Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
2 comentários:
"AS IDADES DA MULHER
Aos dez anos Donzela é um livrinho
Intitulado o berço da natura;
Aos quinze anos é gentil cofrinho
Que só se abre forçando a fechadura.
Aos vinte é a mulher mato espinhoso
Onde entra o caçador fuzil armado;
Aos trinta é bocado mui gostoso,
Bem tenro e ao espeto preparado.
Aos quarenta é já velho bastião
Onde fez o canhão mais de uma brecha;
Aos cinquenta é um velho lampião
Onde só a pesar põe-se uma mecha".
*Barão do Penedo.
Vale!
...e para aplacar a ira de alguma "sufragista" (...antes que resolva "descer do salto"...e nos assestar o "coturno"!).
"AS IDADES DO HOMEM
O Deusinho que tanto se há glosado,
E que noite e dia está sempre a bulir,
É botão de rosa em nossa infância,
Uma flor a bom fruto produzir;
Um passarinho virgem de plumagem
Que ele espera para os vôos alargar;
Brinquinho que sacodem as crianças
Assobio em que amor há de assoprar.
Aos dez anos deixando sua concha
Este bichinho é linda borbolota,
Que se mexe, se agita, e que pulula,
É uma enguia, ou mesmo uma carpeta.
É um raminho em que circula a seiva
Para em breve do amor ser enxertado,
Êmbolo que se abaixa e se levanta,
Um fanfarrão, brejeiro rematado.
Aos vinte, todo fogo e ousadia,
É um tisão ardendo num brasido,
Uma torrente em jorro que ameaça,
Oceano que brame com rugido;
Um granhão a farejar a égua,
Um leão pronto sempre a devorar;
Um glutão, um cnibal terrivel,
Uma graça a querer tudo estripar.
Aos trinta é um ligeiro,
Um caçador mui destro e mui machucho,
Capaz de encurralar uma caçadSem estrgar pólvora nem cartucho;
Passareiro snhor das armadilhas
Que sob sais amor sói esconder,
É um Vauban que sabe pôr um cerco
E as torres e os castelos abater.
Toda essa fúria via-se aos quarenta anos
Por muito haver a mola trabalhado;
Pouco mais tarde é um corcel de raça
Que reclama bom trato, a ser poupado.
É um poste que serve de limite
Dum bom passado para um triste porvir;
É um banqueiro prestes a quebrar,
A que vem um velho crédito acudir.
Aos cinquenta é já fruto sazonado
Que o menor sobro abala e faz cair;
É um filho das margens do Garona,
Que mais promete do que pode cumprir.
É um caniço que o tufão enverga
Uma espiga que uma ave faz pender;
É a triste miragem do passado,
O sol que vai fugindo a se esconder.
Aos sessenta é um fantasma, um silfo
Que a vista pode apenas enxergar;
Dez anos mais um átomo ligeiro
Um som perdido difícil de apanhar.
Aos oitenta é o traço que voando
Deixa a carriça sumindo-se nos céus;
Aos cem anos somente alva que passa
Para no grêmio repousar de Deus".
Vale!
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