Como se diz na linguagem dos vendedores de ocasião: você compraria um carro usado do governo?
Eu não, nunca: que mente, engana, frauda contas, anuncia uma coisa e depois faz outra, mantém metas irrealistas e, sobretudo não cumpre o que prometeu, não merece crédito nenhum, nem no mercado de carros usados, nem em qualquer outro mercado.
Talvez só no mercado de mágicas de araque, no qual o espertinho tira coisas da cartola, mas naquele estilo manjado de circo mambembe de interior.
Aliás, esta é a cara do governo: um troupe de comediantes amadores, um verdadeiro exército de Brancaglione de mágicos de quinta categoria, fingindo que praticam economia, só conseguem enganar aqueles que partilham das mesmas crenças no keynesianismo de botequim que eles praticam.
Paulo Roberto de Almeida
Meta de dez anos para o PIB terá baixa credibilidade
Editorial Econômico, O Estado de S.Paulo, 07 de novembro de 2012
A escolha de uma meta de longo prazo foi certamente a saída diante dos erros constantes das previsões do ministro da Fazenda sobre o PIB trimestral. A dúvida é se uma meta para cinco ou dez anos para o PIB terá maior credibilidade e levará as empresas a investirem proporcionalmente à previsão.
A pretensão revelada pelo ministro do MDIC peca de início quanto a quem cabe, essencialmente, fazer investimentos. A maior responsabilidade nisso é do governo, para melhorar a infraestrutura no País. O setor privado reagirá, pois, em função dos programas do governo, que podem ser realizados em colaboração com o setor privado, seja sob a forma de concessões ou de Parceria Público-Privada. A adoção dessas fórmulas dá maior segurança à administração de grandes projetos.
É preciso entender como o setor privado responde aos investimentos realizados pelo governo. Esses investimentos exigem, de modo geral, um prazo longo durante o qual são pagos salários e se adquirem materiais e equipamentos, antes que a obra contribua diretamente para o aumento do PIB. Mas é a partir do aumento da renda, que eleva imediatamente a demanda, que o setor privado reage e faz investimentos de curto prazo para atender a essa demanda.
Não se deve, porém, minimizar as dificuldades que o governo encontrará para fixar uma meta para cinco ou dez anos para o PIB, e que seja aceita com credibilidade pelo setor privado. Em primeiro lugar, as empresas estão habituadas ao desrespeito, pelo governo, das metas, tanto da inflação quanto das contas fiscais. Reconquistar a confiança não é trabalho fácil. Mas é ainda mais delicado fixar uma meta como essa no clima ruim que o mundo globalizado atravessa hoje. O governo tem abusado ao atribuir dificuldade a essa situação, mas reconheçamos que ela tem alguma influência sobre a evolução de nossa economia. Hoje, nosso comércio internacional se encontra muito dependente dos preços das commodities, que dependem de variações do clima.
Finalmente, até agora o governo exibiu muita incapacidade na administração de grandes projetos, assim como não conseguiu eliminar os obstáculos burocráticos que elevam os custos de investimentos públicos e privados.
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