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domingo, 24 de julho de 2011

Republica Federativa da Extorsao: Receita sempre supera a si mesma...

A Receita sempre vai bem
Editorial - O Estado de S.Paulo
24 de julho de 2011

Embora tenha como uma de suas características mais nocivas o fato de não acompanhar o desempenho do setor produtivo, e por isso crescer sempre e muito sob praticamente todas as circunstâncias, a arrecadação federal ainda consegue causar surpresas, com resultados como o que alcançou em junho. Os contribuintes sabem que, quando a economia vai bem, a receita tributária vai muito melhor e cresce proporcionalmente muito mais do que a produção; e que, quando a atividade econômica se desacelera ou recua, a receita desacelera ou cai muito mais lentamente. O que ocorreu em junho - e também no primeiro semestre deste ano -, porém, era desconhecido do público.

No mês passado, a arrecadação de impostos e contribuições federais alcançou R$ 82,73 bilhões, com uma alta real, isto é, descontada a inflação, de 23,07% sobre o resultado de junho de 2010. Nenhuma das projeções feitas por mais de uma dezena de instituições financeiras consultadas pela Agência Estado chegou a esse resultado.

O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, não poupou adjetivos para tentar mostrar o caráter inusitado do resultado da arrecadação em junho: a alta, segundo ele, foi "extraordinária, atípica e fora da curva". De fato, o crescimento excepcional do mês não deve se repetir - o que, se ocorresse mais vezes, acabaria sendo desastroso para os contribuintes que já são obrigados a pagar tanto imposto. Mas os dados da arrecadação nos seis primeiros meses de 2011 não deixam dúvida quanto ao caráter perverso do sistema tributário brasileiro: ele é montado para assegurar receitas crescentes ao governo, o que faz aumentar ilimitadamente a carga tributária que as famílias e as empresas têm de suportar. Esse regime tributário contém o crescimento da economia nos períodos bons e tolhe ainda mais a atividade produtiva nos momentos de dificuldades.

Os resultados de cada um dos seis primeiros meses do ano foram recordes da série da Receita. Assim, o acumulado do primeiro semestre de 2011 foi, igualmente, o maior da série, tendo alcançado R$ 465,61 bilhões, ou 12,7% mais do que nos seis primeiros meses de 2010 em valores reais. Isso quer dizer que a arrecadação de tributos federais está crescendo a um ritmo que corresponde ao triplo da velocidade de crescimento do PIB, que, no primeiro trimestre, foi de 4,2%.

O aumento conjunto da arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de 22,12% sobre 2010, se deveu ao bom desempenho das empresas no ano passado, durante o qual elas melhoraram sensivelmente seus resultados na comparação com 2009, quando a crise atingiu mais severamente a economia brasileira. O aumento das receitas previdenciárias, o segundo maior entre os principais tributos federais, se deveu ao crescimento do emprego com carteira assinada.

Curiosamente, embora o governo tenha aumentado para 3% ao ano, a partir de abril, o IOF nas operações de crédito para as pessoas físicas, com o objetivo de reduzir o consumo, a arrecadação desse tributo cresceu fortemente. Em junho, por exemplo, foi nada menos do que 70,76% maior do que a de junho do ano passado. É uma demonstração de que a medida não foi eficaz: as pessoas continuaram a tomar dinheiro emprestado de instituições financeiras para fazer as compras que haviam planejado

Um fator extraordinário pesou na arrecadação de junho: o início do pagamento parcelado de débitos tributários propiciado aos devedores do Fisco pelo Refis da Crise.

Como não espera a repetição de resultados mensais como o de junho, a Receita projeta, para todo o ano, um crescimento real da arrecadação menor do que o do primeiro semestre. A estimativa da receita é de aumento de 10,5% em termos reais, mais do que a previsão feita em maio, de 9% a 10%. Quanto ao PIB, as projeções para 2011 não diferem muito do resultado do primeiro trimestre, de cerca de 4%. Essas projeções indicam novo aumento da carga tributária neste ano, fato que vem se registrando há muitos anos.

sábado, 23 de julho de 2011

Agencia Nacional da Propina (deveria ser petroleo, mas sabem como essas coisas derivam...)

Petróleo, propina, um mundo negro, sem dúvida.
O Roberto Ardenghy citado ao final é (ou pelo menos era) diplomata...
Paulo Roberto de Almeida

Agência Nacional da Propina (trecho)
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS
Revista Época, 23/07/2011
ÉPOCA obteve vídeos, documentos e cheques que revelam como o aparelhamento partidário transformou a Agência Nacional do Petróleo numa central de achaque e extorsão
PROVAS DA EXTORSÃO
Com a ajuda do MP, a advogada Vanuza Sampaio gravou um encontro que manteve com dois assessores da ANP, que exigem propina de R$ 40 mil para resolver um problema de um cliente dela. Abaixo, trecho do depoimento prestado pela advogada ao MP, no qual ela detalha o caso, e o cheque que um dos assessores da ANP recebeu de um advogado ligado ao maior adulterador de combustível do país
Às 16h23 do dia 5 de maio de 2008, uma segunda-feira, dois assessores da Agência Nacional do Petróleo (ANP) encaminharam-se discretamente ao escritório da advogada Vanuza Sampaio, no centro do Rio de Janeiro. Os dois, Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima, acomodaram-se na sala de reuniões do escritório, tomaram cafezinho e conversaram por alguns minutos sobre amenidades. Ato contínuo, a advogada Vanuza assomou à porta. Vanuza é a advogada com mais volume de processos na ANP; conhece profundamente a agência. Tem como clientes distribuidoras de combustível, postos e empresários do setor de petróleo e gás – todos dependem da ANP para tocar seus negócios. Depender da ANP, conforme investigou ÉPOCA nos últimos dois meses, significa sofrer continuamente o assédio de tipos como Moreira e Daniel. Não são os únicos. Há muitos como eles. Mas, para a turma que transformou a ANP num cartório de extorsão, aquela não era uma segunda-feira tão ordinária. Daquela vez, dois deles foram gravados em vídeo, em pleno expediente subterrâneo. ÉPOCA obteve cópia dessa gravação, que integra uma investigação sigilosa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

A pedido de ÉPOCA, a autenticidade do vídeo foi atestada pelo perito Ricardo Molina. “A gravação é autêntica e não sofreu nenhuma manipulação”, disse Molina. O vídeo tem 53 minutos, três personagens e um repertório espantoso de ilegalidades, abusos e escracho com a coisa pública. São 53 minutos de corrupção exposta em seu sentido mais puro. Não há nenhum vestígio de decoro. O eventual medo de ser pilhado desaparece e cede lugar ao deboche. Não há diálogo em código ou fraseado evasivo. É tudo dito na lata. Esse descaso pode ser explicado pela impunidade com que a longeva máfia dos combustíveis atua no país. Nos últimos anos, a PF e o MP já produziram provas robustas contra expoentes desse grupo. Até o Congresso criou uma CPI para investigar os crimes – que engendrou ainda mais corrupção.

Usina de malfeitores
Propina de R$ 40 mil, divisão de dinheiro sujo, achaque a empresas: há de tudo no vídeo de corrupção da ANP

“Quarenta mil reais é razoável?”
Neste trecho, os dois assessores da ANP (Antonio José Moreira e Daniel Carvalho de Lima) dizem à advogada Vanuza Sampaio que a Petromarte, cliente dela, terá de pagar R$ 40 mil de propina para resolver uma pendência na agência – com o aval do então superintendente de abastecimento da ANP, Edson Silva, dirigente do PCdoB

Moreira: Eu conversei com o Edson (superintendente da ANP) e ele não tinha muita noção de valores, você entende? Aí ele falou que era possível, que ia mexer. Mas ele é lento.
Advogada: É baiano.
Moreira: Baiano... Aí ele me falou: “Ó, você não quer conversar agora em torno de 40 mil reais? Você acha razoável? Quanto você acha razoável?”. Falei “não sei, Edson, não sei quantificar, não sei valor”. E foi a primeira vez que aconteceu alguma coisa. A gente pode estabelecer um bom relacionamento. Aí ele falou isso, que ficaria com 25 (mil reais) e daria 15 (mil reais) pra vocês. Esse é do Rodomarte. É... É do Petromarte.

"É para arrancar dinheiro mesmo?"
Depois de cobrar a propina, os assessores oferecem uma parceria à advogada Vanuza. Querem que ela achaque a empresa Rodonave, objeto de um processo na ANP.
Vanuza se espanta:
“Mas é para arrancar dinheiro mesmo?”

Moreira: Tá na minha mão um processo... O interesse é muito grande. (Empresa) tradicional chamada Rodonave, de Manaus.
Advogada: Mas por que querem cancelar o registro dela? (...) É para arrancar dinheiro?
Moreira: Não sei... não, eu acho que não é para arrancar dinheiro (...) Eu também não queria me indispor, chegar e ligar para a Rodonave... Então, se você tiver interesse, te dou uma orientada.

Lógica Petista
Em seguida, os três põem-se a discutir as diferenças entre os corruptos da agência. Roberto Ardenghy, antecessor de Edson Silva na Superintendência de Abastecimento, é citado como exemplo de negociante voraz. Diz o assessor Moreira: “Ele tinha uma lógica muito à petista. Era muito para ele”

Advogada: Ele (Ardenghy) sempre me travou de uma forma muito inteligente. Só hoje consigo ver o que ele ganhava de um outro lado.
Moreira: (...) Era uma lógica muito à petista. Era muito pra ele e ele avançava também para todos os lados (...) Uma vez eu trouxe um caso, ele queria cobrar muito. Falei “Ardenghy, não é o momento de cobrar muito”. Ele falou “não, mas se a gente não cobrar muito (...) Se a gente cobrar pouco, você vê fantasmas todos os dias”.

Um contribuinte ordinario (certamente raivoso): elle mesmo...

Todas as vezes em que eu sou convidado para algum trabalho remunerado, geralmente uma informação tópica, uma espécie de consultoria sobre algum assunto de minha especialidade, eu fico pensando se vale realmente a pena perder noites e noites pesquisando, coletando dados, escrevendo, revisando, enfim, fazendo o que me pediram, em função justamente da remuneração final.
O fato é que, entre o pagamento prometido, ou anunciado, e o pagamento efetivado, vai uma distância que pode chegar a um terço da remuneração anunciada.
Isto se deve a que, do montante acertado são inapelavelmente descontados as taxas, impostos e contribuições a um sócio que para mim permanece completamente desconhecido, mas sempre arranja um jeito de meter a mão no meu bolso: o Estado federal, o governo estadual e a administração municipal.
O pagamento não é obviamente muito grande, pois não estou mo mercado "capitalista", se me permitem a expressão, apenas no de instituições independentes, não governamentais, que encomendam algum paper -- e devo alertar que isto acontece apenas algumas vezes, muito raras mesmo -- mas mesmo assim o sócio não convidado sempre está presente, mesmo sem que eu me dê conta disso. Na verdade, ele nem mete a mão no meu bolso, já retira o dele na fonte, antes que eu receba.
Geralmente é assim: 27.5% para o Imposto de Renda, do grande irmão federal, mais 11% de INSS (a tal da previdência que vai falir antes que eu me aposente), e o imposto sobre serviços (nem me lembro quanto é, exatamente). Enfim, no total, sobre a mais ou menos 33%, ou seja, um terço do que tinha sido acertado na origem.
Ou seja, sem ter feito absolutamente nada, nadica de peteberebas para meu trabalho, o Estado se apropria de uma parte substancial de uma justa remuneração pelo meu esforço, a ponto de quase me fazer desistir de empreender ou assumir trabalhos assim remunerados. Prefiro fazer gratuitamente, pois pelo menos assim tenho certeza de que o Estado não vai coletar nada que não tenha merecido ou oferecido em contrapartida. No máximo, ele me forneceu a eletricidade que permite o funcionamento do computador, e nada mais além disso. Eletricidade, aliás, que vale apenas e exatamente menos de um terço do preço cobrado na fatura, pois o resto é distribuição (menos de 20%) e aproximadamente 50% são impostos, taxas e contribuições, algumas verdadeiramente absurdas.
Enfim, tudo isso, apenas para transcrever uma matéria apropriada sobre um personagem que agora vai, supostamente, contribuir tanto quanto eu para os órgãos extratores...
Paulo Roberto de Almeida

Pagar, doar, contribuir
NELSON MOTTA
O Estado de S.Paulo, Sábado, 23 de Julho de 2011

Lula já tem agendadas 23 palestras até o fim do ano no Brasil e no exterior, que devem lhe render no mínimo 6 milhões de reais. Somando-se o que já faturou até agora, e o que ainda virá, vai fechar o seu ano fiscal bem acima dos 10 milhões. Nada mal para um primeiro ano de atividades, nada contra também, muito pelo contrário, ele merece, vale quanto pesa. Na sociedade de livre mercado ele está valorizado e é justo que seu custo seja proporcional aos benefícios que traz aos que o pagam.

Ver a cara, a fúria e os palavrões de Lula ao assinar sua declaração de renda e preencher um cheque de pelo menos 3 milhões de reais para a Receita Federal não tem preço.

Lula vai sentir na própria carne a sensação de quem trabalhou, viajou, se esforçou, se cansou e aturou chatos durante quatro meses do ano, exclusivamente para alimentar o Leão.

Mas depois das mordidas, dos milhões que vão lhe sobrar, quanto ele vai doar ao PT, ao Instituto Lula, a causas sociais? Mas como doação mesmo, não como renuncia fiscal via Lei Rouanet ou do ICMS, que é outra incógnita: que artistas e ONGs merecerão fatias de renuncia fiscal da empresa de palestras de Lula? Velhos companheiros já estão sonhando com doações generosas de seu rico correligionário para as campanhas eleitorais de 2012.

Com certeza ele sabe muito bem como, onde, por que e por quem são gastos os nossos impostos. Agora vai sentir como os quatro meses de trabalho dele são torrados. Porque imposto no bolso dos outros não é refresco, é verba pública.

O vício já vem do verbo: pagar ou contribuir? Enquanto nos Estados Unidos e na Inglaterra os pagadores de impostos e taxas são chamados de "tax payers", aqui nos chamam de contribuintes, que logo remete a algo facultativo, circunstancial:

"O senhor pode contribuir para a nossa obra social?" "Agora não dá, passa na semana que vem, tá?"

Assim, as contrapartidas do Estado também ficam relativas e opcionais. Pagadores se sentem com muito mais moral e autoridade para cobrar serviços e ações do Estado do que meros contribuintes.

Lula vai sentir no bolso as diferenças entre uns e outros.

Petrobras, e seus investimentos bilionarios: 2011-2015

A Petrobras é uma grande companhia, e talvez merecesse conselheiros melhores do que os que dispõe atualmente. Quero me referir a conselheiros que aconselhassem a companhia como uma companhia de mercado, não como um instrumento do Estado, ou a ferramenta de um grupo, ou melhor dizendo, de um partido, com todas as idiossincrasias e equizofrenias desse partido.
Ela já foi muito utilizada politicamente no passado, e não merece servir de algo para o que não deveria servir, pois sua missão é pura e simplesmente de buscar petróleo e de colocar esse petróleo à disposição da economia brasileira (ou até internacional), não ficar alimentando caixa de partidos ou sindicatos, ou deformar as regras do jogo econômico exercendo monopólios indevidos e distorcendo preços de mercado.
Infelizmente ela foi colocada a serviço de um ideia, que pode não ser a melhor para o desenvolvimento do Brasil (mas talvez seja para o caixa de certos grupos e para o bolso de certas pessoas).
Não constam da postagem abaixo as tabelas e gráficos que ilustram esse plano de negócios.
Para ver o documento por completo, seguir este link: http://www.petrobras.com.br/ri/publicador/arq/126/arq_126_12239.pdf
Paulo Roberto de Almeida

Prezado(a) Sr/Sra Paulo Roberto Almeida,

Plano de Negócios 2011 - 2015

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2011 – Petróleo Brasileiro S.A. –

Petrobras comunica que seu Conselho de Administração aprovou hoje o Plano de Negócios 2011-2015, com investimentos totalizando US$ 224,7 bilhões (R$ 389 bilhões).

Os principais destaques do Plano são:

(i) maior concentração dos investimentos no segmento de Exploração e Produção, cuja participação no total dos investimentos passou de 53% do Plano anterior para 57% no Plano atual;

(ii) concentração (87%) dos investimentos em E&P também nos novos projetos incluídos no portfólio, com destaque para o desenvolvimento das áreas do pré-sal e da Cessão Onerosa;

(iii) inclusão no Plano, pela primeira vez, de um programa de desinvestimento em um montante de US$ 13,6 bilhões, visando maior eficiência na gestão dos ativos da Companhia e rentabilidade;

(iv) cenário positivo da economia brasileira, com crescimento vigoroso na demanda de derivados;

(v) curva de produção continua fortemente ascendente em função do início da produção de campos maiores e mais produtivos;

(vi) a Companhia espera duplicar suas reservas provadas até 2020;

(vii) financiabilidade calcada principalmente na geração de caixa própria, e, em relação aos recursos de terceiros, baseada apenas na contratação de novas dívidas, sem considerar emissão de ações. A necessidade de financiamento líquida, descontando a amortização, apresenta valor mínimo de US$ 7,2 bilhões por ano e valor máximo de US$ 12 bilhões por ano, de acordo com os cenários utilizados para a análise.

(viii) preserva as condições de grau de investimento.

O Plano de Negócios 2011-2015 prevê a aplicação de 95% dos investimentos
(US$ 213,5 bilhões) nas atividades desenvolvidas no Brasil e 5% (US$ 11,2 bilhões) nas atividades do exterior, contemplando um total de 688 projetos. Em relação ao total dos investimentos, 57% se refere a projetos já autorizados para execução e implementação. A tabela abaixo apresenta os investimentos por segmento de negócio.

Plano de Negócios 2011-2015 (US$ bilhões)
(ver link acima indicado)

Em relação à carteira de projetos que representava US$ 224 bilhões de investimentos no Plano 2010-14, foram retirados projetos equivalentes a US$ 10,8 bilhões. Os projetos mantidos em carteira apresentaram os seguintes impactos no total de investimento do novo Plano: aumento de US$ 8,6 bilhões pelo impacto da taxa de câmbio e aumento de US$ 1,5 bilhão em função de alteração do orçamento; decréscimo de US$ 6,4 bilhões em função da alteração de escopo, redução de US$ 23,7 bilhões pela alteração do cronograma dos projetos e US$ 0,6 bilhões pela alteração do modelo de negócio. Por fim, foram incluídos novos projetos no valor de US$ 32,1 bilhões, resultando no valor de US$ 224,7 bilhões de investimentos para os próximos cinco anos.

Especificamente para o ano de 2011, a Companhia está ajustando seu orçamento de investimento de R$ 93 bilhões para R$ 84,7 bilhões. Quando comparado com o realizado em 2010 (R$ 76,4 bilhões) representa elevação de 11%.

Em relação aos novos projetos incluídos no Plano, 87% do valor dos investimentos é dedicado à área de E&P, sendo que boa parte representa investimentos relativos à Cessão Onerosa (US$ 12,4 bilhões), compreendendo projetos de alta geração de caixa em função da Participação Especial já ter sido paga na aquisição dos barris e das sinergias com as grandes descobertas do pré-sal.

A meta de produção de óleo e LGN (líquido de gás natural) no Brasil para 2011 foi mantida em 2.100 mil bpd (barris de petróleo/dia) e a de produção total de óleo e gás no Brasil e exterior em 2.772 mil boed (barris de óleo equivalente/dia). A meta de produção total para o horizonte de cinco anos apresentou um aumento em relação ao Plano anterior, alcançando 3.993 mil boed em 2015, sendo 3.070 mil bpd de produção de óleo e LGN no Brasil (543 mil boed referentes ao pré-sal). A meta de longo prazo apresentou significativo crescimento, passando de 5.382 mil boed para 6.418 mil boed em 2020 (4.910 mil bpd referente à produção de óleo no Brasil) devido basicamente ao aumento da participação da produção esperada do pré-sal e à introdução da produção nas áreas da Cessão Onerosa.

Metas de Produção de Óleo e Gás (Mil boed/dia)
(ver link acima indicado)

O segmento de Exploração e Produção receberá investimentos de US$ 127,5 bilhões. Desse total, US$ 117,7 estão direcionados as atividades de E&P no Brasil, sendo 65% para desenvolvimento da produção, 18% para exploração e 17% para infra-estrutura. Os investimentos no pré-sal correspondem a 45% do valor total do E&P no Brasil e aproximadamente 50% do montante destinado ao desenvolvimento da produção. A participação do pré-sal na produção nacional de petróleo passará da estimativa de 2% em 2011 para 40,5% em 2020.

O aumento da participação da produção do pré-sal na curva de produção está relacionado aos maiores investimentos nesses ativos e, principalmente, a elevada eficiência já comprovada nos Testes de Longa Duração (TLD) e projeto piloto de Lula. O primeiro poço a produzir em escala comercial no pré-sal do campo de Lula já é o poço mais produtivo da Companhia.

Em relação aos blocos da Cessão Onerosa, a Companhia está considerando a perfuração de dez poços exploratórios, contemplados pelo programa exploratório mínimo exigido pelo contrato, e a entrada em produção do primeiro FPSO da área em Franco 1, com capacidade de produção de 150 mil boed em 2015. Além do desenvolvimento dos projetos que já integravam a carteira do segmento, a Companhia também está considerando impulsionar o Projeto Varredura, cujo objetivo é o mapeamento de oportunidades exploratórias próximas a infra-estrutura existente ou passível de remanejamento. Foram mapeados 284 prospectos nas Bacias de Espírito Santos e Campos e as descobertas nessas áreas já apresentaram uma estimativa de volume recuperável de pelo menos 2.235 milhões de barris de óleo.

O segmento de Refino, Transporte e Comercialização tem investimentos previstos de US$ 70,6 bilhões. A estratégia visa expandir a capacidade de refino de forma a atender a totalidade da demanda esperada no mercado nacional de derivados. A expectativa é de um forte crescimento da demanda doméstica, de aproximadamente 3,8% a.a. no cenário base e 4,5% no cenário alternativo até 2020, como conseqüência do crescimento esperado da economia brasileira. Neste sentido, aproximadamente US$ 35,4 bilhões (50,1%) estão sendo alocados na ampliação do parque de refino. Essa dinâmica requer investimentos não apenas em novas unidades, mas também em melhoria operacional, ampliação de frota e logística (US$ 17,6 bilhões). Os investimentos em qualidade de derivados (redução de enxofre) totalizam aproximadamente US$ 16,9 bilhões entre 2011 e 2015, e visam concluir os investimentos necessários para atender a legislação local.

Com relação ao aumento da capacidade de processamento de petróleo, metas específicas de redução de custo na construção das novas refinarias foram definidas e devem ser alcançadas na elaboração dos projetos de construção e pelo programa de redução de custos operacionais.

Mercado de Derivados de Petróleo no Brasil
(ver link acima indicado)

No segmento petroquímico, que conta com US$ 3,8 bilhões de investimentos para o período do Plano, está mantida a estratégia de ampliar a produção de petroquímicos e de biopolímeros através de participações societárias. No que tange os projetos da área, vale destacar a implantação da Petroquímica Suape.

O segmento de Gás e Energia receberá US$ 13,2 bilhões. Com a conclusão da implementação de um primeiro ciclo de investimentos visando a consolidação da infraestrutura de transporte do gás, os investimentos deste Plano serão direcionados para o segundo ciclo de investimentos de forma a assegurar mercado ao gás associado à produção de petróleo, particularmente à produção do pré-sal. A maior parte dos investimentos no setor, aproximadamente US$ 9 bilhões, visa atender o mercado consumidor incluindo ampliação das térmicas a gás e das plantas de transformação química do gás natural em fertilizantes. Os demais investimentos estão direcionados principalmente à construção de terminais de regasificação de GNL e de liquefação/processamento de gás natural.

Balanço da Oferta e Demanda de Gás Natural no Brasil
(milhões de m3/dia)
(ver link acima indicado)

O negócio de Distribuição irá receber investimentos de US$ 3,1 bilhões, com destaque para os investimentos em logística visando acompanhar o crescimento do mercado domestico e atender demandas legais/ regulatórias.

O segmento de Biocombustíveis receberá US$ 4,1 bilhões, sendo US$ 2,8 bilhões em investimentos diretos através da subsidiária integral Petrobras Biocombustível (PBIO), dos quais US$ 1,9 bilhão no negócio Etanol, e US$ 1,3 bilhão na logística de distribuição. As metas do segmento implicam na oferta de 5,6 milhões de m3 de etanol em 2015 (incluindo os parceiros), para alcançar a participação no mercado brasileiro de 12%, considerando a projeção de aumento da demanda do mercado de etanol automotivo para 46,5 milhões de m3 em 2015.

Apesar do maior direcionamento dos investimentos no mercado doméstico, na área internacional serão investidos aproximadamente US$ 11 bilhões, com foco no desenvolvimento da exploração e produção no Golfo do México e Costa Oeste da África (Nigéria). O segmento de E&P representa aproximadamente 87% do total dos investimentos no exterior.

A responsabilidade social e ambiental permanece como um dos pilares do crescimento da Petrobras e foram mantidos os desafios de referência internacional em responsabilidade social e na gestão dos negócios.

Na área de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) serão investidos US$ 4,2 bilhões, US$ 2,7 bilhões na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC) e US$ 4,6 bilhões em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) totalizando um investimento de US$ 11,5 bilhões.

Metas corporativas foram definidas visando minimizar o impacto potencial de nossas atividades sobre o meio ambiente, promover a segurança das pessoas e dos processos e preservar a saúde da força de trabalho, atingindo patamares de excelência na indústria de petróleo & gás e contribuindo para a sustentabilidade do negócio. Seis novos indicadores ambientais foram incluídos como metas, com destaque para o Índice de Emissão de Carbono (IEC), e índices de eficiência energética.

Com relação à área de recursos humanos, as principais políticas na área estão direcionadas para a atração e retenção de talentos, treinamento e desenvolvimento, plano de carreira dos funcionários e gestão do conhecimento. É esperado um crescimento do efetivo do grupo Petrobras de 80.492 empregados atuais para 103.030 em 2015. No que se refere à gestão, vale destacar a criação de Gerências Executivas nas áreas de negócio que se dedicarão a implantação/ gerenciamento dos projetos, com o objetivo de buscar maior eficiência na implantação e a simplificação dos projetos, melhoria nos processos, e acompanhamento dos recursos críticos.

A Companhia avalia positivamente o desenvolvimento da cadeia de fornecedores nacionais e a entrada de empresas estrangeiras no mercado doméstico, não apenas pelas externalidades positivas geradas pela proximidade geográfica e o desenvolvimento de parcerias tecnológicas, mas também pelos benefícios gerados pela diversificação da base de fornecedores de bens e serviços. Para impulsionar esse desenvolvimento, a Companhia buscará consolidar as demandas e realizar contratações de longo prazo com requisitos de conteúdo local crescentes; implementar ações para aumentar a participação dos subfornecedores nacionais; apoiar o desenvolvimento de empresas nacionais inovadoras; agregar novos fornecedores (atualmente fora da cadeia); apoiar iniciativas de capacitação de pessoal e ampliar o apoio ao Programa Progredir, destinado a melhorar a financiabilidade da cadeia de fornecedores.

Por fim, a Companhia apresenta as principais premissas no que se referem à financiabilidade do Plano que considera dois cenários: (A) cenário base com preço do barril tipo Brent no valor de US$ 110 para 2011 e US$ 80 para os demais anos do Plano e Preço Médio de Referência dos produtos vendidos pela Petrobras ao longo do período do Plano de 158 R$/bbl; (B) cenário alternativo, para análise de sensibilidade, com preço do barril tipo Brent no valor de US$ 110 para 2011 e US$ 95 para os demais anos do Plano e Preço Médio de Referência de 177 R$/bbl. Outras variáveis que influenciam as estimativas de fluxo de caixa são: curva de produção, crescimento do mercado brasileiro, percentual de investimento realizado, custos operacionais e taxa de câmbio, que foi considerada a mesma para os dois cenários (média de R$1,73/US$). Considerando todas essas variáveis, esperamos gerar um fluxo de caixa das atividades operacionais, após o pagamento de dividendos, entre US$ 125,0 e US$148,9 bilhões no período 2011-2015, para os cenários A e B respectivamente.

A geração operacional de caixa se mantém como a principal fonte de financiamento dos investimentos da Companhia, e a ela foi adicionado pela primeira vez um programa de desinvestimentos e reestruturação de ativos no montante de US$ 13,6 bilhões. Os recursos adicionais necessários para o financiamento do Plano serão captados exclusivamente através da contratação de novas dívidas, junto às diversas fontes de financiamento que a Companhia tem acesso no Brasil e exterior, e não contempla emissão de ações.

Considerando o intervalo de geração de caixa para os cenários apresentados, a Companhia projeta uma necessidade de financiamento entre US$ 67,0 e US$ 91,4 bilhões. A necessidade de financiamento líquido, excluindo a amortização, representa uma média de captação que varia entre US$ 7,2 bilhões por ano e US$ 12 bilhões por ano. A meta de alavancagem financeira média de 25-35% está mantida, assim como o limite máximo do indicador dívida líquida/EBITDA de até 2,5x, indicando o nosso comprometimento com o grau de investimento. Segue abaixo quadro resumo com as principais premissas dos cenários utilizados.

Geração de Caixa e Investimentos
(ver link acima indicado)

Almir Guilherme Barbassa
Diretor Financeiro e de Relações com Investidores
Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras

Atenciosamente,
Relacionamento com Investidores

www.petrobras.com.br/ri
Para mais informações: PETRÓLEO BRASILEIRO S. A. – PETROBRAS
Relacionamento com Investidores I
E-mail: petroinvest@petrobras.com.br / acionistas@petrobras.com.br
Av. República do Chile, 65 - 2202 - B - 20031-912 - Rio de Janeiro, RJ I Tel.: 55 (21) 3224-1510 / 9947 I 0800-282-1540

Este documento pode conter previsões segundo o significado da Seção 27A da Lei de Valores Mobiliários de 1933, conforme alterada (Lei de Valores Mobiliários), e Seção 21E da lei de Negociação de Valores Mobiliários de 1934, conforme alterada (Lei de Negociação) que refletem apenas expectativas dos administradores da Companhia. Os termos “antecipa”, “acredita”, “espera”, “prevê”, “pretende”, “planeja”, “projeta”, “objetiva”, “deverá”, bem como outros termos similares, visam a identificar tais previsões, as quais, evidentemente, envolvem riscos ou incertezas previstos ou não pela Companhia. Portanto, os resultados futuros das operações da Companhia podem diferir das atuais expectativas, e o leitor não deve se basear exclusivamente nas informações aqui contidas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Venezuela: situacao politica - Diplomacia brasileira

Abaixo, teor de carta que a esposa de um prisioneiro político de Hugo Chávez encaminhou, via Embaixada do Brasil em Caracas, à presidente Dilma Rousseff, no final de maio último, pedindo sua intercessão em favor do esposo, opositor político do governo venezuelano atual e vítima de uma armação das mais vergonhosas contra seus direitos políticos, sociais e até humanos.
Não se conhece a resposta da recipiendária, ou se houve resposta, qualquer uma...
Os links e outras informações podem ser obtidos neste link: http://www.alejandrolibre.net/unoPAG/noticia.php?id=679

Esposa de Peña Esclusa apela a Dilma Roussef
Por AlejandroLibre, Jueves, 02 de Junio de 2011

La esposa del prisionero político venezolano envió una carta a la presidenta Roussef pidiéndole que ella interceda ante Chávez

Aprovechando la visita oficial que el presidente de Venezuela Hugo Chávez hará al Brasil el próximo lunes, Indira de Peña Esclusa, esposa del prisionero político Alejandro Peña Esclusa, envió una carta a la presidenta Dilma Roussef pidiéndole que ella interceda ante Chávez por la liberación de su marido, quien sufre de cáncer y está en prisión “sin recibir tratamiento alguno”.

En la carta, que será protocolizada hoy en la Embajada de Brasil en Venezuela, Indira informa que su marido “se encuentra detenido en los sótanos de la policía política venezolana, el Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (SEBIN), desde el 12 de julio de 2010″.

Seguidamente, intercede ante ella mencionando dos semejanzas entre Dilma y Alejandro: la enfermedad – “de la cual usted también fue víctima”; y la prisión – “usted fue una prisionera política y conoce como eso nos afecta a la familia”.

Alejandro, escribe su esposa, está encarcelado “sin siquiera comenzar el juicio en su contra”, y sufre de un cáncer de próstata. “Durante este tiempo, mi marido no ha recebido el tratamiento médico que su caso requiere, lo cual aumenta seriamente el riesgo de una metástasis”.

El texto dice que “las personalidades que se han pronunciado en su favor solicitaron al gobierno venezolano una medida cautelar de juicio en libertad para que pueda enfrentar su problema de salud y el juicio”. Y pide que Dilma le recuerde a Chávez “los deberes como Jefe de un Estado que firmó tratados internacionales sobre derecho humanitario”.

Lea la carta entera:

Caracas, 27 de mayo de 2010

Excelentísima
Sra. Dilma Roussef [sic]
Presidenta de la República Federativa del Brasil
Brasilia.-

Tengo en honor de dirigirme a usted para plantearle el caso de mi esposo, el prisionero político Alejandro Peña Esclusa, quien se encuentra detenido en los sótanos de la policía política venezolana Servicio Bolivariano de Inteligencia (SEBIN) desde hace el 12 de julio del 2010, casi un año. (1)

Acudo específicamente a usted por varios motivos: Primero, mi marido padece de cáncer, enfermedad de la cual usted también fue víctima, y hoy constituye un ejemplo de superación.

Segundo, usted fue una prisionera política, como lo es hoy mi esposo, y conoce como eso nos afecta en la familia, tengo 22 años casada con Alejandro y tenemos tres hijas menores de edad. Tercero, usted es mujer y madre, tal como lo soy yo y nosotras sabemos que por nuestra familia somos capaces de luchar hasta agotar el último aliento. Y cuarto, usted se reunirá con el presidente Hugo Chávez durante los primeros días de junio.

Anexo encontrará un breve resumen del caso de mi esposo (2), quien es considerado prisionero político por altos jerarcas de la Iglesia Católica venezolana (3), instituciones como el Parlamento Europeo, la Asamblea Parlamentaria del Consejo de Europa (4) y tantas otras organizaciones y personalidades mundiales, incluyendo diputados y senadores de toda América Latina.

Yo misma presenté su caso en Washington en una audiencia pública que llevó a cabo ante la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (CIDH), el pasado 29 de marzo (5).

La semana pasada, el diputado boliviano Adrián Oliva vino a Venezuela, en representación de 37 parlamentarios de su país, para abogar ante el gobierno venezolano por la libertad de Alejandro. Él explicaba en las entrevistas que ofreció en los medios de comunicación caraqueños que “la política y la ideología terminan donde comienza el derecho humanitario” (6).

Ciertamente, mi esposo es un opositor al gobierno venezolano, pero siempre ha enmarcado su labor dentro de los cauces pacíficos, democráticos y constitucionales (7), lo cual le ha costado vivir bajo el estigma de “enemigo” y ser víctima de calumnias inverosímiles, que luego se convirtieron en persecución judicial, como él mismo denuncio personalmente ante la CIDH el 02 de septiembre de 2009 antes de ser encarcelado.

Está detenido desde el pasado 12 de julio de 2010, sin siquiera comenzar el juicio en su contra, con una situación de salud muy preocupante, porque padece de cáncer de próstata. Durante todo este tiempo, mi marido no ha recibido el tratamiento médico que requiere, lo cual aumenta seriamente el riesgo de que se produzca una metástasis (8).

Las personalidades que se han pronunciado públicamente en favor de mi esposo han solicitado al gobierno venezolano que se le otorgue una medida cautelar, de juicio en libertad, para que Alejandro pueda enfrentar su problema de salud, y además el juicio, del cual estamos seguros saldría airoso, de no haber un interés político en condenarlo.

Quisiera pedirle que estudie este caso, analizándolo a la luz de su propia experiencia personal. Estoy convencida de que gozaré de su compresión y sensibilidad porque las mujeres como usted están llamadas a traer el amor y la solidaridad a la ruda batalla política. Porque no existe ideología política que merezca que las personas perdamos la condición humana, y en el caso de mi esposo él puede sufrir una metástasis si permanece preso y sin tratamiento médico, estamos a tiempo de evitarlo.

También quisiera pedirle que, durante sus conversaciones con el presidente Chávez, le haga referencia a este caso, y le recuerde los deberes que tiene como Jefe de un Estado que ha firmado tratados internacionales sobre derecho humanitario. Estoy segura que él a usted la escuchará como amiga y mujer de gran experiencia.

Sin más a que hacer referencia, aprovecho para enviarle un cordial saludo y desearle el mejor de los éxitos en su gestión al frente de nuestra querida República del Brasil.

Muy atentamente,

Indira Ramírez de Peña Esclusa

(1) http://fuerzasolidaria.org/?p=4130

(2) http://fuerzasolidaria.org/?p=3493

(3) http://fuerzasolidaria.org/?p=3825

(4) http://fuerzasolidaria.org/?p=3810

(5) http://fuerzasolidaria.org/?p=4160

(6) http://fuerzasolidaria.org/?p=4274

(7) http://fuerzasolidaria.org/?p=701

(8) http://fuerzasolidaria.org/?p=4195 y http://fuerzasolidaria.org/?p=4225

Brasil esnobou os EUA - Alberto Tamer

Concordo com o Alberto Tamer: em mais de 30 anos de carreira diplomática, sempre marcada, no início, por conflitos latentes e abertos entre os EUA -- geralmente por protecionismo setorial americano, por protecionismo generalizado brasileiro, pirataria e contrafação de produtos e serviços americanos no mercado brasileiro, por excesso de terceiro-mundismo em determinadas votações da ONU e em negociações comerciais -- eu nunca tinha visto os EUA nos tratarem tão bem como nos diversos governos desde a era Clinton-FHC (que representou, definitivamente, uma mudança de postura, das duas partes), e que se prolongou, contra todas as expectativas iniciais, na era Bush-Lula. Isto a despeito de todas as caneladas que este último deu na administração americana -- oposição ultra-ativa à aventura americana no Iraque, implosão na Alca, hostilidade geral em relação à política sul-americana de Washington, a começar pela animosidade em relação à Colômbia e muita amizade em relação a caudilhos populistas e outras lideranças anti-americanas, a aventura hondurenha tão bisonha, patética e contrária à Constituição e aos tratados internacionais, enfim, a despeito de tudo isso -- e das amizades estranhas cultivadas nesse período (com uns ditadores espalhados por ai, por exemplo), com tudo isso os EUA ainda nos trataram bem, quase como gente grande (o que é difícil para os EUA, convenhamos).
Nós é que esnobamos os EUA e nos esforçamos ativamente para afastá-los da América do Sul, o que de certa forma foi conseguido. Os que sairam ganhando foram os chineses, não os brasileiros, como sonhavam equivocadamente certos "planejadores" governamentais (que aliás não planejam e nunca planejaram nada de correto). No plano do comércio internacional, justamente, a tal de "nova geografia do comércio internacional" estava plenamente de acordo com os interesses chineses, menos com os interesses brasileiros. Patético...
Vivendo e aprendendo...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil esnobou os EUA. Errou
Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo, Quinta-feira, Julho 21, 2011

Um estudo que levou três anos do respeitadíssimo Council of Foreign Relations, divulgado na semana passada, afirma que os Estados Unidos deveriam dar mais atenção ao Brasil, um país que desponta no cenário mundial. Não é bem assim. É meia-verdade. Os EUA têm dado muita atenção, sim, quem rejeitou até agora foi o governo brasileiro, que praticou uma política externa de fogo de artifício, brilham por segundos e desaparecem.

O Brasil apoiou o Irã na questão nuclear, se aproximou de Hugo Chávez e relegou o mercado americano a um segundo plano.

Além disso, o ex-presidente Lula manteve no cargo por oito anos Celso Amorim, talvez o pior ministro das Relações Exteriores que o Brasil já teve. Uma das nossas colunas denunciou esse fato, afirmando que "a ideologia atrapalhava o comércio brasileiro". Tudo o que vinha dos EUA era ruim para o Brasil, só que o mercado americano é apenas o maior do mundo... Eles importam anualmente US$ 1,1 trilhão! E nós exportamos para eles, no ano passado, sabem quanto? US$ 19,4 bilhões...

Esnobamos os EUA, que importam 66% de tudo que vendemos em produtos industrializados e nos apegamos agora à China que compra só commodities agrícolas, petróleo, soja, e exporta para o Brasil 90% de industrializados.

Melhorando, mas pouco. A situação está melhorando no atual governo, mas temos muito a recuperar. No primeiro semestre, as exportações para os EUA cresceram 30%, mas são apenas 10% das vendas totais do Brasil. E isso porque importam industrializados, produtos nos quais perdemos espaço para a China nos Estados Unidos, no mundo e... aqui também. E querem saber quanto? Uma enormidade!

Vejam só isso! Os números do Bureau of Economics Accounts, (BEA) dos Estados Unidos assustam . Em 2002, os Estados Unidos importaram, de todos os países, o equivalente a US$ 693,10 bilhões. Pois em 2010, passaram para US$ 1,28 trilhão. Foi um crescimento de 84,43%. A variação até 2008 foi um pouco maior, 85,75%, e é fácil compreender essa diferença, porque 2009 e 2010 foram anos de recessão e, portanto, de importações menores.

E o Brasil nisso? As vendas brasileiras para os Estados Unidos cresceram 94,1% até 2008, ano da recessão. Quando se considera a diferença entre 2002 e 2010, a expansão é de apenas 52,92%, porque a demanda americana encolheu nos últimos dois anos. No conjunto, parece um desempenho satisfatório, mas não é porque vários outros países aumentaram as vendas em mais de 100% para o mercado americano, deixando o Brasil para trás a ver estrelas.

Eles crescem mais de 100%! Apesar de sobrecarregar o leitor com números, vamos dar as importações americanas em dois períodos, 2002-2008 - ano de crise financeira - e 2008-2010, para evitar distorções entre os dois últimos anos de recessão e os anteriores, até 2002, quando eles importaram menos:importações do Brasil até 2008 - mais 94,15% até 2008. Desse ano, até o ano passado, mais 54,9%.

E vejam agora os outros. As importações da China até 2008 aumentaram nada menos que 170,58% (!!) e 191,68% (!!!) até 2010. Nos dois casos o ano base é 2002. Com crise e tudo. Quase quatro vezes mais do que o aumento das vendas brasileiras para os EUA. Pode-se ver que mesmo na fase de recessão, as importações da China quase dobraram!

O mesmo acontece com as importações da Índia, que aumentaram 118,72% até 2008 e 150,76% até 2010. De novo, crescimento enorme apesar da recessão. Conjunto das Américas Central e do Sul: 84,16% até 2008 e 78,47% até 2010. Considerando-se o período até 2010, portanto, a região teve um desempenho geral melhor que o do Brasil.

A conclusão é triste e simples: o Brasil deixou de dar prioridade ao mercado americano, em busca do sonho dos países do Sul, e perdeu espaço para outros países, mais realistas, que ocuparam o seu lugar. O Brasil errou e só agora está percebendo disso. Uma tarefa árdua e ingrata para o novo governo que pode levar anos.

Licoes da historia sobre a crise do euro - Demetrio Magnoli

O Partido do Euro
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 21 de julho de 2011

William Jennings Bryan perdeu duas eleições presidenciais americanas, mas passou à História por um discurso pronunciado em 1896 perante a convenção do Partido Democrata. Em nome dos agricultores endividados, ele classificou o padrão ouro como uma ferramenta dos interesses de "ociosos detentores de capital ocioso". Se, na sequência do crash de 1929, os bancos centrais das potências tivessem ouvido seu alerta sobre o risco de "crucificar a humanidade numa cruz de ouro", teriam provavelmente evitado a Grande Depressão. Hoje, tanto tempo depois, Jean-Claude Trichet continua imune às lições daquela catástrofe: sob seu comando, o Banco Central Europeu (BCE) parece decidido a crucificar a Europa na cruz do euro.

"Nós não obtivemos absolutamente nada, exceto que coletamos dinheiro de um monte de pobres diabos e o espalhamos aos quatro ventos", explicou Montagu Norman, presidente do Banco da Inglaterra, num franco, porém tardio, reconhecimento da culpa dos bancos centrais que empurraram o mundo para a Depressão. O BCE faz exatamente o mesmo com seus planos de austeridade para os países endividados da periferia da zona do euro. Segundo o preceito que os orienta, os devedores pagarão o valor de face de todos os títulos emitidos. Na ausência do recurso à desvalorização da moeda, o dinheiro não emanará de uma recuperação econômica, mas exclusivamente de cortes de gastos públicos, salários e aposentadorias. O programa fundamentalista fracassará no terreno da política antes ainda de naufragar na esfera da economia.

A Grécia reproduz uma desastrosa trajetória deflacionária experimentada pela Grã-Bretanha após a restauração do padrão-ouro, em 1925, e pela Argentina presa à cruz do dólar nos anos 1990. Um ano depois do primeiro pacote de empréstimos a retração da economia amplia o estoque de uma dívida que, todos sabem, não será paga. A única saída para a Grécia é a retomada do crescimento no futuro próximo, mas a curiosa solução imposta pelo BCE consiste em aumentar a dose do tóxico remédio recessivo. Irlanda e Portugal percorrem etapas distintas da mesma estrada de destruição irracional de riquezas, que já se abre como um destino implacável à Espanha e à Itália.

Na hora da reunificação alemã, o primeiro-ministro Helmut Kohl passou por cima da independência formal do Bundesbank e decidiu que a moeda da antiga RDA seria trocada por marcos ocidentais segundo uma paridade de equivalência. A independência do BCE não ultrapassa os limites dos interesses vitais das nações europeias. Contudo, na falta de consenso entre os estadistas da Alemanha e da França, Trichet transfigurou-se numa espécie de czar da Europa. Sua versão da Santa Aliança é uma coalizão profana do BCE com os bancos alemães e franceses detentores dos títulos das dívidas europeias.

A América Latina tem algo a ensinar à Europa. Três décadas atrás, sob o impacto da crise das dívidas externas, os países latino-americanos patinaram na lama da estagnação enquanto o Plano Baker, de 1985, desviava recursos sociais para o caixa dos bancos credores. A recuperação só começou com o Plano Brady, de 1989, que criou um mercado de renegociação do valor dos títulos da dívida. Hoje, o czar Trichet rejeita por princípio a alternativa lógica de reestruturação das dívidas europeias, recusando-se a admitir que um empréstimo irresponsável deriva das irresponsabilidades combinadas do tomador e do emprestador. Sua opção por Baker, em detrimento de Brady, equivale à celebração de um fracasso conhecido.

Na periferia da zona do euro, ao contrário do que aconteceu na América Latina do passado recente, rigorosos planos de austeridade são aplicados em plena vigência das liberdades públicas, pondo em risco a estabilidade dos sistemas políticos nacionais. A derrota do partido governista nas eleições gerais portuguesas de junho reiterou uma norma verificada antes na Irlanda e na Grécia, bem como nas eleições regionais espanholas e italianas. Em Portugal, como nos demais países em crise, o partido oposicionista triunfante declarou sua adesão integral ao programa de empobrecimento firmado com a União Europeia (UE) e o FMI. O voto não tem valor, pois tudo o que importa foi decidido de antemão - eis a mensagem enviada por derrotados e vitoriosos aos cidadãos. De fato, no lugar dos partidos nacionais, emerge algo como um Partido do Euro, dirigido do exterior pelo BCE de Trichet.

O projeto do euro surgiu como resposta criativa ao dilema político posto pela reunificação alemã. A Europa não constituía uma zona monetária ideal, mas o euro devia existir para subordinar a Alemanha ao imperativo da unidade europeia. O czar Trichet parece alheio a essa história quando prescreve uma fórmula econômica que exclui do cálculo estratégico a razão política. A alemã Angela Merkel e o francês Nicolas Sarkozy, fiadores tácitos do presidente do BCE, fazem travessuras numa sala de cristais ao permitirem que o destino da UE oscile ao sabor dos dogmas anacrônicos de um banqueiro central.

Planos de austeridade radicais só combinam com a democracia em tempos de guerra. Na América Latina da crise das dívidas, eles foram montados à sombra das ditaduras militares - e seus devastadores efeitos sociais aceleraram o colapso dos regimes autoritários. Na Europa da crise do euro, a erosão da confiança nos sistemas políticos nacionais assume, ao menos provisoriamente, a forma de uma rebelião fragmentária, sem lideranças ou plataformas de ação comum, que se expressa em greves, protestos de rua e também no crescimento eleitoral de ultranacionalistas e neocomunistas.

Na hora da introdução do euro, em 1999, o historiador Niall Ferguson deu apenas uma década de vida à moeda europeia. Angela Merkel e Sarkozy parecem empenhados em fazer a mórbida profecia se cumprir. Fio a fio, eles desmancham o frágil trançado da União Europeia.

SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@TERRA.COM.BR

A patifaria elevada ao estado da arte (quem mais poderia ser?)

Certos agrupamentos políticos, fazem do roubo, da fraude, da mentira, da desonestidade uma segunda natureza, quase uma forma de vida, ou quem sabe, um preciosismo tão fundamental que a prática de crimes comuns acaba sendo considerada uma virtude, desde que seja pela causa...
Paulo Roberto de Almeida

O crime como uma categoria política
Reinaldo Azevedo, 21/07/2011

Os petistas dizem se preocupar tanto com a desigualdade social não por humanismo ou por senso de justiça, mas porque ela oferece um excelente pretexto para o estado autoritário e confere certo sentido moral às ilegalidades praticadas para a construção da hegemonia partidária. As misérias humanas — e a conseqüente necessidade de criar o novo homem — são o fundamento dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo. Ambos têm mais em comum do que gostam de admitir fascistas e comunistas.

Não existe regime de força que não tenha se instalado prometendo promover o bem comum. Aliás, as tiranias precisam esvaziar os indivíduos de todas as suas verdades e necessidades “egoístas” em nome da coletividade, que será representada por um partido ou por um condutor das massas — em certos casos, por ambos.

Todos nos fartamos do discurso de Luiz Inácio Apedeuta da Silva, que se apresentou como o “pai” do povo, saindo, como anunciava a propaganda eleitoral petista, para deixar em seu lugar a “mãe de todos os brasileiros”. Ditadores e candidatos a tiranos gostam da idéia de que são chefes de uma grande família, da qual esperam uma ativa e entusiasmada obediência. Afinal, “eles” sabem o que é melhor para “nós”, mergulhados que estamos em nosso egoísmo, comprometidos com uma visão parcial de mundo, sem entender, muitas vezes, as decisões que são tomadas para nos salvar… Quem de nós nunca discordou, afinal, a seu tempo, de uma decisão do pai ou da mãe? Impossível, no entanto, supor que agissem para nos prejudicar. Tampouco imaginávamos tomar para nós o lugar da autoridade. Pais e filhos não são — e nem devem ser — uma comunidade democrática, certo?

O PT se consolidou com a fantasia de que um partido — e, dentro desse partido, um homem, o pai — seria o porta-voz dos excluídos, que, afinal, estariam reivindicando a sua cidadania. De modo emblemático, Lula passou várias antevésperas de Natal em companhia dos catadores de papelão, tornados “cidadãos-recicladores”. Estava anunciando, diante de uma imprensa freqüentemente basbaque, que excluídos também são cidadãos, ainda que dentro de sua exclusão. Um líder e um partido, ungidos pela necessidade de “mudar o Brasil”, podem atropelar leis, moralidade, costumes, valores, tudo… Estão imbuídos de uma missão.

Apurem bem os ouvidos. Ouve-se já certo sussurro. Talvez se torne um alarido. Mas o que é isso? O que será que será que andam suspirando pelas alcovas e sussurrando em versos e trovas? O que será, que será que andam combinando no breu das tocas, que andam acendendo velas nos becos e já estão falando alto pelos botecos? O que será, que será que não tem conserto nem nunca terá? O que não tem tamanho… Cito este plágio que Chico Buarque fez de Cecília Meireles (Romanceiro da Inconfidência) para emprestar, assim, certa grandeza poético-dramática a mais uma conspiração dos petistas contra a moralidade, o dinheiro público, a decência e tudo o mais que vocês julgarem adequado a homens de bem.

Lula já fez saber ao mercado político que ele não concorda com a “execução sumária” dos patriotas do PR. E fez chegar a sua avaliação na forma de uma “preocupação”. Estaria temendo o isolamento de Dilma Rousseff. José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, afirmou ontem que vai avaliar se há motivos suficientes para a Polícia Federal abrir um inquérito para apurar as sem-vergonhices no Ministério dos Transportes. Já foram demitidas 16 pessoas da cúpula da pasta e do Dnit, mas ele está cheio de dúvidas. Tarso Genro (PT), atual governador do Rio Grande do Sul e chefe da Polícia Federal (era ministro da Justiça) quando se deu boa parte da bandalheira, saiu ontem em defesa de seu amigo Hideraldo Caron, um dos chefões do Dnit, mantido até agora no cargo. Ele é petista. Tarso deixou claro: se o homem fez algo de errado, não foi em benefício pessoal.

É a primeira vez que se ouve voz assim no PT? Claro que não! Nem é necessário remontar ao mensalão. Durante a crise que colheu Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, hoje sua sucessora, mas senadora à época (PT-PR), deixou claro que não conseguia defender o então ministro por uma razão simples: ele tinha agido apenas em defesa do próprio interesse. Ou seja: no caso do mensalão ou dos aloprados, crimes foram cometidos em benefício do… partido! Nesse caso, tudo bem…

Setores do PT estão pedindo, em suma, que tudo fique como está. Seu esforço em favor da impunidade, no entanto, teria, sim, uma raiz ética, entendem? Insistir na investigação pode prejudicar o partido, a convivência com os aliados, a agenda que o governo tem pela frente, incluindo, obviamente, os pacotes sociais destinados a combater a miséria. Tarso chegou a indagar por que essas notícias só apareceram agora… Conhecedor da arte de desestabilizar governos (como experimentou Yeda Crusius), ele conspira em favor da impunidade ao sugerir que há uma conspiração contra os patriotas do Ministério dos Transportes…

Foi-se o tempo “esse-dinheiro-não-é-meu”, de Paulo Maluf! Mesmo para ele, o errado era “errado” e, por isso, negava tudo. Não há nada a favor desse emblemático político a não ser uma coisinha: nunca tentou chamar crimes de virtudes — negando, claro!, que os tivesse cometido. Com o petismo, é diferente: o roubo e a lambança em nome da causa têm um propósito superior. Fazer sacanagem para enriquecer é reprovável; para construir o partido, bem, aí é não só aceitável como pode distinguir o militante com uma medalha de “Honra ao Mérito”.

À medida que a lei é afrontada com tal vigor e que o malfeito vira um instrumento corriqueiro da ação política, os brasileiros têm expropriada a sua cidadania. Se para eles, todo excluído é cidadão, que mal há em considerar todo cidadão um excluído?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Brasil deve perder SGP da UE: coitado do Brasil (ou sera que nao?)

O Brasil, que é mais industrializado do que vários membros da UE, quer ainda ser tratado como coitadinho em desenvolvimento...
O atraso brasileiro não é exatamente material. É mental...
Paulo R. de Almeida

Um recado europeu ao Brasil
Editorial - O Estado de S.Paulo
20 de julho de 2011

O Brasil deve perder em 2014 as preferências tarifárias concedidas pela União Europeia, avisa o negociador comercial do bloco, Karel de Gucht. Depois de ter apostado quase todas as suas fichas nas negociações globais de comércio, a Rodada Doha, a diplomacia comercial brasileira enfrenta hoje as consequências de uma série de opções erradas. Nove anos e meio depois do lançamento, a rodada está atolada num impasse e ninguém sabe se algum dia será concluída. O projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi enterrado pelo terceiro-mundismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu companheiro Néstor Kirchner. O Mercosul só concluiu tratados comerciais com economias em desenvolvimento e as conversações com a União Europeia, retomadas há pouco tempo, continuam lentas e pouco promissoras. Se nenhum resultado for obtido nos próximos dois anos e meio, o Brasil poderá ficar no pior dos mundos, sem as preferências europeias, em desvantagem no mercado americano e forçado a competir em condição de inferioridade com a China e outras potências comerciais dinâmicas.

A advertência do comissário europeu para o Comércio é um instrumento de pressão para estimular o Brasil e seus parceiros do Mercosul a se esforçarem mais pelo acordo com a União Europeia. Para isso, os sul-americanos terão de ser mais generosos nas concessões, especialmente na área industrial. Isso dependerá principalmente de brasileiros e argentinos. Estes, durante anos, foram os menos dispostos a abrir seu mercado a exportadores industriais europeus. Não mudaram muito e mantêm-se aferrados a medidas protecionistas até contra seu principal parceiro comercial, o Brasil. Mas os brasileiros também se mostram hoje pouco dispostos a oferecer concessões comerciais, por causa do câmbio valorizado e de outras desvantagens.

Nos países mais industrializados, o ambiente, agora, também não é favorável à negociação de acordos de livre comércio. O desemprego continua elevado. Nos dois lados do Atlântico Norte a ideia de maior abertura a produtores estrangeiros é altamente impopular. No caso dos Estados Unidos, há um fator agravante. Durante a campanha eleitoral, o presidente Barack Obama cortejou alguns dos sindicatos mais protecionistas do país. Até agora, evitou decepcioná-los, embora tenha pressionado o Congresso para aprovar alguns acordos assinados pelo Executivo nos últimos anos.

Na Europa, os agricultores continuam rejeitando a liberalização dos mercados. A curto prazo, a proximidade das eleições na França, previstas para maio de 2012, também dificultam as negociações.

Mas o aviso do comissário europeu é mais que um instrumento de pressão. O governo brasileiro deve, naturalmente, continuar negociando e estimulando os parceiros do Mercosul a se empenhar no jogo com os europeus. Mas tem de ser realista e levar em conta, seriamente, a hipótese de um novo impasse.

Confirmada essa hipótese, o acesso ao mercado europeu será mais difícil do que hoje, porque as vantagens do Sistema Geral de Preferências desaparecerão em 2014 e nenhum acordo comercial terá sido assinado. As preferências, no entanto, continuarão sendo concedidas a países pobres, isto é, com renda per capita baixa (a do Brasil é média). Alguns desses países pobres são fortes competidores em algumas áreas industriais, por causa de salários muito reduzidos. Terão, portanto, mais vantagens contra o Brasil.

Essa perspectiva é mais um bom motivo - entre tantos outros - para se adotar no Brasil, seriamente, a tão prometida e, até hoje, não concretizada política de competitividade. Desde o começo do ano, ministros da área econômica têm falado sobre medidas para reduzir os custos do investimento, da produção e da exportação. Mas a cada pronunciamento as inovações esboçadas se tornam mais modestas, porque o hábito da gastança dificulta a redução de tributos.

Além disso, a ineficiência do governo dificulta os investimentos na infraestrutura, outra importante desvantagem dos brasileiros. Seria bom se a advertência do comissário europeu pelo menos provocasse algum susto em Brasília.

Homenagem a Jose Guilherme Merquior - ABL

ABL inaugura exposição sobre José Guilherme Merquior
Annaclara Velasco
Jornal do Brasil, 19/07/2011

Ele começou a escrever nas páginas do JB aos 19 anos e se tornou um dos maiores pensadores do Brasil

Foi inaugurada, nesta terça-feira, na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, a exposição que homenageia o crítico, escritor, diplomata, sociólogo e filósofo José Guilherme Merquior. O acervo da vida do intelectual, que morreu prestes a completar 50 anos, em 1991, vítima de câncer, é montado por fotos pessoais, livros publicados, depoimentos de seus colegas da ABL e um vasto material cedido pelo Cpdoc do JB, como fotos e páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, onde ele publicava suas críticas. Era naquele espaço que, segundo José Mario Pereira, curador da exposição, Merquior "separava o joio do trigo".

"Suas frases eram mortais. Uma delas me marcou muito, quando ele escreveu uma crítica sobre o texto Pão e Vinho. Ele disse 'Seu pão é dormido e seu vinho não nos embriaga'. Genial, polêmico", lembra.

Em 2011, Merquior completaria 70 anos de vida, além de marcar os 20 anos de seu repentino desaparecimento. Pereira, que foi grande amigo pessoal do intelectual afirma que “a ideia é dar um retrato da vida e obra de um dos mais importantes críticos literários e de ideias já nascidos no Brasil”.

"Merquior começou a escrever nas páginas do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil na década de 60, quando fez uma verdadeira revolução nas artes e nas ideias do Brasil na época. Este trabalho deu notoriedade a ele, que começou a ser convidado para colaborar em outras revistas".

Com o passar do tempo, segundo Pereira, ele se transformou em um crítico de várias formas de racionalismo e terminou como um dos mais importantes liberais do Brasil. O carinho entre os dois amigos, que se conheceram em 1979 quando Pereira, jornalista, procurou Merquior para fazer uma matéria, transparece na montagem da exposição.

"O trabalho está lindo, claramente feito com muito amor. Ninguém melhor do que ele para organizar esta homenagem", declara a escritora Nélida Piñon. “Comecei a conviver com Merquior quando éramos muito jovens, talvez em 62. E ele sempre foi brilhante, andava muito elegante, de camisa de seda. Já parecia anunciar ao mundo que havia chegado”, lembra a escritora e amiga, que o descreve como polêmico, eloquente e corajoso.

A obra de Merquior também fascina a Marcus Vinicios Vilaça, atual presidente da ABL.

“A gente se morde de pena por ele ter ido tão cedo. Ele foi um grande pensador e sua obra está aí para explicar e mostrar toda a sua polivalência. Ele escrevia sobre literatura, filosofia, história, sempre com muita inteligência”, conta.

A viúva do escritor, Hilda, sua filha, Julia e a neta, Ana Beatriz, também prestigiaram a inauguração da exposição. Julia descreu o trabalho como “uma homenagem muito bem escolhida da vida do meu pai”. Mas brincou que toda sua obra não caberia em apenas uma exposição.

“Talvez em uma dissertação de doutorado”, brinca ela, emocionada.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Partido da Imprensa Golpista (PIG) governa no lugar da presidente...

Certas pessoas inventaram uma coisa que não existe, o tal de PIG, ou Partido da Imprensa Golpista, que teria tentado tirar um sapo barbudo da presidência apenas por denunciar, falcatruas, patifarias, roubos, corrupção, enfim toda sorte de bandalheira em seu governo.
Vejam que injustiça; a imprensa pretendendo pautar os governantes...
E não é que o PIG chegou ao poder?
Ele é quem governa, demite ministros, coloca outros em suspeição, enfim, faz aquilo que a presidente deveria fazer e não faz.
Acho que aquelas certas pessoas estavam certas quanto às pessoas do PIG: elas resolveram mandar no país. E não é que conseguiram?
Que azar não é?
Paulo Roberto de Almeida

Quais são mesmo os porcos nesta história?
José Nêumanne
Estado de S. Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011, p. A2

Até agora Dilma demitiu todos os subordinados sobre os quais imprensa lançou alguma suspeita

Antônio Palocci não era um burocrata qualquer quando a presidente Dilma Rousseff dispôs de seu emprego na alta cúpula do governo federal. Ele tinha sido o avalista do padrinho e ex-chefe dela Luiz Inácio Lula da Silva no crédito de confiança que a classe média deu à adesão do Partido dos Trabalhadores (PT) ao rigor fiscal e à estabilidade da moeda. Isso o credenciou a se tornar o todo-poderoso ministro da Fazenda do primeiro governo do patriarca. E foi com essa missão que também costurou o apoio da burguesia nacional à candidatura de Dilma à sucessão presidencial, reunindo cacife para coordenar a equipe de transição e ocupar a chefia da Casa Civil.

Tampouco o sanitarista de Ribeirão Preto era um “ficha-limpa” quando, empossada na Presidência, Dilma recorreu ao seu talento de articulador. Pois Sua Excelência já havia caído do alto, envolvido num escândalo – a frequência habitual de uma mansão suspeita – e numa violência contra a cidadania: a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A revelação pela Folha de S.Paulo da posse de um apartamento de R$ 6,6 milhões e da multiplicação por 20 do patrimônio acumulado como “consultor” enquanto ocupava uma modesta e quase anônima carreira na Câmara dos Deputados indicava uma óbvia reincidência. E pela segunda vez o condestável desabou do topo.

Na chefia da Casa Civil, para a qual nomeou Palocci, Dilma havia substituído José Dirceu, acusado de chefiar uma quadrilha em processo que tramita nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal (STF). No posto conviveu – segundo consta, às turras – com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, senhor do castelo do Partido da República (PR), da base de apoio parlamentar do governo. Em nome da “governabilidade”, ela lhe devolveu o posto e foi levada a dele afastá-lo depois de o referido ter protagonizado caso de corrupção denunciado pela revista Veja. E nas páginas desse semanário o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Luiz Pagot, mereceu idêntico tratamento. Antes de ser demitido, como chegou a ser anunciado, contudo, Pagot tirou férias, das quais se afastou para elogiar no Congresso o zelo da comandante e o comportamento de seu futuro chefe, na esperança de ter a boquinha de volta.

Voltará? É aí que está o busílis. Dilma jura que não. Mas Paulo Sérgio Passos garante que nada há que pese contra o retorno do antigo companheiro de cúpula no Ministério dos Transportes. O benefício da dúvida pode favorecer Dilma quanto à atuação de todos esses senhores ao longo do mandato de Lula, em que chefiou a Casa Civil com fama de “gerentona” dura e de trato pessoal pouco delicado. Dela, porém, não se noticiou nenhuma reação pública contra a conduta dos dois ministros, o que saiu e o que o substituiu. Se se furtou no Ministério dos Transportes, é de imaginar que ela confiasse que Alfredo não sabia e Paulo, muito menos. Se ela soubesse, como justificar que os nomeasse para o primeiro escalão do governo ao qual foi içada pela maioria dos eleitores?

A guilhotina continuou – e, ao que parece, continuará – funcionando no prédio que os aliados do PR ocupam na Esplanada dos Ministérios. Rolou a cabeça de José Henrique Sadok de Sá, que ostentava duas coroas: de diretor executivo e diretor-geral interino nas “férias” de Pagot. Sá foi denunciado por favorecimento a uma empresa da mulher pelos repórteres deste Estado. No rastro sangrento dessa execução, já foram previamente anunciadas as demissões do petista Hideraldo Caron, também do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da empresa estatal suspeita de figurar no lamaçal, a Valec - Engenharia, Construções e Engenharia S. A.

No ostensivo loteamento político realizado pelo governo federal, Palocci e Nascimento, os expoentes dos denunciados que caíram em desgraça sob Dilma, têm em comum a proteção do paraninfo dela, seu antecessor Lula. Este chegou a se deslocar, sem ser chamado, de seu retiro em São Bernardo do Campo para o Planalto Central para tentar resgatar o então chefe da Casa Civil. Em vão! O malogro no intento não o impediu, contudo, de deitar falação contra o que ele e os soldados dos blogs financiados de alguma forma pelo governo e pelo PT chamam de “Partido da Imprensa Golpista” (PIG, em inglês porco). Na troca de presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) em congresso bancado por empresas públicas, o ex disse que os grandes jornais de São Paulo nem chegam ao ABC e que a população sabe que não precisa mais de “intermediários” para ter acesso à informação.

Por causa da enxúndia de notícias disponíveis, talvez ele tenha alguma razão. O afastamento de alguns de seus amiguinhos mais chegados da cúpula federal, contudo, demonstrou que sua sucessora tem precisado – e muito – dos meios de comunicação para saber o que alguns de seus subordinados fazem “debaixo dos panos”, lembrando aquele sucesso junino de Antônio Barros e Cecéu. A exemplo das cobaias de Pavlov que salivavam ao toque de sinetas, a presidente tem demitido regularmente todos os auxiliares cujas atividades heterodoxas têm sido reveladas por órgãos de comunicação. Até agora nenhum denunciado escapou da degola. E até agora ninguém foi degolado antes de vir a ser denunciado no noticiário.

Noves fora a mágoa de Lula por estar perdendo poder no governo da protegida, o que ele omitiu na meia-verdade aplaudida por um público cuja simpatia foi patrocinada revela uma trágica e perigosa distorção da democracia brasileira atual: o Poder Executivo não dispõe de informações para sanear a máquina pública. Ou, se dispõe, não tem como, ou não quer, fazer a faxina que tais informações preceituam. Dilma age sob pressão da opinião pública, que, à falta de uma oposição de respeito, só conta mesmo é com a liberdade de informação e opinião como aliada.

Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde.

Republica Mafiosa do Brasil: os metodos de certo partido...

Ou Republica Federativa da Corrupção...
Vocês escolhem o nome mais apropriado para designar o sistema único de corrupção sistêmica, generalizada, extensiva, abrangente, industrial, organizada, desavergonhada e persistente.
Eu teria muitas outras expressões para caracterizar o que representa hoje o sistema de governança absolutamente deletéria que impera no Brasil, em que criminosos estão organizados para assaltar de forma permanente os recursos públicos através do controle que exercem sobre mecanismos do poder.
Não tenho tempo, nem estômago aliás, para explorar todos os meandros, formas e ferramentas da corrupção geral e amplamente disseminada que tomou conta do Brasil.
Só posso me horrorizar, mas não deixo de pensar sobre como isso se tornou possível.
Acho que o texto abaixo, que transcrevo do blog de conhecido jornalista, ajuda a compreender como chegamos a esse estado lamentável de corrupção mafiosa na política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Como o PT e Lula se tornaram os principais beneficiários de um dos regimes mais corruptos do mundo. Ou: É preciso cortar a cabeça da Górgona
Reinaldo Azevedo, 19/07/2011

Estão dispostos a encarar? Longo, mas, modéstia às favas, acho que bastante bom. Avaliem.
*
A corrupção no poder não é um problema exclusivamente brasileiro; aqui, no entanto, as coisas estão saindo do, vá lá, razoável. Sim, há certa razoabilidade até no mundo da bandalheira. Quem tem uma posição de mando está permanentemente ameaçado pela tentação de contemplar os próprios interesses. Resistir é uma questão de caráter. É preciso trabalhar com pessoas decentes, pois. Mas, nas democracias organizadas mundo afora, confia-se menos nos homens do que nas instituições; são estas que controlam aqueles, não o contrário. No que diz respeito à coisa pública, é preciso diminuir o espaço do arbítrio, da escolha pessoal, em benefício de um padrão que interessa à coletividade. No Brasil, estamos fazendo o contrário: a cada dia, diminui a margem de escolha dos indivíduos privados, e aumenta o arbítrio do estado. É o modo petista de governar. É claro que isso não daria em boa coisa. Convenham: nós, os ditos “conservadores” — “reacionários” para alguns —, estamos denunciando essa inversão de valores faz tempo.

A forma como o poder está organizado no Brasil facilita a ação dos larápios. Há um elemento de raiz nessa história. O regime saído da Constituição de 1988 foi desenhado para o parlamentarismo até a 24ª hora; na 25ª, pariu-se o presidencialismo, e veio à luz um regime híbrido, de modo que o chefe do Executivo fica de mãos atadas sem a maioria no Congresso, e o Congresso não existe sem a distribuição das prebendas gerenciadas pelo Executivo. Ai do presidente que perder a maioria no Parlamento! É claro que Fernando Collor, por exemplo, caiu por bons motivos, mas os motivos para a queda de Lula em 2005 eram maiores e melhores, e, no entanto, foi socorrido pelo Legislativo. O resto é história.

Isso que se convencionou chamar de “Presidencialismo de Coalizão” se mostra, já escrevi aqui, “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade Pública”. Aquele que vence a eleição presidencial precisa começar a construir, no dia seguinte à vitória, a sua base de sustentação no Congresso. Não o faz com base num programa de governo. Sabemos como isso está desmoralizado, não? No máximo, há algumas palavras de ordem. Uma das idéias-força de Dilma Rousseff, por exemplo, era o ataque às privatizações… Agora, ela faz o diabo para tentar acelerá-las no caso dos aeroportos, por exemplo.

Ao buscar o apoio no varejo, o que tem o eleito a oferecer? Como se viu, nem mesmo um programa de governo. Resta negociar com o bem público: “Ô Valdemar, rola o apoio dos seus 40 deputados em troca do Ministério dos Transportes, de porteira fechada?” Claro que rola! Pensem bem: por que um partido quer tanto uma pasta como essa? Vocação natural dos valentes para servir? Expertise adquirida ao longo de sua história, de sua militância? Não! Está de olho na verba da pasta, no seu orçamento. Passam, então, a usar uma estrutura do estado e o dinheiro público com três propósitos:
a - fazer política clientelista com os aliados — distribuindo pontes, asfalto, melhorias aqui e ali segundo critérios partidários;
b - fortalecimento do partido por meio da “caixinha” cobrada de empreiteiros e prestadores de serviços;
c - enriquecimento pessoal.

O interesse público, a essa altura, foi para o diabo faz tempo. O PR sabe que jamais exercerá a hegemonia do processo político; sua principal virtude — ou melhor: a principal virtude do partido para seus próceres — é ter porte médio; é ser importante na composição da maioria, mas sem ter a responsabilidade de governar. Isso ele deixa para os dois ou três grandes aos quais pode se associar, sempre cobrando o ministério de porteira fechada. Torna-se, assim, um ente destinado a fazer negócios, não a implementar políticas públicas.

Fragmentação partidária
A fragmentação partidária, outra herança perversa da Constituinte de 1988, também está na raiz desse mal estrutural, que predispõe o sistema brasileiro à corrupção. Os tais movimentos sociais capitaneados pelo PT e pela igreja, os egressos do exílio, mesmo os liberais que combateram a ditadura militar, toda essa gente se juntou para defender a ampla liberdade de organização partidária, estabelecendo critérios muito frouxos e pouco exigentes para a criação de legendas, que foram se tornando ainda mais relaxados por legislação específica.

“Pra que tanto partido, meu Deus?”, pergunta o meu coração. Para assaltar os cofres públicos! Ou alguém identifica no, sei lá, PR, PP e PRB diferenças ideológicas de fundo, que realmente os diferenciem? Ou ainda: o que eles têm de incompatível com o PMDB, por exemplo, e este com o PSB ou com o PDT? A experiência mundo afora tem demonstrado que dois partidos bastam para fazer uma sólida democracia, eventualmente três. Os demais ou servem à vaidade de líderes regionais — na hipótese benigna e mais rara — ou ao assalto organizado ao caixa. Esses partidos não DÃO apoio a ninguém, mas o VENDEM. Os que não conseguem expressão eleitoral para reivindicar cargos públicos fazem negócios antes mesmo da eleição: negociam seu tempo na televisão.

Dá para ser otimista quanto a esse particular? Não! Os encarregados de fazer uma reforma partidária, por exemplo, são os principais beneficiários da fragmentação partidária. Isso não vai mudar.

Como o PT degradou o que já era ruim
Não! Eu não vou igualar o governo FHC ao camelódromo petista só para que me julguem isento. Até porque deixo a “isenção” para os que não têm independência para se dizer comprometidos com certas idéias e teses. Eu, felizmente, tenho. O tucano também governou segundo esse sistema chamado “presidencialismo de coalizão”, sim; denúncias e casos de corrupção também apareceram em seu governo, mas o fato é que a sua gestão tinha um propósito que, a juízo deste escriba, tirou o Brasil do fim do mundo e o fez um ator importante na ordem global: a modernização da economia, que se expressou por intermédio das privatizações, da abertura ao capital estrangeiro, da reorganização do sistema bancário, da disciplina nas contas públicas, da estruturação da assistência social. E tudo debaixo do porrete petista, é bom lembrar. FHC governou essencialmente com o PSDB e com o PFL, os dois partidos que venceram a eleição.

Os leitores mais jovens não têm como saber, mas eu lembro: quando FHC, então pré-candidato do PSDB à Presidência, anunciou a disposição de fazer uma composição com o PFL, a imprensa “progressista” ficou arrepiada. “Como? O intelectual que veio da esquerda se junta aos conservadores? Que horror!” Seu governo, depois, e isso todos sabem, foi chamado de “neoliberal” pelos intelectuais e jornalistas pilantras do PT. Adiante.

O PT entrou na disputa de 2002 prometendo duas coisas antitéticas — o que gloriosamente apontei na revista Primeira Leitura, que fechou as portas em 2006: “mudar tudo o que está aí” (era o discurso de sempre do petismo) e “preservar tudo o que está aí” — essência da tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que Antonio Palocci e outros petistas redigiram na sede de um banco de investimentos. A síntese que fiz à época foi esta, e eu a considero, modéstia à parte, muito esperta até hoje: “O PT é a continuidade sem continuísmo, e Serra (então candidato tucano) é o continuísmo sem continuidade”. Minha síntese é boa, mas algo fica faltando.

Oferecer o quê?
O PT NÃO CONTINUOU FHC num particular: faltava-lhe um projeto de governo. Além da continuidade sem imaginação, levado pelos bons ventos da economia mundial, o que o partido tinha a oferecer? Certa resistência do ex-presidente tucano à feira livre dos cargos, aos lobbies organizados de corporações sindicais e empresariais, à demagogia do “faço-e-aconteço” — e essa era uma das virtudes republicanas de FHC — foram transformadas por Lula num grande defeito, numa evidencia do governante frio e tecnocrata. Ele, Lula, era diferente: abria as portas do Palácio a quem tivesser alguma reivindicação, ouvia todo mundo, atendia a todos os pleitos. O Apedeuta transformou o governo federal, em suma, numa espécie de pátrio dos milagres de quantos queisessem arrancar um dinheirinho dos cofres públicos em troca do apoio ao governo.

O PT JÁ TINHA SE DADO CONTA, ÀQUELA ALTURA, QUE A HEGEMONIA DO PROCESSO POLÍTICO, QUE ESTAVA EM SEU HORIZONTE DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1980, SE DARIA NÃO COM A MUDANÇA DA CULTURA POLÍTICA, MAS COM A SUA MANUTENÇÃO.

Por isso Lula disparou certa feita a máxima de que governar é fácil. Ele se dava conta de que a simbiose entre Legislativo e Executivo, de que a fragmentação partidária e de que a gigantesca máquina federal concorriam para a construção e consolidação daquela pretendida hegemonia. E não, ele não precisava nem ter nem anunciar projeto nenhum! Bastava manter nas mãos do PT o núcleo duro do poder e distribuir cargos à mancheia. Teria o Congresso, como teve, na palma das mãos. Se a aliança estratégica que FHC fizera no passado com o PFL soou a muitos uma traição, a de Lula com a escória da política foi tida como evidência de uma pensamento estratégico e sinal de amadurecimento do PT.

O PT, FINALMENTE, SE TORNAVA O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DO MODELO CONTRA O QUAL, PARA TODOS OS EFEITOS, SE CONSTRUÍRA.

Um novo sentido moral para a corrupção
Vocês já devem ter lido que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e espião oficial de Lula na gestão Dilma, tentou livrar a cara de Luiz Antonio Pagot. O Babalorixá de Banânia, embora diga o contrário, não aprova o desmanche da canalha que incrustada no Ministério dos Transportes. Ainda que Dilma seja, obviamente, beneficiária indireta do modo como Lula construiu o governo, tem lá algumas exigências incompatíveis com aquela máquina de ineficiência e corrupção em que se transformou a pasta. Para o demiurgo tornado o ogro da democracia brasileira, isso é absolutamente irrelevante.

Há muito, desde o antiqüíssimo Caso Lubeca — pesquisem a respeito —, o petismo tenta demonstrar que a corrupção praticada pelo partido e por seus aliados tem um sentido moral diferente daquela eventualmente protagonizada por seus adversários. As lambanças petistas seriam imposições da realidade e buscariam sempre o bem comum; no máximo, admite-se que o partido faz o que todos fazem; censurá-lo, pois, seria evidência de preconceito. Esse juízo chegou ao paroxismo durante o mensalão. Muito bem! O PR não inovou seus métodos nos seis meses de governo Dilma; apenas continuou a praticar o que fez nos oito anos de governo Lula. Não por acaso, Valdemar Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. E com tal evidência que renunciou para não ser cassado. Carvalho, em nome de Lula, tenta segurar Pagot porque entende que o PR é parte da construção da hegemonia partidária. Os petistas deram dignidade à escória da política brasileira.

Como se desarma isso?
Como se desarma isso? Não tenho a pretensão de ter uma resposta definitiva. E acho que não há “a” ação eficaz. A vigilância da imprensa, como provou VEJA, é certamente um elemento poderoso. Os partidos de oposição têm de ampliar sua articulação com a sociedade, que se expressa cada vez mais nas chamadas redes sociais. A cada um de nós cabe denunciar a corja de vigaristas que, sob o pretexto de “mudar o Brasil”, transforma o país no reino da impunidade.

E, definitivamente, é preciso denunciar a ação deletéria do sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso cortar a cabeça dessa Górgona barbuda sempre disposta a justificar as piores práticas políticas e a petrificar o juízo crítico. Ele se tornou hoje o símbolo do desastre moral que é a administração pública do Brasil. Não por acaso, enquanto o governo Dilma se quedava ontem entre a paralisia e a evidência da corrupção desbragada, lá estava ele ontem confraternizando com os “governistas” da Fiesp, hoje um dos aparelhos rendidos ao lulo-petismo. Comemorando o quê?

A condição de Lula de chefe de um dos regimes políticos mais corruptos do mundo. Isso, como vimos, não será denunciando pelos “comunistas” da UNE, um cartório do PC do B, sócio do poder. Também não será denunciando pelos supostos “capitalitas” da Fiesp, um cartório dos que estão de olho, ou já os têm, nos empréstimos do BNDES a juros subsidiados ou em alguma exceção fiscal.

É assim que se faz da corrupção um método e quase uma metafísica.

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E aqui o complemento lógica da República Mafiosa do Brasil:

A Górgona barbuda quer transformar a herança maldita em maldição
Reinaldo Azevedo,19/07/2011

Notem que, aos poucos, a agenda de Lula vai sendo incorporada ao noticiário como pauta obrigatória: aonde ele vai, com quem fala, o que disse, quem foi atacado, quem o elogiou, os títulos que recebe, quem ele visita, encontros em palácios com governadores, agenda com prefeitos, reuniões com o seu partido, conversinhas com representantes da base aliada, palestras…

Não passa mais dia sem que saibamos da buliçosa vida de Lula. E olhem que 2012 ainda nem começou. Será ele o grande comandante do PT na disputa pelas Prefeituras.

Está, em suma, reencarnando sem nem ter desencarnado. Acho de uma irrelevância danada saber se ele combinou ou não os movimentos com a presidente Dilma Rousseff. Isso não tem a menor importância. Como ela não vai mesmo romper com ele e com o PT — ou não governa mais —, essa é uma questão vencida.

O fato é que Lula prepara o retorno daquele que não foi. Ninguém acredita que Dilma chegue em condições ótimas para disputar a reeleição em 2014. Segundo gente que freqüenta o ambiente palaciano, nem ela própria. Assim, ele perdeu o pudor de tomar o lugar dela como principal referência da política.

A Górgona barbuda já está em campanha. Quer transformar a herança maldita numa maldição.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A frase do ano: um monumento em honra da sinceridade...

Frase do deputado Paulo Wagner, do PV potiguar, em entrevista à Rádio Difusora de Mossoró, citada pelo sempre atento colunista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br):

"Eu prometo ao povo do Rio Grande do Norte que vou me segurar para não meter a mão no dinheiro alheio".


Coletada na coluna diária do jornalista Carlos Brickmann, Quarta-Feira, 20 de julho

Tudo indica que este governo so age comandado pela imprensa...

Pois é, o Partido da Imprensa Golpista, como gostam de dizer certos energúmenos, conseguiu finalmente dar o seu golpe de mestre: mandar no governo.
Um governo inoperante, improvisado, sem capacidade de iniciativa (sequer para descobrir e punir as falcatruas que são cometidas no próprio governo), com muita gente medíocre (intelectualmente) e esperta (financeiramente) espalhada por seus muitos redutos quase indevassáveis, só acaba agindo, no último minuto, sob a pressão do Partido da Imprensa Golpista, o famigerado PIG de blogueiros subservientes (e possivelmente corruptos, também), a serviço de causas inconfessáveis (ambos os lados, se ouso dizer).
Estamos bem de governo: atuando em consonância com a imprensa, golpista ou não...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma contraria grupo de Lula, reitera saída de Pagot e pede limpeza total
Por Tânia Monteiro, Leonencio Nossa e Júlio Castro
O Estado de S.Paulo, 19 de Julho de 2011

BRASÍLIA E FLORIANÓPOLIS - A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi encarregada na segunda-feira, 18, pela presidente Dilma Rousseff de anunciar que o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, atualmente em férias, não retornará mais ao cargo.

Dilma orientou ainda o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a concluir, se possível esta semana, a "limpeza" na pasta, com o afastamento do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da Valec, e outros supostos envolvidos num esquema de corrupção que abala o governo desde o início do mês.

Logo pela manhã, a presidente deu o primeiro recado. Numa reunião no Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou introduzir na conversa a necessidade da permanência de Pagot. Dilma afirmou que, se fosse para trazê-lo de volta, teria de fazer o mesmo com os outros seis que ela havia demitido, e isso não ocorrerá. Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vocalizava, no atual governo, a defesa da permanência de Pagot.

A presidente observou ainda, na conversa com o petista, que Pagot tinha responsabilidade sobre a direção do órgão e, portanto, esse assunto é página virada.

Numa entrevista em Santa Catarina, a ministra Ideli Salvatti ratificou oficialmente a demissão de Pagot. "Tudo indica que sim, até pelas reiteradas vezes que ela (Dilma) tem se comportado dessa forma", afirmou. "Operacionalmente, com alguém de férias, você não pode tomar essa medida." Após a declaração, auxiliares diretos confirmaram que Dilma mantém a decisão de afastar o diretor do Dnit.

Mudanças. Em uma conversa, antes do almoço, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Dilma o avisou que Pagot, mesmo com as pressões e apoio dentro do governo de auxiliares muito próximos a Lula, é carta fora do baralho. Informou também que é preciso promover, o quanto antes, as mudanças necessárias em todos os órgãos da área de transportes.

Maquiavel agradece aos fieis leitores... e promete outros dois livros, este ano...

Depois do lançamento-debate de meu livro (publicado em 2010, enquanto eu estava na China), "O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado", realizado em 18 de maio em sessão animada por meus amigos Paulo Kramer (da UnB) e Murillo Aragão (da Arko Advice), eu ainda não tinha tido a oportunidade, o tempo e o lazer de agradecer pessoalmente aos muitos amigos, colegas, conhecidos ou simplesmente curiosos, que apareceram nessa simpática soirée, realizada na Casa Thomas Jefferson, em Brasilia:
Maquiavel e a política contemporânea

Pois bem, eu faço isto hoje, registrando simplesmente o nome dos muitos amigos consignados como gentis recipiendários dos livros disponíveis nessa ocasião. Pode ser, é até provável, que eu esqueça ou tenha perdido os nomes de alguns, mas gostaria de agradecer a todos, sobretudo pelas boas perguntas feitas nessa noite que homenageou sobretudo a inteligência do intelectual florentino (sendo que o mesmo não se pode exatamente dizer da política contemporânea, sobretudo em certos países que primam por chamar os eleitores de idiotas e pagadores passivos).

Juliano Cortinhas
Leandro Grôppo
Daniela Nobre
Bergue
Thiago
Isbel Santos Q. Teixeira
Einstein Lincoln Taquary
Eneida Taquary
Celso de Tarso Pereira
Gilberto Moura
Antonio Paulo e Isabel Maria
Ana Paula Andriolli
Pedro Paulo Assumpção
Luiz Paulo
Leandro Rocha de Araujo
Louize Helena
Eleanora Dutra
Miúra Silva Bettim
Luiz Eduardo Costa
Alice Vieira
William Paulino
Moira
Oscar e Elinor Lorenzo
Marcos Magalhães
Deborah Celentano
Luis Dantas
Carlos Ilha
Marcel Garcia
Gustavo
Rolemberg Estevão de Sousa
José Roberto
Carlos Eduardo Vidigal
Livia Sales

A todos eles, e a todos os demais passantes, navegantes, distraídos, incógnitos, não registrados, simples curiosos (mas que certamente se beneficiaram de uma noite de bons debates, e uma bebidinha ao final), meu muito obrigado, em toda sinceridade.

Aproveito para informar que dentro de dois ou três meses, no máximo, deverão adentrar na praça (isso existe?, apenas como figura de estilo), dois outros livros meus:

Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Lumen Juris)

Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (LTC Editora)

Sumários, capa, outras informações na seção livros do autor do meu site:
www.pralmeida.org

Com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro, caro leitor: Brasil se torna grande credor dos EUA

Brasil é o 5º maior credor da dívida dos EUA
Montante brasileiro investido em títulos norte-americanos aumentou 30,89% entre maio de 2010 e maio de 2011

Pois é, quem diria?
Que Carmen Miranda fosse capaz, um dia, de comprar Hollywood!?
Surpreso, leitor, que o Brasil seja um grande credor dos EUA?
Eu, nem um pouco.
Aliás, não tinha mesmo o que fazer com essa montanha de dólares acumulados pelo Brasil, supostamente como reserva de garantia para dias difíceis.
A única coisa aparentemente melhor eram mesmo os T-Bonds, os Treasury bonds do governo americano, que devem estar pagando mais ou menos 2,5% para os títulos de 5 anos (sem descontar a inflação).
Ou seja, se o Tesouro toma dinheiro emprestado do distinto público para comprar esses dólares tão desprezados pelo resto do mundo, e com isso paga juros internos de mais ou menos 12,5%, isso significa que o Brasil está PERDENDO, nessa operação, mais ou menos 10% de remuneração por ano, o que, por baixo, deve dar uns US$ 40 bilhões (atenção: eu disse QUARENTA BILHÕES DE DÓLARES).
É isso que custa essa política insana de pretender acumular divisas, usando para isso o seu, o meu, o nosso dinheiro.
Você acha que está certo, caro leitor?
Não acho, pois além dos US$ 40 bi de custo fiscal, tem ainda o chamado custo-oportunidade, ou seja, o que poderíamos fazer com esse dinheiro se ele simplesmente não se perdesse no ar, ou seja, se o Brasil pelo menos se endividasse para investir em escolas, estradas, hospitais, etc.
Eu sinceramente preferiria que as atuais Carmen Mirandas comprassem Hollywood. Pelo menos seria um investimento mais rentável, pois o mundo vai continuar vendo filmes, qualquer filme, de Hollywood. Não acho que o mundo vai continuar eternamente comprando T-bons. Isso é só para os trouxas, como nossos governantes...
Paulo Roberto de Almeida

The end of Civilization (as we know it...)

Será que um bando de irredentistas ludistas fundamentalistas saudosistas (nos EUA tem de tudo, inclusive alguma seita religiosa que certamente vai reagir a essa medida, dizendo que a palavra de Deus foi escrita à mão) não vai sair por aí quebrando computadores?
Grande dúvida: vamos esperar novos desenvolvimentos deste affair, que certamente vai despertar um debate tão inútil quanto enviesado nas próximas semanas, a ser superado por mais alguma medida inútil de alguma autoridade em qualquer coisa...
Paulo Roberto de Almeida

O fim do caderno de caligrafia?
Opinião e Notícia, 19/07/2011

Departamento de Educação do estado de Indiana recomenda que as escolas deixem de ensinar letra cursiva.

Vem provocando polêmica nos EUA nas últimas semanas uma recomendação do Departamento de Educação do estado de Indiana dizendo às escolas que deixem de ensinar as crianças a escreverem com letra cursiva, considerada ultrapassada, focando-se apenas na prática da letra de forma.

“As escolas devem decidir se pretendem ensinar letra cursiva, mas recomendamos que deixem de ensinar e se foquem em áreas mais importantes. Também seria desnecessário encomendar apostilas que ensinem letras cursiva”, diz um memorando do Departamento de Educação de Indiana.

Outros estados devem fazer o mesmo
O argumento é de que atualmente as crianças praticamente não precisam mais escrever com caneta ou lápis. Tendo em vista que quase toda a comunicação acontece hoje por meio de letras de forma nos celulares e computadores, seria mais importante elas aprenderem a digitar mais rapidamente.

Tornado facultativo, o ensino da letra cursiva deverá ser definitivamente banido de Indiana nos próximos anos, uma decisão que pode ser seguida por mais de 40 outros estados norte-americanos que também consideram esta forma de escrever ultrapassada.

Fonte: Veja - EUA passam a abolir ensino de letra de mão nas escolas

Surpresas politicas: Humala, o livre comercio e o neoliberalismo...

Certas pessoas, como este acadêmico queridinho dos altermundialistas, antiglobalizadores e outros alternativos, acham que pessoas de esquerda permanecem de esquerda a vida toda, mesmo quando chegam ao poder.
Creio que vão se decepcionar...


Derrota dos EUA: vitória de Humala desfaz Aliança do Pacífico
Immanuel Wallerstein
Carta Maior, 18/07/2011
Os EUA procuraram contrariar o programa do Brasil de construção de estruturas regionais como a Unasul e o Mercosul, criando a Aliança do Pacífico do México, da Colômbia, do Chile e do Peru, baseada em acordos de livre-comércio. Além disso, a Colômbia, o Peru, e o Chile promoveram um projecto de criação de uma bolsa de valores integrada. E as forças armadas do Peru ligaram-se ativamente ao Comando Sul do Exército dos EUA. Com a eleição de Humala, a contra-ofensiva geopolítica dos EUA, a Aliança do Pacífico, está desfeita.
(neste link)

Calderón y Humala impulsan relación comercial con el TLC Perú-México en ciernes
InfoLAtam Newsletter, 19/07/2011
El mandatario de México, Felipe Calderón, y el presidente electo de Perú, Ollanta Humala, se comprometieron hoy a impulsar su relación comercial en momentos en que el Senado mexicano discute la ratificación de un TLC que ambos países negociaron durante cinco años.
(neste link)

New Leftist Peru President to Keep Central Bank Chief
BY ROBERT KOZAK AND MATT MOFFETT
The Wall Street Journal, July 19. 2011
LIMA, Peru—Leftist President-elect Ollanta Humala said he would retain the government's current central bank president, who is known as a tough inflation fighter, a sign of continuity in economic policy that buoyed investors.
Keeping Brown University-educated Julio Velarde, the first appointee to be announced by the government that takes over July 28, alleviates some of the uncertainties about Mr. Humala's economic philosophy that have depressed financial markets and the broader economy for months, analysts said.
"Velarde's appointment is the first solid indication that Humala has moderated not only his discourse but potentially his ideology as well," said Luis F. Zapata, ...