Perspectivas eleitorais do
voto de Direita (Conservador) no Brasil
Cesar Maia, 22/10/2013
1. Semana passada o
Datafolha/Folha de SP divulgou uma pesquisa procurando situar o eleitor
brasileiro no campo ideológico em função de respostas a perguntas que
indicariam essa opção. Alguns anos atrás, em pesquisa, Nouvel
Observateur/IPSOS, se usou esse método para localizar ideologicamente o eleitor
francês. O GPP reproduziu essa pesquisa nacionalmente aqui, quando se pôde
situar uma maioria à direita, mas não em qualquer lugar de seu espectro.
2. Em grandes rasgos,
podem-se identificar dois grandes ramos da direita: o Conservador e o Liberal.
O que as eleições dos últimos 20 anos na América Latina mostram é que o
discurso Liberal é perdedor e o discurso Conservador é vencedor ou competitivo.
Desde a crise financeira de 2008 que na Europa essa tem sido a regra.
3. Mesmo antes, a campeã do
liberalismo, Margareth Thatcher venceu as 3 eleições para chefe de governo com
uma mínima maioria, isso num momento em que o Labor (socialdemocracia) estava
fortemente fragilizado.
4. Menem e FHC venceram suas
primeiras eleições com compromissos socialdemocratas, foram reeleitos sob o
prisma da insegurança e do caos no caso da vitória de seus adversários e
governaram com programas liberais. Mas viveram o desgaste da “acusação” pela oposição
de serem liberais. O segundo turno em 2006 mostrou isso. E o segundo turno em
2010, de forma mais acentuada ainda, pela questão dos valores cristãos.
5. No Brasil, o discurso
Conservador reforça o papel do Estado e questiona o Mercado como “Deus Ex
Machina”. Nesse sentido, é percebido pelo eleitor como um discurso semelhante à
esquerda. Diferencia-se em relação aos Valores Cristãos ou da Família, tanto da
esquerda quanto da direita liberal. Afirma o império da lei e da Autoridade,
sem tergiversações quanto à propriedade e a necessidades fluídas de mudanças
constitucionais. Aliás, autoridade algo demandado hoje no Brasil.
6. Nesse sentido, faz o
discurso da estabilidade institucional e sócio-familiar. Afirma os valores da
identidade nacional. Sua política externa é independente e não atrelada nem às
grandes potências nem ao terceiro-mundismo. As funções precípuas do Estado
–Educação, Saúde, Segurança Interna e Externa, Fiscalização, Justiça- são
sublinhadas na sua comunicação. As relações com o Poder Legislativo são
institucionais, afirmando a independência dos poderes, sem barganhas.
7. O discurso Conservador,
numa campanha eleitoral, faz com que a percepção do eleitor aproxime a
percepção que tem da esquerda da que tem dos liberais, cruzando os desgastes
recíprocos. O discurso conservador é Popular, dá identidade e mobiliza.
8. Na medida em que a direita
brasileira, desde a eleição de 1989, se encantou com a modernidade liberal,
nunca mais foi opção de poder. 2014 está aberto –mais uma vez- a esta opção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.