A temática central deste blog sempre foi, e pretende continuar sendo, relações internacionais e política externa do Brasil, com algumas derivações para outras políticas públicas, como, obviamente, as políticas econômicas (as corretas, mas geralmente sou levado a falar das esquizofrênicas, também, já que mais abundantes), com destaque para aquelas que possuem interface internacional (comércio, finanças, investimentos internacionais).
Muitas vezes toco em temas políticos: afinal de contas sou um cidadão pagador de impostos, compulsoriamente -- como aliás todos vocês que me leem -- e abusivamente (como todos, também, já perceberam) e não me eximo de abordar questões das políticas políticas, se ouso dizer, que dizem respeito ao que esses indivíduos que são pagos com o nosso dinheiro para gastar o nosso dinheiro fazem justamente com os recursos que arrecadam tão vorazmente para entregar muito pouco do que prometem.
Além disso, sou um cidadão indignado, como muitos de vocês, com o espetáculo dantesco de roubalheiras privadas e oficiais, de imoralidades privadas e públicas, de descalabro moral, de indecências éticas, de atentados à dignidade da função pública, vale dizer, um pouco do que fazem, deliberada e conscientemente, vários dos companheiros totalitários que se instalaram no poder e não pretendem largar o osso (se sobrar algum ao final do verdadeiro programa de assalto aos recursos públicos que eles conduzem com tamanha desfaçatez e cara de pau).
Pois bem, ao tocar nesses temas todos, me eximo, porém, de tocar em política partidária, no sentido eleitoral da palavra. Não dou consignas, não recomendo ninguém, não peço votos e não assino manifestos. Em uma palavra, não faço campanha, sobretudo porque não me sinto ligado e nunca serei afiliando a qualquer partido que seja, mesmo algum que, por acaso (mas isso vai ser muito difícil), expressar minhas posições com algum grau de acuidade, pertinência e correlação.
Mas não hesito, tampouco, a combater os maus, os bandidos, os ladravazes, os falsos, os hipócritas, os mentirosos, os sem caráter, que ousam se apresentar ao público com um discurso absolutamente mistificador.
É apenas neste sentido que me permito transcrever abaixo a "carta aberta" de uma eleitora -- não importa aqui quem -- que vota em SP, minha cidade de origem, e à qual retorno cada vez que me convidam para algum seminário acadêmico ou atividade intelectual.
Apenas uma missão esclarecedora, e de educação cidadã, digamos assim.
Paulo Roberto de Almeida
Carta Aberta de uma Eleitora Paulistana:
Em época de comunidades virtuais, mídia social, deparamo-nos com algo nostálgico: carta aberta. Parece que “carta aberta” virou moda. Em sendo assim, redijo minha “carta aberta ao eleitor paulistano”.
Não vou pedir que vote no José Serra, ou tentar convencê-lo disto. Mas pedirei que não dê seu voto ao PT, na pessoa de seu candidato Fernando Haddad. E tentarei justificar esse pedido.
De repente, a cidade de São Paulo se transformou em um troféu disputadíssimo, em uma questão de honra, em um ponto de convergência, chegando ao cúmulo de abrigar, no dia 10 de outubro, toda a cúpula do partido dos trabalhadores, incluindo a presença da senhora presidente Dilma Rousseff, que inadvertidamente apresentava tempo ocioso em sua agenda (fato difícil de se crer em um País tão grande e tão repleto de problemas e trabalhos a decidir ou resolver, mais urgentes do que a eleição em uma de suas tantas cidades ou municípios). Enfim... Aproveitaram a reunião para tratar, também, do apoio moral aos recém condenados no julgamento do mensalão.
Ex-presidente Lula, Mercadante, Suplicy... sem falar de Dirceu, Genoíno, Marta (que ainda se utiliza do nome Suplicy e ganhou até um Ministério... quem diria... da Cultura). Todos reunidos para um objetivo único: não abrir mão da gorda fatia tributária que nossa cidade representa no cômputo geral da República. Não estavam reunidos para discutir os problemas da cidade, tudo o que nós cidadãos contribuintes merecemos e não temos, e sim para definir estratégias, provavelmente não tão transparentes como tudo o que têm sido feito nos últimos anos, para não deixar esse “peixe gordo” escapar.
É para ver o seu rico dinheirinho dos impostos que paga escorrer para um triângulo nas Bermudas que você trabalha e corre como um louco? Porque acompanhando os noticiários você sabe muito bem que não podemos confiar um só fio de cabelo na retidão do setor financeiro das últimas gestões.
Será que olham para São Paulo e, em vez de pessoinhas, enxergam cifrões?
Pense bem!
José Dirceu, o incompreendido ex-chefe da casa civil, afirmou categoricamente que “nossa prioridade, agora, é ganhar o segundo turno, principalmente em São Paulo, contra o PSDB. O mensalão será uma batalha para muitos anos”.
José Genoíno, o injustiçado ex-presidente do partido, leu sua “carta aberta”, muito melhor elaborada do que a minha. E propôs que o PT convocasse militantes e movimentos sindicais contra a “injustiça monumental” cometida pelo Supremo.
Ah! E na leitura da “carta aberta” escrita, talvez, pela filha de Genoíno, Miruna, Eduardo Suplicy foi às lágrimas. Contundente.
Sabem o porquê do meu tom sarcástico? Porque conheci boa parte desse povo há muitos anos, quando não eram mais do que pessoinhas como eu.
Eu fui metalúrgica na época e no nascedouro do PT: São Bernardo do Campo.
Eu frequentava, aos sábados à tarde, as reuniões de um diretório do PT que havia na Av. Vieira de Moraes (Campo Belo – SP), em uma sobreloja, regadas a café de garrafa térmica e copinhos descartáveis. Foi lá que conheci Mercadante e Genoíno. Será que eles se lembram desse fato tão remoto e distante? Será que Miruna já era nascida? Disse na emocionante “carta aberta” que desde os 8 anos ouvia seu pai afirmar que estava “empenhado em defender aquilo que acreditava”. Bonito texto.
E ele acreditava em que? Que existem caminhos mais fáceis do que o trabalho, a honestidade, a decência que nos levem ao poder? Que nunca apontariam o dedo em sua cara afirmando falsidade ideológica? E ainda se passa por traído pelas elites esmagadoras que participam de um complô contra seu partido?
E Lula conheci nos portões da fábrica, sobre um caminhão, com megafone e camiseta.
Suplicy, o elitista, fui reencontrá-lo em uma palestra na faculdade, muitos anos após.
Então, meus queridos políticos petistas, eu os conheço “desde outros carnavais” e “muita água rolou por debaixo dessa ponte”. A seus favores, obviamente.
Se você, eleitor, der seu voto ao PT no dia 28, tornar-se-á responsável pela continuidade desse encardido processo. Se conseguimos implantar o Ficha Limpa, por que jogar tudo para o alto e colocar aqui em nossa cidade um partido enraizado na corrupção? Por que colocar aqui em São Paulo um candidato totalmente desconhecido, manipulado feito marionete por um partido que até pouco tempo atrás não nos dava a mínima atenção? Por que deixar o PT entrar pela porta da frente em nossa capital paulista, se está sendo expulso aos pontapés pela porta dos fundos do Supremo Tribunal Federal, nas pessoas de seus juízes, designados pelo próprio Lula e pela presidente Dilma, condenados por corrupção ativa? Ou você não sabia que a maioria dos julgadores foi indicada por eles, talvez pensando em uma possível absolvição quando em um possível remoto julgamento do mensalão que parecia tão distante? “A consciência moral da Nação está viva e desperta.”
É isso aí. Nem eles conseguiram “engolir” as laudas do processo. E você vai engolir?
O Lula deveria acatar o aconselhamento médico e cuidar melhor de sua saúde, recém recuperada, em vez de ficar fazendo discursos em palanques, ou visitas aos países vizinhos (como a feita a Argentina nestes dias), falando baboseiras absurdas, como “vem dizendo, insultuosamente, que a condenação de seus companheiros foi uma hipocrisia”. Deveria cuidar mais de sua própria vida e deixar que cuidemos da nossa. Deveria dar graças a Deus por ter sido “esquecido” nesse julgamento.
Como disse o editorial do jornal O Estado de São Paulo no dia 11 de outubro, “pela primeira vez na história deste país a Justiça processou, julgou e puniu dezenas de réus de um esquema ambicioso de corrupção política engrendrado nas entranhas do governo federal. E o fez deixando claro que, em estrita obediência ao devido processo legal, o Judiciário tem condições técnicas, institucionais e morais para reconstituir, passo a passo, um escândalo de tamanhas proporções e identificar os seus autores.(...) Inescrupulosos ou honestos, decerto já se deram conta de que o breve do Supremo contra a corrupção vem do bojo da repulsa da opinião pública – uma coisa realimentando a outra – à imundície das estrebarias do poder.”
Tenho lido, diariamente, jornais e revistas sobre esse julgamento. Tenho ouvido, no rádio e na televisão, os noticiários sobre esse julgamento. Mas um dos textos que me “pegou” é o de Clóvis Rossi, “Não era golpe, eram fatos”, publicado na Folha de São Paulo também no dia 11 de outubro. Lá ele diz, entre outras verdades, que a “mídia internacional deixa claro que a teoria da conspiração foi uma safada invenção do lulo-petismo”.
Então, pense bem antes de apertar o botão “confirma”.
Principalmente porque eu poderei ser penalizada por sua insensata atitude, mesmo fazendo todo este discurso.
Lxxxx Pxxxx
Iniciada em 11 e terminada em 18.10.12
Que esta Carta Aberta não fique só para os eleitores de SP!
ResponderExcluirIsso serve pra o país inteiro!
Abraço
Vale tanto para o introito do proprietário do blog quanto à autora da carta aberta. Se é que não leram, sugiro a leitura de " A rebelião das massas" do excelente Ortega y Gasset. Verdadeiramente um profeta ao perceber a invasão inevitável dos bárbaros ao poder. Lula e a comunidade comunistóide que o cerca reflete a realidade prevista pelo filósofo e jornalista. É a vitória do vulgar, do populacho, da ignorância com ares de sabedoria. Se vivemos no vale de lágrimas, então preparemo-nos para a abundância em que dela verterá. São os tempos, aquelas passagens históricas percebidas como ondas em que ora o ser humano mostra grandeza, ora se aprofunda na miséria. Contudo, pior que isso é a guerra que permite ao homem mostrar o quanto ainda é animal, mas animal equivocado pelo intelecto e pela emoção. Dois presentes que a natureza lhe facultou e que ele demonstra ter uma enorme dificuldade em manifestá-las positivamente.
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