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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dilma, presidente eleita: "aproximacao com o Iran foi um erro"

Bem, seria interessante conhecer agora a posição, ou os comentários, daqueles que defendiam a política de aproximação com o Irã, como um sinal de autonomia em relação aos Estados Unidos, de independência de julgamento, ou de"diálogo", seja lá o que isso queira dizer...
Paulo Roberto de Almeida

Apoio a Irã na ONU foi erro, diz Dilma

Luciana Xavier CORRESPONDENTE NOVA YORK, Lucas de Abreu Maia
O Estado de S.Paulo, 06 de dezembro de 2010

A presidente eleita Dilma Rousseff criticou, em entrevista publicada ontem no jornal The Washington Post, o comportamento do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de novembro, ao se abster de votar uma condenação às violações de direitos humanos no Irã. "Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição", afirmou Dilma, que vinha evitando fazer comentários sobre a decisão do Itamaraty.

Diplomacia. Dilma defendeu negociações de paz no Oriente Médio e sugeriu que manterá estratégia de intermediar conflitos

Na votação, a ONU aprovou uma censura ao regime iraniano por violações de direitos humanos e pediu o fim dos apedrejamentos, da perseguição a minorias e de ataques a jornalistas.
O Brasil foi um dos 57 países que se abstiveram na votação - outros 80 votaram a favor da condenação e 44 foram contrários. A aproximação do Brasil com o Irã tem sido vista com preocupação por Estados Unidos e Europa.
A censura da ONU a Teerã foi motivada pela condenação à morte por apedrejamento de Sakineh Achtiani, acusada de adultério e de envolvimento no assassinato do marido. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, Dilma havia criticado a sentença.
Na entrevista ao Post, ela voltou a condenar o apedrejamento de mulheres no Irã. "Não concordo com as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres. Não há nuances e eu não farei nenhuma concessão em relação a isso", garantiu. "Não sou a presidente do Brasil (hoje), mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir."
As declarações de Dilma foram antecipadas no site do jornal americano na sexta-feira, pouco depois da notícia de que o atual chanceler, Celso Amorim, deve mesmo deixar o comando do Itamaraty. O ministério das Relações Exteriores provavelmente será comandado por Antônio Patriota - que já foi embaixador do Brasil em Washington.
A despeito da inflexão do discurso em relação ao Irã, a presidente eleita defendeu o diálogo com o governo dos aiatolás e criticou a política externa americana para a região. "O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política de guerra: estamos falando do Afeganistão e o desastre que foi a invasão do Iraque", criticou. A presidente eleita defendeu as negociações de paz na região, sugerindo que seu governo manterá a estratégia atual de intermediar conflitos.
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A boa resposta de Dilma ao Washington Post sobre o Irã: “Meu adversário estava certo; aliás, isso sempre acontece…”
Reinaldo Azevedo | VEJA.com 06/12/2010

Como estarão se sentindo agora os petralhas, incluindo algumas cabeças coroadas da universidade? Afinal, as eleições aconteceram há pouco mais de um mês. O PT e sua então candidata, Dilma Rousseff, defenderam sem reservas a política de aproximação com o Irã, empreendida pelo megalonanico Celso Amorim, seguindo a orientação de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Washington Post como presidente eleita, Dilma afirmou discordar da decisão do governo brasileiro, que se absteve na sessão da ONU que censurou o país por violar os direitos humanos.

Se Dilma é contra o apedrejamento, certamente deve se opor ao enforcamento de opositores. Quando lhe foi dado falar a respeito durante a campanha, preferiu atacar a política americana — o que ela faz de novo, diga-se —, sem qualquer restrição ao indecoroso apoio incondicional do país a Ahmadinejad e seus terroristas. O alinhamento do Brasil com o Irã era tomado como evidência da altivez do Brasil. Os vazamentos do WikiKeaks só serviram para confirmar o desgaste a que foi submetido o país.

Durante a campanha, o tucano José Serra atacou com dureza as posições do governo brasileiro. Dilma as defendeu. A se manter o padrão de análise de Eliane Cantanhêde — segundo quem, ao criticar o Irã agora, Dilma assume uma posição mais à esquerda (!) do que o governo Lula —, o candidato “esquerdista”, então, era Serra… Menos, vejam bem, para Chico Buarque, o sambista, não era bem assim.

Para o seqüestrador de Jabutis, a política externa anterior ao governo Lula preferia falar fino com Washington e grosso com países do Terceiro Mundo. Como bom esquerdopata, ele acredita que deva ser o contrário: falar grosso com os EUA e fino com facínoras da periferia. Disse isso num encontro de “artistas & intelectuais” em apoio a Dilma. Ao lançar a sua antítese primária, a platéia zurrou de satisfação, muitos com o bolso cheio de grana por leis de “incentivo” à cultura. A coisa mais fácil do mundo é comprar certo tipo de “intelectual & artista”…

É preferível que Dilma diga o que diz agora àquilo que diz antes? É, sim! Mas isso evidencia o descompromisso dessa gente com os fatos, com a história e com a sua própria história. Dilma deveria ter começado a sua resposta assim: “Meu adversário estava certo sobre o Irã; aliás, os adversários do PT costumam estar certos, mas temos sido bem-sucedidos nos nossos truques…”

4 comentários:

Anônimo disse...

Coisa feia um(a) jornalista falar assim:

"Dilma deveria ter começado a sua resposta assim: “Meu adversário estava certo sobre o Irã; aliás, os adversários do PT costumam estar certos, mas temos sido bem-sucedidos nos nossos truques…”"

Anônimo disse...

Esse pessoal que vive "metralhando" os petralhas deveria reconhecer que os mesmos tiraram o país da situação de "submisso" aos norte-americanos. O brasileiro hoje tem orgulho de sua nação e de seus governantes, menos aqueles que ainda preferem beijar os pés de quem é mais poderoso. Um governo democrático deve ao menos ter o direito de expor sua visão do mundo, e "eles" que se dizem os donos da democracia deveriam defende-la e não exigir que todos pensem da mesma forma que os que não admitem formas diferentes de pensar. Aliás para os que acham que o povo só foi enganado pelos "petralhas" é bom lembrar que antes do Lula assumir, o salário mínimo no Brasil era de 60 dólares e hoje é mais de 300. Precisaria mais para o povão?
VIDA LONGA AOS PETRALHAS.

Luiz disse...

Os "petralhas" estão pondo o Brasil no ruma certo.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anonimo (não sei por que tem gente que precisa do anonimato para defender seus pontos de vista),
Quem criticou os petralhas, dessa vez, foi uma "petralha", pelo menos se você considera que a decisão em relação ao Irã foi defendida por petralhas e aplicada por um chanceler, contra a recomendação dos diplomatas (não sei se você sabe, mas sempre é bom dizer).
Se você ler direito os Wikileaks saberá que Lula foi o maior contemporizador das relações com os EUA, mas isso você talvez não queira admitir.
Recomendo a você, por fim, que aprenda um pouco de economia, especialmente política cambial, para saber que taxas nominais são sempre enganosas.
Não sei se você sabe, mas em 2.000 tinha um deputado petista (preciso buscar o nome) que queria fixar em lei o salário mínimo, então em 67 dólares, no montante de 100 dólares.
Isso daria direito a um salário de 170 reais hoje.
Não é fantástica a matemática e a política cambial dos petralhas?
Eles aliás reclamavam do "populismo cambial", ou seja, valorização do real. Nunca antes neste país houve maior populismo cambial do que agora.
Acho que você deveria sair do anonimato para debater como gente grande...
Paulo Roberto de Almeida