17 de junho – Ilusão de Fazer História
Milton Simon
Pires
Impressionante...mudo
de canal, de página na internet, leio outro blog, escuto outra estação de rádio
e, invariavelmente, alguém diz que
aquilo que aconteceu no Brasil ontem “foi um recado para os políticos”. Não
faltam, inclusive, saudosistas que comparam os distúrbios de 17 de junho com o
movimento pelas “Diretas Já” nos anos 80 ou os “Carapintadas”, nos anos 90. Eu
estava nos dois processos e afirmo a vocês – não existe absolutamente NADA em
comum entre eles e o Passe Livre. Não foi um ato original, não foi democrático,
e não foi legítimo.
Não sei quanto
tempo vai demorar para que as pessoas no Brasil entendam que o PT não é um
partido político, mas sim uma
organização revolucionaria e criminosa como várias vezes já escrevi. Fosse ele
um partido como outro qualquer e seria lógico pensar que, uma vez no governo,
uma manifestação como a de ontem representasse um ato da oposição.
Mais de uma vez
eu já disse que não há oposição no Brasil. As pessoas não entendem que o PT é
governo e oposição ao mesmo tempo. O que o país viu ontem foi uma parte do PT,
a majoritária, enfurecida com Dilma Roussef ter permitido que a Ação Penal 470
fosse até o fim. A estratégia desse grupo é impedir, ou tornar um fracasso, a
Copa do Mundo no Brasil de maneira que a reeleição da presidente seja
impossível. É isso, e somente isso, que pode livrar a ralé de Ribeirão Preto da
cadeia que lhe espera e Lula de uma série de complicações com a justiça por
causa de sua amante.
Sinto uma pena
muito grande de ver tantos estudantes, tantas pessoas de bem participando de
atos que terminam em vandalismo e confronto com a polícia. É triste ver que
essas pessoas não percebem que estão sendo usadas com pretexto de valor da
passagem, gastos com estádios da Copa ou seja lá o que for...Quanta
ingenuidade, quanta vontade de “fazer história” se comparando com os
manifestantes do passado, hein? Que dificuldade, para aqueles que estavam na
passeata, cantar músicas do Chico, do Caetano ou do Geraldo Vandré..Foi há
muito tempo e os meninos de ontem ainda não tinham nascido, né petralhas? Se
pedirem para mim, eu canto a versão que vocês merecem ouvir..
Essa sensação de
que o “Brasil despertou”...que “ninguém segura esse gigante”..que “agora é a
vez do povo”, muito longe de enfraquecer os petralhas serve para fortalecê-los.
Não se enganem, meus amigos, com a natureza do Partido-Religião. O PT rasteja
na lama...ele sobrevive do esgoto da cultura, alimenta-se do ódio de classes,
cresce com a violência popular e torna-se mais forte a cada escândalo. Dilma
Roussef traiu pessoas que ontem provavelmente estavam tomando vinho chileno e
escutando Chico Buarque baixinho enquanto assistiam numa grande TV tela plana,
e numa sala enorme com ar condicionado central, os adolescentes com camisa no
rosto apanharem da polícia (com toda razão) nas ruas do Brasil..O
Partido-Religião nasceu da reunião dessas criaturas com o submundo do crime do
sindicalismo do ABC. Depois foi amamentado aqui em Porto Alegre – RS.
Apreendam de uma
vez por todas – não se faz greve, ou movimentos, ou passeatas populares
abertamente contra o governo do PT. Foram canalhas que estão prestes a ir para
cadeia que introduziram esse conceito no Brasil. É como entrar num ringue com
um campeão do UFC – a derrota é certa.
O que vimos
ontem pela TV, que deixou tanta gente em choque, que fez jornalistas pensarem
que era o “povo insatisfeito com os rumos do Brasil” foi só uma parte do PT
brigando com ele mesmo.
Insisto – não há
oposição alguma no Brasil. Não há outro partido político a ser levado a sério
em termos de plano de poder além do PT. Colocando em termos religiosos – na
Idade Média costumava-se dizer que “fora da Igreja não há salvação”. Eu afirmo
a vocês – Fora do PT não há oposição.
Tudo,
absolutamente tudo, que está acontecendo destina-se a colocar novamente no
poder o Grande Alcoólatra e a turma de Ribeirão de Preto em 2014. Lamento informar
aos mais jovens que pensam que estão mudando o Brasil como, de fato, aconteceu
nas Diretas Já e no Fora Collor – lamentavelmente, não é a mesma coisa...é só a ilusão de “fazer
história”.
Porto Alegre,
18 de junho de 2013.