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terça-feira, 8 de agosto de 2023

O estranho caso de afinidade eletiva do Brasil de Lula para com um dos parceiros diplomáticos do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

O estranho caso de afinidade eletiva do Brasil de Lula para com um dos parceiros diplomáticos do Brasil 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre a obsessão de Lula em defender os interesses de Putin no caso da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. 

 

Lula deve ser um dos poucos, senão o único dos chefes de Estado de países relevantes do mundo que expressa cuidados e que defende as “legítimas preocupações da Rússia com sua segurança”! 

Defesa e segurança da Rússia?

DA RÚSSIA?!?!?

O BRASIL?!?!?

A Rússia, tão grande, com tantos recursos e um poderio bélico impressionante, não é capaz de se defender sozinha?

Alguém no mundo está atacando a Rússia?

Ela já pediu ajuda à ONU?

Já denunciou o sórdido ataque à sua soberania e a violação da Carta da ONU por esse vil atacante?

O Brasil precisa vir em seu socorro?

E Lula já determinou que sua diplomacia viesse ou fosse em socorro à “legítima preocupação de segurança da Rússia”?

 

Desculpem, mas tenho legítimas dúvidas sobre o sentido da preocupação de Lula e sobre os fundamentos da atuação, neste caso, da diplomacia brasileira.

Algum diplomata da ativa, desse setor ou de outro, poderia me explicar esse estranho caso de afeição particular do Brasil para com o maior país do mundo?

Tem alguma nota do Itamaraty sobre esse estranho caso de afinidade eletiva com um membro específico da comunidade internacional?

Alguma outra nota por acaso tratando do que vêm ocorrendo no território e com a população de um vizinho específico desse outro país específico objeto dessa estranha e bizarra afinidade?

Só queria entender essa preocupação especial do Brasil para com uma “operação militar especial” da Rússia.

Agradeceria explicações de quem de direito.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4454, 8 agosto 2023, 2 p.


sábado, 5 de agosto de 2023

A Ucrânia em guerra como marco relevante no horizonte do Brasil atual - Paulo Roberto de Almeida

A Ucrânia em guerra como marco relevante no horizonte do Brasil atual

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre as causas e caminhos da política externa brasileira no contexto da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

  

Poucas pessoas bem-informadas sobre o estado do mundo atual recusarão a constatação de que a guerra de agressão deslanchada por Putin contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, e continuada desde então, constitui a ameaça mais relevante para a segurança e a paz na Europa e no mundo desde que Hitler empreendeu a conquista da Polônia em setembro de 1939, dando início ao mais devastador conflito global da contemporaneidade.

Eu escrevi Putin, e não Rússia, e Hitler, em lugar de Alemanha nazista, pois que ambos os ataques criminosos e ilegais, entre muitos outros atos criminosos que precederam tais ataques devastadores, são devidos exclusivamente à vontade pessoal de duas personalidades autoritárias, a rigor animadas por instintos tirânicos, e não aos desejos do povo alemão, em 1939, ou aos do povo russo em 2022.

Poucas pessoas bem-informadas sobre o estado do Brasil atual recusarão o fato de que agora estamos bem melhores, em termos de civilidade, de política “normal”, de comportamentos minimamente previsíveis dos agentes públicos, do que estávamos nos quatro anos anteriores. Por outro lado, não há como deixar de reconhecer que a guerra de agressão da Rússia à Ucrânia afetou não só interesses econômicos e materiais do Brasil como um todo — inflação, comércio exterior, tensões internacionais —, mas também a própria política externa e a diplomacia brasileiras, a partir de 2023. 

Pretendo abordar essas duas questões — o estado incerto, na Europa e do mundo, na atual conjuntura, e os desafios daí decorrentes para o Brasil como um todo, em especial para as suas relações exteriores — numa abordagem de natureza conceitual, tanto quanto de ordem prática, dadas as múltiplas facetas do mundo pós-invasão da Ucrânia e do Brasil pós-terremoto bolsonarista. Não há como recusar o fato evidente e notório de que o mundo e o Brasil se ressentem de diversos elementos disruptivos desde a guerra putinesca de agressão à Ucrânia e desde as ameaças bolsonaristas às frageis bases do sistema democrático brasileiro durante os quatro anos do inédito desafio ao jogo mais ou menos tradicional da política doméstica.

Na raiz de ambas as questões — o estado do mundo e o do Brasil — existem tanto processos objetivos — as relações econômicas e políticas entre os respectivos atores — quanto elementos subjetivos, derivados das personalidades de Putin e de Lula, no tratamento dos problemas colocados em suas respectivas agendas pessoais e nacionais.

A complexidade dessas interações requer uma abordagem metódica e linear de cada um dos problemas, pois que o estado atual do mundo e do Brasil também é decorrente de decisões e escolhas feitas no passado, por cada um dos personagens.

(…)

(A continuar)

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4450, 5 agosto 2023, 2 p.

 

domingo, 30 de julho de 2023

Perdas Russas na Ucrânia, desde o início da invasão (24/02/2022) e entre março e julho de 2023

Os invasores russos possuem mais homens e armas, mas o ritmo das perdas segundo fontes ucranianas são importantes. Putin não deve se importar com vidas humanas, mas em algum momento armas e munições vão escassear. 

Perdas Russas na Ucrânia


Russian operational losses in Ukraine

 

Nature of the losses, personnel and equipment

From 24.02.22 to 30.03.23

From 24.02.22 to 29.07.23

Increase from March to July 2023

 

Personnel

177.290

245.220

67.930

 

Tanks

3.610

4.191

681

 

Armored combat vehicles

6.974

8.167

1.193

 

Artillery systems

2.671

4.786

2.115

 

Multiple rocket launchers

526

698

171

 

Anti-aircraft systems

278

458

180

 

Vehicles and fuel tanks

5.518

7.247

1.729

 

Aircraft

306

315

9

 

Helicopters

291

311

20

 

UAV operational. tactical 

2.239

4.007

1.768

 

Intercepted cruise missiles

911

1.347

436

 

Boats/ships

18

18

0

 

Source: Centre for Defence Strategies (CDS), Ukrainian security think tank.

 


segunda-feira, 24 de julho de 2023

A China vai trazer a paz à Ucrânia? - Ian Bremer (GZero)

 Will China end Russia’s war?

   Xi Jinping

Ian Bremer

GZero Daily, July 24, 2023

China can end the war in Ukraine. Xi Jinping is the one major world leader that both Russia’s Vladimir Putin and Ukraine’s Volodymyr Zelensky would gladly meet with. And China is the one country that has both the carrots and the sticks that can persuade Putin and Zelensky to accept the tough-to-swallow compromises needed to make peace. 

China has leverage with Russia. Europe’s post-invasion refusal to buy Russian oil and gas sharply increases China’s importance as an energy buyer. In fact, China bought a record amount of Russian energy over the first half of this year, thanks in large part to the steeply discounted price the war has forced Russia to offer.

But China has more energy suppliers than Russia has alternative high-volume buyers. A Chinese decision to reduce those imports would hurt Russia far more than China. China is also a major supplier of computer chips and other products Russia badly needs and can’t buy elsewhere. These facts give Xi real leverage with Putin if he wants to use it. 

Xi can tell his friend Putin that he must accept a peace deal that brings Russia a modest amount of Ukrainian land that he can use to declare “victory” in return for letting the rest of Ukraine go. Even if that means the remainder of Ukraine one day joins NATO and the EU. 

Putin, of course, will oppose any such suggestion. But if Xi privately advises his friend that refusal means China will publicly distance itself from Russia’s invasion and apply heavy economic pressure on his government, Putin will have to listen. With China on board, Putin looks much more powerful. Were Xi to publicly back away, Putin would be far more isolated. 

Xi can then promise that a peace deal with Ukraine will bring China and Russia economically and politically closer than ever before … and that China will pay to rebuild and modernize Russia’s war-depleted military. 

From Xi’s point of view, pushing Putin toward peace isn’t a betrayal. It’s a credible plan to save Russia from a disastrous war before much more damage is done. He’s giving Putin the “off ramp” the Russian president can’t (or won’t) create for himself. 

And if Putin isn’t ready to cut this deal now, wait through a few more months of military frustration with continuing Western support for Ukraine. 

China has leverage with Ukraine. Xi can assure Zelensky that if Ukraine will make the hard choice to surrender the Donbas region and Crimea, that China can stop the war, invest billions in the country’s reconstruction, and free Ukraine to join Western clubs. (Let Ukraine and the West argue over when and how.)

Ukraine gets peace, a European security guarantee, underwritten by Chinese infrastructure investment, and a new lease on life as an independent nation with powerful friends and allies. 

Xi can use this plan to divide Europe from the United States, an outcome that expands China’s global influence. Most European leaders would surely cheer an end to the war and reconstruction of Ukraine that Europe doesn’t have to pay for. 

US officials would not look happily on China’s ability to make new friends and extend its influence in Europe, but Washington would be hard-pressed to block a peace plan that everyone else favors. 

China can use this plan to enhance its reputation as a leader and peacemaker around the world.The Americans could not have made this deal, Xi can fairly claim. Only China has the power and the will to stop this terrible war, ending the pressure the war creates on food and energy supplies and prices for poor countries and stopping the killing of innocents. 

That’s a huge propaganda win for Beijing. At a time of frustratingly slow economic growth at home, Xi can use that win. 

Xi has already shown he wants to play peacemaker. He brokered a minor deal between Saudi Arabia and Iran this spring, and he has already offered a sketch of a Ukraine peace plan, though its current form lacks the detail needed to make it credible. Xi has even been understanding in response to a Russian strike on Ukrainian cities last week that destroyed a facility that contained grain reportedly destined for export to China and damaged a Chinese consulate building

Obviously, as with any plan to end a war, several hundred devils lurk in the details. But Xi has real leverage, even with Putin, if he wants to use it. What’s stopping him?


sexta-feira, 21 de julho de 2023

Lula deveria revisar sua postura em relação à guerra de agressão da Rússia à Ucrânia, diz pacifista colombiano (FSP)

Lula faz Putin sentir que não está sozinho, afirma líder de negociações com as Farc

Sergio Jaramillo, hoje à frente da campanha Aguenta, Ucrânia, afirma que Brasil deveria revisar política em relação à Rússia

BOGOTÁ

Folha de S. Paulo, 21/07/2023 

Sergio Jaramillo, 57, já havia visto a barbárie da guerra antes, em seu próprio país, a Colômbia.
De 2012 a 2016, durante o governo de Juan Manuel Santos, ele liderou o Alto Comissariado para a Paz, órgão que negociou com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) o acordo do Estado com a guerrilha colombiana. A atuação de Jaramillo ajudou o agora ex-presidente a ganhar o Nobel da Paz.

Hoje, ele comanda a iniciativa "Aguenta, Ucrânia", campanha que reúne artistas, políticos e intelectuais de vários países da América Latina para pedir paz no conflito que se desenrola no Leste Europeu.

No último dia 27 de junho, Jaramillo, o escritor Héctor Abad Faciolince e a jornalista Catalina Gómez, todos colombianos, além da escritora ucraniana Victoria Amelina, estavam em um restaurante na cidade de Kramatorsk após visitarem diversas regiões afetadas pela guerra promovida pela Rússia.

Embora a pizzaria Ria fosse um alvo civil —e, assim, atacá-la seria um crime de guerra—, Moscou disparou um míssil contra o local. Amelina e outras dez pessoas foram mortas, e mais de 60 ficaram feridas na ação, incluindo Jaramillo, atingido na perna. "A Rússia se tornou um Estado terrorista, e a América Latina, se tiver valores, precisa protestar", afirma ele, de Bogotá, onde conversou com a Folha.

O sr. encabeça a bandeira da campanha "Aguenta, Ucrânia" e foi ao país levar a mensagem de políticos e artistas latino-americanos. O que viu por lá lhe deu qual sensação?
A de que a invasão russa só vai acabar quando o Kremlin perceber que todas as portas estão fechadas. Mas o que Brasil e África do Sul estão fazendo é abrir uma porta muito grande, dando espaço para [o líder russo Vladimir] Putin. Isso o convence de que não está sozinho, reforça suas teorias delirantes de que o problema é o Ocidente, não sua invasão criminosa, prolonga a guerra e torna a paz impossível.

Qual a diferença entre falar da guerra de longe e vê-la in loco?
Não se pode generalizar, mas de modo geral tenho a ideia de que se dá um passo muito rápido da guerra para as questões geopolíticas, e talvez devêssemos dar mais atenção às pessoas que estão sofrendo.

O governo Lula erra em relação à guerra?
O PT deveria ter mais simpatia pelas vítimas ucranianas. Impossível que não saibam disso, [a ex-presidente] Dilma Rousseff e outros foram torturados. Concordo quando Lula defende um mundo multipolar, mas a política externa que ele promove vem contradizendo essa crença. Afinal, o que Putin está fazendo é o contrário: ele está impondo um mundo em que quem tem mais força domina tudo.

Além de o senhor ter ficado ferido na Ucrânia, perdeu uma amiga, a escritora Victoria Amelina.
Foi terrível, e é em nome dela que peço ao governo do Brasil que revise sua política em relação à Rússia e à invasão, porque a única coisa que está conseguindo é prolongar a guerra e afastar a paz.

O que o senhor foi fazer no Donbass, no leste da Ucrânia, com Amelina, Faciolince e Gómez?
Fomos coletar depoimentos de pessoas para a nossa campanha "Aguenta, Ucrânia". Victoria foi a nossa guia. Começamos em Kharkiv, onde uma amiga dela nos contou como, após a invasão russa, especialmente brutal ali, ela decidiu ficar e se tornar voluntária para ajudar pessoas e animais. A guerra deixou centenas, talvez milhares, de cães vagando pelas ruas e nos campos do país, procurando desesperadamente seus donos, que haviam abandonado a cidade.

Em Izium, ela nos levou ao jardim de uma casa muito modesta, onde encontrou enterrado sob uma cerejeira o diário de Volodimir Vakulenko, poeta que os russos assassinaram. Ele escreveu um diário do primeiro mês da invasão, e Victoria o encontrou e o divulgou na feira do livro de Kiev.

E o que os levou a essa pizzaria em Kramatorsk?
Passamos o dia conversando com pessoas nos arredores da cidade. Depois, fomos ao restaurante favorito de Victoria, a pizzaria Ria, um lugar animado em que jornalistas internacionais costumavam se reunir. Estávamos relaxados, fazendo piada sobre o fato de termos de beber cerveja sem álcool. Victoria estava à minha esquerda quando o míssil explodiu. Eu tinha abaixado a cabeça para pegar um guardanapo. Ela recebeu um golpe muito forte na parte de trás da cabeça de algum objeto que voou.

O que sentiram naquele momento?
Uma inusitada serenidade. Tudo gira ao redor, o tempo parece parar, e a mente tenta assimilar o que está acontecendo. Imediatamente pensamos nos outros... Héctor e Catalina saíram ilesos, mas quando virei a cabeça vi Victoria ao meu lado, imóvel, como uma estátua. Verificamos seu pulso, pedimos que chamassem uma ambulância e, quando os paramédicos chegaram para prestar os primeiros socorros, ficou claro que seu estado era muito, muito delicado. Fomos atrás dela no hospital, que estava cheio de feridos. Quase todas as pessoas na pizzaria ficaram feridas de alguma forma, eu sofri apenas um golpe forte na coxa que deixou um hematoma e um ferimento superficial que sangrava bastante no cotovelo. Aqueles que estavam sentados dentro da pizzaria foram os mais atingidos, o teto de concreto caiu sobre eles quando o míssil explodiu. Muitos funcionários jovens morreram.

O sr. já havia vivido algo assim antes?
Quando ocorreu o atentado a El Nogal, em Bogotá [em 2003, de autoria das Farc], eu estava jantando nas proximidades e cheguei logo depois ao local. Várias insurgências recorreram ao terrorismo na América Latina, como os Montoneros, que colocaram muitas bombas nos anos 1970 na Argentina, e o Manuel Rodríguez, que fez o mesmo no Chile nos anos 1980. E, claro, conhecemos o terrorismo jihadista do 11 de Setembro e os ataques em Paris. Mas o que a Rússia está fazendo hoje é um nível de barbárie diferente.

Trata-se de uma superpotência e um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que, em vez de proteger o direito internacional, usa seu poder para atacar sistematicamente civis em toda a Ucrânia.

É uma política de terror. No dia seguinte ao enterro de Victoria, mataram dez civis e feriram mais de 40 em um prédio residencial na cidade de Lviv, que foi atingida por mísseis, a centenas de quilômetros da linha de frente. A Rússia se tornou um Estado terrorista, e a América Latina, se tiver valores, precisa protestar.

O sr. liderou as negociações de paz com as Farc. Que balanço faz da experiência?
Agridoce. Há coisas que se saíram muito bem, como a desmobilização de guerrilheiros, o desarmamento, a incorporação das Farc ao nosso sistema democrático. O sistema de Justiça Especial para a Paz e as políticas de reparação também deram resultados extraordinários. Desde o Estatuto de Roma não havia acontecido algo assim. Mas a paz na Colômbia depende de muitos outros aspectos, econômicos, sociais e relacionados à presença de outras forças violentas, como cartéis de narcotráfico. O caminho é longo.

RAIO-X | SERGIO JARAMILLO, 57

Liderou de 2012 a 2016 o Alto Comissariado para a Paz, órgão que negociou com as Farc o acordo do Estado colombiano com a guerrilha. Antes, foi vice-ministro de Defesa para política e assuntos estrangeiros (2006-2009) e diretor-executivo do Ideas for Peace Foundation em Bogotá (2000-2003). Estudou filosofia e grego nas universidades de Toronto, Oxford, Cambridge e Heidelberg.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

O significado maior da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia - Paulo Roberto de Almeida

O significado maior da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre as implicações da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia para a Rússia, a China e o Brasil.

 

Nem Putin, nem Xi Jinping, contavam com um conflito prolongado no caso da Ucrânia, com uma terrível sangria humana (eles só pensam, claro, nos soldados russos) e consequências desastrosas no comércio e outras interações com o Ocidente. 

Devem estar preocupados com o custo econômico e diplomático. Até quando as duas autocracias vão sustentar o embate com a Otan (no campo militar) e com parte do Ocidente (no campo econômico)?

Para Putin, o custo maior é simplesmente o seu poder pessoal, e o custo imposto à Rússia no plano econômico. No caso de Xi, deve estar pensando no custo bem maior de uma aventura militar no estreito de Taiwan. Terá de refazer o se planejamento para o término (se houver) de seu terceiro mandato no novo Celeste Império.

E o que faz o famoso e diáfano “Sul Global”? Faz cara de paisagem? Sinal de que não existe de fato como suposta entidade diplomática.

Essa guerra de agressão, que se pensava rápida e terminativa, já deixou sua marca nos livros de História e nos manuais militares (a serem escritos).

O Brasil de Lula 3 tampouco sairá engrandecido de uma postura considerada como objetivamente pró-Putin no terreno diplomático de suas relações com o que se poderia chamar de “Ocidente global”.

Os atuais dirigentes brasileiros já pensaram seriamente no impacto maior dessa guerra, a todos os títulos desastrosa para contendores e “espectadores”?

Não se trata de uma proxy war como outras no contexto dessa “segunda Guerra Fria”, agora sim, oficialmente declarada…

Os processos militares, econômicos, diplomáticos e geopolíticos ainda estão em desenvolvimento…

 

Paulo Roberto de Almeida

Uberaba, 4432, 10 julho 2023, 1 p.


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Putin prepara mais um gigantesco crime de guerra e contra a humanidade: a explosão da maior central nuclear da Europa

 Zaporizhzhia NPP

Several employees of "Rosatom," brought to the Zaporizhzhia NPP from Russia, have left Enerhodar, as well as some collaborators who were ZNPP employees that had contracts with the Russians, said the Mayor of Enerhodar, Dmytro Orlov, in a comment to Ukrainian Radio.

According to the Mayor's statement, the occupying forces brought explosives to the ZNPP nearly a year ago and proceeded to mine the plant's perimeter as well as the entire coast of the Kakhovka Reservoir. The Russians have continued mining activities this year, possibly in preparation for a potential counterattack by the Ukrainian Armed Forces. These mining activities, including the impact on the Kakhovka Hydroelectric Power Station, have caused significant concern among specialists in Enerhodar. The presence of trucks with explosives indicates that the occupiers are preparing for various scenarios, and their use of the nuclear power plant as a tool for international influence is seen as a means of blackmailing not only Ukraine but the entire world.

According to Orlov, the Mayor of Enerhodar, there are no shelters in the city in case of an explosion at the ZNPP. In the event of nuclear or radiation incidents at the plant, regulations and instructions dictate a complete evacuation from the city based on wind directions and weather conditions. Shelters are only available in industrial premises at the nuclear and thermal power plants and neighboring facilities. Orlov also highlighted that around 5,000-6,000 ZNPP workers in the city are effectively held hostage by the Russian army. The occupation authorities prevent them from leaving the city limits, and those who have not signed contracts with Rosatom have had their passes blocked, prohibiting them from working.

The humanitarian situation has worsened as well. Since September, the occupiers have blocked the delivery of humanitarian aid, including essential medications like insulin. Communication in the city is also challenging. While mobile networks can reach the upper floors of high-rise buildings, the occupiers have blocked Ukrainian TV channels, radio stations, and taken control of internet resources.

Source: CDS, July 2. 2023

sábado, 17 de junho de 2023

Charada para Lula na Ucrânia - Silvio Queiroz (CB)

Charada para Lula na Ucrânia

por Silvio Queiroz
Correio Braziliense | Conexão Diplomática
17 de junho de 2023

O convite não tem ainda data nem local, mas já apresenta um punhado de incógnitas para o Planalto e o Itamaraty na questão encarada como chave para a inserção do Brasil na primeira linha da política internacional. O governo da Ucrânia convidou oficialmente o presidente Lula a participar de uma cúpula na qual pretende reunir países de diferentes regiões para discutir sua proposta de solução pacífica para a guerra com a Rússia.

De saída, a ausência do governo russo entre os convidados coloca em questão os impactos práticos potenciais desse encontro. Somada a esse elemento, a pauta assentada sobre a agenda de paz desenhada em Kiev inspira cuidados quanto ao risco de que a presença do presidente sirva apenas para encorpar um evento destinado basicamente a fortalecer a posição do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O dilema para Lula, o assessor especial Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira é pesar os prós e contras de comparecer ou declinar do convite. A ausência do Brasil em um foro que reúna um número significativo de governos pode resultar na perda de espaço para atuar como interlocutor com trânsito entre ambas as partes em conflito e facilitador de um diálogo direto entre elas.

Desde já, os envolvidos na concepção e no planejamento da política externa se debruçam sobre a charada ucraniana em busca da melhor resposta, do ponto de vista da diplomacia brasileira.

Brics em jogo

Em círculos da base governista, a iniciativa de Zelensky é vista sob a suspeita de configurar uma manobra do eixo EUA-Europa-Otan para abrir uma cunha no Brics. Paralelamente ao gesto de Kiev em direção ao Brasil, a Casa Branca faz movimentos na direção da Índia. Joe Biden deve levar à reunião de cúpula com o premiê Narendra Modi, na semana que entra, a oferta de drones de uso militar produzidos pela indústria bélica americana.

Até o momento, o governo indiano se mantém estritamente neutro na guerra da Ucrânia. Ao contrário do Brasil, que votou a favor de uma resolução pela qual a Assembleia-Geral da ONU condenou a Rússia e exigiu a retirada de suas tropas, a Índia se absteve, acompanhando a posição de China e África do Sul, que completam o Brics.

O quinteto emergente terá em agosto uma reunião de cúpula presencial na África do Sul. Embora estejam no centro da pauta a ação do bloco no continente africano e pedidos de ingresso feitos por cerca de 20 países, a guerra que envolve um dos fundadores terá seguramente lugar central.

Corre por fora

Coincidência ou não, a África faz uma iniciativa paralela na direção de favorecer a abertura de conversações diretas entre Kiev e Moscou. Chefiada pelo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, uma delegação de sete líderes do continente faz, desde ontem, a ponte entre a capital ucraniana e a cidade russa de São Petersburgo. Lá, tem encontro previsto com o presidente Vladimir Putin, à margem de um fórum econômico multilateral.

Pelo número de assentos que ocupa na ONU -- são 54 -- a África tem sido cortejada em diferentes ocasiões. Entre outros fatores, pela capacidade da União Africana de concatenar a votação em bloco nas decisões mais importantes da Assembleia-Geral. Foi com esse apoio maciço, por exemplo, que o Brasil garantiu, no primeiro período presidencial de Lula, a direção da agência para agricultura e alimentação, a FAO.

Agenda dividida

A Ucrânia dividirá com a questão ambiental, sobretudo as mudanças climáticas, a pauta da próxima investida da diplomacia presidencial de Lula. Na semana que se inicia, ele visitará o papa Francisco e seguirá para Paris, ao encontro do colega Emmanuel Macron. No Vaticano, a guerra deverá ocupar espaço privilegiado, embora o pontífice venha enfatizando sua preocupação com os impactos do aquecimento global, sobretudo para os países mais pobres.

Na França, o presidente brasileiro terá oportunidade para afinar com o anfitrião posições sobre o caminho para abreviar o conflito na Ucrânia. Embora alinhado com os parceiros no eixo EUA-UE-Otan, Macron tem acenado com alguma abertura para iniciativas como a proposta feita pelo presidente chinês, Xi Jinping. Lula, no entanto, terá de gastar as habilidades de negociador em um terreno que tem intersecções com a agenda climática.

O presidente francês está entre os entusiastas do retorno ao Planalto de um governo comprometido com a discussão multilateral sobre o tema e comprometido com o Acordo de Paris sobre o clima, Mas, igualmente, tem sido no âmbito da UE o líder mais firme na exigência de cláusulas ambientais como condição para a ratificação do acordo comercial com o Mercosul.

O tema esteve à mesa durante a visita a Brasília da presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen. Ela ouviu críticas a sanções previstas unilateralmente na legislação da UE, à margem do texto negociado com o bloco sul-americano.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

O BRICS e os Brics em face da desordem internacional trazida pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

 Os chanceleres do BRICS, representando os atuais cinco Brics individuais, reuniram-se recentemente na Cidade do Cabo, África do Sul, para preparar a próxima cúpula do grupo, que deverá reunir-se em Johannesburg, capital daquele país, em agosto.

Como quando da reunião de chanceleres do ano passado, e da própria declaração final dos chefes de Estado e de governo, ocorrida já em meio à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, os diplomatas fizeram cara de paisagem, em face da cruel realidade da guerra, inclusive já revelados os massacres, crimes de guerra inomináveis, perpetrados pelas forças russas em Bucha, arredores da capital Kiev, que elas não conseguiram tomar (levado ao local, para uma exposição na igreja local sobre os cadáveres deixados espalhados nas ruas pelos assassinos do Exército russo, o atual assessor internacional do presidente Lula para assuntos internacionais, e ex-chanceler nos governos Lula 1 e 2, disse que "não dava para saber, pois são apenas fotos). 

Transcrevo abaixo, para renovar a lembrança da vergonha já cometida em 2022 e renovado neste ano, trechos da declaração dos chanceleres, que se vangloriam reciprocamente do compromisso de seus países com o multilateralismo e a "defesa do direito internacional"... "em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e proteção da democracia, dos  direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de respeito mútuo, justiça e igualdade."

Não consigo imaginar hipocrisia maior, sabendo-se de todos os crimes já perpetrados (e ainda a perpetrar) pelos invasores em território soberano da Ucrânia, sobretudo a recente explosão deliberada da barragem de Nova Krakhovka, causando um desastre humanitário e uma catástrofe ecológica e ambiental. 

Imagino que os chanceleres continuarão impérvios à realidade da guerra, deslanchada sem provocação, por um dos membros contra um vizinho, na violação da Carta da ONU e de normas elementares do direito internacional, ou da própria moralidade dos seus atos de guerra, que cabe a cada Estado respeitar, segundo os protocolos em vigor sobre as leis da guerra, que a Rússia viola seguidamente.

Entendo que a hipocrisia continuará na reunião de cúpula de 2023, talvez até com a presença do criminoso de guerra cuja prisão já foi solicitada pelo Tribunal Penal Internacional, mas que não será eventualmente cumprida pela República da África do Sul, a que seria obrigada pelo Estatuto de Roma ao qual subscreveu e ratificou. Ah, sim, a hipocrisia se estendeu inclusive a um curto parágrafo sobre a "situação na Ucrânia", na qual ignoram completamente a situação de guerra causada por uma das partes.

Nada mais tenho a expressar, a não ser uma vergonha alheia, pela diplomacia de meu país, nesta conjuntura diplomática que aparentemente não mudou absolutamente nada, desde o governo demolidor de nossa política externa até o final de 2022.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14 de junho de 2023


Ministério das Relações Exteriores

Assessoria Especial de Imprensa 

Nota nº 76, 19 de maio de 2022

Declaração Conjunta do BRICS sobre o tema: “Fortalecer a Solidariedade e a Cooperação do BRICS; Responder às novas Características e Desafios da Situação Internacional”

(...)

3. Os Ministros reiteraram seu compromisso com o multilateralismo por meio da defesa do direito internacional, inclusive os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas como sua pedra angular indispensável, e com o papel central das Nações Unidas em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e proteção da democracia, dos  direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de respeito mútuo, justiça e igualdade.

4. Os Ministros reiteraram seu compromisso de realçar e aprimorar a governança global, promovendo um sistema mais ágil, eficaz, eficiente, representativo e responsável, realizando consultas e colaboração inclusivas para o benefício de todos com base no respeito à soberania, à independência, à integridade territorial, à igualdade, aos interesses e preocupações legítimos dos diferentes países. 

 (...)

11. Os Ministros recordaram suas posições nacionais sobre a situação na Ucrânia, conforme expressas nos fóruns apropriados, nomeadamente o CSNU e a AGNU. Apoiaram as negociações entre a Rússia e a Ucrânia. Discutiram também suas preocupações sobre a situação humanitária dentro e ao redor da Ucrânia e expressaram seu apoio aos esforços do Secretário-Geral da ONU, das Agências da ONU e do CICV para fornecer ajuda humanitária de acordo com a resolução 46/182 da Assembleia Geral da ONU.


terça-feira, 13 de junho de 2023

O Holodomor de Putin - Paulo Roberto de Almeida

O Holodomor de Putin

Paulo Roberto de Almeida


O tirano de Moscou já constatou que ele não poderá mais anexar a Ucrânia pela força.

Ele agora só está empenhado em destruir o país e matar o maior número possível de pessoas, inclusive velhos e crianças. 

A diplomacia brasileira já perdeu qualquer resquício de moralidade?

Se revela incapaz de expressar pelos ucranianos os mesmos cuidados que o governo diz manter em relação aos “povos originários”? 

A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia é apenas um detalhe nos planos de Lula para uma “nova ordem mundial”?

O Brics continuará, como no ano passado, absolutamente indiferente ao morticínio deliberado que ocorre na Ucrânia?

E sua Declaração de cúpula ainda terá a petulância (e a ignomínia) de afirmar, como foi o caso em 2022, que todos os países respeitam a Carta da ONU e os DH?

Confesso meu asco em pensar que meus colegas diplomatas possam negociar os termos de um documento final recheado de mentiras escabrosas.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 13/06/2023

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Atualização sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia; algumas seleções do relatório diário de CDS em 5/06/2023

Atualização sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia; algumas seleções do relatório diário de CDS em 5/06/2023: 


In May, Kyiv's air defense forces destroyed 7 hypersonic missiles "Kinjal," 13 ballistic missiles "Iskander," 65 cruise missiles (X-101, X-555, "Kalibr"), and 169 UAVs, the Kyiv City Military Administration reported. The statement acknowledged that these numbers are approximate. "Never before has any city in any country experienced such powerful air attacks with numerous hypersonic aeroballistic, ballistic, cruise missiles, and modern military UAVs as much as Kyiv did in May. Kyiv endured. We endured."

During the past day, the Russian army attacked nine Ukrainian Oblasts, injuring civilians and damaging civilian infrastructure.

President Volodymyr Zelensky has approved the composition of a delegation to participate in the hearings of the International Court of Justice (ICJ). On January 16, 2017, Ukraine filed a lawsuit against Russia at the ICJ for violating the Convention on the Financing of Terrorism and the Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination. On November 8, 2019, the court recognized its jurisdiction in the case concerning Russia's violations of the two conventions. The court also emphasized that Ukraine had complied with all pre-trial procedural requirements. This decision means that the ICJ can proceed to consider the merits of the case. As reported by Ukrinform, the ICJ will hold public hearings on Russia's violations of the two conventions from June 6 to June 14, 2023.

The Russian military command is strengthening its troop grouping in the Kharkiv Oblast by deploying "Storm Z" assault units; reportedly employing a group of up to 500 former convicts in the region.

Ukraine is preparing for a "Plan B" for exporting agricultural products through the Black Sea, in which Russia will not be a participant in the so-called "grain initiative."

The Kharkiv Regional Military Administration is discussing the possibility of forced evacuation from border towns and villages in Kharkiv Oblast. The head of the Kharkiv Regional State Administration stated that this decision comes in response to the increased number of shelling attacks in the area.

According to the press service of the Ministry of Culture and Information Policy, more than 1,520 cultural infrastructure objects in Ukraine have been destroyed or damaged as a result of Russia's armed aggression. The report reveals that [culture] club establishments, libraries, museums, theaters, philharmonics, and art education institutions such as art schools and colleges in 216 territorial communities have experienced damage and destruction. The statistics indicate that the Russians have damaged 571 libraries, 82 museums and galleries, 25 theaters and philharmonics, and 115 art education institutions in Ukraine. Club establishments have suffered the most damage among the cultural infrastructure, with 727 structures being affected.

Ukraine is preparing for a "Plan B" for exporting agricultural products through the Black Sea, in which Russia will not be a participant in the so-called "grain initiative." The Minister of Agrarian Policy of Ukraine, Mykola Solskyi, noted that recently the grain corridor has practically not been functioning. The aggressor country has blocked grain exports from the "Pivdenny" port, and Russian inspectors only allow one vessel to be loaded per day. "We will be prepared for the 'Plan B,' which depends on us, depends on the UN. I don't think we will stand aside if this continues in the near future... 'Plan B' excludes the fourth party (Russia) in these relations," said the minister. He added that the Ukrainian government has already established a special fund of $547 million to insure dry cargo heading to the ports of Odesa for a possible new agreement. He also mentioned that shipowners could rely on the "sufficient strength" of the Ukrainian Naval Forces and air defense in the Black Sea region. Solskyi added that Ukraine, as before, hopes that the current Black Sea Grain Initiative will work despite the existing difficulties. The new working format will require time to conclude a new agreement and discuss new rules for exporting agricultural products.

Russian operational losses from 24.02.22 to 05.06.23 
Personnel - almost 210,350 people (+410);
Tanks - 3,848 (+11);
Armored combat vehicles – 7,523 (+11);
Artillery systems – 3,567 (+12);
Multiple rocket launchers (MLRS) - 584 (+1);
Anti-aircraft warfare systems - 349 (+5);
Vehicles and fuel tanks – 6,312 (+7);
Aircraft - 313 (0);
Helicopters – 298 (0);
UAV operational and tactical level – 3,189 (+14);
Intercepted cruise missiles - 1,136 (+4);
Boats/ships – 18 (0).

"An Unwinnable War: Washington Needs an Endgame in Ukraine," an article by Samuel Charap in Foreign Affairs, aligns with the messaging that the Kremlin would welcome. It is worth noting that Samuel Charap had limited regard for the Ukrainian Armed Forces prior to the invasion, and he was not supportive, publicly at least, of arming Ukraine in the lead-up to the full-scale invasion. 

While acknowledging the potential for significant gains in the counter-offensive, Mr. Charap pushes the idea that the "fighting has made clear that neither side has the capacity—even with external help—to achieve a decisive military victory over the other." In a vision for how the war ends, he believes in solving a dilemma of "steering the war toward a negotiated end in the coming months" or "doing so years from now," dealing with a "devastating, years-long conflict that does not produce a definitive outcome." 

According to him, the “magic bullet” is in starting a diplomatic track that may leave Russia in control of some territories but Ukraine able to "recover economically, and the death and destruction would end." Samuel Charap brings the example of "the successful reunification of Germany in 1990," which "demonstrated that focusing on nonmilitary elements of the contestation can produce results." However, this armchair strategy overlooks the challenges of economic reconstruction, attracting foreign investments and ensuring security and opportunities for Ukrainians, especially those who are now refugees abroad. 

Furthermore, Charap fails to acknowledge the critical importance of Crimea, which is under Russian control and allows them to disrupt Ukraine's sea lines of communication (SLOCs). The human dimension is also missing from Charap's analysis, as Ukrainians in the occupied territories have been subjected to mass murder, torture, rape, deportations, and the forcible adoption of Ukrainian children by Russians who aim to erase their national identity, constituting genocide under international law. Charap's reference to German unification is flawed since it was not solely a result of a diplomatic genius but rather due to the collapsing Soviet Union's inability to control the German Democratic Republic (an analog to the so-called Donetsk People's Republic).

Source: CDS Daily Brief 05.06.2023:
https://cdsdailybrief.substack.com/p/cds-daily-brief-050623?sd=pf

INACREDITÁVEL declaração dos chanceleres do BRICS: para eles não existe guerra de um deles contra a Ucrânia - Nota do Itamaraty

 Ainda não tive tempo de ler detidamente a declaração conjunta dos chanceleres do BRICS (abaixo transcrita), reunidos na Cidade do Cabo, na África do Sul, para preparar a próxima reunião de cúpula do grupo, previsivelmente com a presença de um criminoso de guerra (como tal declarado e procurado pelo TPI), mas devidamente resguardado pela imunidade diplomática que lhe pretende conceder o governo da República da África do Sul, um estado membro (até aqui) do Estatuto de Roma, o que o obrigaria a envelopar o dito criminoso e entregá-lo na Haia.

Procurei, como faria qualquer jornalista atento ou minimamente atencioso, alguma menção ao MAIOR PROBLEMA da atualidade, afetando a paz e a segurança internacionais, o que deveria, presumivelmente, chamar a atenção de todos os participantes, pois que o mundo é afetado pela invasão ilegal e pela guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. NÃO HÁ UMA SÓ PALAVRA, por incrível que pareça, e isso a despeito do fato de eles reiterarem, no parágrafo 2: 

   "... o compromisso de fortalecer o multilateralismo e defender o direito internacional, inclusive os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU), como sua pedra angular indispensável, e o papel central da ONU em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e a proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de solidariedade, respeito mútuo, justiça e igualdade."

Eles ainda cometem a SUPREMA HIPOCRISIA de expressarem, no parágrafo 3, sua 

    "... preocupação com o uso de medidas coercitivas unilaterais, que são incompatíveis com os princípios da Carta da ONU e produzem efeitos negativos, notadamente no mundo em desenvolvimento."

Ou seja, sanções, como as introduzidas pelas democracias verdadeiras, em atenção aos dispositivos da Carta da ONU sobre violações da paz e da segurança internacionais, e isso apenas porque a Rússia empregou o seu direito de veto a qualquer manifestação do Conselho de Segurança a respeito dessa guerra de agressão.

A bem da verdade, há, na Declaração conjunta, uma ÚNICA referência à Ucrânia, mas não tem nada a ver com o país invadido, agredido, massacrado, e sim para falar de sua "situação", a propósito da qual eles registram, com apreço (para quem?)...

    "...propostas relevantes de mediação e bons ofícios com vistas à solução pacífica do conflito por meio do diálogo e da diplomacia."

Esse parágrafo 18, no qual existe esse registro, e o único que trata da "Ucrânia", vai aqui transcrito.

    "18. Os Ministros recordaram suas posições nacionais sobre a situação na Ucrânia e no seu entorno, expressas nos fóruns apropriados, incluindo o CSNU e a AGNU. Registraram com apreço propostas relevantes de mediação e bons ofícios com vistas à solução pacífica do conflito por meio do diálogo e da diplomacia. Pediram a implementação plena e efetiva tanto da Iniciativa de Grãos do Mar Negro quanto do Memorando de Entendimento entre a Federação da Rússia e o Secretariado das Nações Unidas sobre a promoção de produtos alimentícios e fertilizantes russos nos mercados mundiais, e enfatizam a importância de permitir que grãos e fertilizantes continuem a chegar aos mais necessitados."

Creio que a "declaração conjunta" não merece o esforço dos diplomatas que se empenharam cuidadosamente em ESCONDER O MAIS IMPORTANTE PROBLEMA DA ATUALIDADE, e por isso mesmo merece ser encaminhada diretamente ao lixo.

Como sou um seguidor dos temas da diplomacia brasileira, já escaldado por quatro anos de completa IGNOMÍNIA, sob a diplomacia bolsonarista, faço questão de registrar a HIPOCRISIA VERGONHOSA da "declaração" do BRICS, e transcrever o conjunto desse texto carente de qualquer respeito pela verdade.

Paulo Roberto de Almeida


 

Declaração Conjunta do Cabo da Boa Esperança – Ministros das Relações Exteriores e Relações Internacionais do BRICS – Cidade do Cabo, África do Sul, 1º de junho de 2023

 

Os Ministros das Relações Exteriores e Relações Internacionais do BRICS se reuniram em 1º de junho de 2023 na Cidade do Cabo, África do Sul. Os Ministros trocaram impressões sobre as principais tendências e questões globais e regionais. Reafirmaram seu compromisso de fortalecer a estrutura de cooperação do BRICS sob os três pilares da cooperação política e de segurança, econômica e financeira, e cultural e interpessoal, defendendo o espírito do BRICS com respeito e compreensão mútuos, igualdade, solidariedade, abertura, inclusão e consenso.

2. Os Ministros reiteraram o compromisso de fortalecer o multilateralismo e defender o direito internacional, inclusive os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU), como sua pedra angular indispensável, e o papel central da ONU em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e a proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de solidariedade, respeito mútuo, justiça e igualdade.

3. Os Ministros expressaram preocupação com o uso de medidas coercitivas unilaterais, que são incompatíveis com os princípios da Carta da ONU e produzem efeitos negativos, notadamente no mundo em desenvolvimento. Reiteraram seu compromisso de aprimorar e melhorar a governança global, promovendo um sistema internacional e multilateral mais ágil, eficaz, eficiente, representativo e responsável.

4. Os Ministros recordaram a Resolução 75/1 da Assembleia Geral da ONU (AGNU) e reiteraram o apelo às reformas dos principais órgãos das Nações Unidas. Reafirmaram o compromisso de revitalizar as discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU (CSNU) e a continuar o trabalho para revitalizar a Assembleia Geral e fortalecer o Conselho Econômico e Social. Recordaram o documento final da Cúpula Mundial de 2005 e reafirmaram a necessidade de uma reforma abrangente da ONU, inclusive de seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-la mais representativa, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação dos países em desenvolvimento de maneira a que possa responder adequadamente aos desafios globais. China e Rússia reiteraram a importância que atribuem ao status e ao papel do Brasil, Índia e África do Sul nos assuntos internacionais e apoiaram sua aspiração de desempenhar um papel mais importante na ONU.

5. Os Ministros reafirmaram a importância do G20 para continuar desempenhando o papel de principal fórum multilateral no campo da cooperação econômica que compreende países desenvolvidos e em desenvolvimento, onde as principais economias buscam soluções conjuntas para os desafios globais. Aguardam a realização bem-sucedida da 18ª Cúpula do G20 sob a presidência indiana do G20. Ressaltaram as oportunidades de criar uma dinâmica sustentada para mudanças com a Índia, o Brasil e a África do Sul presidindo o G20 de 2023 a 2025, e expressaram apoio à continuidade e à colaboração em suas presidências do G20, desejando a todos êxito em seus esforços.

6. Os Ministros conclamaram pela implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável em suas três dimensões – econômica, social e ambiental – de forma equilibrada e integrada, mobilizando os meios necessários à implementação da Agenda 2030. Destacaram a esse respeito que a Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a ser realizada em Nova York em setembro de 2023, constitui uma oportunidade única para renovar o compromisso internacional com a implementação da Agenda 2030.

7. Os Ministros reconheceram o impacto na economia mundial decorrente de abordagens unilaterais em violação do direito internacional e também observaram que a situação é agravada por medidas econômicas coercitivas unilaterais, como sanções, boicotes, embargos e bloqueios.

8. Os Ministros expressaram seu apoio a um sistema de comércio multilateral livre, aberto, transparente, justo, previsível, inclusivo, equitativo, não discriminatório e baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em seu centro, com tratamento especial e diferenciado (S&DT) para países em desenvolvimento, inclusive os países menos desenvolvidos. Enfatizaram seu apoio para trabalhar em direção a resultados positivos e significativos sobre as questões da 13ª Conferência Ministerial (MC13). Comprometeram-se a empenhar-se de forma construtiva para buscar a necessária reforma da OMC com vistas a apresentar resultados concretos na MC13. Apelaram pela restauração de um sistema de solução de controvérsias totalmente funcional e acessível a todos os membros até 2024, e a seleção de novos membros do Órgão de Apelação sem mais demora. Condenaram medidas protecionistas unilaterais sob o pretexto de preocupações ambientais, tais como mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono na fronteira, impostos e outras medidas.

9. Apoiaram uma Rede de Segurança Financeira Global forte, com um Fundo Monetário Internacional (FMI) baseado em quotas e adequadamente financiado em seu centro. Pediram a continuação do processo de reforma da governança do FMI sob a 16ª Revisão Geral de Quotas, inclusive uma nova fórmula de quota como guia, a ser concluída até 15 de dezembro de 2023.

10. Os Ministros parabenizaram a Sra. Dilma Rousseff, ex-Presidente da República Federativa do Brasil, como Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e expressaram confiança de que ela contribuirá para fortalecer o NDB no cumprimento efetivo de seu mandato. Incentivaram o NDB a seguir o princípio da primazia dos membros e da demanda, a mobilizar financiamento de fontes diversificadas, a aprimorar a inovação e o intercâmbio de conhecimentos, a ajudar os países membros a alcançarem os ODS, e a melhorar ainda mais a eficiência e a eficácia para o cumprimento de seu mandato, com o objetivo de ser uma proeminente instituição multilateral de desenvolvimento.

11. Os Ministros enfatizaram a importância da inclusão financeira para que os cidadãos possam colher os benefícios do crescimento econômico e da prosperidade e saudaram os numerosos novos instrumentos tecnológicos para a inclusão financeira desenvolvidos nos países do BRICS, que podem contribuir para garantir a plena participação dos cidadãos na economia formal.

12. Os ministros enfatizaram a importância de encorajar o uso de moedas locais no comércio internacional e nas transações financeiras entre os países do BRICS, bem como seus parceiros comerciais.

13. Os Ministros enfatizaram que garantir a segurança energética é um fundamento crucial para o desenvolvimento econômico, a estabilidade social, a segurança nacional e o bem-estar de todas as nações do mundo. Instaram por cadeias de suprimentos globais resilientes e demanda de energia previsível e estável para garantir o acesso universal a fontes de energia acessíveis, confiáveis, sustentáveis e modernas. Também ressaltaram a importância de aumentar a segurança energética e a estabilidade do mercado, fortalecendo as cadeias de valor, promovendo mercados abertos, transparentes e competitivos e garantindo a proteção da infraestrutura energética crítica. Condenaram veementemente todos os ataques terroristas contra infraestruturas críticas, incluindo instalações críticas de energia, e contra outros alvos vulneráveis.

14. Os Ministros reiteraram que os objetivos, princípios e disposições da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) e do Acordo de Paris, em particular os princípios de responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades (CBDR-RC) à luz de diferentes circunstâncias nacionais, devem ser honrados. Reafirmaram seus esforços nacionais e conjuntos para promover a implementação do Acordo de Paris. Nesse sentido, enfatizaram a importância do cumprimento pelos países desenvolvidos de seus compromissos de fornecer tecnologia e financiamento climático adequado, previsível, oportuno, novo e adicional, que há muito se espera, para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com as mudanças climáticas. Manifestaram preocupação com o fato de que a meta dos países desenvolvidos de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano até 2020, e anualmente até 2025, não foi alcançada e instaram os países desenvolvidos a cumprirem seus compromissos. Rejeitaram as tentativas de vincular a segurança à agenda de mudanças do clima e lembraram que a UNFCCC, incluindo as sessões anuais da Conferência das Partes (COP), é o fórum internacional apropriado e legítimo para discutir a questão da mudança do clima em todas as suas dimensões.

15. Os Ministros enfatizaram sua determinação em contribuir para uma COP28 bem-sucedida em Dubai, ainda este ano, com foco na implementação. Como o principal mecanismo para promover a implementação e a ação climática em todos os aspectos do Acordo de Paris sob a UNFCCC, o Global Stocktake (Balanço Global) deve ser eficaz na avaliação e identificação de lacunas na implementação da resposta global às mudanças do clima, ao mesmo tempo em que estabelece as bases para um uma contribuição mais ambiciosa de todos, em particular dos países desenvolvidos, para o preenchimento de lacunas marcantes na implementação de ações de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento.

16. Os Ministros saudaram a candidatura do Brasil para sediar a COP30, pois o ano de 2025 será fundamental para o futuro da resposta global às mudanças climáticas.

17. Os Ministros reconheceram a importância da inclusão das mulheres nos processos de paz, inclusive na prevenção e resolução de conflitos, na construção da paz, na reconstrução e desenvolvimento pós-conflito e na manutenção da paz.

18. Os Ministros recordaram suas posições nacionais sobre a situação na Ucrânia e no seu entorno, expressas nos fóruns apropriados, incluindo o CSNU e a AGNU. Registraram com apreço propostas relevantes de mediação e bons ofícios com vistas à solução pacífica do conflito por meio do diálogo e da diplomacia. Pediram a implementação plena e efetiva tanto da Iniciativa de Grãos do Mar Negro quanto do Memorando de Entendimento entre a Federação da Rússia e o Secretariado das Nações Unidas sobre a promoção de produtos alimentícios e fertilizantes russos nos mercados mundiais, e enfatizam a importância de permitir que grãos e fertilizantes continuem a chegar aos mais necessitados.

19. Os Ministros expressaram séria preocupação com os contínuos conflitos na região do Oriente Médio e Norte da África (MENA) e endossaram a Declaração Conjunta dos Vice-Ministros das Relações Exteriores e Enviados Especiais do BRICS em sua reunião de 26 de abril de 2023.

20. Os Ministros saudaram a readmissão da República Árabe Síria à Liga dos Estados Árabes em 7 de maio de 2023 e reafirmaram seu apoio a todos os esforços conducentes a uma solução política e negociada que respeite a soberania síria e a integridade territorial.

21. Os Ministros expressaram preocupação com o surto de violência no Sudão. Exortaram à cessação imediata das hostilidades e pediram o acesso desimpedido da população sudanesa à assistência humanitária. Saudaram os esforços da União Africana, da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, da Liga dos Estados Árabes, das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança na procura de soluções para a crise em curso. Saudaram ainda o apoio prestado por vários países, organizações e agências internacionais na evacuação de cidadãos estrangeiros do Sudão.

22. Os Ministros expressaram forte condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, a qualquer tempo, em qualquer lugar e por quem quer que o tenha cometido. Reconheceram a ameaça proveniente do terrorismo, do extremismo que leva ao terrorismo e da radicalização. Comprometeram-se com o combate ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, incluindo o movimento transfronteiriço de terroristas, as redes de financiamento do terrorismo e seus locais de refúgio. Reiteraram que o terrorismo não deve ser associado a nenhuma religião, nacionalidade, civilização ou grupo étnico. Reafirmaram seu compromisso inabalável de contribuir ainda mais para os esforços globais de prevenção e combate à ameaça do terrorismo com base no respeito ao direito internacional, em particular à Carta das Nações Unidas, e aos direitos humanos, enfatizando que os Estados têm a responsabilidade primária no combate ao terrorismo, com as Nações Unidas continuando a desempenhar um papel central e coordenador nesta área. Ressaltaram também a necessidade de uma abordagem abrangente de toda a comunidade internacional para efetivamente conter as atividades terroristas, que representam uma grave ameaça, inclusive no atual ambiente pandêmico. Os Ministros rejeitaram padrões duplos no combate ao terrorismo e ao extremismo conducente ao terrorismo. Apelaram para uma rápida finalização e adoção da Convenção Abrangente sobre Terrorismo Internacional no âmbito da ONU e para o lançamento de negociações multilaterais sobre uma convenção internacional para a supressão de atos de terrorismo químico e biológico, na Conferência de Desarmamento. Saudaram as atividades do Grupo de Trabalho Antiterrorismo do BRICS e seus cinco subgrupos com base na Estratégia Antiterrorismo do BRICS e no Plano de Ação Antiterrorismo do BRICS. Também esperamos aprofundar ainda mais a cooperação contra o terrorismo.

23. Expressaram a necessidade de fortalecer de forma abrangente os mecanismos para combater o uso crescente, em uma sociedade globalizada, por terroristas e seus apoiadores, de tecnologias emergentes e em evolução, tais como sistemas aéreos não tripulados, Internet e outras tecnologias de informação e comunicação, inclusive plataformas de mídia social, para fins terroristas, como o recrutamento e a incitação à prática de atos terroristas, bem como para o financiamento, planejamento e preparação de suas atividades.

24. Os Ministros instaram ao fortalecimento do sistema de controle de armas, desarmamento e não proliferação, incluindo a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenagem de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e à Base de Toxinas e sua Destruição (BTWC) e a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Uso de Armas Químicas e sobre Sua Destruição (CPAB), e à preservação de sua integridade e eficácia com vistas a manter a estabilidade global e a paz e segurança internacionais. Sublinharam a necessidade de cumprir e fortalecer a CABT, inclusive por meio da adoção de um Protocolo juridicamente vinculante à Convenção que preveja, inter alia, um mecanismo eficiente de verificação. Os Ministros reafirmaram seu apoio à garantia da sustentabilidade de longo prazo das atividades espaciais e à prevenção de uma corrida armamentista no espaço exterior (PAROS) e sua militarização, inclusive por meio de negociações para a adoção de um instrumento multilateral juridicamente vinculante relevante. Reconheceram o valor do Projeto de Tratado atualizado sobre a Prevenção da Colocação de Armas no Espaço Exterior e a Ameaça ou Uso da Força contra Objetos do Espaço Exterior (PPWT) submetido à Conferência sobre Desarmamento em 2014. Ressaltaram que Medidas de Transparência e Construção de Confiança (TCBMs) práticas também podem contribuir para o PAROS.

25. Os Ministros, ao enfatizarem o formidável potencial das TICs para o crescimento e o desenvolvimento, reconheceram o potencial relacionado que trazem para atividades e ameaças criminais, e expressaram preocupação com o nível e a complexidade crescentes do uso indevido e criminoso das TICs. Saudaram o trabalho em andamento no Comitê Ad Hoc para elaborar uma convenção internacional abrangente sobre o combate ao uso das TIC para fins criminosos e reafirmaram seu compromisso de cooperar na implementação do mandato aprovado pela resolução 75/282 da Assembleia Geral da ONU em tempo hábil.

26. Em consonância com o parágrafo 57 da Declaração de Pequim, os Ministros enfatizaram o desenvolvimento responsável e ético e o uso da Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento socioeconômico e o crescimento inclusivo de todas as sociedades. Apoiaram a comunicação e a cooperação na tecnologia de IA para promover benefícios mútuos, pediram o fortalecimento da governança internacional da IA e incentivaram intercâmbios e diálogos sobre políticas de IA, com o objetivo de explorar o estabelecimento de uma estrutura de governança global eficaz com o objetivo de proteger os direitos humanos e estimular a inovação e crescimento econômico.

27. Os Ministros reiteraram a necessidade de todos os países cooperarem na promoção e proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais de acordo com os princípios de igualdade e do respeito mútuo. Concordaram em continuar a tratar todos os direitos humanos, inclusive o direito ao desenvolvimento, de maneira justa e igualitária, nas mesmas condições e com a mesma ênfase. Concordaram em fortalecer a cooperação em questões de interesse comum tanto dentro do BRICS quanto em fóruns multilaterais, incluindo a Assembleia Geral das Nações Unidas e o Conselho de Direitos Humanos, levando em consideração a necessidade de promover, proteger e cumprir os direitos humanos de maneira não seletiva, não politizada e construtiva, e sem padrões duplos.

28. Os Ministros tomaram nota do relatório interno da presidência de turno sobre o Desenvolvimento Institucional do BRICS em conformidade com os parágrafos 71 a 73 da Declaração de Pequim.

29. Os Ministros deram as boas-vindas à reunião dos Ministros das Relações Exteriores dos Amigos do BRICS em 2 de junho de 2023.

30. Os Ministros expressaram seu total apoio à Presidência de turno do BRICS da África do Sul em 2023 sob o tema “BRICS e África: Parceria para o Crescimento Mutuamente Acelerado, o Desenvolvimento Sustentável e o Multilateralismo Inclusivo”. Manifestaram seu compromisso de trabalhar juntos para garantir o êxito da XV Cúpula do BRICS. Os Ministros aguardam com expectativa a próxima reunião de Ministros das Relações Exteriores e Relações Internacionais do BRICS, a ser realizada à margem da AGNU78 e sediada pela Federação da Rússia como nova Presidente de turno do BRICS em 2024.

 

* * * * * *

The Cape of Good Hope Joint Statement

BRICS Ministers of Foreign Affairs and International Relations

Cape Town, South Africa

1 June 2023

 

1. The BRICS Ministers of Foreign Affairs and International Relations met on 1 June 2023 in Cape Town, South Africa. They exchanged views on major global and regional trends and issues. They reaffirmed their commitment to strengthening the framework of BRICS cooperation under the three pillars of political and security, economic and financial, and cultural and people-to-people cooperation upholding the BRICS spirit featuring mutual respect and understanding, equality, solidarity, openness, inclusiveness, and consensus.

2. The Ministers reiterated their commitment to strengthening multilateralism and upholding international law, including the purposes and principles enshrined in the Charter of the United Nations (UN) as its indispensable cornerstone, and the central role of the UN in an international system in which sovereign states cooperate to maintain peace and security, advance sustainable development, ensure the promotion and protection of democracy, human rights and fundamental freedoms for all, and promoting cooperation based on the spirit of solidarity, mutual respect, justice and equality.

3. The Ministers expressed concern about the use of unilateral coercive measures, which are incompatible with the principles of the Charter of the UN and produce negative effects notably in the developing world. They reiterated their commitment to enhancing and improving global governance by promoting a more agile, effective, efficient, representative and accountable international and multilateral system.

4. The Ministers recalled UN General Assembly (UNGA) Resolution 75/1 and reiterated the call for reforms of the principal organs of the United Nations. They recommitted to instil new life in the discussions on reform of the UN Security Council (UNSC) and continue the work to revitalise the General Assembly and strengthen the Economic and Social Council. They recalled the 2005 World Summit Outcome document and reaffirmed the need for a comprehensive reform of the UN, including its Security Council, with a view to making it more representative, effective and efficient, and to increase the representation of the developing countries so that it can adequately respond to global challenges. China and Russia reiterated the importance they attach to the status and role of Brazil, India and South Africa in international affairs and supported their aspiration to play a greater role in the UN.

5. The Ministers reaffirmed the importance of the G20 to continue playing the role of the premier multilateral forum in the field of economic cooperation that comprises both developed and developing countries where major economies jointly seek solutions to global challenges. They looked forward to the successful hosting of the 18th G20 Summit under the Indian G20 Presidency. They noted the opportunities to build sustained momentum for change by India, Brazil and South Africa chairing the G20 from 2023 to 2025 and expressed support for continuity and collaboration in their G20 presidencies and wish them all success in their endeavours.

6. The Ministers called for the implementation of the 2030 Agenda for Sustainable Development in its three dimensions – economic, social and environmental – in a balanced and integrated manner by mobilising the means required to implement the 2030 Agenda. They highlighted in this regard that the Sustainable Development Goals (SDGs) Summit, to be held in New York in September 2023, constitutes a unique opportunity for renewing international commitment to the implementation of the 2030 Agenda.

7. The Ministers recognised the impact on the world economy from unilateral approaches in breach of international law and they also noted that the situation is complicated further by unilateral economic coercive measures, such as sanctions, boycotts, embargoes and blockades.

8. The Ministers expressed their support for the free, open, transparent, fair, predictable, inclusive, equitable, non-discriminatory and rules-based multilateral trading system with the World Trade Organisation (WTO) at its core, with special and differential treatment (S&DT) for developing countries, including Least Developed Countries. They stressed their support to work towards positive and meaningful outcomes on the issues at the 13th Ministerial Conference (MC13). They committed to engage constructively to pursue the necessary WTO reform with a view to presenting concrete deliverables to MC13. They called for the restoration of a fully and well-functioning dispute settlement system accessible to all members by 2024, and the selection of new Appellate Body Members without further delay. They condemned unilateral protectionist measures under the pretext of environmental concerns such as unilateral and discriminatory carbon border adjustment mechanisms, taxes and other measures.

9. They supported a robust Global Financial Safety Net with a quota-based and adequately resourced International Monetary Fund (IMF) at its centre. They called on continuing the process of IMF governance reform under the 16th General Review of Quotas, including a new quota formula as a guide, to be completed by 15 December 2023.

10. The Ministers congratulated Ms Dilma Rousseff, former President of the Federative Republic of Brazil, as President of the New Development Bank (NDB) and expressed confidence that it will contribute to strengthening the NDB in effectively achieving its mandate. They encouraged the NDB to follow the member-led and demand-driven principle, mobilise financing from diversified sources, enhance innovation and knowledge exchange, assist member countries in achieving the SDGs and further improve efficiency and effectiveness to fulfil its mandate, aiming to be a premier multilateral development institution.

11. The Ministers emphasised the importance of financial inclusion so that citizens can reap the benefits of economic growth and prosperity and welcomed the many new technological instruments for financial inclusion, developed in BRICS countries, that can contribute to ensuring the citizens full participation in the formal economy.

12. Ministers underscored the importance of encouraging the use of local currencies in international trade and financial transactions between BRICS as well as their trading partners.

13. The Ministers emphasised that ensuring energy security is a crucial foundation for economic development, social stability, national security, and the welfare of all nations worldwide. They called for resilient global supply chains and predictable, stable energy demand to ensure universal access to affordable, reliable, sustainable, and modern energy sources. They also stressed the importance of enhancing energy security and market stability by strengthening value chains, promoting open, transparent, and competitive markets, and ensuring the protection of critical energy infrastructure. They strongly condemned all terrorist attacks against critical infrastructure, including critical energy facilities, and against other vulnerable targets.

14. The Ministers reiterated that the objectives, principles and provisions of the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) and its Paris Agreement, in particular the principles of common but differentiated responsibilities and respective capabilities (CBDR-RC) in the light of different national circumstances, must be honoured. They reaffirmed their national and joint efforts to promote implementation of the Paris Agreement In this regard, they stressed the importance of the fulfilment by developed countries of their commitments to provide technology and adequate, predictable, timely, new and additional climate finance that is long overdue to assist developing countries to address climate change. They expressed concern that the goal of developed countries to jointly mobilise USD 100 billion per year by 2020, and annually through 2025, has not been achieved and urged developed countries to meet their commitments. They rejected attempts to link security with the climate change agenda and recalled that the UNFCCC, including the annual Conference of the Parties (COP) sessions, is the appropriate and legitimate international forum to discuss the issue of climate change in all its dimensions.

15. The Ministers emphasised their determination to contribute to a successful COP28 in Dubai, later this year, with the focus on implementation. As the main mechanism for promoting implementation and climate action on all aspects of the Paris Agreement under the UNFCCC, the Global Stocktake must be effective in assessing and identifying implementation gaps on the global response to climate change, whilst prospectively laying the foundations for enhanced ambition by all, in particular by developed countries, and for the fulfilment of outstanding gaps in means of implementation for mitigation and adaptation actions in developing countries.

16. The Ministers welcomed Brazil’s candidacy to host COP30 as the year 2025 will be key to the very future of the global response to climate change.

17. The Ministers recognised the importance of the inclusion of women in peace processes including in conflict prevention and resolution, peacebuilding, post-conflict reconstruction and development, and sustaining peace.

18. The Ministers recalled their national positions concerning the situation in and around Ukraine as expressed at the appropriate fora, including the UNSC and UNGA. They noted with appreciation relevant proposals of mediation and good offices aimed at peaceful resolution of the conflict through dialogue and diplomacy. They called for the full and effective implementation of both the Black Sea Grain Initiative and the Memorandum of Understanding between the Russian Federation and the Secretariat of the United Nations on promoting Russian food products and fertilizers to the world markets and stress the importance of allowing grains and fertilisers to continue to reach those most in need.

19. The Ministers expressed serious concern over continued conflicts in the Middle East and North Africa (MENA) region and endorsed the Joint Statement by BRICS Deputy Foreign Ministers and Special Envoys at their meeting of 26 April 2023.

20. The Ministers welcomed the readmission of the Syrian Arab Republic to the League of Arab States on 7 May 2023 and reaffirmed their support to all efforts conductive to a political and negotiated solution that respects Syrian sovereignty and territorial integrity.

21. The Ministers expressed concern about the outbreak of violence in Sudan. They urged the immediate cessation of hostilities and they called for the unimpeded access of the Sudanese population to humanitarian assistance. They welcomed the efforts of the African Union, the Intergovernmental Authority for Development, the League of Arab States, the United Nations and its Security Council in seeking solutions for the ongoing crisis. They further welcomed support rendered by various countries, international organisations and agencies in the evacuation of foreign citizens from Sudan.

22. The Ministers expressed strong condemnation of terrorism in all its forms and manifestations whenever, wherever and by whomsoever committed. They recognised the threat emanating from terrorism, extremism conducive to terrorism and radicalisation. They are committed to combating terrorism in all its forms and manifestations, including the cross-border movement of terrorists, and terrorism financing networks and safe havens. They reiterated that terrorism should not be associated with any religion, nationality, civilisation or ethnic group. They reaffirmed their unwavering commitment to contribute further to the global efforts of preventing and countering the threat of terrorism on the basis of respect for international law, in particular the Charter of the United Nations, and human rights, emphasising that States have the primary responsibility in combating terrorism with the United Nations continuing to play central and coordinating role in this area. They also stressed the need for a comprehensive approach of the whole international community to effectively curb the terrorist activities, which pose a serious threat, including in the present-day pandemic environment. The Ministers rejected double standards in countering terrorism and extremism conducive to terrorism. The Ministers called for an expeditious finalisation and adoption of the Comprehensive Convention on International Terrorism within the UN framework and for launching multilateral negotiations on an international convention for the suppression of acts of chemical and biological terrorism, at the Conference of Disarmament. They welcomed the activities of the BRICS Counter-Terrorism Working Group and its five Subgroups based upon the BRICS Counter-Terrorism Strategy and the BRICS Counter-Terrorism Action Plan. We also look forward to further deepening counter-terrorism cooperation.

23. They expressed the need to comprehensively strengthen mechanisms for countering the increased use, in a globalised society, by terrorists and their supporters of emerging and evolving technologies such as Unmanned Aerial Systems, the Internet and other information and communications technologies, including social media platforms, for terrorist purposes, such as for recruitment and incitement to commit terrorist acts, as well as for the financing, planning, and preparation of their activities.

24. The Ministers called for strengthening the system of arms control, disarmament and non-proliferation, including the Convention on the Prohibition of the Development, Production and Stockpiling of Bacteriological (Biological) and Toxin Weapons and on their Destruction (BTWC) and the Convention on the Prohibition of the Development, Production, Stockpiling and Use of Chemical Weapons and on Their Destruction (CWC), and for preserving their integrity and effectiveness to maintain global stability and international peace and security. They underlined the need to comply with and strengthen the BTWC, including by adopting a legally binding Protocol to the Convention that provides for, inter alia, an efficient verification mechanism. The Ministers reasserted their support for ensuring the long-term sustainability of outer space activities and prevention of an arms race in outer space (PAROS) and of its weaponization, including through negotiations to adopt a relevant legally binding multilateral instrument. They recognised the value of the updated Draft Treaty on the Prevention of the Placement of Weapons in Outer Space, the Threat or Use of Force against Outer Space Objects (PPWT) submitted to the Conference on Disarmament in 2014. They stressed that practical Transparency and Confidence-Building Measures (TCBMs), may also contribute to PAROS.

25. The Ministers, while emphasising the formidable potential of the ICTs for growth and development, recognised new associated possibilities they bring for criminal activities and threats, and expressed concern over the rising level and complexity of criminal misuse of ICTs. They welcomed the ongoing work in the Ad Hoc Committee to elaborate a comprehensive international convention on countering the use of ICTs for criminal purposes and reaffirmed their commitment to cooperating in the implementation of the mandate adopted by the UN General Assembly resolution 75/282 in a timely manner.

26. In line with paragraph 57 of the Beijing Declaration, the Ministers emphasised the responsible and ethical development and use of Artificial Intelligence (AI) for socio-economic development and inclusive growth of all societies. They supported communication and cooperation on AI technology to promote mutual benefits, called for strengthening AI international governance and encourage policy exchanges and dialogues on AI, with a view to exploring to establish an effective global governance framework with the aim to protect human rights and spur innovation and economic growth.

27. The Ministers reiterated the need for all countries to cooperate in promoting and protecting human rights and fundamental freedoms under the principles of equality and mutual respect. They agreed to continue to treat all human rights, including the right to development, in a fair and equal manner, on the same footing and with the same emphasis. They agreed to strengthen cooperation on issues of common interests both within BRICS and in multilateral fora including the United Nations General Assembly and Human Rights Council, taking into account the necessity to promote, protect and fulfil human rights in a non-selective, non-politicised and constructive manner and without double standards.

28. The Ministers noted the Chair’s internal report on BRICS Institutional Development in line with paragraphs 71 to 73 of the Beijing Declaration.

29. The Ministers welcomed the Friends of BRICS Foreign Ministers meeting on 2 June 2023.

30. The Ministers expressed their full support to South Africa’s BRICS Chairship in 2023 under the theme “BRICS and Africa: Partnership for Mutually Accelerated Growth, Sustainable Development, and Inclusive Multilateralism”. They expressed their commitment to working together to ensure the success of the XVBRICS Summit. The Ministers looked forward to the next BRICS Ministers of Foreign Affairs and International Relations meeting to be held on the margins of UNGA78 and hosted by the Russian Federation as incoming Chair of BRICS in 2024.

 

[Nota publicada em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/discurso-do-ministro-mauro-vieira-por-ocasiao-da-reuniao-de-ministros-das-relacoes-exteriores-do-brics-2013-cidade-do-cabo-1-de-junho-de-2023