters entrou na mitologia das intervenções militares americanas como se, com seus seu pés enormes, esmagasse governos. Teria ajudado a derrubar o rei Farouk no Egito (1954), o premier Mossadegh no Irã (1953), os presidentes Manuel Prado no Peru e Arturo Frondizi na Argentina (1962), noves fora Jango. É um exagero.
Na vida real ele foi mais que isso. Onde houve encrenca ou mistério, lá está ele. Conversas secretas com chineses e vietnamitas? Foi Walters quem bateu à porta de embaixada chinesa em Paris com um recado do presidente americano Richard Nixon. Era em sua casa que Henry Kissinger se escondia para negociar com os vietnamitas do Norte. Escândalo do Watergate, que derrubou o presidente dos Estados Unidos? Ele era o vice-diretor da Central Intelligence Agency em 1972, quando a Casa Branca concebeu um estratagema para congelar as investigações do FBI. Walters e o diretor da CIA, Richard Helms, barraram a manobra.
Walters alistou-se no Exército para derrotar o nazismo e continuou na carreira para derrotar o comunismo. Em 1989, ele era embaixador na Alemanha e de sua janela viu o fim do Muro de Berlim. Morreu em 2002, aos 85 anos.
O homem que falava oito línguas
Walters era um interlocutor direto, dotado de um humor sarcástico. Costumava dizer que falava outras sete línguas (francês, italiano, espanhol, português, alemão, russo e holandês) mas não pensava em nenhuma. Seu português tinha pouco sotaque, como o de Roberto Campos.
Quando Fidel Castro lhe disse que estudou com padres, cortou:
— Yo también, pero me quedé fidel.
Quando era acusado de saber tudo sobre o Brasil, respondia.
— Se eu fosse isso tudo, não teria comprado um apartamento no Panorama Palace Hotel. (Lançado no Rio nos anos 1960, o Panorama foi um mico e hoje é chamado de Favela Hub.)
Walters alistou-se no Exército em 1941 antes mesmo que os Estados Unidos entrassem na guerra. Seu pai teve algum dinheiro, mas perdeu-o na Depressão dos anos 1930. Tinha talento para idiomas e lapidou-o na adolescência, como mensageiro de uma companhia de seguros da Babel de Nova York. Achou que com isso teria uma boa posição mas, de saída, virou soldado raso.
Um ano depois era tenente, na área de informações, e um coronel mandou que aprendesse português. Em 1943 foi designado para acompanhar oficiais brasileiros nos Estados Unidos e, mais tarde, na Itália. Daí em diante foi interprete das conversas de presidentes americanos com brasileiros, de Dutra a Médici, de Harry Truman a Richard Nixon. Teve dois padrinhos, o presidente Eisenhower e Averell Harriman, milionário, diplomata, ex-governador de Nova York grão-duque do partido democrata.
Depois de ter vivido alguns anos no Rio (e virar flamenguista), era adido militar em Roma em 1962, quando o embaixador Lincoln Gordon pediu ao presidente Kennedy que o removesse para o Rio, reforçando o dispositivo militar da embaixada. Walters moveu céus e terra para não sair de Roma, pensou em pedir passagem para a reserva. Em outubro o coronel desceu no Rio e teve 13 generais para recebê-lo no aeroporto.
Na noite de 13 de março de 1964 ele viu o discurso de João Goulart na casa do general Castello Branco. (O alto da testa de Castello batia abaixo da base do queixo de Walters, que o descreveria assim: “Baixo, robusto. O pescoço muito curto e a grande cabeça dão a impressão de que é corcunda”.)
Walters deixou o Brasil em 1967 como general. Uma semana depois da edição do AI-5, quando havia pressão para que os EUA se afastassem da ditadura, ele escreveu ao secretário de Estado Henry Kissinger defendendo a aliança:
“Se o Brasil se perder, não será outra Cuba. Será outra China”.
Walters foi adido militar em Paris, vice-diretor da CIA, embaixador nas Nações Unidas e em Berlim. Lá, pelo seu jeitão loquaz, o secretário de Estado James Baker evitava-o.
Washington manda, e Walters cumpre
Em 1966 a Polícia Federal prendeu dois americanos com contrabando de minérios na Amazônia. Um poderoso senador foi ao secretário de Defesa e pediu por eles. Walters recebeu o seguinte telegrama:
“Apreciamos seus francos comentários se há algo que possa ser feito nesse caso através de seus bons contatos com seus interlocutores militares brasileiros.”
Walters foi a Castello Branco dizendo-se envergonhado por encaminhar a gestão. Dias depois, as celas dos americanos amanheceram com as portas abertas e eles fugiram.
Missão impossível, Resgatar Kissinger
Quando: 1970.
Onde: Paris
O general Walters está no seu gabinete de adido militar na França e recebe uma mensagem de Washington informando que o avião que conduz do secretário de Estado Henry Kissinger para mais um encontro secreto com vietnamitas está sobre o Atlântico e será obrigado a descer no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha.
Missão: Trazer Kissinger, incógnito, a Paris.
Walters desceu, caminhou até o palácio presidencial e pediu para ser recebido imediatamente pelo presidente francês Georges Pompidou. Expôs o seu caso: precisava de um avião para buscar o secretário.
Quando Pompidou perguntou-lhe o que Kissinger vinha fazer em Paris, respondeu que a viagem envolvia uma senhora.
Pompidou emprestou-lhe um jato militar, ele desceu em Frankfurt, atravessou a pista, mandou apagar os refletores e resgatou Kissinger. Seguindo a rotina, levou-o para seu apartamento, onde a empregada jamais soube quem era o hóspede.
Serviço:
Walters escreveu dois livros de memórias, o primeiro, “Missões silenciosas”, muito bom, tem edição em português.
Quem sabe o trabalho de Daniel Kahneman poderia ajudar na política econômica do governo Lula?
O que é a economia comportamental, que deu ao psicólogo Daniel Kahneman um Nobel de economia
Pesquisador morto nesta semana, aos 90 anos, deu contribuições importantes para a compreensão da tomada de decisões econômicas
Com informações do The Washington Post e The New York Times
Por que a dor de perder R$ 100 é um sentimento muito maior do que o prazer de ganhar o mesmo valor? Foi a questões como essa, que exploram temas como a aversão à perda, que o psicólogo Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de ciências econômicas, se dedicou ao longo de sua carreira como professor e escritor. Ele morreu na última quarta-feira, 27, aos 90 anos.
Conhecido como o pai da economia comportamental, Kahneman nunca fez um curso de economia, mas mesmo assim revolucionou a área, como conta Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O trabalho de Kahneman, realizado em grande parte na década de 1970 e por muito tempo em colaboração com o também psicólogo Amos Tversky, demonstrou até que ponto as pessoas abandonam a lógica e tiram conclusões precipitadas. A pesquisa desenvolvida pelos dois teve impacto em outros campos que vão do esporte à saúde pública e foi creditada como responsável por mudar como os olheiros de beisebol avaliam novos talentos, os governos elaboram políticas públicas e os médicos chegam a diagnósticos médicos.
Kahneman dedicou-se a desmascarar a noção do “homo economicus”, ou “homem econômico”, que desde a época de Adam Smith era considerado um ser racional que age por interesse próprio. Em vez disso, descobriu que as pessoas confiam em atalhos intelectuais que levam muitas vezes a decisões equivocadas que vão contra seus próprios interesses.
Essas decisões equivocadas ocorrem porque os seres humanos “são muito influenciados por eventos recentes”, disse Kahneman. “Eles são rápidos demais para tirar conclusões precipitadas em algumas condições e, em outras, são lentos demais para mudar.”
“Pode parecer absurdo dizer isso, mas a economia comportamental, na qual Kahneman foi pioneiro, se baseia na premissa de que nós somos humanos”, diz Claudia. “Inicialmente, a economia clássica parte do princípio que todo mundo é racional, pensa da mesma forma e terá escolhas semelhantes. Mas, no mundo real, as pessoas não são necessariamente racionais o tempo inteiro, elas não pensam exatamente igual e fazem escolhas diferentes”, explica.
Segundo ela, as contribuições de Kahneman tiveram grande impacto. “Basta lembrar que ele é psicólogo e ganhou um prêmio Nobel de economia. Foi um reconhecimento muito grande da ciência como um todo de que, para discutir economia, era importante levar em consideração os aspectos psicológicos, o aspecto humano”, diz.
O pesquisador ganhou o Nobel em 2002, “por ter integrado conhecimentos da pesquisa psicológica na ciência econômica, especialmente no que diz respeito ao julgamento humano e à tomada de decisões sob incerteza”, afirmou na época a organização. O prêmio foi dividido com Vernon L. Smith, pioneiro no uso de experimentos de laboratório na economia. Kahneman afirmou que seu parceiro de trabalho Amos Tversky merecia grande parte do crédito pela pesquisa ― Tversky havia morrido anos antes, em 1996, e o Nobel não é concedido postumamente.
Intuição e vieses
Kahneman tinha uma visão negativa da capacidade das pessoas de pensar para resolver um problema. Suas ideias aparecem em seu livro Rápido e devagar: duas formas de pensar, lançado em 2012 no Brasil, onde ele afirma que “muitas pessoas são excessivamente confiantes, propensas a depositar muita fé nas suas intuições”. “Elas aparentemente consideram o esforço cognitivo pelo menos um pouco desagradável e o evitam tanto quanto possível”, escreve.
No livro, ele explica os dois modos de operação da mente ― que ele não criou, mas organizou e desenvolveu: o sistema 1, no qual a mente, agindo rapidamente, depende da intuição, de impressões imediatas e de reações emocionais; e o sistema 2, no qual a mente, desacelerando, funciona de forma mais racional e analítica e consegue corrigir os erros cometidos pelo sistema 1. Kahneman argumenta que, na maior parte do tempo, a mente trabalha no sistema 1 e tira conclusões com base em intuição, vieses cognitivos e qualquer outra coisa que acelere o processo de julgamento.
Outros autores personificaram esses modos mentais como econs (pessoas racionais e analíticas) e humans (emocionais, impulsivas e propensas a exibir vieses mentais inconscientes e uma confiança insensata em regras de ouro duvidosas).
Com Tversky, Kahneman realizou diversos experimentos para demonstrar esses vieses cognitivos. Um deles, por exemplo, apontou que muito mais pessoas estavam dispostas a fazer uma viagem de 20 minutos para economizar US$ 5 no preço de um produto que custava US$ 15, do que a fazer a mesma viagem para economizar a mesma quantia de dinheiro em um produto de US$ 125 ― o que se relaciona com o efeito de enquadramento (framing effect), ou seja, a forma como um problema se apresenta, que, segundo eles, pode alterar a tomada de decisão.
“Essa questão do framing effect também se relaciona com a teoria da perspectiva, proposta pelos dois, que diz que a dor de perder R$ 100, por exemplo, é maior que a alegria de ganhar de R$ 100. Então, mesmo que as situações sejam equivalentes, você enquadra a questão para a pessoa de modo que ela entenda que é um ganho ou que é uma perda e a tomada de decisão será diferente”, explica Claudia Yoshinaga, da FGV. “Essa ideia de que somos mais do que avessos a risco, nós somos avessos a perdas, foi uma grande contribuição do Kahneman e do Tversky”, acrescenta.
A teoria da aversão à perda sugere que é tolice verificar a carteira de ações com frequência, pois a predominância da dor sentida no mercado de ações provavelmente levará a uma cautela excessiva e possivelmente autodestrutiva.
Em outros experimentos, Kahneman e Tversky demonstraram outras tendências mentais que influenciam o julgamento das pessoas. Eles apresentaram a estudantes uma personagem fictícia, Linda, de 31 anos, como alguém que era ativista na faculdade, preocupada com discriminação e justiça social e participante de manifestações antinucleares.
Então perguntaram o que era mais provável: que Linda fosse caixa de banco ou que Linda fosse caixa de banco e ativa no movimento feminista. A grande maioria optou pela segunda opção, que seria a escolha menos provável porque a probabilidade de duas condições será sempre menor do que a probabilidade de qualquer uma delas. O experimento apontou a chamada falácia da conjunção, outra forma pela qual as pessoas às vezes tiram conclusões precipitadas.
Kahneman também se debruçou sobre a distorção psicológica entre o bem-estar “experimentado” e “lembrado” e sua conclusão foi de que a experiência lembrada é, em grande parte, determinada por seu “pico” (momento mais intenso) e pelo seu fim: se o final de um período de férias for agradável, as pessoas tendem a lembrar de todo o período de forma positiva; se houver menos dor no fim de um procedimento médico, as pessoas lembrarão de toda a experiência como menos dolorosa. Suas descobertas apontam que, às vezes, a experiência lembrada é mais importante do que a experiência em si.
“Mesmo que as ideias de Kahneman remontem à década de 1970, elas continuam superatuais e relevantes”, afirma Claudia.
O psicólogo e autor de Harvard Steven Pinker afirmou ao The Guardian, em 2014, que a mensagem central de Kahneman não poderia ser mais importante: que a razão humana deixada por conta própria está apta a se envolver em uma série de falácias e erros sistemáticos. “Portanto, se quisermos tomar melhores decisões em nossas vidas pessoais e como sociedade, devemos estar cientes desses vieses e buscar soluções alternativas. Essa é uma descoberta poderosa e importante”, disse.
O colunista do The New York Times David Brooks escreveu em 2011 que, antes de Kahneman e Tversky, as pessoas que pensavam sobre problemas sociais e comportamento humano tendiam a presumir que somos, em sua maioria, agentes racionais. “Elas presumiam que as pessoas tinham controle sobre as partes mais importantes de seu próprio pensamento. Eles presumiram que as pessoas são basicamente maximizadores de utilidade sensatos e que, quando se afastam da razão, é porque alguma paixão, como o medo ou o amor, distorceu seu julgamento.”
Mas os professores Kahneman e Tversky, continuou ele, “produziram uma visão diferente da natureza humana”. Brooks descreveu: “Somos jogadores em um jogo que não entendemos. A maior parte de nosso próprio pensamento está abaixo da consciência”. E acrescentou: “Nossos preconceitos frequentemente nos levam a querer as coisas erradas. Nossas percepções e memórias são escorregadias, especialmente sobre nossos próprios estados mentais. Nosso livre arbítrio é limitado. Temos muito menos controle sobre nós mesmos do que pensávamos.”
O livro mais recente de Kahneman, Ruído: Uma falha no julgamento humano, publicado em 2021 e escrito com Cass Sunstein e Olivier Sibony, analisa outro tipo de viés, que faz com que médicos deem diagnósticos diferentes para o mesmo problema e juízes deem sentenças diferentes para o mesmo crime, entre outros. É o chamado “ruído”: enquanto os vieses previsíveis ocorrem quando, por exemplo, um juiz sempre condena com mais severidade réus negros, o “ruído” diz respeito a decisões menos explicáveis resultantes do que é definido como “variabilidade indesejada nos julgamentos”./
Por Heloísa Scognamiglios, com informações do The Washington Post e The New York Times
Macron fez Lula avançar um pouco mais do que gostaria na questão das eleições venezuelanas - Lourival Sant'Ana (Estadão)
A visita de Macron e o tímido afastamento de Lula da ditadura venezuelana
Política externa brasileira teve um reencontro com o Iluminismo com a visita do presidente francês. É cedo para dizer se foi o despertar de um longo e profundo sono dogmático
Por Lourival Sant'Anna ( ESTADAO / 31mar24)
A política externa brasileira teve um reencontro com o Iluminismo. Se foi o despertar de um longo e profundo sono dogmático ou apenas um breve clarão em meio às trevas, é cedo para dizer. Em três dias de visita, Emmanuel Macron percorreu sorridentemente com Lula os eixos estratégicos das relações Brasil-França. O presidente brasileiro aproveitou o instante de lucidez até para se desmarcar, ainda que timidamente, da ditadura venezuelana.
Lula e Macron têm vários pontos em comum. Ambos enfrentam uma oposição autoritária, governam países amazônicos, recusam-se a se alinhar com os EUA e detestam Jair Bolsonaro.
Eles se comprometeram em Belém a investir 1 bilhão de euros em iniciativas de conservação e desenvolvimento sustentável nos próximos quatro anos na Amazônia brasileira e na Guiana Francesa. Isso é quase três vezes todo o Fundo Amazônia.
No fórum empresarial Brasil-França, em São Paulo, com ênfase na transição energética, Macron celebrou aumento de 26% nos investimentos franceses no Brasil, ultrapassando estoque de 40 bilhões de euros. Mais de 1.100 filiais de empresas francesas atuam no Brasil. Com mais de meio milhão de contratados, os franceses são os maiores empregadores estrangeiros aqui.
Até mesmo em um ponto prejudicial aos interesses do Brasil, a implosão do acordo Mercosul-União Europeia, os dois presidentes estão alinhados. Macron acredita no livre comércio, mas não encontra condições políticas para fazer frente ao protecionismo agrícola francês, explorado por sua rival Marine Le Pen.
Lula não acredita em livre comércio. Há mais de 20 anos ele protege os setores da indústria e dos serviços da competição externa. Em seu primeiro mandato, torpedeou a criação da Área de Livre Comércio das Américas.
Lula respondeu ao banimento europeu às importações de commodities associadas ao desmatamento com outro obstáculo: a proteção das compras governamentais. Assim, os dois amigos podem culpar um ao outro pelo sepultamento do acordo.
No Rio, ambos viram a Marinha brasileira lançar ao mar o submarino Tonelero, o terceiro construído com tecnologia francesa. Macron afirmou que a França não transferiu tanta tecnologia de defesa a nenhum outro país. A parceria envolve a construção de cinco submarinos, o último deles com propulsão nuclear.
O Brasil tem outros cinco submarinos, fruto de parceria com a Alemanha, que também compartilhou tecnologia. É o único país do Hemisfério Sul com capacidade de construir submarinos. Essas armas são estratégicas para a proteção da vasta e rica costa brasileira. A propulsão nuclear eleva sua autonomia e reforça seu maior ativo: a invisibilidade.
Noutro lampejo, o presidente brasileiro abandonou o discurso contra a aquisição de armas, que o levou no passado recente a acusar Estados Unidos e Europa de terem interesse em fomentar a agressão russa contra a Ucrânia. “Queremos ter conhecimento para garantir a todos os países que querem paz que saibam que o Brasil estará ao lado de todos porque a guerra não constrói, a guerra destrói”, discursou.
É o poder de dissuasão, e não a retórica pacifista, que previne guerras. O escritor romano Flávio Vegécio já sabia disso no século 4: “Aquele que deseja a paz precisa se preparar para a guerra”.
Macron afirmou que potências pacíficas como França e Brasil têm de “falar com firmeza e força”, caso não queiram ser “lacaios” de outras nações: “Nós temos a mesma visão de mundo. Rejeitamos um mundo que seja prisioneiro da conflitualidade entre duas grandes potências. E temos de defender nossa independência, nossa soberania e o direito internacional”.
Macron é herdeiro de uma antiga tradição francesa, que preconiza um sistema de defesa europeu robusto e independente dos EUA. A França não faz parte da estrutura militar da Otan, mesmo sendo aliada. Esse propósito se tornou mais crítico para a Europa com a ascensão de Donald Trump, que ameaça violar as alianças de defesa dos EUA.
Ao mesmo tempo, Macron é um dos líderes da ajuda militar à Ucrânia, e tem afirmado que a Rússia precisa ser derrotada. Mas não se espera que Lula entenda isso. O Brasil não é relevante nessa questão.
Na região em que o Brasil pode exercer um papel, a América Latina, Lula parece ter entendido algo. “Não tem explicação jurídica, política, você proibir um adversário de ser candidato”, disse ele sobre a exclusão da candidata da oposição venezuelana, Corina Yoris, por sua vez substituta da verdadeira candidata impedida de disputar a eleição presidencial, María Corina Machado.
Macron precisa voltar mais vezes.
Trump é intelectualmente muito limitado (como Bolsonaro, aliás)
Unveiling the Truth: Donald Trump's Intellectual Shortcomings Exposed in His Own Words
Throughout his public life, Donald Trump has exhibited a pattern in his speech and behavior that suggests his intellectual capacity might be questioned. His frequent use of simple, repetitive vocabulary and his struggle to convey coherent, in-depth thoughts on complex subjects have been notable. For instance, analyses of his speeches, like those conducted by Factbase, show a tendency towards elementary language, with a preference for words that resonate with emotion rather than intellect.
Trump's performance in debates and interviews often reveals a limited grasp of detailed policy or global affairs. For example, in a 2016 interview with The Washington Post, Trump's responses to questions about foreign policy were vague and superficial, lacking in specific details or understanding. Similarly, his 2020 Axios interview on HBO displayed challenges in addressing detailed statistics and health policy nuances related to the COVID-19 pandemic.
While some supporters hail his approach as "intuitive genius," attributing his success to instinctual and impulsive decision-making, this perspective may overlook the necessity for analytical depth and critical thinking in governance. Trump’s strength seems to lie in his ability to connect with certain voter bases through direct, forceful language and populist assertions, rather than through substantive, evidence-based argumentation.
His approach to communication and decision-making, often seen as eschewing complexity in favor of gut reactions and bold assertions, has sparked debate over the nature of intellectual capability. While effective for rallying a particular segment of the populace, these characteristics have led to scrutiny of his intellectual depth when navigating the intricacies of political and social issues.
domingo, 31 de março de 2024
Ernesto Geisel, o general prussiano que estatizou o Brasil, retificou a política externa e começou a abertura política em plena ditadura
Recebido de Ricardo Bergamini:
1 - Geisel reatou as relações diplomáticas com os comunistas chineses. Hoje nosso maior parceiro comercial,
A política externa do período foi marcada pela busca de novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro. Tendo isso em mente, o governo Geisel deixou de lado a concepção ideológica de bipolaridade que ainda era forte no momento – devido à Guerra Fria – e optou por uma aproximação com a Ásia e a África. O Brasil reatou as relações diplomáticas com a China, rompidas desde a ocorrência da Revolução Chinesa, em 1949, e estabeleceu novas relações com os Emirados Árabes e o Bahrein. Além disso, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português estabelecido após a Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. O governo também reconheceu os direitos do povo da Palestina e pediu a Israel que retirasse suas tropas dos territórios árabes ocupados desde 1967.
2 – Assinaturas dos acordos nucleares entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Hoje, ambos, fundamentais para o Brasil.
Ernesto Geisel defendia um Estado política e economicamente forte. A política econômica de seu governo, definida no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apontava para o investimento no setor energético, ao mesmo tempo em que considerava primordial o desenvolvimento de indústrias de base, como forma de preparar a economia brasileira para os impactos do choque do petróleo, ocorrido em 1973. Teve destaque na área econômica, também, a assinatura do acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A economia do período Geisel teve média de crescimento de 5,5% ao ano; no entanto, a inflação saltou de 16% para 45% e a dívida externa subiu de US$ 6 bilhões, no início do governo, para US$ 45 bilhões, no final do mandato.
3- O Brasil não seria democrático sem o poder moral e ético do general Ernesto Geisel.
A preocupação em barrar a tortura, entretanto, não evitou a ocorrência de mortes nos porões militares. As mais emblemáticas foram a do jornalista Vladimir Herzog, que apareceu enforcado no DOI-Codi de São Paulo em outubro de 1975, e a do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo DOI-Codi, em janeiro de 1976. Estas mortes levaram Geisel a demitir o comandante do II Exército e, posteriormente, o próprio ministro do Exército, Sylvio Frota.
Ricardo Bergamini
Ernesto Geisel, o ‘pai da distensão lenta, gradual e segura’ da ditadura militar
Quarto presidente após o golpe de 64, general, que morreu há 20 anos, iniciou processo de abertura política do país. No seu governo, reprimiu linha-dura, mas fechou Congresso
Fonte: Acervo O Globo
“Morre Geisel, o patrono da distensão". Foi com esse título que O GLOBO noticiou a morte do ex-presidente Ernesto Geisel, em sua edição de 13 de setembro de 1996, ocorrida no Rio na véspera, de insuficiência respiratória, motivada por uma broncopneumonia, quando se tratava de um câncer. Quarto presidente militar a assumir o poder, o general governou entre 1974 e 1979, período no qual iniciou o desmantelamento do regime militar, pavimentando o caminho que levaria o Brasil de volta à democracia.
Ernesto Beckmann Geisel, caçula de cinco filhos, nasceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em 3 de agosto de 1907. Seguindo os passos de dois de seus irmãos, Henrique e Orlando – que se tornou ministro do Exército no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) –, o menino Ernesto ingressou cedo na vida militar. Em 1921, entrou no Colégio Militar de Porto Alegre, onde terminou os estudos como melhor aluno da turma. Ocupando o posto de primeiro-tenente, participou da Revolução de 1930, movimento que depôs o presidente Washington Luís e alçou Getúlio Vargas ao poder. Geisel também teve participação decisiva em outros dois movimentos militares na década de 1930: combateu a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, ainda como tenente, e, em 1935, já como capitão, reprimiu o levante comunista na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos, no Rio, dentro do movimento conhecido como Intentona Comunista.
A partir daí, Geisel ampliou cada vez mais sua participação na política. Foi chefe da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional entre 1946 e 1947, no governo de Eurico Gaspar Dutra, e subchefe do Gabinete Militar, no governo de João Café Filho, em 1955, o vice que assumiu após o suicídio de Vargas. Desempenhou, também, a função de adido militar no Uruguai entre 1947 e 1950. No governo Jânio Quadros, foi nomeado oficial de gabinete do ministro da Guerra e chefiou o Comando Militar de Brasília. Em meio à crise política gerada pela renúncia do presidente, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar do então presidente interino, Ranieri Mazzili. Nesse contexto, atuou como uma espécie de negociador entre os militares – que tentavam a todo custo impedir a posse do vice-presidente João Goulart – e os setores civis da política brasileira, que defendiam a posse. A solução encontrada para garantir a posse de Jango foi a adoção do parlamentarismo. Diante da expressa insatisfação de João Goulart, Geisel dirigiu-se ao presidente e, como publicado no GLOBO de 13 de setembro de 1996, lhe disse:
- Presidente, tenha certeza de que tivemos imensas dificuldades aqui em Brasília para Vossa Excelência assumir. E nós esperamos que conduza o governo de modo a que se pacifique a nação.
A História, porém, tomou outros rumos. Após a antecipação, de 1965 para 1963, do plebiscito sobre o regime do país, o povo escolheu o presidencialismo e teve início uma grave crise institucional, que culminou com o golpe que depôs João Goulart, comandado pelos militares e com o apoio de líderes civis. Com a instauração do regime autoritário, Geisel ajudou a articular, junto ao alto comando militar, o nome do marechal Humberto Castelo Branco para a Presidência. Com a posse deste, em 15 de abril de 1964, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar e percorreu a Região Nordeste, a fim de averiguar denúncias de tortura, prática que sempre rechaçou. Na verdade, ele se opunha não só à tortura, como também ao excessivo endurecimento do regime e a consequente ascensão ao poder dos setores mais radicais do Exército, a chamada linha-dura. Isso porque o general acreditava que a repressão corrompia a hierarquia militar, a censura protegia ladrões, e a existência de poderes absolutos, em vez de fortalecer o presidente, na verdade, o enfraquecia.
Essa postura de Ernesto Geisel era vista pela linha-dura como uma ameaça à própria existência do regime. Retirá-lo da alta cúpula do governo passou, então, a ser algo necessário e urgente. Dessa forma, a ascensão dos militares conservadores ao poder ocasionou uma espécie de ostracismo político para Geisel, que foi mantido longe das funções de confiança do governo militar entre 1967 e 1973, nos mandatos de Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Nesse período, foi ministro do Superior Tribunal Militar (1967-1969) e presidente da Petrobras (1969-1973).
Em 15 de março de 1974, Geisel toma posse na Presidência da República, após ser eleito pelo colégio eleitoral, em janeiro do mesmo ano. Em 29 de agosto, durante entrevista coletiva, anunciou o projeto político que seria a marca de seu governo: a distensão lenta, segura e gradual do regime militar, o que significaria maior oportunidade para o diálogo com a oposição e a sociedade civil. A edição do GLOBO de 30 de agosto de 1974 trouxe a íntegra do discurso, no qual o presidente afirmou que o processo de abertura ocorreria dentro da ordem vigente:
- Prosseguirá o Governo na missão que lhe cabe de promover para toda a nação o máximo de desenvolvimento possível com o mínimo de segurança indispensável. E deseja, mesmo, empenhando-se o mais possível para isso, que esta exigência de segurança venha gradativamente a reduzir-se. Erram os que pensam que podem apressar este processo pelo jogo de pressões manipuladas sobre a opinião pública (…). Tais pressões só servem para provocar contrapressões (…) invertendo-se o processo de lenta, gradativa e segura distensão, desejado pelo Executivo.
Ernesto Geisel defendia um Estado política e economicamente forte. A política econômica de seu governo, definida no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apontava para o investimento no setor energético, ao mesmo tempo em que considerava primordial o desenvolvimento de indústrias de base, como forma de preparar a economia brasileira para os impactos do choque do petróleo, ocorrido em 1973. Teve destaque na área econômica, também, a assinatura do acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A economia do período Geisel teve média de crescimento de 5,5% ao ano; no entanto, a inflação saltou de 16% para 45% e a dívida externa subiu de US$ 6 bilhões, no início do governo, para US$ 45 bilhões, no final do mandato.
A política externa do período foi marcada pela busca de novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro. Tendo isso em mente, o governo Geisel deixou de lado a concepção ideológica de bipolaridade que ainda era forte no momento – devido à Guerra Fria – e optou por uma aproximação com a Ásia e a África. O Brasil reatou as relações diplomáticas com a China, rompidas desde a ocorrência da Revolução Chinesa, em 1949, e estabeleceu novas relações com os Emirados Árabes e o Bahrein. Além disso, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português estabelecido após a Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. O governo também reconheceu os direitos do povo da Palestina e pediu a Israel que retirasse suas tropas dos territórios árabes ocupados desde 1967.
A maior marca do governo, no entanto, está na política interna adotada, no intuito de garantir a distensão do regime militar. Ernesto Geisel não queria a prática de atos de tortura em seu governo. Quando assumiu o poder, tratou de emitir comunicados aos comandantes de Exército para que enquadrassem os chefes dos DOI-Codi, a fim de evitar a ocorrência de torturas. O tema, inclusive, apareceu em várias comunicações entre o presidente e o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Figueiredo. Em um desses diálogos, publicado no GLOBO em 13 de setembro de 1996, Geisel afirma não concordar com as prisões e perguntava a Figueiredo, que viria a ser seu sucessor na Presidência:
- Não será o caso de fazer um honesto exame crítico, rever o que está errado e imaginar novos e melhores procedimentos?
A preocupação em barrar a tortura, entretanto, não evitou a ocorrência de mortes nos porões militares. As mais emblemáticas foram a do jornalista Vladimir Herzog, que apareceu enforcado no DOI-Codi de São Paulo em outubro de 1975, e a do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo DOI-Codi, em janeiro de 1976. Estas mortes levaram Geisel a demitir o comandante do II Exército e, posteriormente, o próprio ministro do Exército, Sylvio Frota.
Se, por um lado, Ernesto Geisel parecia empenhar-se pelo fim das torturas e pelo desmonte da máquina repressora do Estado – através da Emenda Constitucional número 11, de 1978, o presidente aboliu oficialmente a censura, restabeleceu o habeas corpus e revogou todos os atos institucionais em vigor, inclusive o AI-5 – por outro, o general não hesitou em utilizar a máquina da repressão a seu favor, a fim de manter a ordem em seu governo. Tal como um ditador, Geisel cassou 11 mandatos parlamentares, fechou o Congresso por duas semanas (no chamado Pacote de Abril, que também criou os senadores biônicos), censurou 47 filmes, 117 peças de teatro, 840 músicas e diversas reportagens. Também foram registrados 39 desaparecimentos, além de mais de mil casos de tortura.
Ernesto Geisel deixou o poder em 1979 e recolheu-se da vida política. O general da abertura era um homem discreto, de hábitos simples, amante da música clássica, apreciador do clima da cidade de Teresópolis, na Serra do Rio, onde mantinha uma casa, e dono de uma inteligência astuta: foi aprovado em primeiro lugar em todos os concursos militares que prestou. A discrição e a quietude, no entanto, escondiam uma imensa dor, a qual Geisel carregaria pela vida toda: a morte do filho Orlando, atropelado por um trem aos 17 anos. A perda fez com que nunca mais tivesse gosto por comemorações, e vê-lo em atos da vida social era uma raridade. Geisel morreu de câncer, aos 89 anos, deixando a viúva Lucy, a filha Amália e seu lugar na história como “o general que matou a ditadura no país”, ou como O GLOBO o definiu, "o pai da distensão lenta, gradual e segura".
Uma brevíssima história do mundo contemporâneo - Paulo Roberto de Almeida
Síntese rápida sobre as fraturas na ordem global
Grandes fraturas na ordem global sempre foram provocadas por potências expansionistas agressivas. Começou com as aventuras napoleônicas, mal resolvidas, mas produziu um intervalo, interrompido depois, nos novos conflitos entre os impérios centrais europeus, cem anos mais tarde. Os EUA começaram a se tornar grandes intervindo pela primeira vez nesse conflito europeu, em 1917.
Depois, com os militarismos fascistas expansionistas dos anos 1930, os EUA tiveram novamente de intervir, indiretamente em 1939 e diretamente a partir de 1941.
Uma ordem precária, baseada na força, não no Direito, garantiu uma paz muito relativa por 80 anos. A ameaça volta a se manifestar agora com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: sempre a partir de uma potência agressiva expansionista!
A história desse novo episódio ainda não está concluída; se for levada a termo, segundo a lógica de quem empreendeu a nova aventura, sua conclusão, desta vez, pode ser definitiva.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 31 de março de 2024.
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