Talvez corresponda ao perfil companheiro de economia política, o que só pode redundar em mais desastre...
Vamos ter seis meses de descida para o caos, e depois, bem depois, ninguém pode dizer o que vai acontecer dentro de uma semana, dentro de um mês, quanto mais dentro de seis meses...
Esperar para ver, o desastre...
Paulo Roberto de Almeida
CRISE ECONÔMICA
O ministro da Fazenda saiu?
Joaquim Levy fez o que podia para tentar convencer o governo da necessidade de adotar um plano de ajuste fiscal que mostrasse algum resultado
Noticia de hoje do repórter da Folha Valdo Cruz, sempre bem
informado, diz que na última reunião do ano do Conselho Monetário
Nacional o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se despediu e disse que
não estará presente no próximo encontro no final de janeiro (clique aqui).
O episódio é triste, mas já era esperado. Joaquim Levy fez o que podia para tentar convencer o governo da necessidade de adotar um plano de ajuste fiscal que mostrasse algum resultado no curto e no longo–prazo. Não deu certo porque ele foi, desde o inicio, boicotado pelo PT e, muitas vezes, atacado pelo ex-presidente Lula. Além disso, não teve o apoio necessário de seus colegas ministros.
Joaquim Levy foi corajoso o bastante para colocar no debate temas extremamente inconvenientes para muitas pessoas. Não se furtou de defender limite para divida publica do governo federal e mostrou que o nosso sistema previdenciário não é sustentável. Tentou mostrar a população nossas anomalias, mas esse trabalho caberia a Presidente da República.
Confesso que o admiro. É um excelente economista e foi sempre boicotado. Lutou muito. Construiu pontes com a oposição para aprovar medidas de interesse do país e ganhou respeito de muitos senadores da oposição.
Se a saída do ministro for confirmada, e tudo indica que será, começa a especulação quanto ao seu possível substituto. As opções são duas. Primeiro, qualquer um que tente implementar a agenda do ministro Joaquim Levy sofrerá forte oposição da ala do PT que quer crescimento da despesa pública e da dívida. Ou seja, o seu sucessor, terá os mesmos problemas.
Segundo, se o novo ministro for alguém que conta com a simpatia do PT, será um grande desastre. Se for alguém que não tenha o poder de dizer não para a presidente e para o PT, esse ministro não terá força politica e nem tão pouco credibilidade para fazer nem metade do que Joaquim Levy fez. E vou arriscar um palpite. Se Joaquim tentou arrecadar R$ 32 bi com a criação da CPMF, o seu sucessor tentará arrecadar o dobro: R$ 64 bilhões.
A situação econômica do Brasil se deteriorou muito rápida. Não há perspectiva hoje de equilíbrio fiscal. O Governo não quer mais cortar gastos, não conta com apoio politico para aprovar medidas difíceis no Congresso, e nem tem convicção da necessidade de reformas estruturais. Enquanto isso, os indicadores econômicos e as expectativas do mercado vão piorando.
Muita incerteza. Lava Jato ainda pode implicar muita gente. Difícil saber agora quem está do lado negro da força. O Brasil já está em uma trajetória de crescimento da divida que é insustentável. Governo e parte da classe politica passam a impressão que há tempo para estudar alternativas. Não há tempo nem alternativas.
Mercado olha com ceticismo e fica à espera do que irá acontecer. Brasil é comparado com tudo de ruim que outros países fazem ou fizeram. Estrangeiros têm dificuldade de entender como brasileiros aceitam passivamente um “equilíbrio” ruim que poderá agravar a crise.
E assim vamos terminar o ano com elevada incerteza, mas torcendo para que alguma mudança positiva ocorra no futuro próximo. Mas, por enquanto, é apenas esperança.
*Mansueto Almeida é economista do Ipea e titular do Blog do Mansueto
O episódio é triste, mas já era esperado. Joaquim Levy fez o que podia para tentar convencer o governo da necessidade de adotar um plano de ajuste fiscal que mostrasse algum resultado no curto e no longo–prazo. Não deu certo porque ele foi, desde o inicio, boicotado pelo PT e, muitas vezes, atacado pelo ex-presidente Lula. Além disso, não teve o apoio necessário de seus colegas ministros.
Joaquim Levy foi corajoso o bastante para colocar no debate temas extremamente inconvenientes para muitas pessoas. Não se furtou de defender limite para divida publica do governo federal e mostrou que o nosso sistema previdenciário não é sustentável. Tentou mostrar a população nossas anomalias, mas esse trabalho caberia a Presidente da República.
Confesso que o admiro. É um excelente economista e foi sempre boicotado. Lutou muito. Construiu pontes com a oposição para aprovar medidas de interesse do país e ganhou respeito de muitos senadores da oposição.
Se a saída do ministro for confirmada, e tudo indica que será, começa a especulação quanto ao seu possível substituto. As opções são duas. Primeiro, qualquer um que tente implementar a agenda do ministro Joaquim Levy sofrerá forte oposição da ala do PT que quer crescimento da despesa pública e da dívida. Ou seja, o seu sucessor, terá os mesmos problemas.
Segundo, se o novo ministro for alguém que conta com a simpatia do PT, será um grande desastre. Se for alguém que não tenha o poder de dizer não para a presidente e para o PT, esse ministro não terá força politica e nem tão pouco credibilidade para fazer nem metade do que Joaquim Levy fez. E vou arriscar um palpite. Se Joaquim tentou arrecadar R$ 32 bi com a criação da CPMF, o seu sucessor tentará arrecadar o dobro: R$ 64 bilhões.
A situação econômica do Brasil se deteriorou muito rápida. Não há perspectiva hoje de equilíbrio fiscal. O Governo não quer mais cortar gastos, não conta com apoio politico para aprovar medidas difíceis no Congresso, e nem tem convicção da necessidade de reformas estruturais. Enquanto isso, os indicadores econômicos e as expectativas do mercado vão piorando.
Muita incerteza. Lava Jato ainda pode implicar muita gente. Difícil saber agora quem está do lado negro da força. O Brasil já está em uma trajetória de crescimento da divida que é insustentável. Governo e parte da classe politica passam a impressão que há tempo para estudar alternativas. Não há tempo nem alternativas.
Mercado olha com ceticismo e fica à espera do que irá acontecer. Brasil é comparado com tudo de ruim que outros países fazem ou fizeram. Estrangeiros têm dificuldade de entender como brasileiros aceitam passivamente um “equilíbrio” ruim que poderá agravar a crise.
E assim vamos terminar o ano com elevada incerteza, mas torcendo para que alguma mudança positiva ocorra no futuro próximo. Mas, por enquanto, é apenas esperança.
*Mansueto Almeida é economista do Ipea e titular do Blog do Mansueto
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.