Uma constatação simplória (1)
Paulo Roberto de Almeida
Cada vez que eu vejo nas revistas e jornais, inclusive na TV, um desses magníficos anúncios sobre encontros de luxo, em cidades atraentes da Europa e dos EUA, com a participação de praticamente toda a classe dirigente do Brasil atual, metade do STF, ministros de Estado, a nata do empresariado nacional e economistas famosos, todos devidamente fotografados e reunidos lá fora, para discutir e debater entre si mesmos, apenas em português, regiamente pagos e com uma audiência predominantemente brasileira, que são os pagadores, satisfeitos pelo fato de estar na companhia fugaz daqueles dirigentes do momento, proferindo platitudes sobre os “problemas e desafios” do Brasil atual, cada vez que eu vejo um anúncio desses, umbilicalmente congratulatório, eu me convenço de que o Brasil não tem a menor chance de mudar nos próximos 20 anos, e que continuará a ser o país terrivelmente desigual, iníquo para os pobres, injusto com os desfavorecidos pelo seu sistema social excludente, medianamente medíocre e semi-desenvolvido, como tem sido desde sempre: um país que funciona para suas oligarquias, mas não para os comuns, um país no qual as elites continuarão a falar para si próprias.
Não há a menor chance de que esse cenário deplorável de mandarins do Estado falando para os ricos e endinheirados (muitos com recursos coletivos desviados em seu favor) mude no futuro previsível.
Continuaremos a ser um país feito para poucos, uma formidável aldeia Potenkim.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 3/01/2025
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