Goldman Sachs sobre crescimento do Brasil: ‘Duas décadas perdidas em 40 anos’
Avanço tem sido uma ‘desilusão absoluta’
Para banco, problemas são estruturais
Defendeu realização de reformas fiscais
03.maio.2019 (sexta-feira) - 20h49
atualizado: 05.maio.2019 (domingo) - 8h22
atualizado: 05.maio.2019 (domingo) - 8h22
O banco Goldman Sachs encaminhou relatório nesta 6ª feira (3.mai.2019) aos clientes do banco alertando para o quadro conjuntural da economia brasileira.
De acordo com Goldman Sachs, o avanço da economia doméstica tem sido uma “desilusão absoluta”, segundo o qual não é consequência, apenas, da forte recessão pela qual o país passou em 2014 e 2015.
Segundo o banco, a renda real per capita desapontou nos últimos 4o anos. Com isso, a instituição financeira prevê que, na década de 2010, o Brasil provavelmente verá 1 declínio do PIB Per Capita, repetindo a trajetória da década de 1980.
Goldman Sachs, no entanto, estabelece diferenças da conjuntura econômica global entre as décadas de 1980 e 2010. Enquanto na 1ª a desaceleração do crescimento esteve relacionada ao cenário exterior, o forte recuo econômico observado na 2ª é oriunda de erros da política econômica interna, passando pelo agravamento do cenário fiscal.
“De fato, em relação aos pares, o crescimento do Brasil apresentou 1 desempenho inferior durante a década atual (2011-18) do que durante os anos 80”, diz o comunicado.
O banco também comentou mais cedo sobre o resultado da produção industrial nacional, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontou para queda, em março, de 1,3%.
Ciclos preocupam
Em uma 2ª abordagem, Goldman Sachs menciona o comportamento de ciclos econômicos após períodos de crise, os quais, historicamente, são seguidos por taxas robustas de crescimento, representadas, graficamente, pela letra ‘V’.
No entanto, o banco afirma que, no caso brasileiro, a recuperação da economia brasileira, ainda que superficial, dá-se graficamente pelo formato ‘U’.
Goldman Sachs menciona a retomada econômica do país, que ocorre de maneira lenta e gradual, em meio à balança comercial positiva, inflação abaixo do centro da meta estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), e a taxa Selic administrada, há mais de 1 ano, no menor nível histórico.
Problemas são estruturais
Segundo Goldman Sachs, o atual cenário macroeconômico do país pode ser observado de maneira estrutural e não cíclica.
Em alerta, o banco disse que se o Brasil “não conseguir abordar questões de solução fiscal de médio prazo e complementá-las com reformas estruturais de longo alcance para abrir a economia” a década de 2020 poderá ser perdida também.
“Em nossa avaliação, se o país não conseguir abordar questões de solução fiscal de médio prazo e complementá-las com reformas estruturais de longo alcance para abrir a economia, aumentar o baixo estoque de capital físico e melhorar a eficiência- produtividade geral – a próxima década poderia tornar-se perdida também. Nesse caso, o Brasil não perderia apenas mais uma década, mas renunciaria a meio século”, disse o banco.
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