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terça-feira, 21 de abril de 2015

Miseria da Diplomacia? Certamente! Stricto et lato sensi. - Fabio Pereira Ribeiro (Exame)

Fabio Pereira Ribeiro (Exame)

Brasil no mundo


Telegrama 71, Diplomacia, Inteligência e Tiradentes



No final da Segunda Grande Guerra Mundial, já prevendo o fim, Adolf Hitler enviou para toda sua rede, além do povo alemão, o “Telegrama 71”, que consistia literalmente na eliminação dos alemães. Na visão utópica e louca de Hitler, “somente o povo vitorioso merece viver, ora, se determinado povo não é vitorioso, logo deve deixar de existir, por não merecer persistir na existência”.

Eu sempre me amedronto com a história, e que seja sempre assim, pois com o erros que a história universal registra, muitos outros pecados universais podem ser neutralizados. A lógica de Hitler é um exercício para demonstrar o quanto o Estado que manipula sua diplomacia e sua inteligência podem destruir um país, ou melhor, toda uma Nação. A sorte estava no fato de que o povo alemão já não levava Hitler mais a sério, a grande questão era sobreviver, principalmente pelo que vinha pela frente.

É óbvio que a lógica do Telegrama 71 é remota para um Estado-Nação nos dias de hoje, por mais que o Estado Islâmico cresce e aparece. Mas pela própria lógica do Telegrama 71, assistimos o quanto um Estado manipula por ideologias baratas todo o desenvolvimento internacional e de segurança de uma Nação.

Ontem, 20 de abril, comemorou-se o dia do Diplomata. Profissão tão honrosa para o Brasil, que durante muitos anos ajudou a construir de forma pró ativa a imagem do país no exterior. Graças à diplomacia brasileira, o Brasil se colocou de forma efetiva nos grandes debates internacionais, além de firmar posições sérias e respeitas, diferente do que vem acontecendo nos últimos anos, principalmente por alinhamentos errôneos e das ingerências partidárias para a construção de uma política externa do “Não”. Do “não” tem política alguma, ou do “não” do tudo contra, principalmente pela utopia do antiamericanismo.

O Brasil sofre com o descaso diplomático, e mais ainda pela ingerência do super oculto Chanceler, aquele que em suas vontades em um jogo War, pensa que está constituindo valores para o futuro internacional do Brasil. Diplomatas honrados e focados com o dever pelo Brasil, e não pelo partido ou pelo poder, nos atos de bravuras diplomáticas são punidos, vergonhosa situação que faz com que alma do Barão do Rio Branco fique atordoada em um céu reluzente.

A Nação brasileira perde com o descaso de sua diplomacia. Pagamos uma conta muito alta para ter um processo diplomático enferrujado e mofado, onde alinhamentos ultrapassados, diálogos com terroristas, apoio à ditadores e caudilhos latino americanos, calotes com organismos internacionais, além de atrasos orçamentários para o custeio de nossas embaixadas e consulados, constituem o verdadeiro retrato da diplomacia brasileira, o retrato do que não sabemos mais para o que serve a diplomacia. Vergonhoso para todos os profissionais da diplomacia que são obrigados a ficarem em silêncio para não sofrer da “geladeira punitiva do Planalto”.

Hoje me pergunto se o Brasil tem realmente uma “estratégia de diplomacia”? Tão pouco temos estratégias de inteligência, de contraespionagem e de Defesa. Tudo é muito partidarizado. Tudo é muito utópico e conduzido por pessoas pouco aderentes às agendas, por mais que as mesmas tenham profissionais do mais alto gabarito intelectual e profissional, mas ficam a mercê das ideologias partidárias.

O diplomata de carreira e ex-professor do Instituto Rio Branco de formação dos diplomatas brasileiros, Paulo Roberto de Almeida, escreveu um dos melhores livros que já explicou de forma direta e sem frescura a diplomacia brasileira. O seu livro, “Nunca Antes na Diplomacia… – a política externa brasileira em tempos não convencionais”, apresenta o real cenário diplomático, e até mesmo preocupante sobre o quanto o Brasil já perdeu com o sistema internacional.

NuncaAntesDiplomaciaCapaFrente

Recheado de análises estratégicas e cirúrgicas, a obra “Nunca Antes da Diplomacia” contempla em seu último capítulo uma visão sobre como o Barão do Rio Branco pensaria a diplomacia nos dias de hoje. De fato, o Barão estaria muito triste e deprimido hoje. Por uma construção histórica, Paulo Roberto de Almeida apresenta que “cem anos depois, parece que tivemos não apenas uma diplomacia estreitamente partidária, mas até um chanceler que, talvez insatisfeito por ser “apenas” diplomata, resolveu se inscrever em um partido, ou melhor, no partido do poder, o que aparentemente nunca lhe foi exigido como chanceler ou como funcionário de Estado. Mas, como defensor de um governo partidário, ele resolveu se filiar a esse partido. Como todo militante desse partido, como naquelas agrupações religiosas que exigem o dízimo, tem de contribuir com sua cota de boa vontade financeira, o mesmo chanceler escolheu ser conselheiro de algumas coisas, para arredondar o salário, já que o Brasil é hoje um país caro (talvez em função de algumas políticas de pequena estratégia que o mesmo partido aplica). O Barão, provavelmente, desprezaria gestos como esse”. Na verdade, qualquer cidadão com o mínimo de bom senso desprezaria. Esse time que destrói a diplomacia brasileira é o mesmo que constrói desinformação e manipulação para um Brasil das propagandas políticas. É o mesmo que alimenta a discórdia e o caos econômico e se alimenta, como verdadeiras frieiras, dos tributos do pobre cidadão brasileiro.

Junto com a diplomacia, a área de inteligência vai pelo mesmo caminho, quiçá pior. E o impacto vai além, nossa segurança pública sofre os descalabros da letargia de nossa presidente com o descaso sobre as atividades de inteligência e contraespionagem em território nacional e no exterior. Por sinal, quando nossa Presidente Dilma Rousseff fará andar a Política Nacional de Inteligência (PNI) que está estacionada nas mais profundas gavetas de seu gabinete?

O Estado de hoje faz um desserviço e um desgoverno total às instituições constitucionais. A Nação é maculada com essas ações. Pessoas de bem, apartidárias e responsáveis pelos cargos públicos que exercem são reféns de loucuras partidárias que desrespeitam a possibilidade de um Projeto de País.

Até quando a Nação brasileira aceitará de forma lisérgica o desrespeito com as instituições constitucionais? Até quando o Brasil aplaudirá e financiará ditaduras? Até quando o atual partido manipulará a informação onde o bandido vira mocinho e a corrupção que aumenta ainda é culpa do FHC? Ou como o ex-Ministro de Relações Exteriores do México, Jorge G. Castañeda, afirmou em seu artigo “Hora de decisão sobre a Venezuela” publicado no Jornal Valor (27/03/2015), tudo parece um jogo para que os Estados Unidos invadam a Venezuela para existir efetivamente um motivo para justificar o antiamericanismo.

Imagino que se a Presidente Dilma Rousseff emitisse hoje um “Telegrama 71”, muitos brasileiros cairiam no conto do vigário, pena que muitos estariam mortos. A grande questão é: “até quando?”.

Corrupção desenfreada, Petrobras quebrada, Educação pífia, Competitividade Zero, esse é o Brasil de hoje, menos das propagandas políticas, menos o Brasil da Dilma. Por sinal, ou melhor, dilmavez por todas, onde fica o Brasil dela?

E para terminar o realismo, em vez de pessimismo, se Tiradentes fosse vivo hoje, depois da medalha do Inconfidente dada para o líder do MST, o mesmo se enforcaria. Tiradentes lutou por um Brasil mais justo, mas hoje os que se dizem lutar por um Brasil mais social e justo, na verdade se vestem de derramas coloniais travestidas de movimentos sociais. Infelizmente não aprendemos nada com a história!

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