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domingo, 1 de junho de 2014

Companheiros tentam fazer um golpe branco - Editorial O Globo

Os companheiros querem economizar uma revolução comunista. Que vergonha!
Deveriam passar à ação, em lugar de tentar implantar uma ditadura de mansinho, quase clandestinamente.
Já não se fazem mais revolucionários como antigamente.
Os de hoje são covardes, poltrões, têm vergonha de assumir suas verdadeiras intenções.
Em todo caso, cabe denunciá-los a cada vez...
Paulo Roberto de Almeida

Decreto agride democracia representativa
Editorial O Globo, 1/06/2014

É no Congresso que se criam mecanismos de participação da sociedade em decisões de governo. Criar esses instrumentos na base da canetada é golpe de gabinete

A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bem como a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo político. A desmontagem do regime representativo costuma começar pela criação de mecanismos de “democracia direta”, para reduzir o peso do Congresso na condução do país.

É por este ângulo que deve ser analisado o surpreendente decreto nº 8.243, baixado na sexta-feira da semana passada pela presidente Dilma, para criar a “Política Nacional de Participação Social — PNPS". O objetivo é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos, ouvidorias, “mesas de diálogo”, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto à administração direta e até estatais, sempre em nome da participação social. Sintomático que a PNPS esteja subordinada ao ministro secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, representante dos ditos “movimentos sociais” no Planalto. Há várias surpresas no ousado ato. A primeira, rever o regime de democracia representativa por decreto.

Mecanismos de participação do cidadão em decisões de governo são um tema em debate no mundo, para se aperfeiçoar a democracia representativa. Plebiscitos e referendos têm sido usados com frequência em democracias maduras como a americana. Os próprios avanços tecnológicos no mundo digital são ferramenta importante para aproximar a sociedade do Estado. Mas não se avança nesta direção por decreto, algo como um golpe de Estado na base da canetada.

Outra surpresa, até pela ousadia, é que o decreto formaliza em lei a estratégia antiga de aparelhamento da máquina pública por aliados político-ideológicos do PT. Pois não é difícil imaginar os critérios pelos quais serão escolhidos os representantes da “sociedade civil” para participar de comissões, fóruns, mesas etc. Um dos resultados desta infiltração de partidos e grupos no Estado tem sido, cabe lembrar, casos de corrupção e desmandos, como os denunciados na Petrobras.

O sentido autoritário do decreto denuncia sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas que engendraram a "assembleia constituinte exclusiva" a fim de fazer a reforma política — atalho para se mudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes —, surge das mesmas cabeças que tentaram controlar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistas profissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da “regulação da mídia”.

Além de tudo, a PNPS tornará ainda mais impenetrável a burocracia pública, já uma enorme barreira à retomada de investimentos. Ou seja, também na economia, o decreto vai na contramão de tudo o que o país necessita.

O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo pelo Ministério Público e/ou instituições da sociedade.


terça-feira, 25 de março de 2014

Venezuela: Inteligencia cubana comeca a detectar fissuras na ditadura

Parece que existem militares e militares, uns bolivarianos, outros da "ultra-derecha", por definição golpistas, e portanto sujeitos à sanção estatal bolivariana.
A dependência de Cuba deve aumentar, e a paranoia também...
Aliás, a conversa sobre inimigos da revolução, e vigilância do povo, lembra os processos de Moscou, dos anos 1937-38, quando Stalin decapitou boa parte dos generais das FFAA soviéticas. Parece que todos eles eram traidores desde criancinhas, e queriam entregar a glorioso União Soviética aos inimigos fascistas. Dois anos depois, Stalin celebrava a amizade com o seu fascista preferido, Hitler, promovendo acordos de cooperação entre os dois regimes totalitários. A Segunda Guerra Mundial começou por aí...
Paulo Roberto de Almeida

Presidente Maduro Detenidos tres generales 
de la Aviación venezolana por intento de golpe

Visita de cancilleres de Unasur fortalecerá a la Conferencia Nacional de Paz
  
El presidente venezolano, Nicolás Maduro, informó que en horas de la noche de este lunes, fueron capturados  tres generales de la Aviación Militar Bolivariana vinculados a la ultraderecha local que pretendían alzar a esa institución  y desestabilizar al país generando un caos en los servicios públicos del país. 

"Lograron la captura de estos generales  producto del esfuerzo de los funcionarios de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB) y la unión cívico-militar. Ellos (Generales) decían que esta era la semana decisiva para generar un golpe de Estado en Venezuela", dijo.

El anuncio lo hizo desde el Palacio de Miraflores, donde recibió a la comisión de cancilleres de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur), que participarán a la Conferencia Nacional de Paz convocada por el Ejecutivo.

Gracias a la conciencia del cuerpo castrense y el trabajo voluntario y constituido del pueblo se logró la captura de quienes "querían convocar a un golpe de Estado".

El presidente Maduro aseguró que los generales capturados ya están a las órdenes de los tribunales y autoridades correspondientes.

Visita de cancilleres de Unasur 

E Jefe de Estado destacó que la visita de la comisión de cancilleres suramericanos servirá para fortalecer la Conferencia Nacional de Paz.

"Queremos el camino de la verdad y ya se han creado los instrumentos para esto: Uno de los elementos más importantes de esta visita debe ser fortalecer la Conferencia de Paz y los diálogos de paz... Queremos que se respete la constitución, las normas de la democracia, y queremos que, desde las instituciones venezolanas, con el acompañamiento de Unasur, surja la verdad", agregó.

Desde febrero pasado se han registrado 35 personas fallecidas producto de los hechos violentos perpetrados por grupos vandálicos y de ultraderecha en el país, en ataques que incluyen desde colocar alambradas para degollar motorizados hasta tiros de gracia a quienes intentan levantar guarimbas.

El presidente Maduro también solicitó el apoyo de Unasur a la Comisión por la Verdad, creada por la Asamblea Nacional (AN) para investigar la violencia derechista.

Precisó que a la fecha se han registrado 16.270 hechos violentos, en los que 35 personas perdieron su vida.

"Cada caso está vinculado a los hechos violentos conocidos como guarimbas", afirmó.

Añadió que Unasur demuestra su capacidad y sabiduría para atender los conflictos políticos que se presenten entre sus países miembros, tal como se ha hecho evidente en países como Bolivia y Paraguay.

Indicó que en este caso el mecanismo de integración se activó para acompañar el proceso de defensa de la democracia en Venezuela.

"Esperamos que en su visita de 48 horas la comisión de Unasur pueda establecer conclusiones que ayuden a Venezuela a fortalecer el clima de paz y defender aún mas la democracia, así como colaborar con el pueblo para que pueda ir consolidando todos los mecanismos de diálogo político y social", expresó.

El Presidente se refirió a la voluntad del Estado y la población a mantener el sistema democrático en el país.

"Si Venezuela fuera desestabilizada, tengan la seguridad de que nosotros jamás nos entregaríamos, batallaríamos juntos las fuerzas sociales, militares y políticas", sostuvo.

De fracturarse la democracia venezolana, "América Latina y el Caribe viviría un proceso de desestabilización grave, muy aguda: Lo saben nuestros hermanos del Caribe, Centroamérica y Suramérica".
Agencia Venezolana de Noticias (AVN) (Martes 25/03/2014)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Brasil dos companheiros: ditadura cubana "contagiosa" - Editorial Estadao


Editorial O Estado de S.Paulo
Ao cancelar o registro para exercício da medicina pela cubana Ramona Matos Rodríguez, que veio ao Brasil no programa Mais Médicos do governo federal, o Ministério da Saúde exibiu mais uma violação dos direitos individuais dos profissionais da saúde "importados" da ilha caribenha para clinicar no País. Esta portaria do Ministério da Saúde institucionaliza uma situação de "dois pesos e duas medidas", que contraria a igualdade dos cidadãos perante a lei, essencial na democracia.
Há dois anos, o governo brasileiro vinha negociando com a ditadura dos irmãos Castro a vinda de médicos de Cuba para suprir deficiências de pessoal para a saúde pública em nossos grotões. Sob desconfiança generalizada, a equipe de Dilma Rousseff tentou manter tais tratativas sob sigilo. Mas, enfim, seguindo a prioridade do marketing da administração petista, anunciou o programa Mais Médicos para preencher vagas em postos de saúde dos ermos do interior com profissionais estrangeiros, a grande maioria deles cubanos. Empreendido na gestão do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato do PT, partido da presidente, ao governo do maior Estado da Federação, São Paulo, o plano já mostrou ser uma eficiente forma de conquistar votos nas eleições de outubro, seja para a reeleição de Dilma, seja para a pretensão de fazer de Padilha sucessor do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, também candidato à reeleição. A população, antes desassistida, do interior mais remoto do Brasil recebeu esses estrangeiros de braços abertos, a ponto de suprir as carências causadas pela baixa remuneração do corpo médico (só no caso dos cubanos) com alimentos e outros mimos. Isso, contudo, não tem sido suficiente para prover uma qualidade de vida compatível com a expectativa destes médicos. A presença de outros estrangeiros, em muito menor número e gozando de condições mais dignas de trabalho, bastou para chamar a atenção dos ilhéus para a cruel discriminação por eles sofrida aqui. Dos 6.658 participantes, 5.378 vieram da ilha caribenha. Os 1.280 de outros países são minoria.
Primeira médica a pedir para se desligar desse programa, Ramona, que trabalhava em Pacajá (PA), deixou o trabalho em 3 de fevereiro, alegando haver desistido do projeto após ter tomado conhecimento de que ganha muito menos do que colegas de outras nacionalidades, embora, por convênio firmado entre Cuba, o Brasil e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), seu salário seja de R$ 10 mil mensais. Conforme informou ao líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), a quem pediu abrigo para ficar no País, ela, na verdade, recebia o equivalente a R$ 400 por mês, menos que o salário mínimo, de R$ 724.
O Ministério da Saúde reconheceu que, além de Ramona e de Ortelio Guerra, que fugiu do Recife para os Estados Unidos, as prefeituras para cujos postos foram enviados comunicaram o desaparecimento de mais três cubanos. E é provável que a onda de deserções esteja apenas começando. Segundo a organização Solidariedade Sem Fronteiras, que, em Miami, ajuda médicos cubanos que querem desertar, de sete a oito cubanos a serviço na Bolívia, na Nicarágua e principalmente na Venezuela lhe telefonam por semana. Pelos cálculos da entidade, já fugiram pelo menos 5 mil médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos numa década.
A situação dos cubanos no Brasil não é menos degradante do que nos países citados. Além da indignidade de pagar à ditadura dos Castros a parte do leão, ficando os trabalhadores com praticamente um troco como remuneração pelo serviço prestado, o governo brasileiro se submete a exigências da ditadura cubana, como a proibição de médicos cubanos saírem das cidades onde trabalham sem autorização. É também o caso do cancelamento do registro de Ramona, que clinicava aqui para contribuir para as divisas de Cuba e o marketing eleitoral dos companheiros brasileiros. Agora, por ordem do Ministério da Saúde, sempre que um médico cubano faltar ao trabalho, sua ausência deve ser comunicada à polícia. Pelo visto, a ditadura cubana é contagiosa.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O crepusculo da democracia na AL: homenageando um regime totalitario

Crepúsculo é pouco. A democracia simplesmente desapareceu na reunião da Celac em Havana. E com ela, a vergonha, ou um mínimo sentido de pudor, da parte de TODOS os dirigentes ali presentes.
Transcrevo do blog de Orlando Tambosi. 
Paulo Roberto de Almeida 
2014, um ano sombrio para a democracia na América Latina.
O infamante encontro de dirigentes latino-americanos em Cuba - Dilma na linha de frente, inaugurando obra com dinheiro do contribuinte brasileiro - mostra o pouco apreço que têm pela democracia e pelo Estado de Direito e as liberdades em geral. A propósito, um bom artigo de Yesenia Álvarez, presidente do Instituto Político para a Liberdade (Peru):
Los inicios del 2014 son sombríos para la democracia en la región. Que Cuba, la dictadura más longeva del continente, sea la anfitriona de los 33 países de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (Celac), nos alerta del poco o nulo compromiso que nuestros gobiernos tienen con los principios democráticos, el Estado de derecho y las libertades.
La hipocresía internacional viene desde enero del 2013, cuando Raúl Castro fue aplaudido e investido como presidente de la Celac por gobernantes que se jactan de ser demócratas. ¿Cómo es posible que Cuba sea elegida, siendo una dictadura, para presidir una organización que supuestamente ha sido creada para defender y proteger el orden democrático y los derechos humanos? ¿Cómo Cuba puede ser anfitriona de una cita que evaluará el seguimiento a declaraciones inspiradas en construir sociedades justas, democráticas y libres?
Cuba viola constantemente todos los principios democráticos. Los Castro se han perpetuado en el poder por más de cincuenta años con un sistema de partido y pensamiento único, sin elecciones libres, sin libertad de expresión y con un férreo aparato represivo de persecución política a los opositores. Sin embargo, desde la constitución de la Celac ningún gobierno latinoamericano ha protestado por la incorporación y permanencia de la dictadura cubana en el organismo.
Y el cinismo de la Celac no tiene límites: en su “Declaración especial sobre la defensa de la democracia” se acordó una cláusula que obliga a sus miembros a adoptar acciones concretas cuando exista una amenaza de alteración del orden democrático. Allí mismo expresa que se buscará el pronunciamiento de la comunidad latinoamericana y caribeña, y que contribuirán a la restitución del proceso político institucional democrático y del Estado de derecho a la brevedad posible.
Es una burla perversa de este esperpento de organismo continental, pues pone a una dictadura a custodiar que no se altere el orden democrático de la región. De ser Celac una organización seria y consecuente, el primer país en el que debe tomar medidas concretas para restituir el proceso político institucional democrático a la brevedad posible debe ser en Cuba. Según su “Declaración especial sobre la defensa de la democracia”, los 33 gobernantes deberían estar buscando el pronunciamiento de la comunidad latinoamericana y caribeña para sancionar al gobierno de Cuba y pedir que haya una restitución del orden democrático.
Por el contrario, la infamia de este organismo continúa. Cuando se reunieron sus miembros en La Habana a fines de enero, nadie pareció exigir que Cuba se sujete a los compromisos democráticos. Además, resultó desconcertante la asistencia de los secretarios generales de la ONU y de la OEA, situación desalentadora si tan destacados representantes internacionales ni siquiera se reunieron con la disidencia, que viene siendo amordazada, amenazada y arrestada por organizar pacíficamente un foro democrático paralelo a la cumbre de la Celac.
Vergonzosamente, los gobiernos latinoamericanos empiezan el 2014 reverenciando a una dictadura y dándole la espalda a la democracia, vaciándola de contenido, haciendo de ella cualquier cosa, transgrediendo la dignidad de un pueblo víctima de unos tiranos. Es hoy, sin duda, uno de esos momentos en que es impostergable la expresión de solidaridad de los ciudadanos demócratas de la región frente a la venia y complicidad de nuestros gobernantes con una tiranía. (El Cato).

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Um Brasil bolivariano? - Armando Castelar Pinheiro

Muitos se perguntam se o Brasil pode virar bolivariano.
Certamente não como os hermanos que exageraram na dose, mas já somos bolivarianos, no que depende do partido totalitário que ocupa o poder. Eles só não fazem como os hermanos porque não podem, não porque não querem...
Paulo Roberto de Almeida

Um Brasil bolivariano?

ARMANDO CASTELAR PINHEIRO

CORREIO BRAZILIENSE - 28/12/2013

Ao longo deste ano, diversas vezes me perguntaram se via alguma chance de o Brasil seguir por um caminho bolivariano, como o da Argentina e o da Venezuela. A pergunta em geral traduz certa ansiedade com a economia do país, por conta de indicadores ruins de crescimento e inflação.
Parte da dificuldade em lidar com essa questão é que nem todos têm a mesma visão do que é o modelo bolivariano. Muitos parecem preocupados com o risco de uma alta da inflação, com a concomitante intervenção nos institutos de pesquisa de preços, como ocorreu na Argentina com o Indec, o IBGE de lá.

Como se sabe, a inflação oficial na Argentina é de 10%, enquanto a inflação real supera os 25%. Isso não ocorre no Brasil, mas por aqui também há uma distância entre a inflação dos preços livres (7,3% nos últimos meses) e a dos preços controlados pelo governo (1%), o que mascara a inflação real. Isso vai continuar em 2014, com a decisão de adiar o aumento da energia elétrica para depois das eleições.
Nas contas públicas há o número oficial e aquele que o mercado utiliza. Até nas contas externas há dificuldade de conhecer o número real, devido a só em 2013 se registrarem importações ocorridas em 2012.

Também há gente preocupada com a crescente divisão entre uma América Latina do Pacífico e outra do Atlântico e a percepção de que estamos cada vez mais nos alinhando com esta última. A Aliança do Pacífico, um acordo comercial do qual participam Chile, Colômbia, México e Peru, e ao qual devem se associar Costa Rica e Panamá, compreende o primeiro grupo. Esses países têm economias abertas, inflação baixa, bom ambiente de negócios, atitude amigável em relação ao capital estrangeiro e crescimento do PIB que é o dobro do nosso.

A parte "atlântica" da América Latina congrega os países do Mercosul, que inclui a Venezuela e no qual pode entrar a Bolívia, além de Equador e Nicarágua. São países com políticas econômicas de má qualidade, economias fechadas, inflação alta, elevado intervencionismo estatal e baixo crescimento econômico.
Muita gente associa o bolivarianismo a uma opção ideológica, calcada na intervenção estatal na economia. O bolivarianismo é, porém, acima de tudo, pragmático. A sua essência está na disposição do governo de sacrificar os fundamentos econômicos e institucionais do país para se preservar no poder. Nesse sentido, o bolivarianismo é uma versão contemporânea do populismo latino-americano de meados do século passado.

O elemento central é gerar um aumento do consumo privado, via transferências, gasto público, preços subsidiados, aumentos reais de salários acima da produtividade etc. De um lado, isso é popular. De outro, pressiona a inflação, piora as contas públicas, aumenta o deficit externo, compromete a situação patrimonial do setor público e piora o ambiente de negócios.
Não creio que haja ilusões com relação a essas políticas levarem a uma deterioração da economia do país. Elas não são escolhidas por serem boas, mas porque geram votos no curto prazo. E, com os votos e a falta de alternância no poder, o governo domina as instituições e ganha controle sobre a narrativa do que acontece com o país. Não por outra razão, o controle da mídia é elemento tão central do bolivarianismo.

Esse controle é indispensável para a manutenção do modelo quando o bem-estar começa a cair, como resultado das más políticas. Exemplo é a narrativa do governo venezuelano de que a alta inflação no país é culpa da oposição e dos especuladores, a quem ameaça com a cadeia se subirem os preços. Há outros exemplos na Argentina, na Bolívia e no Equador.
Muita gente não acredita que o Brasil siga por esse caminho, por ter instituições mais fortes e imprensa mais livre e atuante. É um bom argumento. Mas ignora que, quando o bolivarianismo começou, a imprensa desses países também era mais livre e atuante, e as instituições, a começar pelo Judiciário, mais fortes do que são atualmente. Foi o bolivarianismo que as enfraqueceu, não a sua fraqueza que trouxe o bolivarianismo.
Se o Brasil algum dia seguir por um caminho bolivariano, o primeiro sinal disso não virá da economia. O alerta de que isso está acontecendo virá do esforço de controlar a narrativa sobre as causas de um mau desempenho econômico do país, de forma a evitar que esse leve a uma natural alternância política.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ortega, o Stroessner da Nicaragua, ou o novo Somoza (admirado por muitos companheiros)

Nicaragua's assembly approves plan to end presidential term limits
MANAGUA Tue Dec 10, 2013 6:23pm EST

(Reuters) - Nicaragua's national assembly on Tuesday approved a constitutional change to remove presidential term limits, which could allow incumbent Daniel Ortega stay in power for years and raises concerns about democracy in the country.
Approval of the plan put forward last month by Ortega's ruling Sandinista National Liberation Front must now be ratified by the assembly next year before it can take effect. That ratifying vote is likely in January or February.
The 68-year-old Ortega, a prominent Cold War antagonist of the United States, has yet to say publicly whether he wants to run again for the presidency in 2016.
Ratification would make the impoverished Central American country the latest in a string of Latin American nations from Bolivia to Ecuador to give presidents power extending beyond their traditional limits.
The U.S. government has criticized the plan, saying it could undermine democracy in Nicaragua and hurt the country's economic development. Opposition politicians in Nicaragua have also attacked the plan.
Nicaragua's law had set a two-term limit for presidents but that was overridden by a controversial Supreme Court ruling that allowed Ortega to run for office again in 2011.
Ortega, a former Marxist guerrilla and ally of the late Venezuelan leader Hugo Chavez, has been president since 2007. He first took power after Nicaragua's 1979 revolution and was formally elected president for a single term in 1984.
His government was convulsed by a civil war that pitted his Sandinistas against right-wing Contra rebels backed by the administration of U.S. President Ronald Reagan.
After the Sandinistas lost power in 1990, the opposition banned re-election with a clause in the 1995 constitution.
(Reporting by Ivan Castro; Editing by Cynthia Osterman)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Amigos bolivarianos do Brasil constrangem sua politica externa - Rubens Ricupero

Para Ricupero, veto é 'constrangimento' para o Brasil
Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo, 7/12/2013

Segundo especialista, posição dos bolivarianos expõe a afinidade "parcial e limitada" desses países com o Brasil

Ao vetar o primeiro acordo efetivo da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 18 anos, os países bolivarianos sabotaram interesses do Brasil e constrangeram o governo de Dilma Rousseff. Nas últimas horas da reunião ministerial da OMC em Bali, ontem, Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua colocaram sobre a mesa de negociações

uma condição considerada descabida para aderirem ao acordo de facilitação do comércio - o fim do embargo dos Estados Unidos a Havana. A iniciativa abortou o consenso necessário em torno de um acerto que, apesar de modesto, fora apontado como primeiro passo para a retomada da Rodada Doha, suspensa desde 2007.

Segundo o embaixador Rubens Ricupero, ex-secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o veto expôs a "afinidade parcial e limitada" entre os membros da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) e o interesse do Brasil no campo internacional.

Nas searas da distribuição de renda e da justiça social, essa aproximação mostra-se mais visível. Mas, no plano da economia e do comércio internacional, embaraços similares foram registrados nas negociações sobre clima e meio ambiente em Copenhagen, em 2009, e na própria OMC, um ano antes.

"Os bolivarianos impuseram um novo constrangimento ideológico à nossa capacidade de ação. Nós andamos em más companhias", afirmou. "Fomos sabotados por nossos pretensos aliados, que já demonstraram querer apenas tumultuar nos encontros internacionais", completou Ricupero.

Uma última tentativa de romper o bloqueio e salvar o acordo de Bali foi iniciada ainda ontem - de noite, no Brasil. Desta vez, com maior pressão do Brasil e dos demais 154 membros da OMC sobre os quatro países bolivarianos.

Ricupero lembrou ter havido apenas dois episódios parecidos de veto na história das negociações multilaterais do comércio. O primeiro se deu em 1988 e o outro, em 1990, durante as discussões da Rodada Uruguai. Ambos foram capitaneados pelo Brasil e envolveram os demais países latino-americanos exportadores agrícolas.

Chantagem. Assim como Ricupero, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia surpreendeu-se especialmente com o argumento inusitado dos bolivarianos para bloquear o consenso sobre um acordo que, nas contas do Comitê de Comércio Internacional, traria benefícios da ordem de U$ 1 trilhão nas trocas de bens.

"Foi uma verdadeira chantagem. O tema do bloqueio comercial dos EUA a Cuba nunca foi suscitado na OMC e não tem nada a ver com o sistema multilateral de comércio", avaliou Lampreia.

O veto dos quatro países da Alba, em parte, foi atribuído por analistas à negligência do próprio governo brasileiro. Apesar de seu empenho para eleger o embaixador Roberto Azevêdo como diretor-geral da OMC, o Brasil demorou para se mobilizar em favor do acordo sobre facilitação do comércio e não atuou, como nas reuniões anteriores da OMC, como um dos protagonistas em Bali.

Segundo Sandra Polônia Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), não houve nem mesmo uma prévia mobilização interna, com consultas do governo com o setor privado, como se observa nas negociações de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.


"O encontro de Bali passou batido no Brasil. Independentemente do seu valor econômico, esse acordo seria caro ao País por provar que a OMC ainda tem capacidade negociadora e que o sistema multilatéral do comércio continua a ser relevante", afirmou Sandra.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Companheiros muy amigos dos companheiros cubanos, muy curiosos - Opiniao (O Globo)

ROBERTO LOPES
O Globo, 2/11/2013

A inteligência militar brasileira está inquieta. Diplomatas de Cuba vêm assediando funcionários de missões diplomáticas brasileiras no exterior, em busca de informações sobre: (a) a expansão do esforço antidrogas do Brasil na América do Sul, em substituição ao papel antes desempenhado pelo governo americano — fato que ocorre, por exemplo, na Bolívia; (b) a real medida da resistência brasileira à importação de médicos cubanos; (c) os motivos que levam a maioria dos formadores de opinião do país a se entrincheirar contra o chavismo.
Tal aproximação representaria o início de um processo de infiltração da inteligência cubana no Brasil, já que, em Havana, o recrutamento de diplomatas para serviços de coleta de informações é rotineiro.
Recentemente, oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas. Mas não conseguiram. Tais servidores parecem ser irremovíveis, e não porque tenham sido nomeados pela presidente Dilma Rousseff, mas porque fazem parte da cota pessoal do ex-presidente Lula na administração federal.
O pessoal do G2 — Seguridad del Estado — e da contraespionagem militar cubana teve facilidade em dominar o aparato de segurança interna e a contraespionagem venezuelanos, porque lá o chavismo exigiu a politização das Forças Armadas. Coronéis (e simples majores) castristas desfilam como se fossem divindades pelos quartéis venezuelanos. À passagem deles, diz-se, os militares locais juntam os calcanhares e adotam rígida posição de sentido.
O Brasil é, felizmente, um desafio imensamente maior para os cubanos que a Venezuela, ou a Bolívia do compañero Evo. Tanto o ex-presidente Lula quanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já precisaram ouvir de patentes militares que o pior que poderia acontecer no país seria a politização das Forças Armadas brasileiras. E isso porque, no Palácio do Planalto, houve quem (do alto da barba, dos óculos e da gravata borboleta) sonhasse com oficiais-generais lulistas...
Nunca existiu um partido que apoiasse tanto a renovação dos meios de Defesa no país quanto o PT (e um que frustrasse tanto as expectativas dos militares quanto o PSDB), mas o preço que os petistas cobram por seu apoio é alto.
Essa conjunção de fatores fez surgir certa expectativa em relação à dupla Eduardo Campos/Marina Silva. Ele, neto de um político no passado perseguido pelos militares; ela, a guerreira da Amazônia, que representa um potencial de problemas a certas medidas consideradas urgentes pelos militares, como a modernização da BR-319 (Manaus-Porto Velho).
A questão é que, além dos seus históricos pessoais, a dupla Eduardo/Marina também oferece um compromisso com ética e ação governamental (desenvolvimentista) mais eficiente. E isso é, verdadeiramente, novo.
Talvez eles até consigam deixar o Itamaraty esticar o pescoço por cima da linha do Equador, para enxergar que existem chances de cooperação fora do eixo Sul-Sul. E, ao afrouxar a rigidez sobre o leme, permitam que a nau gire suavemente, adotando outra proa.


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sábado, 2 de novembro de 2013

O totalitarismo mediatico dos companheiros amestrados - Demetrio Magnoli

Alguns são totalitários sem sequer desconfiar, e servem aos companheiros totalitários mesmo sem o querer, e sem ter consciência disso. Apenas aprenderam, nas medíocres faculdades de jornalismo que frequentaram, que essas são as posições corretas, as "progressistas", que por acaso também são as do Comitê Central do pensamento único dos companheiros totalitários que hoje dominam o país.
Eles se mantém no poder graça aos aos milhões de eleitores ignaros que os sustentam e graças a esses divulgadores ainda mais ignaros, mas amestrados, como denunciado neste artigo do Magnoli.
Não o farão contudo com a minha passividade ou omissão.
Como este blog sempre defende a inteligência e a honestidade intelectual, está sempre aberto a esse tipo de denúncia contra os fraudadores do pensamento e os mentirosos do totalitarismo político.
Paulo Roberto de Almeida
O Pensador Coletivo
DEMÉTRIO MAGNOLI
Folha de S.Paulo, 2/11/2013
O Pensador Coletivo é uma máquina regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias
Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um Pensador Coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.
O Pensador Coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O Pensador Coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, "a mídia", "a burguesia", os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.
O Pensador Coletivo abomina argumentos específicos. Seu centro político não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças complexas. Você está diante do Pensador Coletivo quando se depara com fórmulas genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O uso dos termos "elitista", "preconceituoso" e "privatizante", assim como suas variantes, é um forte indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o Pensador Coletivo.
O Pensador Coletivo interpreta o debate público como uma guerra. "A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação", explica o deputado André Vargas, um chefe do MAV. No seu mundo ideal, os dissidentes seriam enxotados da praça pública. Como, no mundo real, eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de "inimigos do povo". Você provavelmente conversa com o Pensador Coletivo quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é ignorado. "Direitista", "reacionário" e "racista" são as ofensas do manual, mas existem outras. Um expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o crítico "dissemina o ódio".
O Pensador Coletivo é uma máquina política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa intimidar pela exigência de consistência argumentativa. Suzana Singer seguiu a cartilha do Pensador Coletivo ao rotular o colunista Reinaldo Azevedo como um "rottweiler feroz" para, na sequência, solicitar candidamente um "bom nível de conversa". Nesse passo, trocou a função de ombudsman da Folha pela de Censora de Opinião. Contudo, ela não pertence ao MAV. Os procedimentos do Pensador Coletivo estão disponíveis nas latas de lixo de nossa vida pública: mimetizá-los é, apenas, uma questão de gosto.
Existem similares ao MAV em outros partidos? O conceito do Pensador Coletivo ajusta-se melhor às correntes políticas que se acreditam possuidoras da chave da porta do Futuro. Mas, na era da internet, e na hora de uma campanha eleitoral, o invento será copiado. Pense nisso pelo lado bom: identificar robôs de opinião é um joguinho que tem a sua graça.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Venezuela: ah, esses estadunidenses, especialistas em provocar paranoias...

O império, inacreditavelmente, é perverso o bastante, para provocar apagões, complotar com a direita, criar paranoias indevidas, enfim, fazer o diabo.
Devem ter espionado também.
Pronto, receberam o que mereciam.
Vivam os companheiros bolivarianos, sempre tão atentos...
PRA


Venezuelan President’s Office, via Agence France-Presse — Getty Images
President Nicolás Maduro during a speech in which he ordered the expulsion of three officials from the United States Embassy.


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CARACAS, Venezuela — Stepping up hostilities with the United States, President Nicolás Maduro of Venezuela expelled the top American diplomat and two other embassy officials from the country on Monday, accusing them of supporting plots to sabotage the country’s electrical grid and the economy.
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“Get out of Venezuela! Yankee go home!” Mr. Maduro shouted as he announced the expulsions at a military event to commemorate the bicentennial of a battle in Venezuela’s war of independence.
“We have detected a group of officials of the United States Embassy in Caracas, in Venezuela, and we have been tracking them for several months,” Mr. Maduro said during a live television broadcast. “These officials spend their time meeting with the Venezuelan extreme right wing, financing them and encouraging them to take actions to sabotage the electrical system, to sabotage the Venezuelan economy.”
The expulsions were the latest diplomatic swipe at Washington by Mr. Maduro since he took over for the country’s longtime president, Hugo Chávez, who died in March. Late last year, as Mr. Chávez grew increasingly ill, the two nations held informal talks aimed at improving the long-strained relations between them, and there was some optimism on the American side that Mr. Maduro, a former foreign minister sometimes described as pragmatic, would be amenable to a thaw.
But it quickly became clear that Mr. Maduro intended to stick closely to Mr. Chávez’s example, painting the United States as an imperialist aggressor out to undermine his government. Early on, he accused the Obama administration of plotting against him, and hours before he announced the death of Mr. Chávez on March 5, he kicked out two American military attachés, saying they had tried to recruit Venezuelan military personnel to conspire against the government.
The diplomats expelled on Monday included Kelly Keiderling, the chargé d’affaires, who runs the embassy in the absence of an ambassador here. The United States has not had an ambassador in Caracas since 2010, when Mr. Chávez refused to accept the new one proposed by Washington because of remarks that Mr. Chávez said were disrespectful.
Mr. Chávez had already expelled the American ambassador, Patrick Duddy, in 2008, saying that his government had discovered an American-supported plot by military officers to topple him. Mr. Duddy was later allowed to return to Caracas.
Another one of the diplomats expelled on Monday was Elizabeth Hoffman, an official in the embassy’s political section, whom Mr. Maduro had publicly accused at least as early as April of meeting with opposition figures to plot sabotage of the electrical system. He said at the time that he had proof but took no action until Monday. The third official being expelled is David Moo, the vice consul.
Foreign Minister Elías Jaua later said on television that the evidence against the American diplomats included meetings held in recent weeks with democracy advocates, union members and elected officials belonging to the political opposition, whom he accused of planning to destabilize the country. 
Mr. Maduro said the officials had 48 hours to leave the country.
“We completely reject the Venezuelan government’s allegations of U.S. government involvement in any type of conspiracy to destabilize the Venezuelan government,” the American Embassy said in a statement. It called the meetings held by the officials “normal diplomatic engagements,” adding, “We maintain regular contacts across the Venezuelan political spectrum.”
Ever since he was elected by a narrow margin in April in a special election to replace Mr. Chávez, Mr. Maduro has struggled with intense economic woes and a deeply divided populace. He has often accused plotters and saboteurs of being responsible for a variety of the nation’s ills, including electrical blackouts and the deadly explosion at the national oil company’s enormous Amuay refinery.
“He needs diversions and distractions,” said Michael Shifter, president of the Inter-American Dialogue, a policy group in Washington. “The situation is so dire in Venezuela that he needs to find a scapegoat, and it’s convenient and politically so tempting to kick out U.S. diplomats.”
But Mr. Shifter said that describing the United States as the source of the country’s problems might not have the same effect it did for Mr. Chávez, who was beloved by many of his supporters. Mr. Maduro does not inspire nearly the same devotion, and the country’s economic woes are getting worse, with inflation over 45 percent a year and shortages of many basic foods and goods, including toilet paper.
“I doubt that it has the resonance it used to have,” Mr. Shifter said of the diplomatic expulsions.

María Eugenia Díaz contributed reporting.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Bolivarianos: o corredor autoritario da America Latina - Alvaro Vargas Llosa (Veja 45 Anos)

VEJA 45 anos

O corredor autoritário

Financiada pelo dinheiro do petróleo, a “revolução bolivariana”, liderada pelo venezuelano Hugo Chávez, expandiu o populismo na América Latina - e evidenciou a fragilidade da liderança brasileira na região

Álvaro Vargas Llosa
AGENDA DE DESPACHOS - Chávez no Palácio de Miraflores, em Caracas (2002): pretextos para virar a mesa das instituições democráticas
AGENDA DE DESPACHOS - Chávez no Palácio de Miraflores, em Caracas (2002): pretextos para virar a mesa das instituições democráticas    (Lindsey Addario)

UM PROJETO DE DESESTABILIZAÇÃO

12 de março de 2008

Principal patrocinador político e financeiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o então presidente venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) disparou uma série de ameaças contra o governo de Álvaro Uribe depois que este ordenou um ataque aéreo contra um acampamento dos terroristas instalado na selva equatoriana. No bombardeio, acabou morto o segundo nome na hierarquia da organização, Raúl Reyes, de quem o líder venezuelano era amigo. Todo o barulho feito por Chávez em cima do episódio, destacou VEJA, tinha um só objetivo: promover uma escalada militar na região. Os avanços da Colômbia na guerra contra o narcoterrorismo minavam o projeto de desestabilização dos governos democráticos do continente alimentado por Chávez.
TRECHO: “Sob a fachada da solidariedade bolivariana, Chávez busca estabelecer relações de dependência com os vizinhos. Na Bolívia, ele financiou a carreira de seu clone, Evo Morales. Rafael Correa é grato pelo petróleo equatoriano que a Venezuela refina a preços camaradas. (...) Chávez identifica na Colômbia o maior obstáculo a seu plano de expansão da revolução bolivariana, especialmente na América do Sul. O país é uma democracia, usufrui economia próspera e se tornou aliado-chave dos Estados Unidos. (...) A Colômbia é exatamente o contrário de tudo aquilo que Chávez acredita e defende.”
Com a chegada de Hugo Chávez ao poder, nasceu a nova variante do autoritarismo latino-americano. Conhecida como “revolução bolivariana” e “socialismo do século XX”, ela tem quatro características: a revolução como pretexto para derrubar as instituições republicanas; a receita energética, sistema que, em vez de aumentar a produção das riquezas do subsolo, as descapitaliza e malbarata na conquista de clientelas eleitorais; a compra de in-fluên-cias externas para estender seu modelo aos muitos países que optaram pela via razoável; e, por último, a intenção de fazer da China um salva-vidas internacional que resolva todos os seus problemas.
Durante alguns anos, a sorte pareceu sorrir para o populismo de Venezuela, Equador, Bolívia, aliados íntimos, e Argentina, um amigo próximo. Isso se deveu à bonança das commodities e ao uso de ingressos fiscais extraordinários (1,4 bilhão de dólares desde 1999 na Venezuela) para melhorar a qualidade de vida de uma ampla clientela social e política no curto prazo.
A Venezuela viu o preço do petróleo subir de 8 dólares o barril para três dígitos e utilizou 1 de cada 4 dólares das vendas do gigante petrolífero PDVSA para fazer populismo. A Bolívia, graças ao gás, que só requeria abrir as válvulas, viu sua arrecadação fiscal triplicar em sete anos (os Estados Unidos precisaram de quarenta anos para triplicar a sua). Assim como a Venezuela, a Bolívia pôs parte dessa bonança a serviço do populismo. Alguns países populistas, como a Argentina, registraram nesses anos, graças à soja e aos grãos, taxas de crescimento econômico de 8% em média. Não estranha, portanto, que, nos anos que precederam o fim da bolha mundial, nesses países da esquerda carnívora se registrasse uma queda da pobreza.
Mas a miragem acabou. A elevação meteórica dos gastos públicos, o aumento artificial da demanda, as expropriações e o ambiente agressivo contra o capital, a insegurança jurídica permanente e a retórica antiempresarial incendiária, tudo isso no contexto de uma ofensiva contra a democracia, só poderiam conduzir aos resultados que vemos hoje: inflação, desequilíbrio das finanças do estado, descapitalização da economia, taxas de crescimento muito fracas e muita corrupção.
A produção de petróleo da Venezuela passou de 3,5 milhões de barris diários para 2,6 milhões. O Equador produz 40 000 barris a menos por dia e a Bolívia viu evaporar metade das reservas de gás natural, equivalentes a 4% de seu PIB, em parte desde a nacionalização. A arrecadação fiscal desses países já não consegue financiar seu populismo.
O investimento privado foi a pique e, com ele, a taxa de investimento geral. Na Bolívia, hoje, a principal fonte de investimento é o estado: o investimento público é muito superior ao investimento privado nacional, que não chega a 5% do PIB, e ao estrangeiro. No Equador, o valor do investimento estrangeiro acumulado caiu 40% durante o atual governo. A economia argentina, com escassíssimo investimento externo, cresceu apenas 2% no total em 2012. Para compensar a fuga de capitais e a queda acelerada das reservas, a Argentina estabeleceu controles que não eram vistos na América Latina desde Salvador Allende no Chile. O resultado de tudo isso é o sofrimento dos proletários e o fortalecimento dos grupos de poder próximos dos governos: no caso da Venezuela, a “boliburguesia”.
Mas as consequências do populismo “bolivariano” não são apenas as que estes povos padecem. Elas atingiram também a região em seu conjunto. Eu diria que foram três.
Primeiro, a submissão política de vários governos dependentes do petróleo venezuelano, o que se refletiu nos organismos hemisféricos, a começar pela Organização dos Estados Americanos, onde a influência chavista foi desproporcional. A aliança entre Venezuela e Cuba controlou a política exterior de dezoito países por meio do mecanismo Petrocaribe, que permite ao Caribe e à América Central adquirir petróleo muito barato, e da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América).
A segunda consequência: tornou-se muito difícil para as nações em melhor situação, como as da Aliança do Pacífico (México, Chile, Colômbia e Peru), exportar seu modelo para a região. Agora que o boom das matérias-primas terminou, as implicações são evidentes: muitos países da região não estão preparados para o que vem aí. Isso para não mencionar que a batalha pela democracia liberal sofreu um retrocesso.
A terceira consequência: a fragilidade da liderança do Brasil na América Latina (por sua vez, o vazio deixado pelo país ajudou a facilitar a projeção excessiva dos “bolivarianos”). Lamentavelmente, a potência sul-americana não quis assumir a liderança para promover um consenso regional sobre as benesses da democracia, da economia de mercado e da globalização. Brasília preferiu deixar que os países governados pela esquerda radical tivessem a iniciativa regional. Agora é tarde porque o Brasil se desacelerou economicamente e perdeu parte do brilho internacional que tinha.
Como outras modas autoritárias, a dos “bolivarianos” passará. Mas sua contribuição para o subdesenvolvimento de vários países não deve ser esquecida.
Álvaro Vargas Llosa, peruano, é escritor e jornalista, autor de numerosos livros sobre economia política. Foi nomeado Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico de Davos e eleito pela revista Foreign Policy um dos cinquenta intelectuais mais influentes da Ibero-América em 2012
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