segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"A Petrobras e' deles" (inclusive as perdas milionarias)

Eu não tenho ações da Petrobras, mas se tivesse estaria rogando praga contra os responsáveis por essas perdas, em todos os níveis, do sindicalista sectário ao mais alto nível...
 Paulo Roberto de Almeida

As perdas da Petrobrás

26 de novembro de 2012 
Editorial O Estado de S.Paulo
Só neste ano, a queda de produção de petróleo da Bacia de Campos já impôs à Petrobrás perda de receitas que podem chegar a R$ 7 bilhões. É o preço que a empresa e seus acionistas pagam porque, nos últimos anos, a manutenção das plataformas não foi feita de maneira adequada, o que exige, hoje, paradas mais longas do que as previstas dessas unidades. Isso, obviamente, afeta sua produção. São as consequências de um modelo de gestão da estatal que, desde a chegada do PT ao poder, atendeu aos interesses políticos do governo, deixando de lado decisões estratégicas essenciais e até mesmo o planejamento adequado de suas atividades no médio prazo.
Responsável por 80% do petróleo extraído pela Petrobrás, a Bacia de Campos chegou ao seu pior nível de produção em cinco anos, como mostrou o Estado (20/11). Em setembro, a produção média diária foi de 1,471 milhão de barris de óleo e LGN (liquefeito de gás natural, medido por barris equivalentes de petróleo), melhor apenas do que o resultado registrado em novembro de 2007. A explicação da empresa para a queda da produção de Campos foi a paralisação não prevista de duas plataformas para reparos - além das paradas previstas de outras.
A queda de produção dos poços da Bacia de Campos, muito mais rápida do que a programada, levou a empresa a anunciar, há quatro meses, um programa de aumento de eficiência dessas unidades, denominado Proef, que foi incluído no Plano de Negócios 2012-2016. Além de conter a decadência dos poços mais antigos, a Petrobrás quer evitar que o declínio precoce se estenda para novas áreas.
Este é apenas um dos problemas que a atual administração da empresa vem tentando resolver. Atrasos na entrega de equipamentos, que tornam cada vez mais remota a possibilidade de cumprimento das metas de produção para os próximos anos, são outro resultado do uso político da Petrobrás pelo governo do PT nos últimos anos.
Em outra reportagem, o Estado (18/11) mostrou que a Petrobrás corre contra o tempo - e está seriamente ameaçada de perder a corrida - para garantir os equipamentos indispensáveis ao cumprimento de seu plano de multiplicar por dez (dos atuais 205 mil barris/dia para 2,1 milhões de barris/dia) a produção da área do pré-sal até 2020. Para alcançar essa meta, que representaria mais do que a duplicação da produção atual da empresa, a Petrobrás terá de contar com mais 50 sondas e 49 navios.
A contratação da construção desses equipamentos será de responsabilidade de duas empresas gestoras escolhidas pela Petrobrás. Mas apenas uma delas foi contratada formalmente, com grande atraso, o que resultará também no atraso de todas as demais etapas. Pelo cronograma de produção da Petrobrás, a primeira sonda deveria ser entregue em junho de 2015, ou seja, daqui a 32 meses (observe-se que a construção de uma sonda demora 48 meses). As sondas contratadas no exterior estão todas atrasadas, como admitiu a presidente da Petrobrás, Graça Foster, em palestra que fez há três semanas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Das 33 encomendadas no Brasil, só agora a primeira começou a ser construída no Rio de Janeiro.
Também a área de refino da empresa enfrenta sérios problemas decorrentes de erros estratégicos em razão de imposições políticas do governo do PT. A construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em parceria com a venezuelana PDVSA controlada pelo governo de Hugo Chávez, foi imposta pelo ex-presidente Lula. Até agora, o parceiro venezuelano não pôs nenhum tostão na obra, que está custando várias vezes mais do que o valor orçado e está muito atrasada.
Sem capacidade para atender à demanda interna crescente de combustíveis, a Petrobrás importa esses produtos a preços internacionais e os coloca no mercado doméstico a preços controlados pelo governo. De um lado, acumula mais perdas, que afetam os seus resultados; de outro, pressiona a balança comercial brasileira, que, na semana passada, registrou o maior déficit semanal dos últimos 15 anos, em razão, sobretudo, do grande aumento de importações de combustíveis e lubrificantes.

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