O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Venezuela: economia em frangalhos

O que tinha de acontecer, aconteceu. Aliás, estava demorando para que as lecciones de economía al revés del Profesor Chávez resultassem no que se tem agora: a total destruição das bases produtivas da economia venezuelana.
A Venezuela, o seu povo e sua sociedade, recolhem hoje os resultados de uma das mais ineptas administrações econômicas da economia já conhecidas no século 20, abrindo uma exceção para o Zimbabue e alguns outros casos dramáticos desse tipo.
Demorou para acontecer, pois os preços do petróleo estiveram altos durante muito tempo, o que deu uma margem de manobra para o caudilho venezuelano.
Parece que a conta chegou...
Paulo Roberto de Almeida

Chávez deu errado
Miriam Leitão
O Globo, Quinta-feira, 22/07/2010

O preço do caminho escolhido por Hugo Chávez ficou claro no relatório divulgado pela Cepal. A América Latina cresce este ano mais de 5%. O Brasil mais de 7%. A Venezuela vai ter uma queda de 3%. É a segunda pior recessão depois do Haiti, que tem uma boa explicação para seu número negativo. A crise da Venezuela é resultado das escolhas de um governante equivocado.

Os erros políticos do presidente Hugo Chávez são mais falados, mas ele é também um péssimo administrador e tem criado para a economia venezuelana uma série espantosa de incertezas. Isso inibe o investimento.

A Venezuela enfrentou uma severa crise energética provocada por uma seca, mas como sabem todos os que têm hidrelétricas: secas acontecem. Por isso é preciso ter garantias em investimentos em outras fontes de energia que possam suprir as oscilações da oferta.

Não era de se esperar que a Venezuela, com suas enormes reservas de petróleo, tivesse que enfrentar uma crise de energia, com racionamento. Isso mostra falta de planejamento.

O autoritarismo de Chávez virou incerteza regulatória.

Ele muda as regras quando quer. As políticas e as econômicas. Tem hostilizado empresas estrangeiras e até o capital nacional privado. Qualquer divergência com um de seus ditames pode ser suficiente para que desabe sobre a empresa alguma mudança de regra. E tudo tem sempre o objetivo explícito de perseguir qualquer voz discordante.

Recentemente, o Banco Central venezuelano encampou o Banco Federal, uma instituição privada, que acabou sendo estatizada. Agora fica claro por quê. O banco tinha ações da TV que tem uma posição mais crítica a Chávez, a Globovisión. O governo está anunciando que vai nomear conselheiros para a emissora, coisa que pode fazer, já que é agora um dos acionistas.

A Venezuela já está pagando o custo político de um governo como esse. O país há muito tempo não é uma democracia. As regras das eleições são manipuladas para favorecê-lo; mas quando não favorecem, Chávez tira poderes do administrador de oposição que foi eleito. A Constituição tem sido alterada com frequência apenas para favorecer seu projeto de eternização do poder. Tudo é tão claramente autoritário que é espantoso que o regime chavista tenha tantos defensores no governo brasileiro.

Nunca é demais dizer: uma coisa é manter boas relações com a Venezuela, outra, diferente, é defender Hugo Chávez. O presidente Lula e seus dois ministros das relações exteriores — Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia — defendem Chávez. Parecem desconhecer as lições da História de governantes que chegaram ao poder pelo voto e usaram o poder para destruir as bases da democracia que os elegeu.

A Cepal trouxe números inequívocos no relatório divulgado ontem. As projeções da instituição para o crescimento na região são: Brasil, 7,6%; Uruguai, 7%; Paraguai, 7%; Argentina, 6,8%; Peru, 6,7%; Bolívia, 4,5%; Chile, 4,3%, apesar do terremoto; México, 4,1%.

Dois países estão em recessão: Haiti, 8,5%; e Venezuela, -3%.

Outras análises mostram a mesma tendência de que a Venezuela tenha recessão este ano e continue no ano que vem com o PIB negativo.

Além disso, o país enfrenta uma longa inflação, a maior da região. Há vários anos a inflação está em dois dígitos e este ano está próximo de 30%. Em maio, a enviada especial do GLOBO a Caracas, Mariana Timóteo da Costa, mostrou que a inflação e a grave crise de desabastecimento estão tirando popularidade do presidente.

É por isso que Chávez está mais uma vez tentando um espetáculo de marketing.

Este ano há eleições para o Congresso e há risco de que ele perca. Ele saiu à cata de algo espetacular para capturar a atenção pública.

Foi mais fundo que podia: exumar o cadáver de Simón Bolívar. Seria cômico se não fosse uma forma patética de manipular a opinião pública.

O Chile pediu para enviar senadores para acompanhar as eleições venezuelanas em setembro e pediu à OEA uma atitude de maior vigilância às eleições. O Conselho Nacional Eleitoral — controlado por Chávez, como tudo mais — rejeitou com uma nota em que afirma que: “não permitiremos que nenhum ator alheio à Venezuela intervenha e coloque sob suspeita a vontade soberana do povo.” Curioso. Hugo Chávez interfere e dá palpite em todas as eleições da região — principalmente no Peru, Equador e Bolívia — sem mostrar o mínimo respeito à vontade soberana do povo desses países.

Há entre os governistas mais aguerridos a impressão de que o país deve agradecer ao presidente Lula por ter sido magnânimo e não ter tentado um terceiro mandato; que ele o teria se tivesse tentado. Um equívoco.

A indiscutível popularidade do presidente Lula não era garantia de que ele ganharia a eleição se tivesse a possibilidade de tentar. Para abrir o caminho para essa tentativa, Lula teria que mudar a Constituição. Na Colômbia, o ex-presidente Álvaro Uribe foi informado pela Suprema Corte de que nem deveria tentar um terceiro mandato apesar da popularidade que tinha. Aqui, Lula também teria os mesmos obstáculos. O Brasil não aceitaria que o presidente seguisse o caminho do continuísmo chavista e tem estado atento a qualquer tentativa de se repetir aqui alguns dos truques do modelo Hugo Chávez.

O caminho do desrespeito às leis não tem volta e leva ao fracasso político e econômico.

É apenas uma questão de tempo. Para a Venezuela, a conta econômica chegou. A proposta intervencionista e autoritária de Chávez deu errado. A Venezuela está perdendo o melhor momento da região.

===============

La verdadera razón de la eliminación del mercado paralelo: las reservas cayeron 34% entre enero y mayo

El ritmo de consumo de divisas durante los primeros 5 meses del 2.010 era insostenible. La merma en la capacidad de producción de crudo de PDVSA, a la que se le resta el incremento desbocado del consumo interno a precios subsidiados, no pudo sostener el creciente nivel de importaciones a través de CADIVI, las demandas del mercado paralelo y las dádivas petroleras a Cuba, PetroCaribe un cuanto pedigüeño estuvo dispuesto a adular a Estéban y pedir petróleo barato a cambio. El diario El Nacional reportó que las reservas internacionales disminuyeron 20% en el primer semestre, al pasar de 35,8 millardos de bolívares a 28,8 millardos de bolívares, pero el descenso en las disponibilidades e inversiones en divisas que integran las llamadas reservas operativas es aún más pronunciado. Los estados financieros del Banco Central de Venezuela muestran que la parte más líquida de las reservas internacionales bajó de 14,1 millardos de dólares el 31 de enero a 9,3 millardos de dólares el último día de marzo, un retroceso de 34% en 4 meses. En enero, las disponibilidades sumaban 1,7 millardos de dólares, mientras que las inversiones ascendían a 12,4 millardos. En mayo, las primeras aumentaron a 3,5 millardos de dólares, pero las segundas cayeron a 5,8 millardos de dólares. Dólares El saldo de 9,3 millardos de dólares con que las reservas operativas cerraron el quinto mes del año es insuficiente para cubrir 3 meses de importaciones. Las compras en el exterior sumaron 38,4 millardos de dólares en 2009, un promedio mensual de 3,2 millardos de dólares, según el BCV. Los balances del ente emisor indican que, al cierre de mayo, dos tercios de las reservas se encuentran en activos menos líquidos, como el oro monetario, las tenencias en derechos especiales de giro y la posición crediticia neta en el Fondo Monetario Internacional. El oro representa 13,9 millardos de dólares, casi la mitad de las reservas, mientras que las tenencias en derechos especiales de giro suman 3,3 millardos de dólares. Con esta reducción en las reservas internacionales era imperativo tomar medidas drásticas. CADIVI, Cuba y PetroCaribe, armas políticas de Estéban, no podían sufrir. El chivo expiatorio ideal era el mercado paralelo y sus operadores. Prendieron la pira incendiaria, y tiraron al pajón a las Casas de Bolsa y Sociedades de Corretaje, que no tienen doliente

O Brasil como os Estados Unidos: jogando a culpa nos outros

Como no caso da droga nos EUA, que tendem a atuar do lado da oferta e não do lado da demanda, o Brasil tende a atribuir ao Paraguai a origem dos problemas de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro e outros problemas, esquecendo-se de que os "empresários" paraguaios apenas atendem a uma demanda brasileira.
Acredito que o Brasil precisa olhar para o seu próprio rabo...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma muestra las uñas

ABC Digital, 20 de Julio de 2010 21:39

La candidata a la presidencia del Brasil por el gobernante Partido de los Trabajadores (PT), Dilma Rousseff, anunció que en caso de acceder al cargo potenciará los controles en la frontera con Paraguay, a la que considera la más vulnerable puesto que desde nuestro país ingresan al suyo, asegura, estupefacientes, armas y mercaderías ilegales. Huelga mencionar que es del más absoluto y estricto interés del Paraguay que se combata con determinación el crimen organizado en todas las zonas limítrofes. Lo que bajo ningún punto de vista es aceptable es que se señale a nuestro país como responsable de una supuesta tolerancia, cuando no directa connivencia, con los que obran en la irregularidad, como si el delito fuera algo que sucede aquí de manera aislada, sin conexiones al otro lado de la frontera, y por lo cual el Paraguay mereciera convertirse en objeto de "patrulla" o vigilancia internacional. Esta perspectiva es no solamente injusta y maniquea, sino también intolerante y xenófoba. El enfoque de la candidata del PT es inadecuado e inaceptable para nuestro país. Si el Brasil realmente quisiera combatir el crimen organizado transnacional de manera efectiva, propondría todo tipo de cooperación al Gobierno paraguayo, en vez de realizar demostraciones de fuerza en la frontera.

La candidata presidencial brasileña del Partido de los Trabajadores (PT), Dilma Rousseff, afirmó esta semana, en el transcurso de una entrevista que concedió a una radioemisora de la ciudad de Curitiba (Paraná), que en caso de acceder al poder potenciará los controles en la frontera con Paraguay, a la que considera la más vulnerable, puesto que desde nuestro país ingresan al suyo, asegura, estupefacientes, armas y mercaderías ilegales.

Al tiempo de señalar que pretende "aumentar el contingente de efectivos especializados en la frontera con todos los recursos de inteligencia y equipamientos adecuados", la política anuncia la permanente utilización en la zona del recientemente adquirido vehículo aéreo no tripulado (VANT), más conocido como avión espía, para vigilar la región.

Huelga mencionar que es del más absoluto y estricto interés de la República del Paraguay que se combata con determinación el crimen organizado en todas las zonas limítrofes, fundamentalmente en aquellas que por sus peculiares características geográficas presentan una permeabilidad que facilita la actividad de los grupos que operan al margen de la ley.

Lo que bajo ningún punto de vista es aceptable es que se señale a nuestro país como responsable de una supuesta tolerancia, cuando no directa connivencia, con los que obran en y desde la irregularidad, como si el delito fuera algo que sucede aquí de manera aislada, sin conexiones al otro lado de la frontera, y por lo cual el Paraguay mereciera convertirse en objeto de "patrulla" o vigilancia internacional.

Esta perspectiva es no solamente injusta y maniquea, sino también intolerante y xenófoba, motivo por el cual debe ser rechazada en todos sus términos y denunciada como abiertamente discriminatoria.

En primer término, la señora Rousseff, eventual sucesora del presidente Luiz Inácio Lula da Silva en caso de imponerse en las elecciones que deben realizarse en el vecino país el mes de octubre próximo, debe asumir que existe una total y absoluta CORRESPONSABILIDAD entre Brasil y Paraguay en materia de combate contra la lacra de la criminalidad, que se origina porque en uno y otro lado de la frontera existen sujetos inescrupulosos dispuestos a lucrar con todo tipo de ilegalidad.

Apuntar a nuestro país como si fuera culpable por el auge del delito en las regiones compartidas es una actitud tan hipócrita como la asumida por los Estados Unidos de América durante las décadas de los 70, 80, 90 y gran parte de la actual, cuando sus políticas antinarcóticas señalaban a los países productores de estupefacientes como los únicos responsables del tráfico de drogas, como si el hecho de que esa importante nación fuera el principal mercado de consumo de narcóticos no tuviera ninguna incidencia en el fenómeno.

Si el Brasil realmente quisiera combatir el crimen organizado transnacional de manera efectiva, propondría todo tipo de cooperación al Gobierno paraguayo, y dejaría de someter a nuestro país con la realización de reiterados ejercicios militares en la frontera que, más que arrojar resultados efectivos en la lucha contra el delito, solo sirven para manchar la imagen internacional del Paraguay y afectar la soberanía nacional, o bien directamente para amedrentar a nuestras autoridades cuando efectúan algún requerimiento relacionado con las justas reivindicaciones históricas que aún permanecen sin saldarse.

El enfoque de la candidata presidencial del PT es por lo tanto inadecuado e inaceptable para nuestro país. Lamentablemente para los ciudadanos paraguayos, las instituciones encargadas de velar por la reputación y el buen nombre de la República, como el Ministerio de Relaciones Exteriores, brillan por su ausencia a la hora de aclarar con firmeza a quienquiera que fuese que el Paraguay no está dispuesto a tolerar ningún tipo de exabrupto o desconsideración, vengan estos de naciones muy poderosas o de otras menos gravitantes en el escenario internacional.

En este sentido, sería bueno saber qué tipo de estrategias está implementando la Cancillería nacional para acercarse a los principales candidatos presidenciales brasileños, con los cuales existen sendos asuntos bilaterales que abordar o, al menos, opiniones sobre estos temas que sondear. Aguardar que ellos asuman el poder para entablar los contactos, aunque más no sean extraoficiales, no es la mejor manera de desarrollar una política exterior proactiva y preventiva, destinada a evitar que figuras políticas tan relevantes de nuestro país vecino accedan a la presidencia con tal grado de prejuicios hacia el Paraguay y su realidad actual.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Brasil: grande crescimento da presunção econômica - Ilan Goldfajn

ENTREVISTA ILAN GOLDFAJN
A pior bolha que ameaça o Brasil é a da presunção
SAMANTHA LIMA
Folha de S.Paulo, 20.07.2010

Economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, diz que perigo é achar "que não precisamos mais de reformas e que seremos a bola da vez sempre"

RIO - Nada de bolha imobiliária ou do consumo. Para o economista-chefe do Itaú-Unibanco e ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn, a maior ameaça à economia brasileira é achar que o crescimento nos livra da necessidade de avançar nas reformas fiscal, previdenciária e trabalhista.
"A bolha que nos ameaça é a da presunção. Não seremos a bola da vez sempre." Segundo ele, é possível aumentar rapidamente o investimento em 2011, mas, para o país crescer, é preciso também reduzir a burocracia. Goldfajn vê poucas chances de retrocesso na independência "de fato" do BC, seja qual for o candidato que vencer as eleições. A seguir, trechos de entrevista à Folha.

Folha - O sr. acha, assim como o FMI, que o Brasil crescerá abaixo dos emergentes em 2011?
Ilan Goldfajn - O mundo procura alguém para consumir. Emergentes têm mercado consumidor. É o mesmo na China, na Índia. Os recursos entrarão para financiar o investimento. China e Índia crescem mais porque não temos capacidade de investir tanto. Não temos poupança.

Como aumentar rapidamente a taxa de investimento dos atuais 18% do PIB para 25%, necessários ao crescimento sustentável?
Dá para ir para 22%, sem reformas, em 2011. Isso implica um ajuste no governo em 1% do PIB, realocando esse volume, de gastos para investimentos. E permitindo maior deficit em conta-corrente [troca de bens, serviços e rendas do país com o mundo], com algum limite. Não dá para ir para 25% porque temos limitação de oferta na capacidade produtiva.
Se fizer mais reformas, é possível conseguir até sem deficit externo. Aí nosso crescimento iria de 4% ou 5% ao ano para 6% ou 7%. Precisamos melhorar o ambiente de negócios, reduzir a burocracia, que trava o crescimento. Não se fala nisso porque é como obra em encanamento: é bom para todos, mas ninguém vê.

O sr. vê alguma ameaça à economia brasileira?
A ameaça vem de fora. A Europa ainda tem risco. Não vejo risco no sistema imobiliário. A alta de preço é isolada. As pessoas compram casa para morar, não para especular. A bolha que nos ameaça é a bolha da presunção, achar que já conquistamos o mundo, que não precisamos de reforma, que seremos a bola da vez sempre.
Temos muitos problemas: infraestrutura, educação, burocracia, impostos. Ainda somos o décimo pior país em distribuição de renda.

Temos pela frente Copa, Olimpíada, pré-sal. O que fazer para evitar que se gaste e sobrem elefantes brancos?
Temos que evitar fazer tudo de última hora. Veja os aeroportos. Há dois anos discutimos, tem gente que acha ruim privatizar. Ruim é não ter aeroporto. Se fizermos tudo minimamente estruturado, dá para fazer coisas que fiquem.

A desaceleração da economia, depois de o PIB ter crescido 9% no primeiro trimestre, é definitiva?
O segundo trimestre foi mais fraco. O mundo se desacelerou, o consumo de commodities, as exportações, o investimento, mas isso vai mudar. No Brasil, o consumo arrefeceu porque as pessoas perderam temporariamente a vontade de comprar e a isenção de IPI acabou. Agora, isso vai se reverter, porque as pessoas têm renda.

A taxa básica de juros voltou a subir, para segurar a inflação. Podemos sonhar com taxa de novo abaixo de 10%?
Mas estamos avançando. Tínhamos juros de 45% em 1999. Vai cair, mas não amanhã. Sem reformas, levaremos de cinco a dez anos; com reformas, cinco.
O mercado vai pensar: "O governo terá menos deficit, logo os juros vão cair". Aí compra títulos de longo prazo com juros mais baixos, antecipando a queda.

O senhor identifica risco de o mundo mergulhar de novo em uma crise em 2011?
Não. Nos EUA e na Europa, não vai haver recessão nem crescimento como antes. Depois da crise, o crescimento foi rápido e não se manteve, aí veio decepção. Não sejamos bipolares. O que tinha antes era bolha, percepção de riqueza inexistente.
Estamos em uma parada para respirar. Os europeus estão rolando dívidas, fazendo ajustes fiscais. E os emergentes vão voltar melhor porque na China, na Índia e no Brasil temos mais projetos.

Qual é sua impressão sobre as propostas econômicas dos candidatos a presidente?
O país precisa de mais investimento em infraestrutura, melhorar a educação, fazer a reforma da Previdência. Nossa carga tributária é alta. Em diferentes graus, os candidatos vão procurar no Orçamento espaço para investir e formas de reduzir gastos correntes.

Todos se preocuparão com o gasto?
Não, mas em aumentar o investimento, sim, porque haverá pressão. Até porque não tem outra fonte. Poderia ser com recursos externos, mas há o deficit no balanço de pagamentos [saldo de todas as transações do país com o exterior].
Além disso, a população quer menos tributos. Isso será possível porque a arrecadação cresce com a legalização das empresas e a formalização dos trabalhadores. Há pressão contra o exagero dos gastos. E, quanto mais se reduzem os gastos, mais cai o juro.

O sr. vê risco de intervenção no BC?
Todo mundo está satisfeito com a autonomia de fato. Mas os governos não querem perder o poder de trocar o técnico se algo estiver errado. A sociedade também não percebeu a vantagem de ter um BC independente. Com autonomia de direito, caem os juros porque as desconfianças do mercado diminuem. Mas não vejo risco de retrocesso, por mais que os candidatos critiquem.

Claro, telefonia movel: uma companhia Obscura, e sem qualificação

Dentro em pouco vou "comemorar" quinze chamadas ao serviço de "desatendimento" da Claro para tentar resolver um problema que deveria ser simples, mas que essa companhia incompetente e desatenciosa não consegue resolver: fazer com que meu celular deixe de simplesmente receber chamadas, para também fazer algo elementar, que deveria constar do menu habitual de qualquer telefone digno desse nome: FAZER chamadas.

Pois o serviço oferecido por essa companhia obscura, e incompetente (nunca me cansarei de repetir, até que eles se cansem de ler meus posts e resolvam corrigir a situação anômala), tem essa peculiaridade: ele não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Sobretudo, essa companhia relapsa não consegue detectar um problema que está com ela, e que só ela conseguiria resolver: fazer com que minha linha emita chamadas, e não apenas receba chamadas.
Será que estou pedindo muito?

Pois essa companhia vagabunda até agora não conseguiu resolver esse problema elementar. De nada resolveram todos os meus pedidos, horas perdidas ao telefone falando com assistentes manifestamente despreparadas para o trabalho de atendimento ao cliente.

Mas essa companhia vagabunda possui um serviço alerta de avisos quando algo negativo é publicado sobre ela neste vasto espaço cibernético.
Mesmo este meu modesto blog foi objeto da atenção imediata de algum "aspone" de relações públicas dessa companhia vagabunda: ele me escreveu para perguntar o que estava acontecendo.
Já expliquei. Provavelmente vão me pedir cinco dias para resolver o problema.

Essas companhias pensam que seus clientes são idiotas consumados (alguns o são, de fato, mas não todos). A resposta clássica para quando não conseguem atender, ou sequer explicar o que está acontencendo é a de sempre: "o serviço está em manutenção".

Não creio que mudar de companhia vá resolver os problemas, pois todos reclamam do cartel de companhias prestadoras de "desserviços" telefônicos: todas são igualmente ruins.
O responsável por isso, na verdade, é o governo: em lugar de desmantelar o cartel e abrir a concorrência para toda e qualquer companhia desejosa de oferecer serviços na área, e de manter uma agência estatal isenta e independente, para multar pesadamente as empresas (atualmente cartelizadas) que oferecem os serviços, ele se contenta em administrar o semi-monopólio.

Não sei se os usuários sabem, mas o governo, que não fez ABSOLUTAMENTE NADA para que eu pudesse ter um celular, se apropria de cerca de 40% das receitas das companhias, ou seja, ele fica com cada 4 de 10 reais que pagamos pelos desserviços telefônicos.
É o que se chama de rent-seeker.
O governo é um rent-seeker de minhas comunicações privadas. Um ser abjeto...
A companhia Claro é mais abjeta ainda, pois não consegue me dar o serviço para o qual estou pagando.
Deveria haver uma maneira de descontar os dias de serviços não utilizados.

Vou continuar chamando a Claro de companhia vagabunda, até que eles se decidam resolver o meu problema. Ainda tenho de comprar créditos para usar um celular de emergência para poder emitir chamadas.

Paulo Roberto de Almeida
(Brasilia, 21.07.2010)

O Brasil a caminho do Apartheid - Estatuto da (Des)Igualdade Racial sancionado

Mais um passo no caminho do racismo institucionalizado, sempre vicioso e viciado, e que promete criar mais racismo no Brasil, infelizmente...

Lula diz que democracia fica mais representativa e justa com Estatuto da Igualdade Racial
Agência Brasil
20/07/2010 21:04

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (20/7), durante cerimônia de sanção do Estatuto da Igualdade Racial, que o país passará a ser mais justo com a entrada em vigor do texto, que prevê garantias e o estabelecimento de políticas públicas de valorização para os negros.

“A democracia brasileira parece mais justa e representativa com a entrada em vigor do Estatuto da Igualdade Racial. Estamos todos um pouco mais negros, um pouco mais brancos e um pouco mais iguais”, discursou Lula, no Itamaraty, para uma plateia formada, em sua maioria, por representantes de diversos movimentos que lutam pela questão da igualdade racial.

Lula ressaltou que seu governo foi duramente criticado por defender a "agenda dos desafios da igualdade racial” e lembrou que, “os críticos de sempre”, chegaram a ingressar com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a política de cotas nas universidades públicas. "O que construímos nesses sete anos e seis meses foi uma sólida ponte entre a democracia política e a democracia social".

Mas agora, no período eleitoral, acrescentou Lula, mesmo os críticos mais duros não contestam essas medidas. “Agora, às vésperas das eleições, ninguém mais contesta. Nem sempre foi assim e a sociedade enxerga a distância o que se dizia antes e o que se diz agora. Quantas vezes não fomos criticados por trazer a agenda dos pobres para dentro o governo”, criticou o presidente, acrescentando que, durante o seu governo, mais de 20 milhões de pessoas deixaram a linha da pobreza e passaram para a classe média.

“Fomos criticados duramente por isso e fomos desdenhados pelos críticos de sempre. Os desafios da desigualdade ainda são tratados como um falso problema e uma questão menor do desenvolvimento e da democracia. O mesmo se deu na luta contra a fome no Brasil”, disse Lula.

O presidente ainda minimizou as mudanças no estatuto durante a tramitação no Congresso, como a retirada da política de cotas. “Vocês não perderam nada, ganharam e ganharam muito. Se faltou algo, vamos colocar mais massa", afirmou.

O presidente da Rede de Cursinhos Populares Educafro, frei David Raimundo dos Santos, também acredita que, apesar das mudanças, o Estatuto da Igualdade Racial representa um avanço na questão das políticas de igualdade racial no Brasil. “As mudanças são o retrato da falta de dimensão política que a comunidade negra não conseguiu construir nesses 510 anos de Brasil”, argumentou.

“Cedemos o dedo para não perder o braço. O que sobrou, é superior à força política que a sociedade negra possui”, acrescentou frei Davi. Ele acredita que a comunidade negra precisa aproveitar as eleições para aumentar sua representação política nas esferas estaduais e federal.

Brasil se apresenta como provedor de assistencia ao desenvolvimento - The Economist

O Brasil, com grande atraso, está se empenhando na cooperação ao desenvolvimento, ou seja, fazendo assistência aos países mais pobres. Nisso ele repete o que já foi feito pelos países mais avançados -- ex-metrópoles de situações coloniais, bastante diferenciadas entre si -- desde a descolonização e nos últimos 50 ou 60 anos.
O resultado de tudo isso, como todos sabem, foi um desastre. A ajuda externa, em lugar de ajudar os países em desenvolvimento, de fato os atrasou, os tornou dependentes da ajuda externa, estimulou corrupção, desperdício de dinheiro, comportamentos totalmente anti-econômicos.
Nem sempre, concordo, pois a ajuda externa, sobretudo sanitária, médica, emergencial, é sempre necessária para países que não tem condições sequer de atender dignamente suas populações. Mas a responsabilidade principal deveria incidir sobre suas elites, seus governantes, suas classes dirigentes em primeiro lugar. Essas costumam ser incompetentes, corruptas, criminosas por vezes. O caso dramático do Haiti, ou do Afeganistão, são apenas dois exemplos extremos de uma situação que se repete na África e na Ásia, e também na própria América Latina, com certa frequência. Existem Estados falidos que praticamente escolheram ser Estados falidos, embora existam fatores objetivos -- em alguns casos a chamada dominação externa, ou dependência -- que os levaram a isso. Mas a dependência da ajuda externa não é a solução.
Para os que ainda acreditam na ajuda externa, recomendo a leitura do livro de William Easterly, The White Man's Burden, que serviu parcialmente de inspiração para este meu artigo:
Falência da assistência oficial ao desenvolvimento
portal de Economia do IG (03.05.2010).
Republicado em Mundorama (24.05.2010).
Via Política (28.06.2010).

A matéria abaixo da Economist confirma que o Brasil entrou pesado nesse jogo até agora quase sem ganhadores. Esperemos que ele tenha mais sucesso que os exemplos anteriores, mas pessoalmente não acredito, sobretudo porque a vontade de fazer é por vezes superior ao estudo técnico e isento dos projetos. Faça-se, eis a vontade superior. Com isso, estamos colocando dinheiro onde muitos outros já colocaram anteriormente, com escassas perspectivas de sucesso.
Paulo Roberto de Almeida

Speak softly and carry a blank cheque: Brazil's foreign-aid programme
The Economist, July 15th 2010

In search of soft power, Brazil is turning itself into one of the world's biggest aid donors. But is it going too far, too fast?

BRASÍLIA - ONE of the most successful post-earthquake initiatives in Haiti is the expansion of Lèt Agogo (Lots of Milk, in Creole), a dairy co-operative, into a project encouraging mothers to take their children to school in exchange for free meals. It is based on Bolsa Família, a Brazilian welfare scheme, and financed with Brazilian government money. In Mali cotton yields are soaring at an experimental farm run by Embrapa, a Brazilian research outfit. Odebrecht, a Brazilian construction firm, is building much of Angola’s water supply and is one of the biggest contractors in Africa.

Without attracting much attention, Brazil is fast becoming one of the world’s biggest providers of help to poor countries. Official figures do not reflect this. The Brazilian Co-operation Agency (ABC), which runs “technical assistance” (advisory and scientific projects), has a budget of just 52m reais ($30m) this year. But studies by Britain’s Overseas Development Institute and Canada’s International Development Research Centre estimate that other Brazilian institutions spend 15 times more than ABC’s budget on their own technical-assistance programmes. The country’s contribution to the United Nations Development Programme (UNDP) is $20m-25m a year, but the true value of the goods and services it provides, thinks the UNDP’s head in Brazil, is $100m. Add the $300m Brazil gives in kind to the World Food Programme; a $350m commitment to Haiti; bits and bobs for Gaza; and the $3.3 billion in commercial loans that Brazilian firms have got in poor countries since 2008 from the state development bank (BNDES, akin to China’s state-backed loans), and the value of all Brazilian development aid broadly defined could reach $4 billion a year (see table). That is less than China, but similar to generous donors such as Sweden and Canada—and, unlike theirs, Brazil’s contributions are soaring. ABC’s spending has trebled since 2008.

This aid effort—though it is not called that by the government—has wide implications. Lavishing assistance on Africa helps Brazil compete with China and India for soft-power influence in the developing world. It also garners support for the country’s lonely quest for a permanent seat on the UN Security Council. Since rising powers like Brazil will one day run the world, argues Samuel Pinheiro Guimarães Neto, the minister for strategic affairs, they can save trouble later by reducing poverty in developing countries now.

Moreover, aid makes commercial sense. For example, Brazil is the world’s most efficient ethanol producer, and wants to create a global market in the green fuel. But it cannot do so if it is the world’s only real provider. Spreading ethanol technology to poor countries creates new suppliers, boosts the chances of a global market and generates business for Brazilian firms.

The effort matters to the world’s aid industry, too—and not only because it helps offset the slowdown in aid from traditional donors. Like China, Brazil does not impose Western-style conditions on recipients. But, on the whole, western donors worry less about Brazilian aid than they do over China’s, which they think fosters corrupt government and bad policy. Brazilian aid is focused more on social programmes and agriculture, whereas Chinese aid finances roads, railways and docks in exchange for access to raw materials (though Brazilian firms are busy snapping up commodities in third-world nations, too).

Marco Farani, the head of ABC, argues there is a specifically Brazilian way of doing aid, based on the social programmes that have accompanied its recent economic success. Brazil has a comparative advantage, he says, in providing HIV/AIDS treatment to the poor and in conditional cash-transfer schemes like Bolsa Família. Its tropical-agriculture research is among the world’s best. But Brazil also still receives aid so, for good or ill, its aid programme is eroding the distinction between donors and recipients, thus undermining the old system of donor-dictated, top-down aid.

And all this has consequences for the West. Some rich-country governments cautiously welcome what Brazilians call “the diplomacy of generosity”, just as they do the soft-power ambitions of which aid is part. After all, if (as seems likely) emerging markets are to become more influential, Brazil—stable, democratic, at peace with its neighbours—looks more attractive and tractable than, say, China or Russia.

But if aid is any guide, a lot will have to change before Brazil occupies the place in the world that its president, Luiz Inácio Lula da Silva, aspires to. Brazil seems almost ambivalent about its aid programme. The country still has large pockets of third-world poverty, and sending money abroad could be controversial. Brazilian law forbids giving public money to other governments, so legal contortions are inevitable. The ABC aid agency is tucked away in the foreign ministry, where its officials are looked down on as “Elizabeth Arden” diplomats (London–New York–Paris), not the “Indiana Jones” adventurers required. At least some aid, for example to Venezuela, seems to have been inspired by Lula’s soft spot for leftist strongmen. And the exponential increase in aid—the value of humanitarian contributions has risen by 20 times in just three years—means that both people and institutions are being overwhelmed. Stories abound of broken promises, incompetence and corruption.

Slowly, though, things are changing. Dilma Rousseff, the presidential candidate from Lula’s party, is thought to be mulling over the idea of a new development agency to raise aid’s profile, if elected. As Mr Farani says, Brazil needs more aid officials, with more operational independence and a greater emphasis on policy aims, not just piecemeal projects. Until it gets those, Brazil’s aid programme is likely to remain a global model in waiting—a symbol, perhaps, of the country as a whole.

Correction: Brazil's foreign-aid programme, July 16th 2010

In a recent article (“Speak softly and carry a blank cheque”, July 17th), we mistakenly referred to Samuel Pinheiro Guimarães Neto as the secretary-general of Brazil's foreign minsitry. Since last year he has been minister for strategic affairs; Antonio Patriota is the secretary-general of the foreign ministry. Our apologies to both men.

Entre a mentira e a verdade, nao sou neutro; entre a fraude e a desonestidade, rejeito ambas...

Este blog tem um compromisso com ideias, basicamente, boas ideias, se possivel, ideais sensatas, sempre. E minhas escolhas e princípios são claros: sou pela democracia, contra todas as ditaduras; sou pelos mercados, contras todos os estatismos indevidos; sou pelo indivíduo, sempre, contra todos os Estados opressores. Sou sobretudo pela verdade dos fatos, quando querem nos impingir mentiras, fraudes, propaganda travestida de informação.
Por isso me limito a expor material informativo, com poucos comentários pessoais, pois fatos costumam falar por si (salvo alguns fatos econômicos que são de difícil compreensão para alguns cabeças-duras da academia ou da imprensa).
A questão das Farc, do narco-terrorismo, das ditaduras vagabundas que proliferam pela região me deixam preocupado, pois pretendo um Brasil democrático, com uma economia de mercado, com partidos limpos e não corruptos, com dirigentes que não pratiquem fraudes políticas nem desonestidade intelectual.
Daí alguns posts, que são meras contribuições para o esclarecimento de certos fatos.
Outro dia recebi a ligação de um telefone "bloqueado" -- ou seja, não identificado -- para simplesmente me ofender, desligando em seguida. Deve ser alguém incomodado com o meu blog, pois meus artigos, de escassa leitura mais ampla, não devem ter nenhuma influência maior. Mas, parece que este blog incomoda certas pessoas. Daí ofensas eventuais. Não me intimida. Continuarei fazendo o que sempre fiz: lendo, refletindo, escrevendo, publicando eventualmente, mas simplesmente expondo fatos e tirando conclusões, com base numa análise ponderada da realidade dos fatos, apenas isso.
Abaixo, mais um post que deve deixar incomodado certas pessoas...
Paulo Roberto de Almeida

El 'dossier' brasileño
Revista Cambio (Colombia), Julio 31 de 2008

El computador de 'Raúl Reyes' revela que los vínculos de las Farc con altos funcionarios del gobierno de Brasil, entre ellos cinco ministros, llegaron a niveles escandalosos.

En el atardecer del sábado 19 de julio, en la hacienda Hatogrande, la casa presidencial al norte de Bogotá, el presidente Álvaro Uribe, sonriente y desparpajado como pocas veces, no dudó en ofrecerle a su homólogo brasileño Luiz Inácio 'Lula' Da Silva, una copa de aguardiente antioqueño para mitigar el frío que calaba los huesos.

La copa selló la primera parte de la intensa jornada que había empezado el viernes 18 y que terminaría al domingo en Leticia con la celebración del Día de la Independencia. Una celebración que, como nunca, congregó a artistas de la talla de Shakira y a la cual concurrió también el presidente peruano Alan García.

La agenda 'Lula' y Uribe, alrededor de acuerdos bilaterales, fue condimentada con mutuos elogios públicos. El presidente Uribe les agradeció a su homólogo brasileño y a su gobierno seis años de relaciones dinámicas y de confianza. Sin embargo, en una reunión privada que sostuvieron ante muy pocos testigos, Uribe le hizo a 'Lula' un breve resumen sobre una serie de archivos que las autoridades colombianas encontraron en los computadores de 'Raúl Reyes' que comprometía a ciudadanos y funcionarios de su gobierno con las Farc.

Contrario a lo que pasó con la información relacionada con servidores públicos del Gobierno de Rafael Correa y ciudadanos ecuatorianos, que el Gobierno hizo pública, en el caso de Brasil las instrucciones del Presidente fueron mantenerlas en reserva y manejarlas diplomáticamente para no deteriorar las relaciones comerciales y de cooperación con el gobierno de 'Lula'.

El Gobierno colombiano ha usado en forma selectiva los archivos del PC de 'Raúl Reyes'. Mientras que con Ecuador y Venezuela fueron utilizados para poner en entredicho a Chávez y a Correa, hostiles con Uribe, con Brasil los ha manejado por debajo de la mesa para no comprometer a Lula Da Silva, quien se ha mostrado más hábil y menos pugnaz con Colombia que sus otros colegas.

Aún así, algunos medios brasileños tenían información parcial sobre unos pocos archivos y por eso el 27 de julio consultaron al ministro de Defensa Juan Manuel Santos, quien en una entrevista al diario O Estado de São Paulo confirmó que el Gobierno colombiano había informado a 'Lula' sobre el tema. "Hay una serie de informaciones de conexiones que entregamos al Gobierno brasileño para que pueda actuar como considere más apropiado", dijo Santos, pero se abstuvo de comentar sobre si había o no políticos y funcionarios oficiales con nexos con el grupo que hoy encabeza 'Alfonso Cano'.

A las declaraciones del Ministro respondió en forma inmediata Marco Aurelio García, asesor de política internacional de Brasil, quien calificó como irrelevantes los datos suministrados por Colombia.

'El Cura Camilo'
No se sabe con exactitud cuánta y qué tan detallada fue la información que el presidente Uribe le dio al presidente 'Lula', pero el que podría llamarse "el dossier brasileño" tendría implicaciones más serias que las derivadas de la información relacionada con Venezuela y Ecuador.

CAMBIO conoció 85 correos electrónicos que, entre febrero de 1999 y febrero de 2008, circularon entre 'Tirofijo', 'Raúl Reyes', 'el Mono Jojoy', 'Oliverio Medina' -delegado de las Farc en Brasil- y dos hombres identificados como 'Hermes' y 'José Luis'.

A juzgar por el contenido de los mensajes, la presencia de las Farc en Brasil llegó hasta las más altas esferas del gobierno de Lula, el Partido de los Trabajadores, PT -el partido del Presidente-, la dirigencia política y la administración de Justicia. En ellos son mencionados cinco ministros, un procurador general, un asesor especial del Presidente, un viceministro, cinco diputados, un concejal y un juez superior.

El personaje central de los correos es 'Oliverio Medina', también conocido como 'El Cura Camilo', un sacerdote que ingresó a las Farc en 1983 y quien en su rápido ascenso llegó a ser secretario de 'Tirofijo'. Llegó a Brasil como delegado especial de las Farc en 1997 y estuvo en Colombia durante el proceso del Caguán, en el que hizo de jefe de prensa del grupo.

Tras la ruptura de las conversaciones en febrero de 2002, regresó a Brasil donde continuó su misión, y su influencia llegó hasta altos niveles de la administración de 'Lula', quien asumió el cargo en enero de 2003. Pero gracias a la presión de las autoridades colombianas, fue capturado en agosto de 2005. Colombia lo pidió en extradición, pero el Tribunal Supremo de Justicia de Brasil no solo la negó el 22 de marzo de 2007, sino que le reconoció a 'Medina' la condición de refugiado político.

Hasta el 'curubito'
La cárcel no fue obstáculo para que 'El cura Camilo' suspendiera su labor proselitista y propagandística. Prueba de ello son los numerosos correos que le envió a 'Reyes' y que muestran cómo logró llegar hasta la cúpula del gobierno brasileño.

Cuatro de los correos conocidos por CAMBIO se refieren al presidente 'Lula'. En uno de ellos, fechado el 17 de julio de 2004, 'Raúl Reyes' le dice a 'Tirofijo' que el gobierno de 'Lula' ayudaría con el acuerdo humanitario: "Los curas me enviaron carta pidiendo entrevista con ellos en Brasil -escribe 'Reyes'-. Según dicen hablaron con 'Lula' y este asumió el compromiso de ayudar en lo del acuerdo humanitario, intercediendo ante Uribe para efectuar la reunión en su país".

En el segundo, fechado el 25 de septiembre de 2006, 'Oliverio Medina' le cuenta a 'Reyes': "No le he dicho que hace algunos días 'Lula' llamó al ministro Pablo Vanucchi (ministro de la Secretaría Nacional de DD.HH.), indicándole que telefoneara al abogado Ulises Riedel y lo felicitara por el éxito jurídico en su brillante defensa a favor de mi refugio".

En el tercero, con fecha 23 de diciembre de 2006, 'Medina' le informa a 'Reyes' que "a 'Lula' y dos de sus asesores que nos han ayudado les mandé el afiche de aguinaldo". Los funcionarios son Silvino Heck, asesor especial del Presidente, y Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete, que aparecen mencionados en un correo del 23 de febrero de 2007, también dirigido a 'Reyes': "Es posible que me visite un asesor especial de 'Lula' llamado Silvino Heck, que junto con Gilberto Carvalho ha sido otro que nos ha ayudado bastante".

Entre los 85 correos conocidos por CAMBIO, hay uno sin fecha, también enviado por 'Medina' a 'Reyes', que dice: "Estuve hablando con la diputada federal María José Maninha. Quedamos en que va a abrirme camino rumbo al Presidente vía Marco Aurelio García". García es secretario de Asuntos Internacionales.

No menos comprometedores son aquellos en los que aparecen mencionados algunos ministros. En uno de ellos, dirigido a 'Reyes' el 4 de junio de 2005 por un tal 'José Luis', figura el nombre del ministro de la Presidencia José Dirceo. "Llegó un joven de unos 30 años y se presentó como Breno Altman (dirigente del PT), me dijo que venía de parte del ministro de la Presidencia José Dirceo, que por motivos de seguridad ellos habían acordado que las relaciones no pasaran por la Secretaría de Relaciones Internacionales, sino que se hicieran directamente a través del ministro con la representación de Breno".

Al final del mensaje, 'José Luis' dice que el Gobierno brasileño y el PT le darán protección a 'Medina' mientras avanza el trámite de la extradición: "Le repliqué (sic) si podíamos estar tranquilos, que no lo iban a secuestrar o a deportar a Colombia y me contestó: 'Pueden estar tranquilos' ".

En un correo del 24 de junio de 2004, 'Reyes' le comenta a 'Medina' sobre la posible salida de Dirceo del Gabinete y le dice: "De ser cierto, esta medida en provecho de los detractores de 'Lula' puede afectar la incipiente apertura de las relaciones con nosotros".

Las Farc también intentaron llegar al despacho del ministro de Relaciones Exteriores, Celso Amorín. En un correo del 22 de febrero de 2004, 'José Luis' le escribe a 'Reyes': "Por intermedio del legendario líder del PT Plinio Arruda Sampaio, le llegamos a Celso Amorín, actual ministro de Relaciones Exteriores. Plinio nos mandó a decir con Albertao (concejal de Guarulhos) que el Ministro está dispuesto a recibirnos. Que tan pronto tenga un espacio en su agenda nos recibe en Brasilia".

El Procurador y el Juez
El embajador de las Farc hizo tan bien su oficio que también logró llegar hasta el procurador Luis Francisco De Souza, quien es mencionado en un extenso correo del 22 de agosto de 2004 que 'Medina' y 'José Luis' le enviaron a 'Reyes' y a 'Rodrigo Granda': "Él dio el siguiente consejo: andar con una máquina de fotografía y en lo posible con una grabadora para en caso de volver a parar un agente de información fotografiarlo y grabarlo, teniendo cuidado de no permitirle que agarre la cámara y la grabadora. Que en relación con lo sucedido hagamos una denuncia dirigida a él como Procurador para hacerla llegar al jefe de la Policía Federal y a la Agencia Brasileña de Información".

Algunos correos fueron escritos durante el proceso del Caguán e involucran a un prestigioso juez y a un alto ex oficial de las Fuerzas Armadas brasileñas. Por ejemplo, en uno fechado el 19 de abril de 2001, 'Mauricio Malverde' le informa a 'Reyes': "El juez Rui Portanova amigo nuestro, nos planteó que quiere ir a los campamentos a recibir instrucción y conocer la vida de las Farc. Costea su viaje". Portanova era entonces juez superior de la Corte Estatal de Rio Grande Do Sul, de Portoalegre.

Tres días antes, el 16 de abril, 'Medina' le relata a 'Reyes' un encuentro de Raimundo, Pedro Enrique y Celso Brand -al parecer enlaces de las Farc en Brasil- con el brigadier del Aire Iván Flota, ex jefe de la Fuerza Aérea de Brasil. "El hombre se interesó y dijo que le gustaría tener un encuentro personal con nosotros. Dijo que están comenzando a madurar la toma de la base de Alcántara por las fuerzas nacionalistas para impedir que Estados Unidos se quede con 600 kilómetros cuadrados que están bajo su dominio".

La pequeña muestra de los 85 correos electrónicos conocidos por CAMBIO revelan la importancia de Brasil en la agenda exterior de las Farc, manejada por 'Raúl Reyes', y no cabe duda de que 'El cura Camilo', para apuntalar la estrategia continental de la guerrilla, aprovechó la coyuntura creada por el arribo al poder de 'Lula' y su influyente Partido de los Trabajadores para llegar hasta las más altas esferas del Gobierno.

Y si bien es cierto que los correos son apenas indicios de un posible compromiso del gobierno de 'Lula' con las Farc, pues ninguno de los funcionarios envió mensajes personales a alguno de los miembros del grupo guerrillero, despiertan muchos interrogantes que exigen una respuesta del Gobierno brasileño.

LOS CONTACTOS DE LAS FARC
La expansión de las Farc en América Latina no solo incluyó a funcionarios de los gobiernos de Venezuela y Ecuador, sino que también comprometió a destacados dirigentes, políticos y altos miembros del Partido de los Trabajadores, al que pertenece el presidente Luiz Inácio 'Lula' Da Silva. Además el grupo guerrillero mantuvo contactos con procuradores y jueces de Brasil.

- José Dirceu, ministro de la Presidencia.
- Roberto Amaral, ex ministro de Ciencia.
- Erika Kokay, diputada.
- Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete.
- Celso Amorín, canciller.
- Marco A. García, asesor Asuntos Internacionales.
- Perly Cipriano, subsecretario Promoción DD.HH.
- Paulo Vanucci, ministro Secretaría de DD.HH.
- Selvino Heck, asesor presidencial.

SECUESTRO DE NOVARTIS
20 de septiembre de 2001
De: Jorge Briceño 'Mono Jojoy'
A: Secretariado

Edwin, viejo conocido comandante de La Policarpo junto a Julián, se robaron medio millón de dólares por una parte y 700 millones de pesos por otra, del secuestro de Novartis. Se tiraron el negocio que estaba planeado para 10 millones de verdes. Para completar, se armó un lío con México, Suiza y Brasil porque no entregábamos a los tipos. Hablé con representantes de esos países y acordamos que nos daban medio millón de dólares más y nosotros poníamos en libertad a los dos señores. Ordené soltarlos y hasta ahora no han pagado. Si se hacen los pesados pienso asustarlos".

INVITACIÓN AL CAMPAMENTO
12 de junio de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'José Luis'

"Al vocero de Brasil hay que invitarlo a que nos visite aquí y explicarle que en función de construir definiciones se hace imprescindible su conversación con el Secretariado. Decirle que tenemos formas seguras de recibirlo en nuestros campamento sin que sea registrado por las autoridades colombianas".

APOYO FINANCIERO
6 de julio de 2005
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Solidaridad recibida durante el primer semestre de 2005: diputado Paulo Tadeu US$ 833,33. Sindicato de la Empresa de Energía de Brasilia US$ 666,66. Corriente Comunista Luis Carlos Prestes US$766,66. Señora Solene Bomtempo US$ 250,00. Concejal Leopoldo Paulino US$ 433,33. Sindicato de la Empresa de Acueducto de Brasilia US$ 33,33".

EXTRADICIÓN DE CAMILO'
17 de septiembre de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'Roque'

"Bastante significativa la solidaridad de los partidos comunistas de Brasil y de otros países con la lucha de las Farc en el empeño de impedir la extradición del 'cura' (Francisco Medina, 'Cura Medina'). Existe en Brasil un importante grupo de amigos solidarios con nosotros en los que hay sindicalistas, maestros, congresistas, ministros, abogados y personalidades ocupados de presionar la libertad inmediata de Camilo".

EL EMPLEO
17 de enero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"El lunes 15 inició 'la Mona' su empleo nuevo y para asegurarla o cerrarle el paso a la derecha por si en algún momento les da por molestar, entonces la dejaron en la Secretaría de Pesca desempeñándose en lo que aquí llaman un cargo de confianza ligado a la Presidencia de la República".

GIRA POR BRASIL
15 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

Los responsables de organizar la gira del camarada Carlos Lozano son: Albertao y Pietro Lora en Guarulhos, São Pablo y Río. En Brasilia: Paulo Tadeo, Erica Kokay. Para la actividad de Río se apoyarán en el ex diputado Federal Milton Temer, del Partido Socialismo y Libertad. Y en Florianópolis un diputado estadual que ellos ayudaron y está dispuesto a ayudar".

ENCUENTRO CON MINISTROS
23 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"La defensora pública le está organizando a 'la Mona' un encuentro con el Ministro, el Viceministro y el principal asesor de la Secretaría de Derechos Humanos vinculada a la Presidencia, en su orden Paulo Vannuchi, Perly Cipriano y Dalma de Abreu Dalasi, que es un prestigioso jurista al que el ministro relator le tiene pavor. El viceministro Perly hablará con el presidente de la Comisión de Derechos Humanos de la Cámara Federal. Serán visitadas entidades importantes que nos apoyaron, comenzando por la Comisión Brasileña de Justicia y Paz".

ACTUAR CON CAUTELA
14 de abril de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Debo actuar con cautela para no facilitar al enemigo argumentos que lleven a cuestionar el refugio. En ese sentido, el haber conseguido el traslado de 'la Mona' y 'la Timbica' para la capital del país, ha sido importante. Ese bajo perfil lo mantendré hasta la neutralización. Obtenida esta, tendré pasaporte brasileño y lo primero que debo pensar es en irlos a ver".

======================

MAIS FARC E MAIS PT? TÁ BOM! O DIA EM QUE LULA, JÁ PRESIDENTE, DECIDIU DAR UM CONSELHO POLÍTICO AOS COMPANHEIROS NARCOTERRORISTAS
Reinaldo Azevedo, 20.07.2010

Pois é, leitores… Parece que aquele post do Tio Rei, escrito já sob o calor, conseguiu fazer algum verão neste inverno em que soçobra parte do jornalismo brasileiro. Huuummm… Esse papo de aquecimento global ainda acaba com a qualidade das minhas alegorias… Que esse jornalismo se recuse a veicular mentiras sobre o PT, posso compreender e apóio. De fato, não se deve escrever mentira sobre ninguém, com ou sem “outro lado”. Incompreensível é que se recuse a dizer as verdades. Os vínculos do PT com as Farc não existem porque essa é a opinião de Índio da Costa, de José Serra, minha ou do Mané da esquina. Existem, como deixei claro no post de ontem, porque os fatos o demonstram. Este blog dá sempre um furo permanente: TEM MEMÓRIA!!! Que tal acrescentar um outro ingrediente a esta história? Vamos lá: LULA DEU UMA PRECIOSA DICA ÀS FARC QUANDO JÁ ERA PRESIDENTE: SUGERIU QUE ELAS RENUNCIASSEM À LUTA ARMADA E PASSASSEM A FAZER POLÍTICA, SEGUINDO O EXEMPLO DO PT. Procurem as matérias na Internet. Vocês encontrarão. Voltarei a este ponto. Antes, outras considerações.

Por que tanta resistência em cuidar do binômio PT-Farc? Quando Diogo Mainardi trouxe a público o tal requerimento em que Dilma pede a transferência da mulher de Olivério Medina para o Ministério da Pesca, boa parte dos coleguinhas fez de conta que aquele documento não existia ou de nada valia. Mais tarde, a revista colombiana Cambio revelou os e-mails trocados entre Medina e o chefão terrorista Raúl Reyes: ficou claro que a transferência era uma operação combinada com o governo brasileiro para “proteger Mona” - apelido da mulher de Medina. E, de novo, fez-se silêncio nessa área do jornalismo a que me refiro.

A revista Cambio, diga-se (ver post de ontem), trouxe a lista completa daqueles que os próprios narcoterroristas consideram seus amigos no governo e no PT. Celso Amorim está lá. Esse Megalonanico… Ele não é amigo só de Ahmadinejad… Amorim certamente diria que não tem nada com isso etc. A questão é saber por que os narcos o consideram um companheiro. Num dos e-mails, Medina afirma que Amorim era uma das pessoas com as quais ele contava para permanecer livre no Brasil.

Coisa do passado?
Esse vínculo é “coisa do passado”, como sugere Clóvis Rossi na Folha, segundo vejo aqui? Acho que não. Na crise entre o governo colombiano - democrático - e os narcoguerrilheiros, o Brasil nunca condenou as Farc. Nunca! Mas sobraram hostilidades contra o governo constitucional.

Quando as forças colombianas atacaram o acampamento dos terroristas no Equador, seria até compreensível que o Brasil condenasse a violação do território etc e tal… Mas fez muito mais do que isso: transformou os narcos em vítimas e Álvaro Uribe em bandido. No auge da estupidez, Marco Aurélio Garcia concedeu aquela entrevista ao Le Figaro (ver post de ontem) afirmando que o Brasil era “neutro” (???) sobre o caráter terrorista ou não das Farc. E sentenciou: o governo colombiano estava ficando isolado na América Latina.

É pouco? LULA OFERECEU O BRASIL COMO TERRITÓRIO NEUTRO PARA UMA SUPOSTA NEGOCIAÇÃO ENTRE O GOVERNO CONSTITUCIONAL E OS NARCOTERRORISTAS. Neutro??? Então, entre o terrorismo e a lei, somos território neutro?

De volta a Lula
E agora volto ao ponto que deixei lá no primeiro parágrafo. Quando Lula sugeriu que as Farc abandonassem a luta armada e aderissem à luta política, simplesmente ignorava o caráter do grupo. Para o Babalorixá de Banânia, o “erro tático” dos companheiros - que ele aceitou no Foro de São Paulo quando eles já seqüestravam, assassinavam e mantinham campos de concentração - era a luta armada; O RESTO LHE PARECEU OK. E o resto era nada menos do que o narcotráfico. Nesse assunto, Lula não tocou. Imaginem os companheiros do pó disputando eleições, como queria Lula…

Então não me venham com essa cascata de “assunto do passado”. Não é, não! É assunto do presente. TÃO PRESENTE QUANTO O REQUERIMENTO ASSINADO POR DILMA SOLICITANDO A CONTRATAÇÃO DA MULHER DE MEDINA.

Pronto! Agora voltarei ao calor, que está gelado aqui no “Starbucks Coffee” - música brasileira no som-ambiente… Já ouvi bossa nova de elevador, Gonzaguinha e Beth Carvalho. E escrevi sobre Lula e as Farc… Como dizia uma musiquinha dos anos 80, às vezes, “a vida não presta”… Paro antes que uma das filhas, aqui do lado, fique muito brava…

terça-feira, 20 de julho de 2010

Emergencia diplomatica: quem disse que diplomata nao fica pobre?

Não deixa de ser irônico, mas coitada da mulher, não merecia isso.
Mas, também, por que é que foi ficar com um maluco e seus 40 gatos?
Agora só falta revelar a nacionalidade, o nome e o novo endereço do dito cujo.
Com 40 gatos, não corre o risco de passar despercebido...
Paulo Roberto de Almeida

Embaixador em Israel abandona a mulher e parte com 40 gatos
DA FRANCE PRESSE, EM JERUSALÉM
20/07/2010 - 15h30

Um embaixador sul-americano em Israel abandonou seu posto de trabalho e sua mulher para desaparecer com todos os bens do casal, além dos 40 gatos e dois cachorros da família, anunciou nesta terça-feira o jornal on-line "Y-Net".

Há cerca de um mês, o embaixador --cuja identidade não foi revelada-- aproveitou uma viagem à Europa da mulher para deixar repentinamente o seu país.

Quando ela voltou para Israel, descobriu que seu marido havia levado tudo --incluindo jóias, roupas, objetos pessoais e os animais de estimação-- além de tomar o cuidado de cancelar todos os cartões de crédito e seguros.

Desamparada, a mulher está sendo auxiliada por amigos israelenses e apresentou queixa de furto à polícia

A Claro é uma companhia vagabunda, que se preocupa com a sua imagem...

Depois de perder horas para resolver meu problema, e falar com assistentes debiloides a cada vez, resolvi colocar um post ofensivo neste meu blog, dizendo exatamente o que a companhia é: um serviço vagabundo de atendimento, que não consegue fazer aquilo para o qual está sendo paga: fornecer linha para seus clientes.

Pois um atendente do serviço de relações públicas me escreveu em seguida, para saber o que está acontecendo.
Vou continuar chamando a companhia de vagabunda até que resolvam o meu problema; parece que só funciona assim.

Negocios e diplomacia - Carlos Alberto Sardenberg

Negócios são negócios... para os outros
Carlos Alberto Sardenberg
O Estado de S. Paulo, 19/07/2010

O governo cubano está trocando presos políticos por vantagens econômicas concedidas pela União Europeia. Ou a União Europeia está comprando a liberdade de meia centena de dissidentes. Trata-se de uma diplomacia realista, que negocia com ditadores para obter resultados na área dos direitos humanos.


O presidente Lula poderia ter feito isso, não é mesmo? Toda vez que é cobrado pelas suas boas relações com ditadores, o presidente responde que não pode interferir em assuntos internos de outros países e que "negócios são negócios". É o que dizem e fazem praticamente todos os chefes de governo de países importantes.

Mas há uma diferença entre ser realista, de um lado, e mostrar-se indiferente ou mesmo dar apoio a ditaduras, de outro. Governantes que têm efetivo compromisso com a democracia e os direitos humanos tentam combinar essa atitude de princípios com uma diplomacia realista. Como? Condenando uma ditadura numa votação nas Nações Unidas ou fazendo pressão pública pela libertação de prisioneiros, enquanto, ao mesmo tempo, se mantém um comércio que beneficia diretamente a população daquele país.

A União Europeia e a Espanha, em especial, que mantém boas relações com o regime de Fidel Castro há muitos anos, fazem isso no limite quando negociam a libertação de prisioneiros políticos. O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, recorre a suas boas relações dentro da esquerda internacional para conseguir alguma abertura em Cuba.

O presidente Lula poderia fazer mais do que negociar a libertação de alguns prisioneiros. Reparem nas condições, em tese: Lula é amigão de Fidel e de Raúl Castro, tem entre seus colaboradores pessoas que se asilaram e treinaram guerrilha em Cuba, mantendo laços afetivos com os dirigentes da ilha, e ocupa um lugar importante na história da esquerda latino-americana.

Acrescente-se a isso o prestígio que o presidente acumulou no mundo todo, onde foi recebido como representante perfeito da esquerda democrática e responsável, e se pode perguntar: Quem teria tantas condições para, por exemplo, fazer uma ponte entre o governo Obama e os irmãos Castro?

É evidente que Barack Obama e Hillary Clinton sabem, primeiro, que Cuba não tem mais importância nenhuma no cenário internacional. Para os Estados Unidos, é um estorvo local, um problema eleitoral na Flórida, e a ampla maioria dos líderes cubano-americanos apoia uma diplomacia que colabore para uma abertura pacífica e ordenada. Finalmente, sabem todos que o embargo econômico não leva a esse resultado.

Mas, é claro, é preciso combinar com os Castros. Não se avança sem uma contrapartida dos cubanos, sem uma disposição para iniciar ou simplesmente sinalizar algum tipo de abertura. Ninguém está esperando que Raúl Castro renuncie e chame o pessoal de Miami. Mas todos esperam algum sinal que não seja o reforço da ditadura.

Lula, sobretudo quando ainda era considerado o cara, foi a um dado momento o único líder importante que tinha, ao mesmo tempo, a confiança de Washington e de Havana. Mas para que exercesse o papel de mediador, Lula e seu pessoal aqui precisariam, primeiro, aceitar que o regime cubano é uma ditadura anacrônica e que deveria caminhar para a democratização.

Está claro que não acreditam. Lula apoiou enfaticamente a ditadura cubana em um de seus piores momentos, quando um preso político estava morrendo numa greve de fome. Votou a favor de Cuba em diversos cenários internacionais. E deixou claro, em seguidos pronunciamentos, que a culpa de tudo está no embargo americano e que os Estados Unidos não têm direito de pedir nada ao regime castrista.

Mostrou-se um aliado de Cuba, do mesmo modo como se mostrou em relação ao Irã.

E nem vantagem comercial obteve. Até hoje, apesar do embargo, Cuba importa mais produtos dos Estados Unidos do que do Brasil. E o Irã tem entre seus principais parceiros comerciais a Alemanha e a França, cujos governos apoiaram as sanções econômicas ao país.

China. E por falar em diplomacia, desta vez na política Sul-Sul, o governo Lula tem apresentado como um dos resultados importantes a "parceria estratégica" com a China. E, de fato, as exportações brasileiras para a China aumentaram de maneira exponencial nos últimos anos.

Mas todos os países que têm minérios e alimentos elevaram espetacularmente suas exportações para a China. Para ficar apenas na América Latina, a China é o principal destino das exportações chilenas e peruanas e o segundo mais importante para Argentina e Uruguai.

No outro lado do comércio, Chile e Peru importam, em primeiro lugar, dos Estados Unidos; em segundo, da China; e apenas em terceiro, do Brasil. A Argentina importa mais do Brasil, mas em segundo lugar já aparece a China, crescendo. O Uruguai importa, primeiro, da Argentina e, em segundo, da China.

Em todas essas parcerias, a China importa minérios e alimentos e exporta manufaturados e bens de capital. Em todos os países da região, os chineses estão investindo naquelas áreas em que são mais carentes, como terras para a produção de comida, minas (e portos associados) e petróleo. Por exemplo, emprestam dinheiro para a Petrobrás (e para a venezuelana PDVSA) em troca de garantia de fornecimento de petróleo.

Aliás, eis aí um verdadeiro problema de diplomacia econômica para o Brasil: o avanço chinês aqui no nosso lado do mundo.

Mas a China é também a principal parceira do Irã, dos Estados Unidos e da Europa. Eis um caso de realismo e de diplomacia de resultados estratégicos... da China.

Elevacao na escala tecnologica: maior valor agregado, maiores receitas

Essa experiência da indústria calçadista de Franca (SP) é exatamente o que já ocorreu em outros países, submetidos à concorrência chinesa, nessa ou em outras áreas: Itália, Espanha, Austrália, Estados Unidos.
Ou seja, o mundo se comporta como o bom senso comanda, e a teoria econômica prevê...

Franca vende menos calçados e ganha mais
Da Redação
Folha de S. Paulo, 20.07.2010

A indústria calçadista de Franca enviou um volume menor de produtos para o mercado externo no primeiro semestre deste ano. Em compensação, viu o valor obtido com essas vendas subir.
De acordo com levantamento mensal do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), a cidade exportou 1,48 milhão de pares de sapatos nos seis primeiros meses deste ano, ante 1,52 milhão no mesmo intervalo de 2009.
O valor dessas negociações, em 2010, rendeu U$ 42,21 milhões aos fabricantes francanos, enquanto, no ano passado, o total foi de US$ 38,15 milhões.
Até junho, as vendas no mercado internacional de Franca foram puxadas por mercados tradicionais.
Somente os Estados Unidos compraram 28% mais, em valor, neste ano. As vendas para esse país representaram 42,88% das exportações do setor francano.
O Reino Unido elevou ainda mais suas compras da indústria de Franca: passou de US$ 1,48 milhão para US$ 2,82 milhões (alta de 91%).
De acordo com o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão, a indústria conseguiu agregar mais valor a seus sapatos neste ano. Por isso, conseguiu ganhar mais, mesmo vendendo menos.
Para ele, no entanto, as compras em alta de mercados como Estados Unidos, Reino Unido e Espanha ainda não significam uma recuperação da crise econômica que abalou o poder aquisitivo desses países no ano passado e afetou as vendas internacionais de Franca.
O diretor comercial da Sândalo, Téti Brigagão, tem opinião divergente, pelo menos quando o assunto é a retomada do consumo em mercados importantes para o calçado brasileiro.
Com exceção do público norte-americano, que ainda não voltou a comprar de sua empresa como antes da crise, Téti Brigagão disse que os outros importadores têm acelerado as encomendas.
O incremento, disse ele, veio acompanhado da evolução do valor dos sapatos, resultado de uma mudança do gosto do consumidor externo, que está mais exigente com detalhes como modelagem, costuras e acessórios.

Top Secret America - Washington Post

O jornal Washington Post criou uma seção, melhor dizer um programa inteiro dedicado aos esforços oficiais dos Estados Unidos na luta contra o terror:

A Secret America: a Washington Post Investigation

Watch the Intro
Read the Stories
See the Map
Explore Connections
Find Companies
Search the Data

"Top Secret America" is a project nearly two years in the making that describes the huge national security buildup in the United States after the Sept. 11, 2001, attacks. Read More

More than a dozen Washington Post journalists spent two years developing Top Secret America
See the details

TSA INDEX:
Part 1: July 19, 2010
* A hidden world, growing beyond control

Part 2: July 20,2010
* National Security Inc.

Latest Headlines
Types of top-secret work
Methodology and credits
A note on this project
Frontline video

Olho por olho, ou o rato que ruge...

Sem comentários...

Iran to retaliate for UN sanctions
By ASSOCIATED PRESS AND JPOST.COM STAFF
Jerusalem Post, 07/20/2010 - 12:57

In tit-for-tat move, Teheran to inspect other countries' transports.

Iran's parliament has adopted a bill authorizing tit-for-tat retaliation against countries that inspect Iranian ships and aircraft as part of the latest set of UN sanctions slapped on Tehran.

Iran's state radio broadcast the Tuesday parliament session live.

The bill follows last month's UN Security Council resolution to impose a fourth set of sanctions against Iran over its disputed nuclear program. The latest sanctions authorize international inspection of suspicious Iranian cargo ferried by ships or aircraft.

Economic pressure on Iran has increased over the past few weeks as tougher UN and US sanctions have begun to take effect.

On Monday, India's Petroleum Secretary S. Sundareshan was quoted by the Wall Street Journal as saying that latest round of unilateral US sanctions against Teheran could derail planned energy projects between Iran and India.

Indian energy companies were considering deals with Iran, a large potential oil source for the fast-growing country. The two countries recently restarted talks over a $7.4 billion natural gas pipeline from Iran to India and Pakistan.

A Claro é uma empresa vagabunda e relapsa; a Anatel segue atrás

Todos tem reclamações contra as (des)prestadoras de telefonia móvel no Brasil. Milhões, zilhões de reclamações.
Serviços deficientes, atendimento deplorável, mentira, sobrepreço e satisfação ZERO.
Tudo isso nós sabemos.
Estou enfrentando uma situação absurda: minha linha móvel, dessa companhia OBSCURA, simplesmente não emite chamadas, apenas recebe.
Depois de três dias tentando resolver a situação, e não conseguindo, resolvi adotar uma outra solução: carregar um outro celular apenas para fazer chamadas.

A Anatel, que deveria supostamente zelar pela satisfação do consumidor, simplesmente tem um site que não aceita reclamações: nada, zero, sistema bloqueado, o que confirma que se trata de uma agência vagabunda e hostil ao consumidor, ao contribuinte, ao cidadão que paga impostos.

Crescimento da ignorancia e da estupidez no Brasil - um exemplo "jornalistico"

Como já afirmei diversas vezes, sou contra reservas de mercado em geral, fechamento de mercados em particular, entre outros exemplos a exigência absurda de diploma de jornalista para o exercício da profissão, e o fechamento do mercado apenas para os "dipromados" nessa área. Trata-se de um abuso e uma violência contra a sociedade, assim como o culto da mediocridade e da ignorância (uma vez que uma pessoa autodidata é perfeitamente capaz, sem qualquer diploma, de exercer a "situação" ou a profissão de jornalista).
Sempre me espanto com a ignorância de pessoas que supostamente estudaram em alguma faculdade e teriam por obrigação saber o que é um imposto, o que é uma tarifa, e o que é uma situação de bem-estar (quando você cria riqueza, obtem uma renda ou remuneração através de seu esforço e está em condições de gastar essa renda da melhor forma).
Toda pessoa sensata reconheceria facilmente que impostos menores, ou ausência de impostos (tributos, taxas, contribuições, tarifas, etc.), cria uma situação de melhor bem-estar do que o seu contrário, altos impostos, ou simples impostos.
Todos, mas não um jornalista, ou pelo menos não essa jornalista em particular.
A matéria é perfeitamente idiota, imbecil, estúpida e vários outros qualificativos que vocês podem escolher (desculpem-me, mas eu tenho alergia à burrice).
O que ela diz simplesmente não faz sentido.
NÃO EXISTE subsídio ao produto importado, ou então a jornalista não sabe o que é subsídio. NÃO EXISTE prejuizo ao consumidor, destinatário final de todo e qualquer produto importado.
A alegação de prejuízo à indústria nacional não é um fato: apenas as ineficientes serão prejudicadas, o que é muito bom para o consumidor. A redução ou eliminação de impostos estimula a indústria a ser mais criativa, e se elas acham que os produtos importados estão sendo beneficiados indevidamente, que exijam da justiça tratamento paritário, pois a lei não pode discriminar entre prestadores de serviços ou produtores de bens.
A mentalidade dos jornalistas está de tal forma contaminada pelo viés extrativista existente no Brasil que eles passam a considerar qualquer medida de redução de impostos como um crime contra o país, quando na verdade é isso que deveria estar sendo exigido do Estado em benefício da sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

Estados cortam imposto de importados e prejudicam indústria nacional
Raquel Landim
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2010

Seis Estados fazem guerra fiscal abatendo ICMS de produtos importados, afetando a receita das regiões mais industrializadas

Pelo menos seis Estados brasileiros -- Santa Catarina, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco, Goiás e Alagoas -- estão oferecendo benefícios fiscais que incentivam as importações. O objetivo é elevar a arrecadação e desenvolver os portos locais. Mas, na prática, funciona como subsídio ao produto importado, prejudicando a indústria nacional.

A prática não é nova, mas se disseminou pelo País por causa do crescimento do comércio exterior. As importações batem recorde este ano, tornando esse tipo de benefício a principal modalidade de "guerra fiscal" e provocando perdas de arrecadação significativas para Estados com grandes parques produtivos como São Paulo e Minas Gerais.

Os dados de importação são uma prova do magnetismo dos benefícios fiscais para as empresas. No primeiro semestre deste ano, as importações de Santa Catarina, Pernambuco e Goiás cresceram cerca de 70% em relação a janeiro a junho de 2009 ? muito acima da média do País, de 45%, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento).

Tarifas. O mecanismo de funcionamento da maioria dos programas é parecido. No passado, um importador de aço, por exemplo, desembaraçaria o produto pelo porto de Santos, pagando 18% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), e venderia para as empresas instaladas em São Paulo.

Hoje o importador pode trazer o produto pelo porto de Itajaí (SC) ou de Suape (PE). Santa Catarina e Pernambuco não cobram o ICMS nos portos, mas só quando o produto cruza a fronteira para outro Estado e, na prática, a tarifa é bem mais baixa: 3% e 5%, respectivamente. Os fiscos estaduais ganham porque, caso contrário, não teriam essa arrecadação. O importador gasta mais com logística, mas embolsa a diferença entre as tarifas.

Por causa do sistema de compensação entre Estados, São Paulo é obrigado a dar um crédito, que pode ser usado no pagamento de outros impostos, de 12% do valor do produto. É uma maneira de evitar a cobrança do ICMS em cascata. O problema é que só 3% do imposto foi pago -- o restante (9%) fica de "brinde". A indústria também perde, porque o produto importado ganha competitividade e pode ser vendido por um preço mais baixo.

"É um corredor de importação dentro do País. Expandimos a guerra fiscal para além das nossas fronteiras", disse Carlos Martins, secretário da Fazenda da Bahia e coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne os secretários de Fazenda estaduais. Segundo ele, o crescimento desses benefícios foi "avassalador" nos últimos cinco anos.

Para o sócio diretor da CP Associados e ex-coordenador tributário da Fazenda de São Paulo, Clóvis Panzarini, fazer guerra fiscal comos incentivos à importação é uma "maluquice". "Estamos subsidiando a produção do exterior e gerando empregos em outros países, como a China."

Os programas de Santa Catarina e de Pernambuco têm uma exceção curiosa: estão excluídos dos benefícios fiscais à importação produtos que possuam similares produzidos no território estadual. O objetivo é evitar a desindustrialização -- mas apenas dentro do Estado.

Perdedores. Insumos produzidos no País, como tecidos, cobre, aço e químicos, estão entre os produtos mais prejudicados pela nova guerra fiscal. O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que os benefícios "potencializam a atratividade" das importações, que já estão crescendo muito por causa da valorização do real e do excesso de oferta mundial. De janeiro a junho, as importações brasileiras de aço atingiram 2,7 milhões de toneladas, alta de 148%.

De acordo com o vice-presidente de relações institucionais da petroquímica Braskem, Marcelo Lyra, metade das resinas termoplásticas importadas chega ao País por portos que concedem algum tipo de benefício fiscal. No ano passado, foram importadas 450 mil toneladas de resinas nessa situação. Se o ritmo de crescimento dos últimos anos for mantido, serão 1 milhão de toneladas em 2013.

Instalada em Camaçari (BA), a Caraíba Metais, que pertence ao grupo Paranapanema, perdeu uma fatia importante do seu mercado para as tradings que trazem cobre importado por Itajaí. "Tivemos de conceder mais benefícios fiscais para a empresa voltar a ser competitiva", disse o secretário da Fazenda da Bahia. Procurada, a Paranapanema não retornou as ligações.

Em contrapartida, surgiu em Santa Catarina um pólo laminador de cobre, com mais de 10 empresas, que utilizam a matéria-prima importada que chega pelos portos catarinenses.

"A guerra fiscal existe e o Estado que não se antecipar vai ficar para trás", disse o secretário da Fazenda de Santa Catarina, Cleverson Siewert.

Pensando o pensamento - Stephen W. Browne

Thinking about Thinking
By Stephen W. Browne
From TheAtlasphere.com, July 19, 2010

The difference between ignorant and educated people is that the latter know more facts. But this has nothing to do with whether they are stupid or intelligent. The difference between stupid and intelligent people — and this is true whether or not they are well-educated — is that intelligent people can handle subtlety. They are not baffled by ambiguous or even contradictory situations — in fact, they expect them and are apt to become suspicious when things seem overly straightforward.”

Neal Stephenson, The Diamond Age

Clear thinking requires courage rather than intelligence.”
Thomas Szasz

Response to my column “Making up Stories” has been very gratifying, and not only because it was overwhelmingly positive, though I do thank you all for your kind words.

There were many thoughtful comments, observations, and some very good recommendations of sources for further research. And, refreshingly, many admitted to “making up stories” themselves from time to time — as have I.

That is compelling evidence of intellectual courage and honesty in individuals, and of a mature movement in philosophy.

One correspondent asked about the examples I gave, “How can you call such people intelligent?”

That’s why I included the Stephenson quote above. I think there is a confusion between “intelligent” and “stupid.” Stupidity is independent of intelligence, and in fact high intelligence often gives added scope to the harmful consequences of stupidity.

Stupidity in intelligent people is marked by their ability for rationalization and self-deception. Stupidity is not lack of facts, but willful failure to face facts. That’s why Sir Arthur Clarke remarked that ignorance is forgivable, stupidity is not.

A not-too-bright person may make a stupid decision about their personal budget and lifestyle choices, but is scarcely likely to do harm of the magnitude that’s been done by academics and intellectuals over the past two centuries.

After all, Karl Marx was a very intelligent man.

I sometimes illustrate this with a conundrum: What is the stupidest thing that walks the earth?

Answer: an adolescent with above-average intelligence.

How does that compute? An adolescent with above-average IQ can see from direct observation that he is more intelligent that most of the people around him. What he cannot understand is that experience counts for anything at all — that’s what makes opinionated young twerps so insufferable. He can’t believe it because he doesn’t have any; it’s like the fourth dimension to him.

Please understand something: I am not being holier-than-thou. I was that opinionated twerp, and the fact that I’ve got an unusually detailed memory often brings painfully embarrassing recollections of exactly how conspicuously stupid I could be as an adolescent and young adult.

Somebody once said that in any conflict between logic and experience, experience is almost always a better guide to action. Logic is a method of dealing with the relationship of facts, or rather propositions. (Statements alleged or assumed to be true representations of reality.)

But complex situations can have a huge number of relevant facts, not all them obvious, not all of them known, and the relationships between them are often far more complex than we can know. Experience is what leads us to believe that similar situations produce similar outcomes. Not a perfect match, as in a logical syllogism or mathematical formula, but enough of a match to guide our actions most of the time.

Consider the above-mentioned example of Marx. Though he theorized at length about industrial workers, he had no direct experience of them — and made no effort to get any, in spite of numerous invitations by his collaborator Friedrich Engels to visit his factories.

That’s where the issue of intellectual courage comes in. Marx had no experience of the subject of his theorizing, and made no attempt to acquire any — in fact, resisted getting any.

So how does a reasonably intelligent person guard against the temptations of self-deception? The insidious desire to bend our perception of reality to what is comfortable, rather than what is needed to cope with an often uncomfortable reality?

A number of things have been recommended by the wise: studying logic and in particular the informal fallacies, studying rhetoric to learn to recognize the tropes of persuasion, and studying history — which is, after all, the record of other people’s experience.

What I came up with was a series of questions, to try and keep myself intellectually honest:

1. How often have you changed or abandoned a deeply held belief because of either 
(a) personal experience or (b) a persuasive argument backed by compelling evidence?

2. How often have you, after examining the evidence reached a conclusion that was uncomfortable, unsettling, or profoundly disturbing to you, i.e., reached a conclusion you did not like and wished weren’t true?

3. How often have you admitted honest confusion about an issue that was important to you and decided to defer judgment — or simply live with the uncertainty?

4. How often have you realized while listening to someone speak for a position you agreed with, that it was nonetheless being supported by a weak or invalid argument?

5. How often have you listened to two sides of an issue and concluded that you agreed with someone you disliked and disagreed with someone you liked?

If you answered “never” to all or most of them, you might ask yourself whether you are thinking at all. You almost certainly won’t, though.

And if you answered “yes” to any, it might be fun and profitable to compare examples in the letters-to-the-editor section below.

Stephen W. Browne is a writer, editor, and teacher of martial arts and English as a second language. He is also the founder of the Liberty English Camps, held annually in Eastern Europe, which brings together students from all over Eastern Europe for intensive English study using texts important to the history of political liberty and free markets. In 1997 he was elected an Honorary Member of the Yugoslav Movement for the Protection of Human Rights for his work supporting dissidents during the Milosevic regime. His regularly-updated blog is at StephenWBrowne.com.

As FARC e o governo do Brasil: afinidades (des)eletivas?

De: Raúl Reyes Para: Lula
Rodrigo Rangel
Revista Época, 30/05/2008 - 18:23 - Atualizado em 02/07/2008 - 16:57

ÉPOCA revela a história das cartas que o líder das Farc, morto em março, escreveu para o presidente brasileiro
MEIO DE CAMPO
O líder das Farc Raúl Reyes sugeriu que o então vereador do PT em Guarulhos Édson Antônio Albertão fosse a ponte entre a guerrilha e o presidente Lula

Os contatos de integrantes do governo Lula e de militantes do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, a organização que trava uma guerra interna contra o governo eleito do presidente Álvaro Uribe, sempre foram cercados de muito mistério. Até histórias de supostas doações de dinheiro das Farc para a campanha presidencial de Lula em 2002 – extraídas de papéis da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas jamais provadas – foram divulgadas. Até meados dos anos 90, as Farc participaram oficialmente do Foro de São Paulo, um conclave de partidos e organizações de esquerda da América Latina do qual o PT faz parte. Mas as relações com as Farc, segundo o PT, foram rompidas depois que elas abandonaram, a partir de 2002, as negociações para um acordo de paz na Colômbia e enveredaram de vez no caminho dos seqüestros e do narcotráfico. O governo Lula diz jamais ter tido qualquer tipo de contato com a organização, classificada como terrorista pelos governos da Colômbia, dos Estados Unidos e da União Européia.

ÉPOCA teve acesso agora, com exclusividade, a um lote de três cartas que mostram como as Farc tentaram oficialmente estabelecer relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de sua eleição, em 2002, e em seu primeiro ano de mandato no Palácio do Planalto, em 2003. As correspondências foram enviadas por Raúl Reyes, o líder das Farc morto em março deste ano, durante um ataque das Forças Armadas da Colômbia a um acampamento da guerrilha no norte do Equador. Elas tinham como destinatário o presidente Lula. O portador das cartas no trajeto da Colômbia até o Brasil foi Édson Antônio Albertão, um vereador de Guarulhos que estava na ocasião no PT e hoje está no P-SOL. Albertão, além de freqüentar os acampamentos das Farc, era amigo pessoal de Reyes e recebeu dele a incumbência de trazer as cartas para Lula em julho de 2003 – data da última delas.

Reyes, por meio de outros portadores, já havia tentado enviar ao presidente Lula duas das três cartas trazidas por Albertão ao Brasil. A primeira delas é datada de 28 de novembro de 2002, cerca de um mês depois s da vitória de Lula no segundo turno da eleição disputada contra José Serra, então candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Nessa correspondência, Reyes saúda Lula pela eleição e tenta obter apoio para sua política de ataques ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. “Consideramos oportuno informar-lhe que o governo paramilitar ilegítimo de Álvaro Uribe Vélez cumpre sem reparos todas as exigências do governo de (George W.) Bush sem que ninguém o pressione, e o faz por convicção e porque está plenamente identificado com as políticas do império estado-unidense”, escreveu Reyes. Na carta, o líder das Farc relaciona a aliança dos governos Uribe e George W. Bush a uma suposta “geoestratégia norte-americana em nossa extensa e rica região amazônica”.

A segunda carta é de 20 de março de 2003. Nela, Reyes trata da presença das Farc na zona de fronteira entre Colômbia e Brasil. “Queremos aproveitar para ratificar, junto ao senhor, oficialmente, a política de fronteiras das FARC-EP: nossa organização tem profundo respeito pelos povos e governos vizinhos da Colômbia. Por essas razões, nossas unidades não intervêm em assuntos internos de seus países, nem estão autorizadas para executar operações militares fora das fronteiras da Colômbia”, escreveu Reyes. A afirmação sobre o que o ex-chefe guerrilheiro chama de política fronteiriça das Farc precede um oferecimento, que pode ser interpretado também como um pedido tácito a Lula para que a fronteira do Brasil com a Colômbia pudesse ser uma zona livre para a guerrilha: “Em troca, trabalhamos entusiasmados para fazer das fronteiras verdadeiros remansos de irmandade, concórdia e paz com nossos vizinhos, no marco de boas relações políticas de benefício recíproco”. Até recentemente, as Farc atuavam em áreas ermas e despovoadas da Floresta Amazônica, muito próximas da fronteira entre Colômbia e Brasil.

Matéria da Veja, Encontro de dinossauros

Construindo um pais inviavel: a miseria fabulosamente extensa da esmola publica no Brasil

O imenso curral eleitoral em que se converteu o Bolsa-Familia vai ficar como a principal herança maldita da era Lula, um legado que vai pesar como maldição sobre o itinerário presente e futuro do Brasil.
O pior é que políticos demagogos -- ou políticos, tout court, já que o resto, todo o resto é implícito -- não se levantam contra a anomalia, fazendo uma disputa de benesses com o dinheiro alheio, prometendo sempre reforçar, ampliar, estender e garantir essa grande esmola pública.
Vamos pagar caro por isso, muito mais do que o valor nominal, financeiro, desse fantástico empreendimento de irresponsabilidade política.
Paulo Roberto de Almeida

Transferir ou criar riqueza?
Paulo Guedes
O Globo, 19/07/2010

"Cem milhões de brasileiros vivem com o dinheiro público", estampou O GLOBO em sua primeira página da edição deste domingo. A matéria é de Gilberto Scofield Jr., com base em estudo de Raul Velloso, veterano especialista em nossas contas públicas.

"Metade da população do país depende hoje de recursos repassados pelo governo federal. São servidores públicos, pensionistas e pessoas beneficiadas por programas sociais, transformando o orçamento federal em uma grande folha de pagamentos", prossegue a reportagem.

São compreensíveis as pressões de uma democracia emergente sobre os gastos sociais. Orçamentos públicos refletem essas exigências. A preocupação da matéria é a degeneração do processo político. "O poder de influência eleitoral é muito grande quando o gover no tem tanta gente dependendo dele", dispara o economista.

Isso explica em boa parte a feroz disputa intestina da social-democracia brasileira e as acusações recíprocas de corrupção. Os tucanos mexeram na Constituição para garantir a reeleição de FHC. E acusam agora os petistas de aparelhamento do Estado e de assistencialismo para garantir sua permanência no poder.

Mas outra importante preocupação é com a dimensão econômica. O que esses 48,8 milhões de núcleos familiares, envolvendo 100 milhões de brasileiros, transmitirão a seus filhos como perspectiva de futuro? Devem buscar um emprego industrial no ABC paulista? Ou entrar para os sindicatos, onde o futuro parece mais brilhante? Devem ser empreendedores e criar postos de trabalho, enfrentando o cipoal de impostos, ou se candidatar à política, onde os recursos parecem não faltar?

E o jovem no campo, deve frequentar uma escola técnica e buscar uma especialidade no ag ronegócio ou entrar no subterrâneo da política através do MST, com o colorido dos bonés e das camisas vermelhas, a força da enxada e da foice nas mãos, a "fúria dos justos" no olhar e toda a ignorância quanto à complexidade do organismo econômico moderno e à sofisticação política de uma sociedade aberta? E a classe média, o contribuinte, deve apenas recomendar a seus filhos a aprovação em concursos públicos?

Se o futuro do militante, do sindicalista e do político parece bem melhor que o do estudante, do trabalhador e do empreendedor, a perspectiva é de baixa produtividade e lenta melhoria no padrão de vida dos brasileiros.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Luiz Felipe Lampreia e a diplomacia brasileira - Celso Lafer

Opinião
A lição das memórias de Lampreia
Celso Lafer
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2010

Em 1999 Luiz Felipe Lampreia publicou Diplomacia Brasileira, uma seleção de textos elaborados em função das suas responsabilidades como chanceler de Fernando Henrique Cardoso. Precedeu-os todos de excelentes notas introdutórias, explicativas dos contextos das suas palavras e razões. Observou que estava no tempo da ação diplomática e, por isso, seria prematuro escrever memórias. Com efeito, no tempo da ação diplomática, as palavras de um chanceler estão direcionadas para a ação. Não são memórias. São memoriais que dão conta do ofício de orientar, definir e explicar a política externa.

Outra é a natureza do seu recém-publicado O Brasil e os Ventos do Mundo: Memórias de Cinco Décadas na Cena Internacional, que, como toda narrativa autobiográfica, é fruto de um parar para pensar, organizador do significado de um percurso existencial. A palavra, neste caso, tem outros propósitos. Insere-se no tempo da meditação sobre a experiência vivida. Elucida o modo de ser da pessoa e a sua maneira de agir perante desafios e oportunidades. No caso das memórias de Lampreia, o foco da narrativa é dado pela sua reflexão sobre a política externa brasileira, de cuja execução participou no arco do tempo dos vários estágios de uma carreira diplomática que culminou com os seus seis anos de chanceler do governo FHC.

As memórias de Lampreia explicitam o seu modo de ser como diplomata, cabendo destacar, entre os traços do seu agir, a nitidez dos propósitos, a segurança no encaminhamento dos assuntos e a capacidade de hierarquizar o relevante na agenda internacional. Um bom exemplo dessa capacidade é o destaque que dá, na conclusiva avaliação do cenário contemporâneo, às mudanças climáticas como a questão central do nosso tempo e à proliferação nuclear como o maior perigo da atualidade. Em síntese, Lampreia não perde o rumo, pois não confunde o acidental com o importante e não se atrapalha com os ventos do mundo que, no correr da sua vida, sopraram em muitas direções. Por isso pôde ser, na condução do Itamaraty, um destacado e qualificado colaborador de FHC.

Lampreia tem muita clareza sobre a relevância da política externa para o desenvolvimento brasileiro. Esta clareza permeia a sua narrativa. Daí o significado que atribui à diplomacia econômica e por que suas importantes considerações sobre a política externa independente de Afonso Arinos e San Tiago Dantas - que marcaram o início de sua carreira - são antecedidas por observações sobre a Operação Pan-Americana, de Juscelino Kubitschek, e de como seu chanceler Horácio Lafer a ela conferiu a linha de uma diplomacia operacionalmente voltada para o desenvolvimento.

São altamente interessantes as observações de Lampreia sobre o choque da alta de preço do petróleo dos anos 70, que evidenciaram vulnerabilidades energéticas do Brasil, que ele viu de perto participando de comitivas brasileiras à Líbia, ao Iraque, ao Irã e à Arábia Saudita. Novas vulnerabilidades trazidas pelos ventos do mundo ele as viveu como chanceler, em razão das crises financeiras internacionais que impactaram o real. Daí a implícita crítica que faz a um voluntarismo diplomático que não estabelece prioridades e não equaciona meios e fins.

Nesse sentido são muito esclarecedoras as páginas dedicadas ao pragmatismo responsável de Azeredo da Silveira, de quem foi um dedicado colaborador e admirador. Destaco sua análise do personagem e da estratégia que definiu para sair de uma configuração de vulnerabilidades e dependências. Essa estratégia passava por boas relações com os EUA e pelo reforço das relações "diagonais", tanto as existentes com o Japão, a França, a Grã-Bretanha e a Alemanha quanto as novas que encetou com a China e a África.

Em matéria de diplomacia econômica, são muito relevantes as passagens sobre a sua atuação como embaixador em Genebra nas negociações que levaram à conclusão da Rodada Uruguai do Gatt; sobre a prioridade que, como chanceler, conferiu à Organização Mundial do Comércio (OMC); como tratou dos problemas do Mercosul, conduziu as batalhas da Alca e encarou as negociações com a União Europeia.

O pano de fundo das memórias de Lampreia articula um confronto, ora implícito, ora explícito, entre a sua visão da diplomacia e a política externa do governo Lula. Da sua viagem ao Líbano extrai a conclusão de que o Oriente Médio é um enigma político, talvez indecifrável, e que, bilateralmente, não se pode fazer muito, pois os riscos são enormes e a região está longe da esfera de influência do Brasil. Do seu trato com temas nucleares, da sua análise dos entendimentos com a Argentina, que levaram ao fim do risco de uma corrida armamentista nuclear na nossa região, e dos motivos que guiaram a adesão do Brasil ao Tratado de Não-Proliferação - que ele conduziu como chanceler - provém sua avaliação crítica da conduta do Irã e de por que não faz sentido, para o Brasil, respaldar um país e um regime que praticam um perigoso jogo duplo.

Das inúmeras e ricas análises da sua experiência, quero mencionar apenas duas passagens que são exemplos de como encaminhar tensões políticas no contexto da nossa vizinhança, que contrastam com o que vem sendo feito atualmente. A primeira é o relato do seu período como embaixador no Suriname e de como o Brasil logrou afastar o regime de Bouterse, no período da guerra fria, das tensões da influência cubana e endereçou Paramaribo para uma construtiva e cooperativa aproximação com o País. A segunda é o circunstanciado relato do papel mediador do Brasil no conflito territorial entre Peru e Equador, que é altamente esclarecedor do que deve fazer um terceiro em prol da paz para deslindar um histórico e difícil contencioso.

Dizia o padre Antonio Vieira - e esta é a lição de Lampreia: "Perdem-se as repúblicas porque os seus olhos veem o que não é, e não veem o que é."

PROFESSOR TITULAR DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS E DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES NO GOVERNO FHC