sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Mais pragmatismo e menos ideologia - Rubens Barbosa (O Estado de S. Paulo)

 Opinião:

Mais pragmatismo e menos ideologia

Não resta alternativa ao governo Lula senão estabelecer um canal de alto nível com a Casa Branca
Por Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo, 12/08/2025

O relacionamento entre o Brasil e os EUA passa por um momento de grandes desafios com os desdobramentos da opção feita por Trump de utilizar a lei de emergência econômica (International Emergency Economic Power Act - Ieepa) como fundamento das tarifas aplicadas aos produtos nacionais.
Trump assinou na semana passada ordem executiva baseada na Ieepa que dá poderes ao presidente norte-americano para tomar medidas de modo a afastar as ameaças à economia dos EUA e à segurança nacional. Essa lei tem sido usada como justificativa para as tarifas de todos os países, mas está tendo desdobramentos políticos internos com o Brasil. Por outro lado, para alguns outros países, a base legal para a aplicação das tarifas está amparada pela Seção 232 do Trade Expansion Act de 1962, que trata a questão da segurança nacional sob o ângulo comercial, sem declaração de emergência. No caso da China, a legislação invocada foi a Seção 301 do Trade Act de 1974.
É importante entender a diferença entre as duas legislações. Enquanto a Seção 232 e a 301 são implementadas pelos órgãos técnicos de comércio exterior, a lei de emergência econômica é aplicada pelo Departamento de Estado e pelo Tesouro, sem consulta ao Congresso, e é utilizada como meio de pressão diplomática com caráter extraterritorial, como foi o caso da Lei Magnitsky e, na semana passada, a pesada nota da embaixada dos EUA. A Ieepa pode alcançar empresas ou indivíduos no Brasil. As empresas podem ser afetadas por bloqueios bancários, encerramento de linhas de crédito internacional, exclusão de fornecedores de peças e equipamentos e até sanções secundárias, quando transacionam com outros países, como foi o caso da Índia, por comprar petróleo da Rússia.
A política tarifária em relação ao Brasil tem uma característica única por abrir a possibilidade de tratar questões políticas e diplomáticas mais amplas e que, espera-se, estejam sendo objeto de exame e consideração mais cuidadosos pelo governo em Brasília. As ações do Departamento de Estado, diante da atitude antagônica de Marco Rubio em relação ao Brasil, são inaceitáveis. O risco e a ameaça são claros e vão requerer uma defesa da soberania e do interesse nacional mais sofisticada e responsável.
Os desdobramentos dessa medida já estão começando a aparecer. Foi aberta uma investigação no âmbito da seção 301 da lei de comércio exterior para apurar medidas restritivas contra produtos norte-americanos, serviços financeiros (Pix) e até o desmatamento da Floresta Amazônica.
Além dessa investigação, o Congresso dos EUA está examinando um projeto de lei que autoriza recursos financeiros a órgãos de inteligência para, entre outras áreas de interesse para os EUA, avaliar e preparar relatório sobre os investimentos da China no setor agrícola do Brasil. O Intelligence Authorization Act, se aprovado, financiará a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Segurança Nacional (NSA) para o combate às ameaças à segurança nacional dos EUA.
No tocante ao relacionamento entre o Brasil e a China, esses órgãos de informação deverão elaborar “avaliação e relatório sobre investimentos da China no setor agrícola no Brasil, após consulta com o Departamento de Estado e a Secretaria da Agricultura” e avaliar “o nível de envolvimento do presidente Xi Jinping, ou por ele ordenado, com autoridades brasileiras, com foco no setor agrícola do Brasil”. O relatório deverá também incluir análise sobre “o nível de envolvimento da China com o setor agrícola do Brasil” e “as intenções estratégicas do possível envolvimento do presidente Xi ou por ele ordenado, para investimento no setor agrícola do Brasil”. O relatório deverá examinar “o número de entidades com sede na China ou de propriedade do país com investimentos no setor agrícola do Brasil, incluindo joint ventures com empresas brasileiras” e listar “os impactos sobre a cadeia de suprimentos, o mercado global e a segurança alimentar gerados por investimentos ou pelo controle do setor agrícola brasileiro pela China”.
As tensões entre os EUA e a China, considerada pelo governo de Washington como inimiga, podem respingar em outros países com forte relacionamento com Pequim. O Brasil é um parceiro estratégico da China, especialmente na área agrícola, e por isso atraiu as atenções estratégicas dos órgãos de inteligência.
O governo brasileiro tem de definir claramente seu objetivo em relação às medidas restritivas já tomadas e outras que poderão ser adotadas contra o Brasil. Não convêm ao interesse nacional a posição defensiva e uma narrativa para fins de política interna.
O impasse atual, com as dificuldades e as diferenças de caráter político e ideológico, tem de ser superado para o avanço das negociações comerciais. À luz da tendência da escalada político-diplomática, não resta alternativa ao governo Lula senão estabelecer um canal de alto nível com a Casa Branca por meio de um telefonema de Lula a Trump ou a ida do vice-presidente, Geraldo Alckmin, para um encontro com JD Vance.
A China e a Índia, que, junto com o Brasil, são os países com as tarifas mais altas, com possíveis novas medidas restritivas, continuam a negociar com Trump, de forma pragmática e deixando de lado a ideologia.

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), foi embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004)

https://www.estadao.com.br/opiniao/rubens-barbosa/mais-pragmatismo-e-menos-ideologia/

Intelectuais na diplomacia brasileira : a cultura a serviço da nação - Paulo Roberto de Almeida (organizador)

 Ficha catalográfica de um livro saindo agora do "forno":



Intelectuais na diplomacia brasileira : a cultura
a serviço da nação / Paulo Roberto de Almeida
(organizador).
-- Rio de Janeiro :
Francisco Alves Editora ; São Paulo : Editora
Unifesp, 2025.
Vários autores.
ISBN 978-85-265-0497-4 (Francisco Alves Editor)
ISBN 978-65-5632-199-8 (Editora Unifesp)
1. Brasil - História 2. Diplomacia 3. Diplomatas
4. Intelectuais - Brasil I. Almeida, Paulo
Roberto de.
25-274604 CDD-327.2092

Índice

Prefácio
Celso Lafer

Apresentação: intelectuais brasileiros a serviço da diplomacia
Paulo Roberto de Almeida
Nas origens da feliz interação entre o Itamaraty e a cultura brasileira
Por que uma nova iniciativa aliando diplomatas e cultura, muitos anos depois?
Um novo projeto cobrindo outros intelectuais associados à diplomacia brasileira

Bertha Lutz: feminista, educadora, cientista
Sarah Venites
Não tão breve nota introdutória
Uma formação cosmopolita
A ciência, a educação e o Museu Nacional
Política feminista, no Brasil e no mundo
O legado de Bertha e considerações finais

Afonso Arinos de Melo Franco e a política externa independente
Paulo Roberto de Almeida
Um membro do patriciado mineiro, de uma família de estadistas e intelectuais
Vida intelectual de Afonso Arinos, de uma família de escritores
Um diplomata natural, chanceler num período atribulado
A solução parlamentarista, sempre no horizonte...
A crise brasileira e seu caráter permanente
De volta ao planalto, como senador e constituinte

San Tiago Dantas e a oxigenação da política externa
Marcílio Marques Moreira
Marcos de uma vida intensa
San Tiago Dantas e os apelos do autoritarismo
A trajetória na luta democrática
Uma fina sensibilidade cultural
O ingresso na vida política
San Tiago e a reforma do Itamaraty
San Tiago, diplomata
Uma visão original da política externa e da política internacional
San Tiago, o pacifista
Em busca de uma esquerda “positiva”: San Tiago e Merquior

Roberto Campos: um humanista da economia na diplomacia
Paulo Roberto de Almeida
Uma vida relativamente bem documentada, senão totalmente devassada
O diplomata enquanto economista e, ocasionalmente, homem de Estado
Além da economia: um observador sofisticado do subdesenvolvimento brasileiro e latino-americano
Além da economia: o humanismo na sua versão irônica e política
A premonição das catástrofes evitáveis, um fruto de sua racionalidade
Um longo embate contra sua própria instituição
A Weltanschauung evolutiva de Roberto Campos: do Estado ao indivíduo

Meira Penna: um liberal crítico do Estado patrimonial brasileiro
Ricardo Vélez-Rodríguez
Breve síntese biográfica
A crítica de Meira Penna ao Estado patrimonial
O Brasil e o liberalismo
Patrimonialismo, o mal latino
Patrimonialismo e familismo clientelista
Patrimonialismo e formalismo cartorial
Patrimonialismo e estatismo burocrático
Patrimonialismo e mercantilismo
Patrimonialismo e corrupção
Alternativas ao patrimonialismo
Um Tocqueville brasileiro

Lauro Escorel: um crítico engajado
Rogério de Souza Farias
Esperançosa inteligência
Retórica militante
Escolástico inútil
Cultura da política

Sergio Corrêa da Costa: diplomata, historiador e ensaísta
Antonio de Moraes Mesplé
Os anos 40
D. Pedro I e a exceção brasileira
Floriano Peixoto e a história diplomática da Revolta da Armada
Juan Perón, o hipernacionalismo argentino e a conexão nazista
A globalização lexical e a Francofonia
Um diplomata de escol

Wladimir Murtinho: Brasília e a diplomacia da cultura brasileira
Rubens Ricupero
Colocar o Estado a serviço da cultura
As origens e os episódios latino-americanos
A história de Wladimir é um romance de aventuras
As marcas de Murtinho na cultura do Brasil
Brasília como nova capital da cultura brasileira
O legado de Wladimir Murtinho em Brasília e para o Brasil

Vasco Mariz: meu tipo inesquecível
Mary Del Priore
Uma infância carioca
Como se fabrica um escritor e musicólogo?
Itinerários na diplomacia: Porto e Belgrado
De volta à América Latina e novos desafios diplomáticos 256
A obsessão pela música
Um longevo diplomata-escritor
Vasco: demasiadamente humano

José Guilherme Merquior, o diplomata e as relações internacionais
Gelson Fonseca Jr.
O intelectual e o diplomata
Encontros com Merquior
Os textos sobre questões diplomáticas
O intelectual antes do diplomata

A coruja e o sambódromo: sobre o pensamento de Sergio Paulo Rouanet
João Almino
Diplomacia
Literatura
Filosofia
Iluminismo e universalismo
Universalismo e etnocentrismo
Relativismo e particularismos
Civilização ou barbárie
A permanência da obra

Apêndices:
1. O Itamaraty na cultura brasileira (2001), sumário da obra
2. Introdução de Alberto da Costa e Silva à edição de 2001
3. Alberto da Costa e Silva – 1931-2023, Celso Lafer

Sobre os intelectuais na diplomacia
Sobre os autores

Passados-futuros do Golpe de 1964 - Especial Bibluoteca Virtual do Pensamento Social

Biblioteca Virtual do Pensamento Social:

Bernardo Ricupero, Carolina Gomes Leme, Christian Lynch, Claudia Bassi, Elide Rugai Bastos, Eurídice Figueiredo, Glaucia Villas Bôas, José Ricardo Ramalho, Karim Helayel, Lilia Moritz Schwarcz, Lucas Carvalho, Luciana Villas Bôas, Maria Fernanda Lombardi Fernandes, Michel Misse, Paulo Cassemiro, Pedro Campos, Renato Ortiz e Rodrigo Patto Sá Motta integram este Especial BVPS sobre os 60 anos do Golpe de 1964.
São 16 textos abordando diferentes aspectos não apenas do evento, mas do processo em que ele se situa e nos situa, desafiando-nos ainda hoje com silêncios eloquentes. E, como de costume na BVPS, em diferentes formas narrativas: do ensaio ao relato memorialístico, passando pelo acervo imagético. Em conjunto, todos nós queremos afirmar, fazendo coro com Lilia Schwarcz em seu ensaio visual (de onde retiramos as imagens que abrem os posts): é sempre preciso “lembrar de não esquecer”.
Passados-futuros do Golpe de 1964. BVPS Especial
O golpe de 1964, a ditadura e a historiografia | Rodrigo Patto Sá Motta
1964 e o Pensamento Político-Social Brasileiro | Bernardo Ricupero
O populismo reacionário e o golpe de 1964: a força ideológica da disputa pela memória | Christian Edward Cyril Lynch e Paulo Henrique Paschoeto Cassimiro
60 anos de 64: a Escola Superior de Guerra | Maria Fernanda Lombardi Fernandes
O Golpe e a Constituição: sobre a memória da ditadura e o futuro da democracia | Luciana Villas Bôas
Questão agrária e o golpe de 1964 | Elide Rugai Bastos e Lucas Carvalho
60 anos de um golpe contra os trabalhadores | José Ricardo Ramalho
Mulheres contra a ditadura | Eurídice Figueiredo
Una mirada feminista sobre el presente y las memorias (Argentina, 2024) | Claudia Bacci
Anos de chumbo: desenvolvimento e dependência| Karim Helayel
Na ditadura não havia corrupção? | Pedro Campos
Militares, Golpe de Estado, Democracia | Renato Ortiz
Esperança e solidariedade: Lembranças do golpe de 1964 | Glaucia Villas Bôas
Memórias adolescentes de um golpe de estado | Michel Misse
Em tela, a ditadura civil-militar: cinema, sociedade e interpretações sobre o passado e o presente | Caroline Gomes Leme
O golpe de 1964 por imagens e resistências | Lilia Moritz Schwarcz

"Rumo à COP30: O Agronegócio e as Mudanças Climáticas"- documento da ABAG

 A ApexBrasil teve a honra de patrocinar o evento "Rumo à COP30: O Agronegócio e as Mudanças Climáticas", uma iniciativa da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), que se consolida como um marco estratégico na preparação do setor para os debates globais sobre clima. 

Diante da intensificação dos eventos climáticos extremos, o agronegócio mundial enfrenta desafios crescentes, que impactam diretamente as cadeias de valor agroindustriais e elevam os riscos de insegurança alimentar e energética. Nesse contexto, o Brasil desponta como um ator-chave: sua reconhecida liderança na produção e uso de energias renováveis, o avanço na intensificação sustentável do uso da terra e uma agroindústria comprometida com a responsabilidade socioambiental o posicionam como protagonista na construção de soluções globais para as mudanças climáticas. A COP30 representa uma oportunidade singular para o agronegócio brasileiro reverter narrativas distorcidas, apresentar ao mundo suas boas práticas e reafirmar seu papel estratégico diante dos grandes desafios ambientais da atualidade. Para a ABAG, é fundamental que o setor se apresente de forma coesa e articulada, compatível com sua relevância econômica, social e ambiental. O evento teve como objetivos principais reunir lideranças políticas, empresariais e ambientais do país para debater os impactos das mudanças climáticas sobre o agronegócio, construir um documento propositivo com as principais diretrizes do setor para a COP30 e ampliar, junto à imprensa e à sociedade, a compreensão sobre o agronegócio como parte essencial das soluções climáticas. O fórum promovido pela ABAG foi mais do que um encontro: foi um espaço de diálogo qualificado, participação ativa e construção de posicionamentos. Com a presença de importantes representantes, painelistas e especialistas, o evento proporcionou uma discussão profunda e estratégica sobre clima e sustentabilidade. A ApexBrasil se orgulha de apoiar iniciativas que impulsionam o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro e fortalecem sua presença nos debates globais, reafirmando nosso compromisso com um futuro mais resiliente e sustentável para o país e o planeta.

Para baixar o relatório CLIQUE AQUI: 

https://8hfcv.r.ag.d.sendibm3.com/mk/cl/f/sh/1t6Af4OiGsDg0hBhanM73QEENHdZbw/SP9d2ZLENQlH


Paulo Roberto de Almeida: Relações Internacionais do Brasil, séculos XVI-XIX: ensaios historiográficos (novo livro em preparação)

 No momento em que estão sendo ultimados dois livros sobre os quais trabalhei cuidadosamente nos dois anos até aqui – Intelectuais na Diplomacia Brasileira: a cultura a serviço da nação (Francisco Alves-Unifesp) e Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil (Ateliê de Humanidades) – tenho o prazer de informar sobre mais um sendo ultimado:


Paulo Roberto de Almeida
Relações Internacionais do Brasil, séculos XVI-XIX: ensaios historiográficos
(15 de agosto de 2025)

Índice

Prefácio, 7
Apresentação, 9


        Parte I:
        Da Colônia à Independência

1. Quatro séculos de relações internacionais do Brasil, 15
1.1. Uma periodização tentativa da história brasileira, 15
1.2. A construção do Estado independente e sua diplomacia, 16
1.3. Um lento crescimento econômico no século XIX, 18
1.4. A divergência econômica mundial se acentua, 20
1.5. A diplomacia brasileira, do Império à República, 22

2. A diplomacia dos descobrimentos: de Colombo a Tordesilhas, 25
2.1. O ato fundador da história moderna, 25
2.2. O monopólio pontifício das relações internacionais, 27
2.3. Da arbitragem papal à negociação direta, 30
2.4. Tordesilhas: a primeira partilha do mundo, 33
2.5. Do condomínio ibérico à balança de poderes, 36
2.6. O nascimento da diplomacia permanente, 39
2.7. A formação territorial do Brasil, 40

3. Formação econômica do Brasil antes da autonomia política, 45
3.1. Napoleão provoca a emergência do Brasil no cenário mundial, 45
3.2. Situação econômica do Brasil colonial até 1808, 46
3.3. Transformações econômicas a partir da abertura dos portos, 50
3.4. Efeitos do tratado de comércio de 1810, 52
3.5. Mudanças econômicas a caminho da independência, 57
3.6. O contexto econômico das independências ibero-americanas, 61
Quadros e tabelas, 67

4. O nascimento do pensamento econômico no Brasil: Hipólito da Costa, 71
4.1. A economia pelo método empírico: Hipólito nos Estados Unidos, 71
4.2. A economia pelo método teórico: leituras de Hipólito, 74
4.3. A abertura dos portos e as indústrias: Hipólito olha o futuro, 76
4.4. O comércio com a Grã-Bretanha: Hipólito antecipa o prejuízo, 80
4.5. O tratado de 1810 e o interesse nacional: Hipólito pauta o debate, 83
4.6. Hipólito finaliza sua missão: a autonomia e a questão da mão-de-obra, 84
4.7. Influência de Hipólito no debate econômico do século XIX, 87
4.8. O legado de Hipólito para o pensamento econômico brasileiro, 90

5. As revoluções ibero-americanas e o constitucionalismo luso-brasileiro, 93
5.1. A evolução constitucional na Europa e nas Américas, 93
5.2. Da Constituição de Cádiz (1812) à Revolução do Porto (1820), 94
5.3. O mundo restaurado e novamente turbulento: ascensão do liberalismo, 100
5.4. O constitucionalismo português e a recolonização do Brasil, 104
5.5. A constituição portuguesa de 1822 e seus efeitos no Brasil, 108

6. O Correio Braziliense e a revolução do Porto: o caminho da independência, 113
6.1. Primeiras notícias: do lado dos constitucionalistas, 113
6.2. A preocupação com as “coisas” do Brasil, 115
6.3. As Cortes se “esquecem” do Reino Unido do Brasil, 116
6.4. Começam as divergências constitucionais entre os dois reinos, 117
6.5. A revolução do Porto finalmente chega ao Brasil, 118
6.6. O Brasil constrói sua própria estrutura constitucional, 120
6.7. A separação refletida nas páginas do Correio Braziliense, 121

7. A censura ao Correio Braziliense e a independência do Brasil, 125
7.1. Censura, uma prática estatal, desde a mais remota antiguidade, 125
7.2. A censura política contra o “armazém literário” de Hipólito, 128
7.3. O Correio Braziliense como bastião da liberdade de imprensa, 132

8. A hipótese de um império luso-brasileiro: um ‘imenso Portugal’?, 141
8.1. Poderia o Brasil ter sido o centro de um império luso-brasileiro?, 141
8.2. A importância do Brasil para a economia da metrópole, 143
8.3. Situação de Portugal e Brasil na fase anterior à independência, 146
8.4. A hipótese da união imperial no período joanino e na independência, 148
8.5. Hipólito da Costa e a manutenção da unidade luso-brasileira 155
8.6. Um império luso-brasileiro a partir de uma unidade americana?, 162
8.7. O Brasil poderia assumir o comando de um império multinacional?, 164

        Parte II:
        Os grandes desafios da diplomacia imperial

9. A diplomacia brasileira da independência: heranças e permanências, 175
9.1. A diplomacia e a política externa na independência do Brasil, 179
9.2. A conquista da autonomia no Arquivo Diplomático da Independência, 178
9.3. A outra independência: uma construção alternativa do Estado, 182
9.4. A Bacia do Prata e a Cisplatina: a primeira guerra do Brasil, 186
9.5. A diplomacia do tráfico escravo: defendendo o indefensável, 190
9.6. A lenta conformação de uma diplomacia profissional, 198

10. O reconhecimento internacional da independência do Brasil, 201
10.1. Antes da Independência, o manifesto às “nações amigas”, 201
10.2 Finalmente o Império do Brasil: as primeiras missões, 202
10.3. A defesa do país exigia uma monarquia unitária, 204
10.4. Sem concessões aos imperialismos europeus, 206
10.5. Estabelecimento de relações com as principais potências, 208
10.6. A primeira diplomacia americanista do Brasil, 209
10.7. Os retardatários da Santa Aliança: Áustria e Espanha, 211
10.8. A diplomacia brasileira na construção do Estado, 213

11. A construção da diplomacia imperial por seus “pais fundadores”, 216
11.1. Um Estado com política externa, mas sem diplomacia, 217
11.2. Construindo a instituição: caminhos da profissionalização, 220
11.3. O papel do Parlamento na condução da diplomacia, 224
11.4. As bases intelectuais dos diplomatas imperiais: Paulino, 226
11.5. A burocratização da diplomacia imperial: Visconde do Rio Branco, 229

12. A diplomacia da imigração: contornando o escravismo 233
12.1. A diplomacia da imigração e a competição estrangeira, 233
12.2. A Lei de Terras: uma contrarreforma agrária, 236
12.3. Os diplomatas à cata de imigrantes europeus, 238
12.4. Argentina e Estados Unidos ganham no recrutamento, 239
12.5. A escravidão forçada contra a imigração espontânea, 241
12.6. Os diplomatas e a abolição, 242
Tabela estatística, 245

13. Uma geopolítica avant la lettre: Varnhagen e a reforma do Império, 247
13.1. Um historiador que também foi um pensador geopolítico, 247
13.2. Varnhagen possuía um pensamento estratégico?, 250
13.3. O pensamento estratégico na época de Varnhagen, 255
13.4. Qual era o pensamento estratégico de Varnhagen?, 258
13.5. As propostas de Varnhagen se refletiram no Estado imperial?, 267
13.6. O legado desse pensamento na construção do Estado brasileiro 272
13.7. Existe uma modernidade em Varnhagen?, 281

        Parte III:
        Historiografia das relações internacionais do Brasil

14. A historiografia da independência: uma revisão da literatura, 289
14.1. Os principais trabalhos sobre a história da independência, 289
14.2. Qual historiografia, qual independência?, 293
14.3. A historiografia da independência: seus principais historiadores, 295
14.4. As fontes, os fatos e a historiografia da Independência, 297
14.5. Historiadores estrangeiros dos “sucessos” da independência, 300
14.6. O patrono da historiografia, Varnhagen, e seu crítico, Oliveira Lima, 303
14.7. O Arquivo Diplomático da Independência e o Projeto Resgate, 306

15. A historiografia diplomática até a primeira metade do século XX, 313
15.1. A historiografia: uma quase esquecida na história das ideias, 313
15.2. A historiografia das relações exteriores: principais representantes, 315
15.3. Varnhagen, o pai da historiografia, o legitimista da corte, 317
15.4. João Ribeiro inaugura a era dos manuais de história do Brasil, 322
15.5. Oliveira Lima: o maior dos historiadores diplomatas, 324
15.6. Pandiá Calógeras: a sistematização da história diplomática, 330
15.7. Interregno diversificado: trabalhos até o início do século XX, 334
15.8. Os manuais de história diplomática: Vianna, Delgado e Rodrigues, 340

16. A historiografia econômica do Brasil, 347
16.1. Temas, agendas, historiadores, 347
16.2. Da reconstituição do passado colonial às crises financeiras, 348
16.3. O nascimento de uma história econômica nacional, 350
16.4. O nacionalismo e o papel econômico do Estado, 353
16.5. O grande esforço da industrialização: Celso Furtado, 354
16.6. Os desequilíbrios do crescimento: os novos historiadores, 356
16.7. Progressos na pesquisa em história econômica, 357


Anexos: cronologia e documentos históricos
1. Cronologia histórica até a independência do Brasil, 363
2. Documentos fundadores do território a brasileiro, 377
a) Tratado de Tordesilhas, 1494, 377
b) Carta de El-Rei de Portugal, D. Manuel, aos Reis Católicos, 1501, 379
c) Tratado de Madri, 1750, 381
d) Manifesto às nações amigas, 1822, 385

Referências bibliográficas, 397
Notas sobre os trabalhos, 419
Nota sobre o autor, 433



quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Riscos de mais sanções que podem vir de Trump - Assis Moreira (Valor Econômico)

Riscos de mais sanções que podem vir de Trump

Assis Moreira (Genebra)
Valor Econômico, quinta-feira, 14 de agosto de 2025
A parte mais difícil de conversas com o governo americano parece sempre ainda estar por vir

Donald Trump já mostrou que, com ele, tudo é muito incerto e pode mudar para pior. No caso do Brasil, o tarifaço de 50% no acesso de produtos brasileiros nos EUA pode estar longe de representar o fim de sanções vindas de Washington.
Uma das ameaças em andamento é a investigação aberta pelo USTR (agência de representação comercial americana) com base na seção 301, uma arma poderosa que dá a Trump autoridade unilateral para retaliar outros países que considerar que impõem barreiras injustas contra produtos americanos.
É o tipo da investigação arbitrária em que o alvejado nada ganha e tem muito a perder. Empata, na melhor das hipóteses, evitando mais estragos. O Brasil corre riscos de mais sanção até pela amplitude da investigação, “sobre atos, políticas e práticas do Brasil relacionados ao comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas preferenciais injustas; aplicação de leis anticorrupção; proteção à propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal”.
Renew Kansas, uma organização que diz defender os interesses do bicombustível dos EUA, já submeteu um comentário ao USTR pedindo eliminação de tarifa no Brasil contra o etanol americano e defendendo imposição de medidas comerciais específicas contra produtos originários de áreas desmatadas no Brasil, a menos que o país reforce a fiscalização.
Alega que o Brasil tem usado “práticas de desmatamento ilegal e acordos preferenciais em detrimento de exportadores americanos de produtos agrícolas globalmente”. Como no mundo Maga (Make America Great Again) vale tudo, inclusive as contradições, Renew Kansas menciona uma nota do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) sobre um recente acordo da China justamente para comprar soja brasileira certificada.
Para o USDA, se o Brasil produzir essa variedade de soja especificamente desenhada para padrões chineses, sua fatia vai aumentar, provocando redução nas compras chinesas da soja americana e de outros produtores. Desde 2009, a fatia americana vem declinando, enquanto desde 2013 o Brasil se tornou o principal fornecedor dos chineses. Nas negociações com a China, Trump recentemente cobrou que Pequim quadruplique a importação da soja americana.
Outra ameaça sobre o Brasil envolve sanções contra países que importam certos produtos da Rússia. Trump aplicou tarifa punitiva adicional de 25% sobre a aliada Índia por causa da compra de petróleo russo. Para o Brasil, fica a espada no ar pelo momento. Cerca de 90% das importações brasileiras vindas da Rússia foram compostas por diesel e fertilizantes entre janeiro e julho deste ano. A dependência do agronegócio brasileiro é brutal: 85% do fertilizante usado no país é importado e um terço vem da Rússia. Com sanções contra a Rússia, outros compradores também correram atrás de outros fornecedores, como Marrocos e Canadá.
Portanto, além dos 50% de tarifa, essas duas enormes incertezas continuarão a contaminar o ambiente de negócios Brasil-EUA. Na investigação da seção 301, o prazo normal para sua conclusão seria de um ano. Mas estamos sob o governo Trump, e pode ser encurtada para eventuais sanções - a menos que, até lá, ocorram enfim negociações e o Brasil apresente um belo pacote de concessões aos americanos.
Trump anunciou recentemente tarifas adicionais para mais de cem países, indo de 10% a 50% (para Brasil e Índia). Mas mesmo os acordos já feitos são incertos. O chefe do USTR, Jamieson Greer, argumentou que “esta é uma situação em que estamos tentando controlar nosso déficit comercial”. Isso usando medidas por uma ordem da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional que Trump pode modificar conforme necessário, disse ele.
Nesse cenário, um frustrado primeiro-ministro do Japão, Shigueru Ishiba, disse a parlamentares que “em negociações como essas [com os EUA], implementação é bem mais difícil do que alcançar um acordo”, porque o negociado pode mudar rapidamente. E explicou, citado pelo jornal “The Washington Post”, que “a outra parte [Trump] não é uma pessoa normal”.
O novo “sistema comercial” de Trump passa por aumentar tarifas sobre produtos do parceiros e obter livre acesso para mercadorias americanas. Mas tudo continua opaco, apesar de anúncios feitos pela Casa Branca. Por exemplo, o governo Trump advertiu que os países enfrentarão tarifas ainda maiores, o dobro ou mais das taxas normais, se seus produtores tiverem muito conteúdo de “economias não de mercado” como a China. Mas até agora não publicou quanto de conteúdo chinês tornaria os produtos puníveis com alíquotas mais altas.
Outras interpretações de concessões sinalizam problemas à frente. Trump anunciou, por exemplo, que obteve dos japoneses praticamente um cheque de US$ 550 bilhões, “que é nosso dinheiro para investir como quisermos”. Já o primeiro-ministro japonês insiste que o acerto foi de oferecer o montante em empréstimos ou garantias, mas que não pode forçar empresas japonesas a investirem nos EUA.
A Suíça, que representa os interesses dos EUA em Cuba e no Irã, descobriu tarde demais que um acordo esboçado com negociadores americanos, pelo qual esperava tarifa de 10%, não valia nada. Trump elevou a taxa para 39%. Os suíços até agora tentam entender como ele chegou a essa cifra.
A parte mais difícil de conversas com a administração Trump parece sempre ainda estar por vir.

Livro: Política externa brasileira: história e historiografia - Gelson Fonseca Jr. (org.) (Funag)

 


Política externa brasileira: história e historiografia

Gelson Fonseca Jr. (org.)
Brasília: Funag, 2023

Descrição:

O objetivo desta obra é mostrar como os historiadores apresentaram os caminhos da política externa desde os primeiros momentos do Brasil independente até 1985. Foram convidados, para tanto, especialistas conhecidos nos diversos períodos. E, de fato, estão reunidos, neste volume, historiadores do mais alto quilate, com obras de referência em suas áreas.

O livro é um primeiro esboço do que poderia ser o debate sobre a historiografia da história diplomática. Não pretende fechar questões, mas abri-las. Pela própria natureza da inserção internacional do Brasil, o campo da história diplomática é amplo; são muitos os temas em aberto. Espera-se que este livro sirva como um roteiro para estimular novas pesquisas e rever, com novas perspectivas, o que já se sabe, ou se pensa conhecer.


Detalhes
Organizador(a)Gelson Fonseca Junior
EditoraFUNAG - Fundação Alexandre de Gusmão
AssuntoBrasil – História – Independência, 1822 | Brasil – História - I Reinado, 1822-1831 | Brasil – História – Revolução, 1930 | História e historiografia | História – Fontes | Regime Militar - Brasil
Ano2023

Edição1ª Edição

Nº páginas556

IdiomaPortuguês
ISBN978-85-7631-975-7

Sumário

Sobre os autores, 7


Introdução, 9

Gelson Fonseca Junior


Recortes historiográficos da independência – três imagens

e meia sobre o desmembramento do Império português, 15-105

João Daniel Lima de Almeida


Da legitimação ao questionamento: a historiografia sobre

as relações exteriores brasileiras (1822-1840), 107-167

Francisco Doratioto


O Segundo Reinado (1840-1889), 169-198

Gabriela Nunes Ferreira


Política externa da Primeira República: avaliação da

historiografia, 199-282

Clodoaldo Bueno


Da Revolução de 1930 ao fim de 1945, 283-345

Fábio Koifman


A historiografia das relações internacionais do Brasil sob

a República Liberal-Democrática (1945-1964), 347-422

Antonio Carlos Lessa


O regime militar e sua política externa: ideologia e

pragmatismo (1964-1985), 423-489

Paulo G. Fagundes Visentini


Fontes diplomáticas, diplomática e historiografia da política externa brasileira, 491-556

Eduardo Uziel


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...