O chefe da mafia se movimenta mais uma vez, fazendo o que ele sempre soube fazer: mentir e difamar.
Paulo Roberto de Almeida
Dilma cai, Marina estaciona e Aécio sobe, aponta pesquisa Ibope
Daniel Bramati
O Estado de S. Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2014
• Presidente chegou a 36% das intenções de voto e continua 6 pontos a frente de Marina; tucano tem 19%
O tucano Aécio Neves subiu quatro pontos porcentuais na mais recente pesquisa Ibope, de 15% para 19%, enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) caiu de 39% para 36%. Marina Silva (PSB) oscilou de 31% para 30% e viu sua vantagem em relação ao terceiro colocado diminuir de 16 para 11 pontos. Na projeção de segundo turno, persiste o empate técnico entre Marina (43%) e Dilma (40%). Na pesquisa anterior, feita uma semana antes, o placar era de 42% a 41%, respectivamente.
Aécio melhorou suas taxas de intenção de voto em todas as regiões, com exceção do Nordeste. No Sul, ele chegou a 23% e ficou em situação de empate técnico com Marina, que tem 26%.
Dilma só lidera de forma isolada no Nordeste (48%) e no Sul (34%). Nas demais regiões, aparece empatada tecnicamente com Marina. No Sudeste, onde se concentram cerca de 44% dos eleitores, a candidata do PSB tem 31% e a do PT, 30%.
O desempenho da atual presidente piora à medida que cresce a população dos municípios onde a pesquisa foi feita. Nas cidades com até 50 mil habitantes, Dilma tem 42% das intenções de voto. Nas com mais de 500 mil moradores, a taxa cai para 32%.
Dilma colhe resultados melhores no eleitorado mais pobre. No segmento com renda de até um salário mínimo, a petista fica com 46% das preferências, mais do que os adversários somados.
A presidente lidera em rejeição: 32% afirmam que não votariam nela de jeito nenhum. Nesse quesito, Aécio tem 19% e Marina, 14%.
Não houve variação nos índices de avaliação do governo federal. Para 37%, a gestão é boa ou ótima e para 28%, ruim ou péssima. Outros 33% veem a administração de Dilma como regular.
O Ibope ouviu 3.010 pessoas entre os dias 13 e 15 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-00657/2014.
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O atirador da presidente
Editorial O Estado de S. Paulo, 17/09/2014
Causando estragos a torto e a direito na campanha presidencial, a entrada em cena de Marina Silva como candidata do PSB e a sua imediata disparada nas pesquisas de intenção de voto reduziram as chances do tucano Aécio Neves de ser o contendor da presidente Dilma Rousseff no segundo turno e fizeram descarrilar a estratégia petista de campanha. Tendo se preparado, antes da tragédia que matou o pernambucano Eduardo Campos, para soltar os cachorros em cima do senador mineiro - tornando a enveredar pelo caminho seguido pelo partido em 2006 contra Geraldo Alckmin e em 2010 contra José Serra -, o comando da operação Dilma+4 trabalhava, não obstante, com a hipótese realista de que, na segunda volta, ele aglutinaria com força total o sentimento de rejeição à herdeira de Lula, agravado pela convicção de que, ao cabo de 12 anos, o PT no poder já deu o que tinha para dar.
Com o quadro eleitoral de ponta-cabeça, os condutores da campanha dilmista parecem ter chegado à conclusão de que só lhes restava uma alternativa para enfrentar a reviravolta - transformar desde logo a disputa em um segundo turno. A nova tática solaparia os ganhos obtidos por Marina, a ponto de fazê-la perder a parada de 5 de outubro, com o que ela começaria debilitada o embate para o verdadeiro tira-teima de três semanas adiante, depois de lhe terem servido o pão que o diabo amassou. Na prática, a mudança significaria duas coisas - ou duas faces de uma coisa só: antecipar tanto o início da "campanha negativa", a temporada de agressões à rival, como a subida aos palanques, dia sim, o outro também, do ex-presidente patrono de Dilma. Com a esperteza adicional de que ele e não mais a sua afilhada é quem apertaria o gatilho para "desconstruir" a imagem de Marina.
Uma segunda novidade reforçaria o plano de não deixar para amanhã as baixarias que podem ser cometidas hoje. Trata-se das revelações atribuídas ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, nos depoimentos que tinha se oferecido a dar ao Ministério Público e à Polícia Federal (PF) para ver reduzidas ou anuladas as penas a que está sujeito pelos crimes cometidos na estatal, em conexão com o tráfico de divisas do cambista seu parceiro Alberto Youssef. A sociedade foi desbaratada pela Operação Lava Jato, da PF. Na sequência de suas "delações premiadas", Costa teria citado mais de 30 beneficiários do esquema, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, o do Senado, Renan Calheiros, e pencas de outros políticos também alinhados com Dilma. Ela sentiu o golpe e perdeu o prumo. Tentando abrigar-se da tormenta, alegou, em um assomo de cinismo, que "não tinha a menor ideia de que isso ocorria dentro da empresa".
Mais uma missão para Lula. Secar o escândalo torrencial, fazendo um cavalo de batalha com o fato de o programa de Marina citar somente uma vez o pré-sal, enquanto valoriza outras fontes de energia. (Nas imagens da propaganda dilmista, a posição da adversária literalmente tira a comida da mesa dos brasileiros.) E eis que anteontem o ex-presidente, enfiado em um macacão laranja da Petrobrás, comandou um ato de campanha travestido de manifestação sindicalista de solidariedade à empresa, diante da sua sede no centro do Rio. O palanqueiro se desdobrou. Ora equiparou as denúncias de corrupção na estatal a um "erro qualquer", ora disse que a CPI da Petrobrás serve para "achacar empresários", ora ainda se pôs a dar lições a Marina. Ela deveria proibir os seus economistas de falar, porque "um fala mais bobagem que o outro", e deveria saber que "se tem cargo que você não pode terceirizar é o de presidente da República".
A tarefa de fazer terrorismo eleitoral ele terceirizou para um veterano da violência, o líder do MST, João Pedro Stédile, de quem Dilma mantém prudente distância. O ferrabrás ameaçou infernizar um eventual governo da ex-ministra que amalgamava a causa ecológica com a dos sem-terra. "A dona Marina que invente de colocar a mão na Petrobrás", trovejou, "que voltaremos aqui todos os dias." Resta ver se a ideia de pôr Lula a bater já agora na candidata não se voltará contra Dilma quando ela mais precisará de eleitores.
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