domingo, 2 de fevereiro de 2025

Um novo Estudo da História? - Paulo Roberto Almeida

Um novo Estudo da História?

Paulo Roberto Almeida


A partir dos anos 1930, indo até o início dos anos 1960, o historiador britânico Arnold Toynbee produziu os muitos volumes do seu monumental Um Estudo da História, sintetizados num único volume em duas oportunidades do pós-guerra. 

Ele traçou a emergência, ascensão e declínio de mais de duas dezenas de grandes civilizações históricas, buscando detectar as similaridades ou constâncias nesses processos, sempre por fatores estruturais, próprios às suas evoluções, mas alguns de natureza contingente, como guerras, invasões externas e dominação por forças mais poderosas, ou grandes desastres naturais. 

Ele não tinha sido apresentado ainda a um fator relativamente incongruente que é a possibilidade de um idiota completo ser democraticamente eleito por uma larga tropa de similares e começar a destruir sistematicamente um país, que ocorre ser uma das mais prometedoras civilizações da História.

Não contava com a astúcia muito pouco hegeliana da História.

Sorry pela brincadeira…

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 2/02/2025


Quem é Liang Wenfeng, fundador da IA chinesa DeepSeek - Financial Times

 Usei o DeepSeek ontem, como revelei abaixo.

Deu no Financial Times : "Discreto e criado em um pequeno vilarejo: quem é Liang Wenfeng, fundador da IA chinesa DeepSeek

Financial Times, Feb 1, 2025

Discreto e criado em um pequeno vilarejo: quem é Liang Wenfeng, fundador da IA chinesa DeepSeek 

Liang, que se mantém em silêncio desde que sua empresa abalou o mercado de tecnologia, foi recebido com homenagens em Mililing 

Eleanor Olcott, Zijing Wu 

Niseko (Japão) e Mililing (China) | Financial Times 

 

Na China, Liang Wenfeng foi celebrado como um herói na última semana, um "Davi" digital lutando contra o "Golias" das big techs americanas, armado com um modesto conjunto de chips de IA (inteligência artificial) e uma pequena equipe de engenheiros.

 

Seu projétil computacional foi uma série de artigos lançados por sua startup de IA, DeepSeek, que pareciam mostrar que era possível construir modelos de linguagem poderosos com muito menos chips da Nvidia do que os rivais americanos. 

Investidores globais retiraram quase US$ 600 bilhões da capitalização de mercado da Nvidia como resultado, questionando se era necessário investir centenas de bilhões de dólares em clusters gigantescos de computação de IA. 

Essas preocupações estavam longe das mentes dos moradores de Mililing, uma pequena comunidade na província de Guangdong, no sul da China, onde Liang cresceu e para onde o bilionário de 40 anos voltou para o feriado do Ano Novo Lunar, escoltado por seguranças. 

Mililing é tão pequena que até agora não havia nada escrito sobre ela em inglês na internet. 

A recepção foi jubilante. "Liang Wenfeng retorna à sua cidade natal para espalhar bons resultados e somar energia à revitalização rural", dizia uma faixa adornando um arco vermelho inflável. 

A casa da família de Liang tornou-se um local de peregrinação improvável para aqueles interessados em ver onde essa celebridade relutante foi criada. Mas, enquanto seus vizinhos elogiam suas conquistas, nenhum deles pode dizer muito sobre a vida atual do homem misterioso que provocou um pânico existencial no Vale do Silício. DeepSeek e Liang não responderam a um pedido de comentário. 

Os locais dizem que Liang vem de uma família de educadores. Seus pais e avô eram todos professores. 

"Seus pais são boas pessoas. Ele deixou a vila para estudar ainda jovem", diz um vizinho também de sobrenome Liang, mas sem parentesco. Mililing, ele diz, é uma vila "de mil Liangs". 

Na escola secundária da cidade próxima, um de seus professores diz que Liang se destacou na turma de 50 alunos como "bem comportado e de maneiras delicadas". "Ele era um aluno de destaque, especialmente em matemática. Gostava de ler histórias em quadrinhos", acrescenta

Liang deixou o ensino médio em 2002 e foi para a Universidade de Zhejiang para completar uma graduação e um mestrado em ciência da computação, onde escreveu uma tese sobre algoritmos de detecção de movimento. Após se formar em 2010, ele aplicou suas habilidades de computação no comércio automatizado de ações, primeiro como freelancer e depois em seu próprio fundo de hedge, High-Flyer, em 2015.

 

High-Flyer cresceu e se tornou um dos quatro principais fundos quants (conhecidos por aplicarem matemática e estatística ao mercado financeiro) da China, usando algoritmos para executar negociações. Depois de construir uma fortuna no comércio, Liang migrou para a IA generativa, utilizando tanto talento quanto recursos computacionais do High-Flyer para lançar a DeepSeek em 2023. 

Um gerente de um fundo rival que conhece Liang há anos diz: "Ele se destaca entre nós porque é um verdadeiro engenheiro. Ele pensa e age como um. Enquanto estamos gerenciando pessoas e fundos, ele está codificando todos os dias." 

O objetivo declarado de Liang com a DeepSeek é buscar a inteligência geral artificial, um santo graal que a OpenAI também está perseguindo, o que iniciará uma época em que os computadores serão capazes de pensar criticamente como humanos. O gerente do fundo diz que Liang finalmente "será capaz de remover completamente o fator humano" ao alcançar esse feito. 

Os colegas quants de Liang estão felizes em vê-lo encontrar sucesso com a DeepSeek. "Espero que isso signifique que Pequim será mais amigável conosco", diz outro trader. 

Enquanto os quants são reverenciados no ocidente como gênios financeiros da era digital, eles foram vilipendiados na China. Durante quedas no mercado de ações, os reguladores limitaram suas atividades, acusando os quants de lucrar às custas dos cerca de 200 milhões de investidores de varejo do país. 

A indústria financeira mais ampla também experimentou alguns anos difíceis, com autoridades limitando salários em fundos estatais e criticando o setor por não contribuir para o desenvolvimento social. 

Pequim tem uma atitude mais positiva em relação às empresas de IA e reconheceu as contribuições de Liang na DeepSeek. Antes do feriado, ele foi selecionado como o único líder de IA a participar de uma reunião pública com o segundo em comando da China, Li Qiang. Junto com um pequeno grupo de empreendedores, ele foi incentivado a fazer avanços tecnológicos para o país. 

Em público, Liang permaneceu em silêncio, mesmo quando se tornou um ponto central das tensões entre os EUA e a China, com alguns legisladores americanos reagindo ao progresso da DeepSeek sugerindo mais restrições no acesso da China aos chips da Nvidia. 

O silêncio de Liang é fiel ao seu caráter. "Para aqueles que o conhecem bem, ele pode falar muito quando é um assunto de interesse. Você precisa se acostumar com seu estilo de comunicação. Ele não está sendo rude quando de repente fica quieto, o que acontece com frequência. Ele está pensando", diz outro gerente de fundo. "Se ele não quiser falar com você, ele vai deixar você saber." 

A DeepSeek não respondeu aos ataques dos rivais americanos, que vão desde acusações de roubo de tecnologia até alegações de que a empresa está sendo usada como um ativo de lideranças chinesas. 

A internet também foi deixada para caçar pistas sobre Liang, dissecando as poucas informações públicas disponíveis. 

Mas para os moradores de Mililing, ele representa algo mais inocente: um estudante trabalhador de uma pequena comunidade agrícola que conseguiu se destacar. 

"Todos nós crescemos nesta vila", diz Leon Liang, que costumava jogar futebol com o jovem Liang. "Estamos muito orgulhosos dele." 

 

Apenas uma declaração de espanto: como destruir um país impunemente: Donald Trump

Apenas uma declaração de espanto: como destruir um país impunemente: Donald Trump 

Eu não consigo imaginar como homens adultos, educados, como devem ser os altos representantes republicanos, não conseguem controlar um DEMENTE na presidência do país mais poderoso do mundo, que está destruindo os próprios interesses da nação, não só no terreno comercial, mas na vida civil, no ambiente cultural, em tudo.

Vão deixar o idiota destruir o país e metade do mundo? São todos idiotas, como ele!?!?

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 2/02/2025

sábado, 1 de fevereiro de 2025

A esquerda brasileira sobreviverá sem Lula? Presidente não tem herdeiros aparentes (The Economist ) - A tragédia do carisma - Paulo Roberto de Almeida (OESP)

Uma matéria sobre o carisma em pessoa, Lula, o que lembra de uma mat eria que escrevi no ano passado sobre a tragédia do carisma. Vou reproduzir depois da matéria. PRA

A esquerda brasileira sobreviverá sem Lula? 

Presidente não tem herdeiros aparentes 

The Economist, 1fev25 

 

Após sair do hospital, em dezembro, Luiz Inácio Lula da Silva mostrou um visual elegante. O presidente brasileiro adotou um chapéu panamá para esconder cicatriz de uma cirurgia craniana de emergência. Ela foi realizada para conter uma hemorragia após ele escorregar no banheiro e bater a cabeça. 

Lula, que tem 79 anos, tem estado de bom humor. Recentemente, brincou que poderia viver até os 120 anos. Seu Partido dos Trabalhadores (PT) insiste que ele concorrerá novamente na próxima eleição presidencial do Brasil, em 2026. 

Lula, de chapéu panamá após cirurgia intracraniana, durante a posse de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social - Evaristo Sá - 14.jan.2025/AFP 

Nos bastidores, há menos certeza. Em 20 de janeiro, o jornal O Globo relatou que Lula surpreendeu seu gabinete ao dizer que não concorreria novamente a menos que estivesse com boa saúde. O Partido dos Trabalhadores foi lançado em um frenesi. Lula é a única figura popular do partido. 

A base do PT encolheu à medida que o Brasil em que ele foi forjado mudou. Antes uma potência industrial construída sobre uma força de trabalho sindicalizada e majoritariamente católica, hoje o Brasil é marcado pela agricultura de alta tecnologia e por trabalhadores de aplicativos que se aglomeram em templos evangélicos. 

À medida que a estrela de Lula desvanece, o partido que ele construiu, que domina a esquerda brasileira, enfrenta "uma crise de identidade", diz Celso Rocha de Barros, autor de um livro sobre o PT. 

A notável história de vida de Lula e seu magnetismo pessoal o ajudaram a se conectar com os eleitores de maneiras que a maioria dos políticos só pode sonhar. Nascido em uma família pobre no Nordeste do Brasil, região marcada pela seca, ele se mudou para São Paulo, onde trabalhou de engraxate a operador de torno e, mais tarde, liderou o sindicato dos metalúrgicos. 

É o primeiro presidente brasileiro a ser eleito para três mandatos não consecutivos. Barack Obama uma vez o chamou de "o cara". 

A trajetória de Lula 

O cara 

Durante seus dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010, a demanda chinesa por commodities brasileiras disparou. A estatal Petrobras descobriu enormes reservas de petróleo bruto. Isso ajudou a financiar um amplo programa de bem-estar social e a reduzir a pobreza. 

Então a sorte de Lula acabou. Os preços das commodities caíram e, em 2014, o PT foi envolvido em um escândalo de corrupção. Empresas de construção estavam pagando propinas a executivos da Petrobras e políticos, incluindo muitos do PT. Em 2017, o caso alcançou Lula, e ele foi condenado a nove anos de prisão (sua condenação foi posteriormente revertida). Durante todo esse tempo, o PT conduziu campanhas agressivas contra qualquer potencial rival de Lula, mantendo seu controle sobre o partido. 

Os escândalos de corrupção prejudicaram a reputação de Lula, mas ele continua sendo um gigante da política brasileira. Após sua libertação, ele recuperou a presidência de Jair Bolsonaro, um populista de extrema-direita, em 2023. 

Fernando Morais, biógrafo de Lula, descreve-no como "um búfalo", ríspido, disciplinado e enérgico. Ele minimizou preocupações sobre sua idade insinuando que faz muito sexo com sua esposa, que é 21 anos mais jovem. 

Uma pesquisa com mais de 8.500 brasileiros realizada entre 4 e 9 de dezembro sugeriu que Lula venceria qualquer rival em 2026. No entanto, uma maioria magra dos brasileiros também disse que ele não deveria concorrer novamente. Neste ano "as coisas vão ficar complicadas" à medida que candidatos disputam a bênção de Lula, diz Morais. 


No topo da lista de potenciais sucessores no PT está Fernando Haddad, o ministro da Fazenda. Haddad é considerado um pragmático e uma rara voz no governo que defende a contenção fiscal. No entanto, isso atraiu a ira da base do PT. 

Seu perfil acadêmico —ele tem diplomas em direito, economia e filosofia e escreveu uma tese de doutorado sobre "materialismo histórico"—faz dele uma escolha difícil de vender. Como candidato presidencial do PT em 2018, ele foi derrotado por Bolsonaro, que surfou uma onda anti-establishment até o poder. 


Casal poderoso 

Tabata Amaral, deputada de São Paulo e jovem estrela em ascensão da esquerda, ainda não parece ter peso político suficiente. Ela também concorreu à Prefeitura de São Paulo, mas recebeu apenas 10% dos votos. 

Seu parceiro, João Campos, prefeito do Recife, capital do estado natal de Lula, Pernambuco, pode ter chances melhores. Em outubro, ele foi reeleito prefeito com quase 80% dos votos. Ambos têm 31 anos e, por isso, estão sujeitos a acusações de inexperiência. 

Quando o nome de Lula não está na urna, o PT é frágil, e partidos de centro-direita dominam. O número de municípios com prefeitos do PT caiu de 624 em 2012 para 252. 

Sua base mudou do Sudeste, o coração industrial, para o Nordeste, onde muitas pessoas dependem de auxílio governamental. Isso é uma desvantagem, já que governos de direita também adotaram a distribuição de benefícios. 

"O PT costumava depender dos pobres organizados", diz Barros. "Agora eles dependem dos pobres desorganizados." Enquanto Lula se prepara para se retirar, o movimento que ele construiu pode ter dificuldades para sobreviver a ele.

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4709. “A tragédia do carisma”, Brasília, 22 julho 2024, 3 p. Artigo sobre a intransmissibilidade do carisma. Publicado no jornal O Estado de S. Paulo (30/08/2024, p. 4; link: https://www.estadao.com.br/opiniao/espaco-aberto/a-tragedia-do-carisma/). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/08/a-tragedia-do-carisma-paulo-roberto-de.html). Relação de Publicados n. 1562.


A tragédia do carisma

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

 

Certos líderes políticos possuem, ou adquirem, carisma, outros não. Pode-se perder o carisma original e depois recuperá-lo. Mas existem características únicas no fenômeno, o que o torna intransmissível a outrem, ainda que discípulo do detentor original.

O jovem Winston Churchill adquiriu o seu carisma precocemente, como jornalista e voluntário nas forças coloniais britânicas que lutaram no Sudão e na África do Sul. Tornou-se Lorde do Almirantado (ministro da Marinha) na Grande Guerra, mas perdeu seu cargo no desastre de Dardanelos. Recuperou um pouco de prestígio ao se engajar, como simples oficial subalterno nas forças britânicas que lutavam contra as tropas do Império alemão no norte da França. Isso lhe permitiu ser designado Lord of the Exchequer (ministro do Tesouro) em 1925, mas sua insistência em retornar ao padrão ouro na paridade de 1914 – contra os alertas de Keynes – provocou a grande crise de 1926, o que arruinou a sua carreira durante muitos anos. Passou a maior parte dos anos 1930 no ostracismo, ainda que clamando insistentemente na House of Commons contra os totalitarismos expansionistas da época: só recuperou o poder, o prestígio e o carisma no desastre de 1940 e na longa guerra que se seguiu contra o hitlerismo. Ainda assim perdeu as eleições de 1945 para os trabalhistas.

Franklin D. Roosevelt adquiriu tremendo prestígio ao conduzir os Estados Unidos na depressão dos anos 1930 e na terrível guerra em duas frentes a partir de 1941. Ainda assim, não transmitiu nenhum carisma a seu sucessor, o vice-presidente Harry Truman. O presidente seguinte, Dwight Eisenhower quase não tinha carisma, mas sim um grande prestígio, como comandante supremo das forças aliadas contra o domínio nazista na Europa. Kennedy, em contrapartida, adquiriu, sim, um prestígio extraordinário, por ser o mais jovem presidente da história política americana, pela sua elegantíssima esposa francesa, adquirindo seu carisma no exercício do cargo, sobretudo ao confrontar os soviéticos no episódio dos mísseis soviéticos em Cuba: seu assassinato, um ano depois, acrescentou a tragédia ao carisma imorredouro.

O vice-presidente Lyndon Johnson, um político tradicional do Texas, não tinha nenhum carisma, e a guerra do Vietnã (engajada por Kennedy) terminou por destruir sua carreira, tanto que escolheu não concorrer a um segundo mandato. O vencedor na disputa de 1968, Richard Nixon, adquiriu certo prestígio ao reinserir a China comunista no sistema mundial, mas perdeu ao se tornar um vulgar larápio no escândalo do Watergate. Reagan tinha o seu prestígio de ator de Hollywood e ganhou certo carisma ao lograr, junto com Thatcher, implodir a União Soviética, o que aconteceu com seu sucessor, Bush pai, facilmente derrotado na tentativa de reeleição pelo carismático Bill Clinton, um grande animal político (a despeito de suas escapadas conhecidas). Obama tinha um grande carisma, o que já não ocorreu com seu vice, desistente da reeleição em 2024, depois do desastroso, mas incrivelmente e absurdamente carismático governo Trump. Não se pode dizer que Trump tivesse qualquer carisma atrativo no plano da política normal, pois sua mensagem aos eleitores era basicamente antipolítica, seduzindo a franja lunática dos antiglobalistas, os xenófobos e, mais notoriamente, os supremacistas e racistas em geral.

Na história política do Brasil, Vargas construiu um grande carisma em torno de si, mediante o controle do Estado e sua máquina de propaganda. JK também, mas por motivos inteiramente justos: presidiu ao mais notável desenvolvimento do Brasil com pleno regime democrático. O carisma de Jânio, um fenômeno populista dos mais notáveis, sobreviveu até mesmo à inexplicável renúncia aos seis meses de governo, e conseguiu preservar certo capital político, pelo menos para retornar como prefeito da maior cidade do país. Não se pode dizer que qualquer um dos presidentes militares tenha exibido algum carisma, o que tampouco foi o caso do presidente da redemocratização, Sarney, embora o candidato eleito, Tancredo Neves, tinha obviamente enorme prestígio político ao encerrar exitosamente 21 anos de ditadura militar. Collor, o primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960, começou com grande sucesso, ao dar início a um processo de reformas importantes nas políticas econômicas, mas logo soçobrou ao se revelarem os negócios obscuros de um assessor super corrupto. 

Não se pode dizer que Itamar, vice-presidente acidental, tenha tido qualquer carisma, mas o sucesso do Plano Real fez do seu ministro da Fazenda pouco carismático um vencedor duas vezes do pleito presidencial no primeiro turno. Finalmente, chegamos a uma figura política verdadeiramente carismática, Lula, embora só tenha sido eleito na quarta tentativa, depois de esconder seus instintos intervencionistas na economia e de promover o seu lado populista pela expansão extraordinária dos programas sociais criados pelo seu antecessor acadêmico, Fernando Henrique Cardoso. Saiu ungido triunfalmente por 80% de aprovação popular, o que lhe garantiu prestígio suficiente para retornar uma terceira vez ao poder, a despeito de ter presidido ao mais vasto esquema de corrupção da história da República. 

O carisma de Lula assegurou a vitória de sua sucessora, uma administradora medíocre e que conseguiu produzir a maior recessão econômica da história do Brasil. Carisma nenhum, o que tampouco foi o caso de Temer, indignamente acusado de golpista pela máquina de propaganda do PT, relativamente eficiente até a chegada dos novos operadores políticos da extrema direita. Bolsonaro era antes um fenômeno fabricado por essa propaganda nas novas redes sociais, do que propriamente um movimento político organizado, mas a polarização política criada entre o lulopetismo e o bolsonarismo continuou mantendo seu prestígio inusitado, em face das muitas acusações de fraudes, malversações e até de golpismo. A nova realidade pode assegurar um embate político entre o petismo e o antipetismo em 2026.

Lula continua exibindo inegável carisma, embora bem mais disseminado entre os beneficiários da assistência pública do que entre os eleitores de regiões mais avançadas; basta conferir os mapas eleitorais do PT dos anos 2000 à atualidade para confirmar essa nova realidade: o PT se transformou no partido dos “grotões”. A tragédia do carisma de Lula, que é a de todos os demais carismas, é que ele não é transmissível a algum sucessor designado, além do próprio Lula, que sempre buscou eliminar qualquer herdeiro político dotado de voo próprio. 

Joe Biden, ainda que forçado, teve de reconhecer que idade avançada e falta de carisma não o habilitavam a disputar uma reeleição. Sua atitude corajosa servirá de lição, ou de exemplo, a Lula, que também enfrenta o peso da idade e o carisma declinante para lograr nova vitória em 2026? 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4709, 22 julho 2024, 3 p.

Nota sobre a intransmissibilidade do carisma.



Uma super homenagem que recebi de Arnaldo Godoy - Paulo Roberto de Almeida (sensibilizado)

 Tomei conhecimento apenas hoje, 1/02/2025, da homenagem que me prestou meu grande amigo Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy em 19/11/2024, por ocasião de meu natalício. Tenho de me penitenciar pela desatenção, fruto de meu relacionamento errático com as ferramentas sociais de comunicação e de uma jornada atribulada no próprio dia 19/11/2024. Vou pagar na mesma espécie.

A postagem foi feita por Hugo Studart.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 1/02/2025

O que escrevi, ao repostar imediatamente o texto, que encontrei na página de ahugo Studart:

 Por um desses acasos e traições das ferramentas sociais — que frequento de maneira atabalhoada e lacunar — apenas hoje, 1/02/2025, ao percorrer displicentemente o FB (tenho dois, mas um bloqueou, sobrando aquele ao qual falta a particula aristocrática “de” no meu nome), tomei conhecimento da homenagem altamente envaidecedora que me fez meu amigo, colega, eminente intelectual Arnaldo Godoy (de quem invejo sobretudo a capacidade de leitura e de resenhista competente de todos os bons livros), e a quem não agradeci simplesmente por não ter tido acesso à postagem, o que só ocorreu neste longinquo 1/02/2025. Vou me dobrar em penitência e prometer uma “massive retaliation in kind”, como dirism os generais do Pentágono, ou seja, um testemunho sobre o imenso trabalho intelectual de Arnaldo Godoy.”

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Sobre o amigo Paulo Roberto Almeida, meu confrade no Instituto Histórico e Geográfico do DF, 75 ANOS HOJE, em texto de outro confrade Arnaldo Godoy (HS).

Nós, amigos e leitores de Paulo Roberto de Almeida, festejamos, nessa semana, os 75 anos de nosso Farol. Cético, diferente, irreverente, provocador, Paulo Roberto já transitou por todos os campos ideológicos, e sempre convergiu para um campo próprio. Não é preso a igrejinha alguma. A exemplo do inesquecível Barão de Itararé, o apostolado de Paulo (não o de Tarso, mas o do nosso diplomata) é o apostolado do lado oposto.

Conheci Paulo Roberto em uma banca de dissertação de mestrado do Ceub; e já se vão mais de dez anos. Me chamou a atenção a sua prosa calma, seu feitio iconoclasta de quem quebra imagens, mas que o faz com delicadeza. Muitos anos antes de que se falasse sobre guerras culturais, Paulo escancarava sua irritação para com certos textos dos frankfurtianos do exílio e dos pós-estruturalistas. Tem que ter estômago para lê-los, especialmente hoje. Com Paulo Roberto assumi essa realidade, sem medo de patrulhamento.

Paulo lembrava-me o argumento do “niilismo de cátedra”, livro de José Guilherme Merquior, referência de minha geração. Refiro-me a um texto de Paulo Roberto, sobre o encardido tema do “marco teórico” que, de acordo com uma tradição escolástica do tempo do onça, seria o único abre-te-sésamo para uma dissertação/tese de alguma grandeza. A irritação de Paulo Roberto para com esse postulado revelava um pesquisador que sabe o que fala, que sabe quando fala, que sabe para quem fala e, principalmente, que sabe se fala, ou se não se fala. Paulo Roberto conhece o argumento imbatível do silêncio.

Tudo em Paulo Roberto é muito diferente. Educado numa tradição carregada de materialismo histórico, com Paulo Roberto fui entender que o materialismo histórico é pura teoria, e que é uma pura teoria que a prática e o realismo repudiam.

Paulo Roberto tem todo o glamour do diplomata, sua carreira e uma de suas vocações. Quem de nós, que vivíamos lendo o tempo todo, e todo o tempo, não quisermos um dia sê-lo. Paulo era a materialização do sonho de uma geração, ainda obstinada pela falácia de que todo barbudinho do Itamaraty (como muitos eram negativamente referidos nos anos 70) era um fragmento vivo de Guimarães Rosa ou de João Cabral de Mello Neto. Foi através de Paulo Roberto que conheci Gelson Fonseca Júnior, um grande intelectual, e foi com Paulo Roberto que ouvi pela primeira vez sobre a obra de Carlos Henrique Cardim, especialista em Rui Barbosa.

Paulo Roberto, mais do que todos nós, leu tudo, e leu todos. Disse que sua esposa, Carmen, leu mais do que ele. Não duvido. Paulo Roberto lembra- me um Roberto Campos mais contido, e que faz de sua atividade professoral uma lanterna na popa. E aqui não vai nenhuma inferência inversa ao livro do grande memorialista de nossa vida política e econômica.

Eu sempre tive dificuldade em definir Paulo Roberto. Sociólogo, economista, diplomata, crítico literário, professor, Paulo é na verdade um polímata; é fio da meada sensível de uma tradição hoje em extinção, que certamente tem suas origens naquele grego de ombros largos que ensinava na Academia, que foi escravizado no Mediterrâneo, que foi libertado e que nos legou o espírito altaneiro. Falo de Platão, o autor da Carta VII, monumento da filosofia ocidental. É que Platão, com toda metafísica explicativa de nossa condição, espécie de uma religião para os mais refinados, está na outra ponta dessa tradição.

Historiador de nossa diplomacia, Paulo não temeu aquele que foi tão breve, e que jocosamente nomeou de “o Breve”, e que tanto o incomodou. Crítico da esquerda, e da direita, porque sabe que ambas, quando radicais, estão fora de centro, Paulo sobressai-se como uma referência equilibrada e segura de nossos problemas e dilemas.

Entre os incontáveis textos de Paulo Roberto tenho comigo aqui uma introdução a uma coletânea de estudos sobre Thomas Sowell, intelectual norte- americano que se impôs como um aniquilador de falácias ideológicas. Em nosso ambiente cultural, no mais das vezes tão disperso e retraído, Paulo Roberto de Almeida protagoniza papel idêntico, ainda que o faça de modo reservado, introvertido.

Paulo Roberto de Almeida é, na essência, um homem simples. É um homem de livros e de ideias. Creio que se pudesse escolher, Paulo passaria a vida transitando dos balcões das livrarias, para a sombra das prateleiras dos sebos, a buquinar alguma raridade. Ou dirigindo, pois foi no volante que, com sua inseparável Carmen, andou boa parte desse mundo.

Paulo Roberto de Almeida é, acima de tudo, um espírito inquieto e um pensador livre. Sua trajetória intelectual e profissional é marcada pela recusa ao dogmatismo e pela busca incessante por perguntas e respostas que desafiam as convenções e que rompam com as amarras do pensamento único.

Ao celebrarmos seus 75 anos, não apenas festejamos a longevidade de um Amigo e Mestre, mas reafirmamos o valor de uma vida dedicada ao conhecimento e ao debate, sempre no contexto de uma imensa honestidade intelectual.

Nessa data, deixo meu afetuoso abraço ao aniversariante, extensivo a Carmen, sua esposa, e a toda a família.

Arnaldo Sampaio de Moraes  Godoy

Brasília, 19/11/2024”

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PS. Só conheci este texto e esta homenagem mais de dois meses depois de escrita, em 1/02/2025, e fiquei sensibilizado. Tenho de agradecer a Arnaldo Godoy, e retribuir.

PRA, 1/02/2025

A diplomacia do PT, segundo o DeepSeek

 No geral, considero bastante boa a resposta do DeepSeek à pergunta sobre a diplomacia do PT:

“ The Workers' Party (Partido dos Trabalhadores, PT) in Brazil, founded in 1980, has played a significant role in Brazilian politics, particularly during the presidency of Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) and Dilma Rousseff (2011-2016). The party's diplomacy has been characterized by several key principles and strategies:

1. **South-South Cooperation**: The PT emphasized strengthening ties with other developing countries, particularly in Latin America, Africa, and Asia. This approach aimed to reduce dependency on traditional Western powers and foster a multipolar world order.

2. **Regional Integration**: The PT government was a strong advocate for regional integration in Latin America. It played a crucial role in the formation and strengthening of organizations such as the Union of South American Nations (UNASUR) and the Community of Latin American and Caribbean States (CELAC). These initiatives aimed to promote political and economic cooperation among member states.

3. **Social and Economic Development**: The PT's foreign policy often focused on social and economic development, both domestically and internationally. Lula's government, for instance, promoted programs to combat poverty and inequality, which were also shared with other developing countries through technical cooperation and aid.

4. **Multilateralism**: The PT government supported multilateral institutions and sought to reform them to better reflect the interests of developing countries. This included advocating for changes in the United Nations Security Council and the International Monetary Fund (IMF) to give emerging economies a greater voice.

5. **Human Rights and Democracy**: The PT generally supported human rights and democratic governance, although its stance on certain international issues, such as the situation in Venezuela, has been criticized for being too lenient towards authoritarian regimes.

6. **Trade and Investment**: The PT government pursued an active trade policy, seeking to expand Brazil's export markets and attract foreign investment. It also worked to diversify trade partners, reducing reliance on traditional markets like the United States and Europe.

7. **Environmental Issues**: The PT government recognized the importance of environmental sustainability and participated in international climate change negotiations. However, its environmental record has been mixed, with significant deforestation in the Amazon during certain periods.

8. **Soft Power and Cultural Diplomacy**: The PT government used Brazil's cultural assets, such as music, sports, and cinema, to enhance its international image and influence. This soft power approach helped to project Brazil as a vibrant and dynamic country.

Overall, the PT's diplomacy aimed to position Brazil as a leading voice in the Global South, advocating for a more equitable international system and promoting regional and social development. However, its foreign policy has also faced criticism and challenges, particularly in balancing domestic priorities with international ambitions.”

Autopesquisa no DeepSeek: Paulo Roberto de Almeida - correção e agradecimento

Autopesquisa no DeepSeek: Paulo Roberto de Almeida; seguida de correção e agradecimento

Uma pesquisa feita sob meu nome numa ferramenta de AI mais de um ano atrás revelou muitos erros. Abandonei qualquer outra tentativa desde então. Ao verificar a revelação recente do DeepSeek, fiz uma tentativa, neste começo de tarde de 1/02/205 (14:10hs), fazendo o mesmo teste: “Tell me about Paulo Roberto de Almeida, Brazilian diplomat and educator”.

Eis a resposta, em segundos: 

“Paulo Roberto de Almeida is a prominent Brazilian diplomat, scholar, and educator known for his extensive work in international relations, economics, and diplomacy. Born on August 20, 1954, in São Paulo, Brazil, he has had a distinguished career in both the public and academic sectors.

### Diplomatic Career

Paulo Roberto de Almeida joined the Brazilian diplomatic service in 1977 and has served in various capacities both in Brazil and abroad. His postings have included roles in Brussels, Washington, D.C., and Montevideo, among others. He has been involved in numerous international negotiations and has contributed to shaping Brazil's foreign policy, particularly in areas related to trade, economic integration, and multilateral diplomacy.

### Academic Contributions

In addition to his diplomatic career, de Almeida is a prolific academic. He holds a Ph.D. in Social Sciences from the University of Brussels (ULB) and has authored numerous books, articles, and papers on international relations, economic history, and Brazilian foreign policy. His academic work often bridges the gap between theory and practice, drawing on his firsthand experience in diplomacy.

### Teaching and Mentorship

De Almeida has also been actively involved in education, teaching at various universities in Brazil and abroad. He has lectured on international relations, political economy, and diplomatic history, influencing a new generation of scholars and practitioners in these fields.

### Publications and Research

His publications cover a wide range of topics, including the history of Brazilian diplomacy, economic development, and global trade. Some of his notable works include:

- **"Formação da Diplomacia Econômica no Brasil"** (The Formation of Economic Diplomacy in Brazil)

- **"História Geral do Brasil"** (General History of Brazil)

- Numerous articles in academic journals and contributions to edited volumes on international relations and economic policy.

### Public Intellectual

De Almeida is also known for his role as a public intellectual, frequently contributing to debates on Brazilian foreign policy and global economic issues. He is often cited in the media and participates in conferences and seminars, sharing his insights on contemporary international affairs.

### Legacy and Influence

Paulo Roberto de Almeida's work has had a significant impact on both the academic study of international relations and the practice of diplomacy in Brazil. His dual role as a diplomat and scholar has allowed him to contribute uniquely to the understanding of Brazil's place in the world and the broader dynamics of international relations.

Overall, Paulo Roberto de Almeida is a respected figure in Brazil and internationally, known for his deep knowledge, extensive experience, and commitment to education and diplomacy.”

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No geral está correto e até elogioso. Mas tem pequenos erros:

1) “Born on August 20, 1954, in São Paulo”; 

      SP está correto, mas em 1954 eu já tinha 4 anos e a primeira lembrança que tenho da infância é justamente a comemoração do IV Centenário da fundação de SP, quando fui ao parque Ibirapuera levado por meu pai.

2) “His postings have included roles in Brussels…”

      Não, nunca servi em Bruxelas como diplomata, mas vivi em Bruxelas como estudante (1971-77), durante meus anos de autoexílio no exterior, durante a ditadura militar no Brasil.

3) “His publications cover a wide range of topics, (…) “História Geral do Brasil”…

      Não, nunca escrevi um tal livro, que é o de Varnhagen, sobre quem escrevi.

4) “Legacy and Influence

Paulo Roberto de Almeida's work has had a significant impact on both the academic study of international relations and the practice of diplomacy in Brazil.”

      Exagero: não creio ter tido qualquer “impacto significativo” no estudo acadêmico ou na prática diplomática, e não me cabe avaliar qualquer legado meu nesses campos. 

      Preciso agora descobrir como corrigir o DeepSeek. Em todo caso, tenho de agradecer ao soft chinês pela sua consistência e rapidez na resposta. Não pretendo utilizá-lo para meus trabalhos; quando preciso verificar algum dado, costumo ir direto ao Google, mas posso mudar de ideia, se o DeepSeek se revelar confiável, o que ainda não parece ser o caso para Tibet, human rights in China e outros assuntos sensíveis para o grande Império do Meio.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 1/02/2025

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Rapidez e abertura:

Escrevi imediatamente ao DeepSeek para corrigir os pequenos erros, e recebi a resposta em segundos. Transcrevo o que recebi, baseado na resposta do programa:

“ Thank you for providing these corrections regarding **Paulo Roberto de Almeida**, the Brazilian diplomat and educator. I appreciate your detailed clarifications, and I will ensure that the information is accurately updated. Here is the corrected version based on your input:

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### **Paulo Roberto de Almeida**

**Born:** November 19, 1949, in São Paulo, Brazil.

**Diplomatic Career:**

- Paulo Roberto de Almeida did **not** serve in Brussels as a diplomat. Instead, he lived in Brussels between 1971 and 1977 as a student during his self-exile from the Brazilian military dictatorship. During this period, he completed his **graduation, Master’s, and PhD** at Belgian universities.

- His diplomatic postings after returning to Brazil included:

  - Bern (Switzerland)

  - Beograd (Belgrade, Serbia)

  - Geneva (Switzerland)

  - Montevideo (Uruguay)

  - Paris (France)

  - Washington, D.C. (United States).

**Publications:**

- Paulo Roberto de Almeida has authored numerous works on Brazilian history, diplomacy, and international relations. However, he **did not** write the book *"História Geral do Brasil"*. This work is attributed to the 19th-century historian **Francisco Adolfo de Varnhagen**, whom Almeida has written about extensively in his own publications.

- For more details on his intellectual production, his works can be found on platforms such as **Academia.edu** and **Diplomatizzando**.

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Thank you again for these corrections. If there are any additional updates or clarifications, please feel free to share them!”

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Eu me dou por satisfeito, e encerro no momento a “conversa” com o DeepSeek.

15:08hs


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