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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ruptura democratica na Venezuela: o que farao a Unasul e o Mercosul?

Ao que tudo sugere, os chavistas se preparam para dar um golpe contra a Constituição que eles mesmos criaram e referendaram. Em qualquer hipótese, ao não se respeitar qualquer um dos artigos da Constituição, especialmente o que se refere a eleições ou posse dos eleitos, se está dando um golpe contra a Constituição, certo?
Como a Unasul e o Mercosul foram especialmente céleres em condenar o Paraguai, por ruptura democrática, se espera que sejam tão eficientes quanto foram da última vez. Será um teste, e um bom teste...
Paulo Roberto de Almeida

Chavistas tentam adiar ao máximo nova eleição não por medo da oposição, mas por medo de… si mesmos! Essa é a boa notícia
Reinaldo Azevedo, 7/01/2013

A Venezuela caminha para um impasse institucional, mais um, produzido pelo chavismo, que se mostra incapaz de seguir as leis criadas pelo próprio bolivarianismo. Que notável! Democracia e estado de direito não são conceitos sinônimos, embora assim costumem ser tomados. Por essa razão, neste blog, sempre que me refiro a esse par, opto pelo conectivo: “estado democrático E de direito”. A Venezuela é hoje uma ditadura porque um grupo usa de modo ilegítimo a estrutura repressiva do estado para impor a sua vontade, tolhendo direitos individuais e impedindo o pleno exercício das liberdades públicas. É possível, em tese, haver uma “ditadura de direito” desde que os próceres do regime se encarreguem de fazer valer as leis que estão escritas, ainda que repressivas. Ocorre que não há tirania no mundo que consiga responder ao imponderável. Por isso os regimes de força costumam ser também discricionários, mandando às favas as leis que eles próprios impuseram.

Estamos prestes a assistir a um espetáculo grotesco na Venezuela, que tende a coroar com a discricionariedade a ditadura. Caso isso se confirme, estou curioso para saber como reagirá o governo Dilma. Mas isso fica para o post seguinte. Voltemos ao ponto. A Constituição da Venezuela foi escrita e referendada sob os auspícios da “revolução bolivariana”. Ali estão alguns dos pilares do regime chavista, que instituiu o unicameralismo, mudando, inclusive, o nome do país para “República Bolivariana da Venezuela”.

Essa Constituição — inegavelmente “bolivariana”, pois — não é nem omissa nem ambígua sobre o que fazer quando um presidente eleito não pode tomar posse. O Artigo 231 não poderia ser mais claro:

“O candidato eleito ou candidata eleita tomará posse do cargo de presidente ou presidente da República no dia dez de janeiro do primeiro ano de seu período constitucional, mediante juramento diante da Assembleia Nacional. Se, por qualquer motivo, o presidente ou presidente da República não puder tomar posse diante da Assembleia Nacional, ele o fará diante do Tribunal Supremo de Justiça”.

Leiam com atenção. Não há uma só palavra que aponte para a hipótese de uma posse automática, ainda que de um presidente reeleito, ou de uma prorrogação de mandato. Os chavistas estão vendo uma brecha inexistente na possibilidade de o presidente assumir o mandato diante do Tribunal Supremo de Justiça. Alegam que o texto é omisso sobre a data em que isso poderia ser feito.

A possibilidade de o eleito tomar posse diante do tribunal, não da Assembleia, é apenas uma das “defesas” do bolivarianismo contra um eventual choque entre o presidente e o Parlamento, que poderia, ainda que numa hipótese remota, ser hostil ao futuro mandatário. Trata-se apenas de uma prevenção contra um eventual boicote ao futuro mandatário. Nesse caso, a Justiça lhe daria a posse. OU POR OUTRA: ESSE TRECHO DA CONSTITUIÇÃO RESPONDE A UM IMPASSE POLÍTICO QUE FOSSE PROVOCADO PELOS PARLAMENTARES; NADA TEM A VER COM A IMPOSSIBILIDADE DE O PRESIDENTE TOMAR POSSE.

Há mais: o texto constitucional não para por aí. O Artigo 233 estabelece o caminho em caso de impedimento absoluto do presidente da República:
“(…) se procederá uma nova eleição universal, direta e secreta, dentro dos trinta dias consecutivos seguintes”. Enquanto não se tem o novo presidente, “se encarregará da Presidência da República o presidente ou presidente da Assembleia Nacional”.

Fim de papo
Segundo o que estabelece a própria Constituição da dita “República Bolivariana da Venezuela”, fim de papo. Chávez não tem condições de comparecer diante da Assembleia na próxima quinta-feira. Antes de deixar o país para uma nova cirurgia em Cuba, ele próprio acenou com a possibilidade de uma nova eleição — sabia lhe restar pouco tempo e anteviu a possibilidade do impedimento definitivo — e pediu apoio a Nicolás Maduro.

Nem o próprio Chávez foi tão, digamos, “ousado” na interpretação do texto constitucional. O mais curioso, ou nem tanto, desse debate é que o presidente da Assembleia, que tem de assumir o controle do país por 30 dias, marcando as novas eleições, é o também chavista Diosdado Cabello. Ele e Maduro lideram correntes distintas do chavismo, e ninguém sabe, nem eles dois, com quais forças podem contar. O impasse constitucional artificialmente criado é, na verdade, um impasse do próprio chavismo sem Chávez. Para onde vai?

Vitória muito provável
A Venezuela realizou eleições regionais no dia 16 do mês passado. As forças sob o comando de Chávez conquistaram o governo de 20 dos 23 estados. Ainda que uma disputa em âmbito nacional tenha características peculiares, a vitória dos “bolivarianos” numa eventual nova disputa — que teria Maduro como o candidato — seria praticamente certa. Chávez, vivo ou morto, seria o grande eleitor. Como todos estamos cansados de saber, na ditadura venezuelana, só as forças governistas têm acesso à televisão. O confronto se realiza em condições absolutamente desiguais.

Então por que não aplicar a Constituição, escrita pelos próprios bolivarianos se a vitória é praticamente certa? A resposta está na pergunta: PORQUE A VITÓRIA É PRATICAMENTE CERTA.

Uma eleição colocaria Nicolás Maduro — ou quem quer que fosse escolhido para representar o chavismo — acima dos outros “bolivarianos” que disputam o espólio. Os chavistas tentam adiar a nova eleição não por receio de que a oposição possa vencer. O que eles não querem precipitar é a sucessão no próprio movimento bolivariano. Em qualquer hipótese, no entanto, o tempo é curto. Por quê?

Segundo o tal Artigo 233, se um presidente é impedido nos primeiros quatro anos de governo — e se sabe que Chávez não terá tanto tempo, se é que ainda está vivo —, novas eleições têm de ser marcadas em 30 dias. O vice só assume o poder caso o impedimento se dê nos dois anos finais. Percebam: a menos que se golpeie a Constituição uma segunda vez, haverá eleições presidenciais na Venezuela em breve, mesmo que o ditador tenha reconhecido o novo mandato.

A boa notícia
Tudo bem pensado, há uma boa notícia nesse imbróglio: os chavistas tentam adiar ao máximo as eleições, ainda que por alguns dias, não porque estejam unidos, mas porque estão divididos. Não é da oposição que têm medo, mas de si mesmos. Não é só o tirano que agoniza, mas também o movimento que ele inspirou. É por isso que a ditadura tenta dar um golpe em si mesma.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Republica Faraonica do Brasil (com a ajuda do BNDES)

Os governos mais incompetentes costumam ter os projetos mais grandiosos...

Pior que a Guerra do Paraguai
Rubens Ricupero
Folha de São Paulo, 07/01/2012

Somemos o custo de projetos faraônicos no Brasil e chegaremos a um atraso superior a 50 anos de guerra

"Maldita guerra, atrasa-nos meio século!". Francisco Doratioto, autor de magistral história da Guerra do Paraguai, foi buscar o título da obra nessa frase do barão de Cotegipe, logo no início do conflito.

Os fatos provaram que o líder baiano do Partido Conservador não se enganou. A Guerra da Tríplice Aliança não só infligiu ao Paraguai feridas das quais nunca se recobrou até nossos dias. A vitória nominal do Império do Brasil foi alcançada a custo tão alto que marcou o início do fim do regime.

Nesse sentido, ela se parece à vitória da França na Primeira Guerra Mundial, da qual o país jamais se reergueu. Ou a do Reino Unido na Segunda Guerra, início do irreversível declínio e fim do Império Britânico.

Por que seria que certas guerras, mesmo vitoriosas, têm esse poder fatídico de minar a vitalidade dos impérios? A resposta é que a guerra não deixa de ser um empreendimento humano com custos e consequências. Parte desse custo, a mais importante, é incalculável, pois é expressa em vidas perdidas, a cujo respeito só se pode repetir a frase de Malraux: "a vida de um ser humano não vale nada, mas nada vale a vida de um ser humano".

A parte restante corresponde aos recursos materiais destruídos. É o balanço entre esse custo e o resultado que determina se o impacto de qualquer empreendimento será perduravelmente negativo ou não.

O raciocínio aplica-se não apenas à guerra, mas às empresas coletivas mobilizadoras de recursos gigantescos. Até que ponto elas nos avançam ou nos retardam?

A que conclusão se chegaria se as universidades, sempre em busca de temas para teses, induzissem seus doutorandos a pesquisar o que nos custaram os projetos faraônicos, os elefantes brancos nos quais insistimos com persistência digna de melhor causa? Para não mergulhar muito longe no passado, pode-se começar pelo Programa Nuclear da era Geisel, a Transamazônica, a Perimetral Norte, a Ferrovia Norte-Sul, as iniciativas finalmente concluídas com retardo de anos e aumentos milionários de custo.

Lugar privilegiado deveriam ocupar nos estudos três projetos: a transposição do São Francisco, Belo Monte e o trem-bala. De vez em quando se tem a impressão de que foram abandonados, mas renascem incessantemente das próprias cinzas. Eu mesmo, no Ministério do Meio Ambiente e depois na Fazenda, ajudei a evitar por alguns anos o início do primeiro.

Quem visita a mostra de fotos do Brasil no Instituto Tomie Ohtake verá que já em 1989 os caiapós lutavam contra Belo Monte. Do trem-bala, cujo custo poderia alimentar a construção de incontáveis trens metropolitanos e metrôs, nem é preciso falar, tal sua evidente desnecessidade.

Acrescentemos os projetos de refinarias e o Comperj da Petrobras, cujos custos estimados se multiplicaram quase dez vezes; somemos o dinheiro derramado pelo BNDES no ralo insaciável dos monopólios falidos, das concessionárias incompetentes e chegaremos a um atraso seguramente superior aos 50 anos da Guerra do Paraguai!

Qual será o custo humano em pobreza, doença, ignorância dessa irracional insistência nas falsas prioridades?

O fantasma do racionamento: a vinganca de 2001

Em 2001, e isso foi explorado na campanha do PT em 2002, o Brasil enfrentou uma crise de energia elétrica, exatamente pelos mesmos motivos atuais: a não colaboração de São Pedro. Com os reservatórios em níveis historicamente baixos, o país teve de amargar os dissabores do racionamento.
O PT fez de tudo para demonizar o "apagão tucano". Não por isso vou desejar que o Brasil tenha, agora, um "apagão petista", mas os motivos são sempre os mesmos: falta de investimentos na produção e na transmissão, o que obriga a recorrer a pequenas centrais térmicas, mais caras e mais poluentes.
Bom racionamento, companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

País fica mais perto de crise energética

Vaor Econômico, 7/01/2013
A energia elétrica tende, cada vez, a ser um grande problema para o Brasil em 2013 e não mais uma solução, como desejava a presidente Dilma Rousseff, que concentrou esforços para reduzir em 20%, em média, a conta de luz dos brasileiros a partir deste ano.
A falta de chuvas nas principais bacias e a queda dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas para níveis críticos fizeram com que os custos de operação do sistema elétrico disparassem para R$ 555 por MWh na sexta-feira, aproximando-se dos patamares alcançados somente no ano de 2001 e em janeiro de 2008, períodos em que o país também atravessou uma crise na oferta de energia hidráulica.
Analistas dizem que os riscos de um racionamento, hipótese rejeitada até o momento pelo governo, aumentaram na última semana com a piora das condições climáticas. Em fevereiro de 2008, as chuvas se normalizaram e afastaram a necessidade de que o consumo fosse racionado, medida que precisou ser adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso em 2001.
Em relatório para investidores, os analistas do banco BTG Pactual Antonio Junqueira e Gustavo Gattass afirmam que uma eventual restrição na oferta de energia afetará o crescimento do PIB neste ano. "Os riscos [de racionamento] são maiores do que eram antes e a situação é delicada", escrevem os analistas. Mesmo que não seja necessário recorrer à contenção do consumo, considerada uma medida extrema, os analistas do BTG dizem ser provável que as térmicas fiquem ligadas por meses seguidos.
Os gastos com a queima de combustível para garantir o abastecimento energético, dizem eles, vão neutralizar uma parcela relevante do corte de 15%, aproximadamente, que deveria ser obtido com a redução dos encargos setoriais e das tarifas das usinas e linhas de transmissão antigas, cujas concessões foram renovadas em dezembro
Dessa forma, em vez de contribuir para uma desaceleração da inflação, a energia elétrica pode agravá-la. "Antes de cair, o preço da energia vai subir", previu a economista Tereza Fernandez, da MB Associados, em apresentação promovida na semana passada pela Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias de veículos. Segundo ela, aumentos nos preços de combustíveis, carros, alimentos e passagens aéreas também podem distanciar a inflação do centro da meta a ser perseguida pelo Banco Central.
"Quanto mais crescer o PIB, mais altos serão os riscos [de racionamento] e mais cara ficará a energia em 2013", escreveram os analistas do BTG.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou na sexta-feira o custo marginal de operação (CMO) do setor de R$ 341 para R$ 554,95 por MWh na região Sudeste para a próxima semana. Isso fez com que o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ou o valor da energia no mercado disponível, também disparasse para R$ 554,82 por MWh no Sul e Sudeste, acumulando na semana um alta de 62%.
"Este é certamente um indicador de crise [de abastecimento]", afirmou Paulo Mayon, da comercializadora de energia Compass. Segundo ele, em janeiro 2008, o país enfrentava problemas com fornecimento de gás natural da Bolívia, que não ocorrem neste momento.
Em compensação, o consumo de energia elétrica pelas residências e pelo setor de serviços cresceu significativamente. Há ainda outros dois agravantes, diz Mayon. Os reservatórios na região Sudeste estão só 29% cheios, enquanto, em 2008, esse percentual era de 46%. Neste ano, não há ainda a ocorrência de um padrão climático definido - La Niña ou El Niño -, o que aumenta as incertezas em relação ao comportamento das chuvas.
O Brasil, afirma Mayon, poderá recorrer a alguns planos alternativos para garantir uma maior oferta, entre eles buscar energia da Argentina, com a qual já há um intercâmbio, e da Venezuela, país com o qual foi feita uma conexão por Manaus e Boa Vista, mas que nunca foi utilizada até o momento. "São 'cavalarias' que podem ser chamadas para salvar a situação". (Colaborou Eduardo Laguna)

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Republica Anarquica dos Movimentos Sociais e Religiosos

O Brasil está se convertendo num terreno privilegiado da malandragem cartoria. Basta você registrar uma igreja qualquer, geralmente da teologia da pro$peridade, ou um movimento social, que você passa a ter privilégios fiscais, além de poder se candidatar a receber verbas públicas a um título qualquer.
Estamos nos transformando numa imensa ONG de espertos...
Paulo Roberto de Almeida 

Proposta isenta entidades religiosas e sem fins lucrativos de pagar registro

A Câmara analisa projeto de lei (PL 4441/12) do deputado João Paulo Lima (PT-PE) que isenta associações sem fins lucrativos e organizações religiosas de pagar pelo registro civil de pessoas jurídicas. Atualmente, a Lei de Registros Públicos (6.015/73) prevê que essas instituições paguem os mesmos valores que, por exemplo, empresas e partidos políticos.

Segundo o autor da proposta, as entidades sem fins lucrativos atendem a população carente, que ainda não recebe suporte estatal. João Paulo também justificou a necessidade da isenção como reparação do que ele classificou como perseguição secular às religiões de matrizes africana e indígena.

“O Estado deve assegurar proteção às manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras em face a um Estado brasileiro que por 300 anos legitimou, tão somente, os direitos dos senhores colonizadores e de escravos”, afirmou.

O deputado lembrou que, até a Constituição de 88, “o que se presenciava era um Estado que, servindo aos senhores, tinha como uma das atribuições promover a política de aniquilamento do ser africano e ser indígena”. Segundo ele, “o Estado tinha como função repreender de forma física e moral todas as formas de manifestações culturais e religiosas dos povos não alinhavados com o pensamento religioso dominante”.

Como exemplo, João Paulo Lima citou o Código Criminal de 1830, que tratava a religiosidade africana como atividade marginal e clandestina. “Promoviam-se prisões e torturas de negros que ousassem a manifestar sua religiosidade em lugares públicos”.

Tramitação – O projeto foi apensado ao PL 3350/00 que, por sua vez, tramita apensado ao PL 407/99. Esse último foi desarquivado e será analisado pelas comissões da Câmara.
  

"Eficiencia" do Setor Publico: orcamento paralelo

Eis a manchete:
 Parece que estamos num túnel do tempo, andando para trás. Nos tempos da brilhantina, isto é, durante o governo militar e mesmo antes, o Brasil simplesmente não tinha orçamento, ou melhor tinha dois: o fiscal, teoricamente computando todas as receitas e despesas do governo, e teoricamente aprovado pelo Parlamento, e um orçamento monetário, à margem do primeiro e à distância do Parlamento, que regulava a emissão de dinheiro segundo as necessidades do governo. Não estranha, assim, que tivéssemos uma inflação tão.
Mas, nem tudo é tão ruim, que não possa piorar um pouco mais. 
Nos governos militares, passamos a ter não mais dois, mas três orçamentos, pois aos dos acima foi acrescentado mais um: o das estatais. 
Era uma época em que o governo controlava cerca de um terço do PIB, com centenas e centenas de estatais, cada qual abusando à larga do "seu" orçamento para gastar.
Parece que o governo Dilma recua a essas épocas em que o governo tem o seu próprio orçamento, à margem e na indiferença do Congresso, que também tem o seu próprio, para gastar...   
Agora a notícia, deplorável.
Paulo Roberto de Almeida 

Restos a pagar do Orçamento devem chegar a R$ 200 bilhões este ano

Para especialista, aumento do valor combina ‘dificuldade de acomodar gastos, inoperância dos ministérios e bagunça orçamentária’

06 de janeiro de 2013 | 21h 48
Fernando Dantas, de O Estado de S. Paulo


RIO - Os restos a pagar do Orçamento federal devem chegar à marca recorde de R$ 200 bilhões em 2013, segundo estimativa do portal Contas Abertas, especializado em contas públicas. Os restos a pagar são despesas de orçamentos anteriores, que não foram pagas, e que são roladas para a frente. Em 2002 e 2003, os restos a pagar estavam em torno de R$ 20 bilhões, o que significa que foram multiplicados por dez em uma década.
O aumento de 2012 para 2013 deve ser de R$ 58,9 bilhões, quase quatro vezes maior do que a média anual de aumento de restos a pagar de 2009 a 2012, que foi de R$ 15,3 bilhões. "Uma conta de R$ 200 bilhões pode ser chamada de tudo, menos de restos a pagar", critica o economista José Roberto Afonso, especialista em assuntos fiscais.
Gil Castelo Branco, secretário-geral do Contas Abertas, diz que "os restos a pagar são um orçamento paralelo, tão ou mais relevante que o Orçamento oficial em algumas rubricas, como investimentos".
Ele nota que os restos a pagar de investimentos em 2013 (há diversos outros tipos de despesa também), estimados em R$ 73,5 bilhões, serão bem maiores que todo o investimento federal em 2012, de R$ 46,8 bilhões. Além disso, em 2012 foram feitos mais investimentos de restos a pagar (R$ 25,3 bilhões) do que os investimentos do próprio Orçamento do ano, de R$ 22 bilhões.
Quando se toma o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o mesmo padrão se repete. Foram pagos R$ 21,3 bilhões de investimentos de restos a pagar, e apenas R$ 18,2 bilhões do Orçamento de 2012.
O aumento de restos a pagar de investimentos em 2013 foi de R$ 16,2 bilhões, quase três vezes maior do que a média anual de aumento da mesma rubrica de 2009 a 2012, que foi de R$ 5,7 bilhões.
Dentro da estimativa do Contas Abertas de restos a pagar de investimento para 2013, o item principal é transporte rodoviário, com R$ 7,7 bilhões. O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, nota que os investimentos em transporte estão caindo desde 2010 como proporção do PIB. No valor acumulado até novembro, saiu-se 0,33% do PIB em 2010 para 0,29% em 2011 e 0,22% em 2012.
Para Velloso, o aumento dos restos a pagar nos últimos anos é uma combinação de "dificuldade financeira de acomodar gastos e cumprir a meta de superávit primário, inoperância dos ministérios e bagunça orçamentária".
Entraves. Os restos a pagar correspondem a despesas que foram "empenhadas", passo inicial da execução orçamentária, mas que deixam de ser pagas. Algumas vezes, explica Castelo Branco, isso ocorre por falta de uma licença ambiental, ou porque o Tribunal de Contas paralisa a obra por alguma irregularidade, entre outros motivos. Ele observa que os restos a pagar começaram a crescer "como bola de neve" no início da década passada e, naquela época, eram usados também como mecanismo de cumprimento do superávit primário, quando as metas fiscais brasileiras eram severamente vigiladas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Assim, muitas vezes os empenhos eram feitos, permitindo ao político exibir ao seu eleitorado uma "conquista" de alguma obra de interesse local, mas os recursos não eram efetivamente liberados.
Esse estratagema ainda é usado hoje, na visão de Castelo Branco e Velloso. Mas os analistas fiscais também acham que o gigantesco acúmulo de restos a pagar cria um orçamento paralelo, que dá margem de manobra para o governo gastar e investir, sem as amarras do Orçamento oficial e da sua tramitação complexa e sujeita à permanente guerrilha política do Congresso Nacional. "Com os restos a pagar, o governo não precisa que o Orçamento de 2013 seja aprovado tão cedo, ele pode ir tocando os seus gastos com essa autorização orçamentária que já possui."
Mas os especialistas notam que há uma enorme contrapartida negativa no crescimento dos restos a pagar.
Para Castelo Branco, o País está perdendo completamente o princípio da anualidade, já que o Orçamento é feito para um exercício (ano fiscal), e para que a sociedade possa acompanhar o que está sendo feito neste exercício - agora há orçamentos paralelos que derivam de múltiplos exercícios. "Estamos acompanhando o Orçamento pelo retrovisor", critica o economista.
José Roberto Afonso lembra que o processo orçamentário está na raiz da democracia moderna, o que significa que o governo não pode criar impostos ou gastos sem a chancela dos representantes do povo, que estão no Legislativo. Mas, com o enorme orçamento paralelo dos restos a pagar, o governo na prática pode escolher que projetos tocar, desamarrando-se de uma forma que pode até favorecer a corrupção. "No fundo, o que temos é um cheque em branco", diz Afonso, que defende a revisão da legislação tributária e do mecanismo dos restos a pagar, criado há meio século apenas para facilitar a transição entre exercícios fiscais, mas que foi completamente distorcido.

A heranca maldita da Chaveznomics, uma crise sem precedentes - Moises Naim

¿Qué pasará en Venezuela?
Se avecinan problemas graves porque Chávez deja Venezuela sumida en una crisis económica enorme
MOISÉS NAÍM
El Pais, 5 Enero 2013

Jorge Botti, presidente de la federación empresarial de Venezuela (Fedecámaras), explicó hace poco que si el Gobierno no suministra más dólares para pagar las importaciones, la escasez de productos de primera necesidad será grave. “Lo que le vamos a dar a Fedecámaras no son más dólares sino más dolores de cabeza”, respondió el vicepresidente Nicolás Maduro, el heredero escogido por Hugo Chávez.

Maduro tiene razón. El Gobierno provocará muchos dolores de cabeza a las empresas privadas. Pero los dolores de los empresarios serán leves comparados con los que va a sufrir la población en general, particularmente los pobres. Hugo Chávez deja Venezuela sumida en una crisis económica de enormes proporciones.

Si bien la incertidumbre política desencadenada por la enfermedad del presidente ha concentrado la atención del mundo, será la crisis económica lo que va a moldear el futuro inmediato del país, incluyendo el político.

Los desajustes económicos incluyen un déficit fiscal cercano al 20% del producto interior bruto (en EE UU es del 7%) y un mercado de divisas en el cual el dólar que se compra en la calle cuesta cuatro veces más que el dólar que vende el Gobierno a la tasa oficial. Esto quiere decir que una devaluación de la moneda es inevitable y que, por lo tanto, la inflación que se avecina será aún mayor que la actual, que es una de las más altas del mundo. Los niveles de empleo están artificialmente abultados por la gigantesca expansión del empleo público, los compromisos laborales adquiridos por el Gobierno nutren una fuerte conflictividad sindical, la deuda externa es ahora diez veces mayor que en 2003, el sistema bancario está muy frágil y la capacidad productiva del país, incluyendo la de su industria petrolera, ha caído drásticamente.

Los países exportadores de petróleo rara vez sufren crisis económicas causadas por la escasez de divisas fuertes. Pero el régimen del presidente Chávez se las ha arreglado para quedarse corto de dólares o euros, a pesar de que ha gozado de más de una década de altos precios del petróleo y de una enorme capacidad de endeudamiento gracias a los elevados intereses que está dispuesto a pagar.

Sin embargo, el dinero no alcanza. El desenfrenado gasto en consumo ha disparado las importaciones, a la vez que la mala gestión y la falta de inversión en la industria petrolera han venido reduciendo los ingresos por exportaciones. Los ingresos petroleros de Venezuela también caen por otras razones. El elevado consumo interno de gasolina absorbe una gran parte de la producción (llenar el tanque de un coche normal cuesta 25 céntimos de dólar, unos 19 céntimos de euro). Otra parte de la producción se envía a Cuba y a otros aliados de Chávez a precios altamente subsidiados y a crédito: de hecho, muchas de estas facturas nunca llegan a cobrarse.

Otra parte de la producción petrolera va a China, ya que este país pagó por adelantado, con importantes descuentos, grandes volúmenes de crudo. El Gobierno de Chávez ya recibió y gastó ese dinero y ahora debe honrar el contrato suministrando a China petróleo por el cual no recibe ingreso alguno. Así, la mayor parte del crudo que queda para ser exportado a precios de mercado (y que se cobra) se vende al país que es a la vez el mejor cliente y el principal enemigo de Chávez: Estados Unidos. Sin embargo, como resultado de su propio auge petrolero, las compras estadounidenses de crudo venezolano han caído al mínimo en 30 años. Y por si esto fuera poco, una explosión en su mayor refinería obliga a Venezuela a importar gasolina. El Financial Times calcula que por cada 10 barriles de crudo que vende a Estados Unidos tiene que importar (a un precio más alto) dos barriles de petróleo refinado en el exterior.

Esta caída en los ingresos ocurre mientras las importaciones totales del país han pasado de 13.000 millones de dólares en 2003 a más de 50.000 millones hoy. Pagar esas importaciones y los altísimos intereses de la deuda requiere más divisas de las que la economía genera. A todo esto se agrega que la Venezuela de Chávez ha caído a los últimos lugares de las listas que clasifican a los países según su competitividad, la facilidad de hacer negocios o el atractivo para los inversores extranjeros, mientras que se coloca entre los campeones mundiales en materia de homicidios y de corrupción gubernamental.

Sí. El vicepresidente Maduro ha dado en el clavo: se avecinan grandes dolores de cabeza. Y a él le tocará explicarle al pueblo por qué cuando el presidente era Chávez se vivía mejor.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Trabalho, chega, por favor: feriados federais em 2013

Governo federal divulga lista de feriados para 2013

Datas valem para servidores públicos federais. Serão nove feriados e sete pontos facultativos neste ano
O governo divulgou nesta sexta-feira (4) o calendário de feriados e pontos facultativos para 2013. As datas valem para os servidores públicos federais. Serão nove feriados nacionais, sendo que quatro deles caem durante finais de semana, e sete pontos facultativos.
Portaria editada pelo Ministério do Planejamento e publicada no Diário Oficial da União estabelece que os serviços essenciais ao cidadão continuarão em funcionamento nestas datas. O texto também informa que os feriados estaduais e municipais serão respeitados pelas repartições federais nas cidades em que estiverem instaladas. Os servidores de credos e religiões que tenham datas especiais não listadas pela portaria poderão gozar a folga desde que a compensem posteriormente e mediante autorização do responsável pela unidade de exercício do servidor.
Veja abaixo quais são os feriados e pontos facultativos de 2013 para o governo federal:
- 1º de janeiro: Confraternização Universal (feriado nacional);
- 11, 12 e 13 de fevereiro: Carnaval (ponto facultativo) – segunda-feira;
- 29 de março: Paixão de Cristo (feriado nacional);
- 21 de abril: Tiradentes (feriado nacional);
- 1º de maio: Dia Mundial do Trabalho (feriado nacional);
- 30 de maio: Corpus Christi (ponto facultativo);
- 7 de setembro: Independência do Brasil (feriado nacional);
- 12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional);
- 28 de outubro: Dia do Servidor Público (ponto facultativo);
- 2 de novembro: Finados (feriado nacional);
- 15 de novembro: Proclamação da República (feriado nacional);
- 24 de dezembro: Véspera de Natal (ponto facultativo após as 14h);
- 25 de dezembro: Natal (feriado nacional);
- 31 de dezembro: Véspera de Ano Novo (ponto facultativo após as 14h).

Japao: demografia declinante - Alexandre Vidal Porto

Onde as crianças nascem menos
Alexandre Vidal Porto
Folha de S. Paulo, 5 de janeiro de 2013

População do Japão não para de cair; vendem-se mais fraldas para adultos que para crianças no país

NO JAPÃO, a cada 31 segundos, nasce uma pessoa. A cada 26, morre outra. Ou seja, tem mais gente morrendo que nascendo.

Desde 2007, a população japonesa não para de diminuir. Segundo o governo, de 2011 a 2012, o país perdeu o número recorde de 212 mil pessoas. Nesse ritmo, até 2060, os japoneses, hoje 128 milhões, estariam reduzidos a 86 milhões apenas.

Em 2012, nasceram 18 mil crianças a menos que em 2011. Essa tendência está diretamente vinculada à baixa taxa de fertilidade das japonesas. Hoje, a média de filhos por mulher é de 1,39. Para que a população se mantivesse estável, seria necessário que ela alcançasse 2,1.

A redução do número de filhos é explicada, ao menos parcialmente, por razões econômicas. A conjuntura de recessão desencoraja a constituição de novas famílias. As pessoas se casam menos e mais tarde. A manutenção de um filho é cara: em 2009, os cinco primeiros anos de educação infantil custavam cerca de US$ 73 mil, 2,5 vezes mais que nos Estados Unidos, por exemplo.

Além disso, ter filhos dificulta o avanço profissional das mulheres. Como trabalhar 15 horas por dia - coisa comum no Japão- quando se tem criança pequena em casa? Diante desse dilema, número cada vez maior de mulheres tem priorizado a carreira profissional e decidido não ter filhos.

Com a redução no número de nascimentos e uma das expectativas de vida mais elevadas do planeta, o Japão se transformou no país desenvolvido com a mais alta proporção de idosos. No mercado japonês, vendem-se mais fraldas descartáveis para adultos que para crianças. Hoje, 24% da população total é de idosos. Em 2060, os idosos serão 40%.

Essa tendência é uma bomba-relógio populacional. A cada cem segundos, o Japão tem uma criança a menos. Segundo Hiroshi Yoshida, professor de economia da Universidade de Tohoku, a prevalecer esse quadro, em maio de 3011, não haverá mais crianças no país.

O envelhecimento da população imporá sobrecarga crescente ao sistema previdenciário. Também terá impacto sobre o nível da produtividade e o ritmo do crescimento. Agora, mesmo que a taxa de fertilidade subisse, tomaria mais de uma geração para que a diferença pudesse ser economicamente verificada.

A incorporação de imigrantes poderia ajudar a compensar o deficit demográfico, mas essa hipótese parece não ser considerada pelas autoridades japonesas. O governo está ciente da questão e estabeleceu um ministério específico para o tema. Algumas políticas têm sido implementadas, mas os resultados têm ficado aquém das expectativas.

Contudo, a despeito do que faça o governo, é fundamental que a comunidade empresarial reconheça e assuma seu quinhão de responsabilidade. É importante para toda a nação que a cultura corporativa e o ambiente laboral incorporem regras de proteção ao convívio familiar e protejam o avanço profissional das trabalhadoras com filhos. A contribuição que as mulheres japonesas podem dar ao sistema produtivo de seu país, mais do que valiosa, é necessária. Não deve ser desprezada.

ALEXANDRE VIDAL PORTO é escritor e diplomata. Este artigo reflete apenas as opiniões do autor.

Republica dos companheiros: gastos secretos e abusos repetidos

Pois é, o discurso da transparência e da democratização das instituições era só para enganar os incautos. Não a mim...
Paulo Roberto de Almeida

46% dos gastos via cartão corporativo do governo são mantidos em segredo

Presidência da República e órgãos oficiais de investigação, como Abin e Polícia Federal, são os que mais recorrem ao sigilo de despesas

Alana Rizzo, de O Estado de S. Paulo, 05 de janeiro de 2013

Em 2012, ano em que a Lei de Acesso à Informação entrou em vigor, quase metade dos gastos com cartões corporativos do governo federal foi mantida em segredo. O argumento é que são informações estratégicas para a segurança da sociedade e do Estado brasileiro.
Entre janeiro e setembro, 46,2% das despesas via cartão foram classificadas como sigilosas – as informações referentes aos meses finais de 2012 ainda não foram enviadas pelo Banco do Brasil à Controladoria-Geral da União (CGU) para divulgação no Portal da Transparência do governo.
Ao todo, na administração pública, os portadores dos mais de 13 mil cartões de pagamento do governo espalhados pelo País gastaram, de forma secreta, R$ 21,3 milhões dos R$ 46,1 milhões pagos pelo chamado suprimento de fundos. A maioria é de compras e saques da Presidência da República, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal. Na Presidência, 95% das despesas com cartões são sigilosas.
Pela legislação, o uso do chamado suprimento de fundos – ou seja, os cartões – não é regra e deve ser usado como exceção e em casos de despesas excepcionais ou de pequeno vulto, como compra de material de consumo e contratação de serviços.
A Abin diz que utiliza o cartão de forma "ostensiva" para atender às demandas administrativas de 26 superintendências estaduais vinculadas. O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é subordinada, afirma que os cartões de pagamento são usados em ações de caráter sigiloso em conformidade com a lei.
A Polícia Federal, órgão submetido ao Ministério da Justiça, cujos gastos secretos por meio de cartão corporativo são altos, não quis comentar o assunto.
A Secretaria de Administração, responsável pela gestão dos cartões da Presidência, informou que os cartões corporativos se destinam a atender as despesas eventuais de pronto pagamento e que, por sua excepcionalidade, não podem se subordinar ao processo normal de empenho. A Vice-Presidência da República, que gastou R$ 537,8 mil com os cartões, informou que não poderia responder aos questionamentos da reportagem porque seus servidores estavam em recesso.
Sem amparo legal específico, a fiscalização das despesas sigilosas é compartilhada dentro do governo. Cabe à Secretaria de Controle Interno (Ciset) da Secretaria-Geral acompanhar os gastos relacionados à Presidência da República, incluindo a Abin. Já as despesas da PF são fiscalizadas pela Controladoria-Geral. No entanto, os relatórios de contas da Ciset e da CGU revelam que os órgãos utilizam artifícios para burlar o controle e não divulgar os gastos.
Atraso. Os últimos dados disponíveis na página da CGU são de setembro. Até a última semana, o portal estava desatualizado e divulgava informações referentes à fatura de maio, um atraso de mais de seis meses na divulgação de informações públicas.
O sigilo e a demora na publicação dos dados vai na contramão da Lei de Acesso e do compromisso assinado pela presidente Dilma Rousseff de implantação do projeto Governo Aberto. Durante a abertura da 1.ª Conferência de Alto Nível Parceria para o Governo Aberto (OGP) em abril do ano passado, Dilma ressaltou o "grande compromisso" do governo com a transparência e destacou o Portal da Transparência. "O Portal divulga todas as despesas do governo federal em base diária e nos mínimos detalhes. Quem acessá-lo nesta manhã verá que todos os gastos realizados até a noite de ontem estão lá expostos e configurados."
Em nota, a CGU informou que o Banco do Brasil é o responsável pelo envio dos dados e a Controladoria, pela publicação. O atraso, segundo o órgão, foi causado por "problemas de ordem técnica" ocorridos no processamento das informações no mês de julho, o que prejudicou a atualização dos meses subsequentes. O banco alegou que a demora foi provocada por mudanças no sistema dos cartões.
Incorporados ainda no governo Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de diminuir os gastos e dar mais transparências às contas, os cartões corporativos provocaram uma crise em 2008.
Denúncias de mau uso, incluindo o pagamento de despesas pessoais e saques sem justificativas, levaram a então titular da Secretaria da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a pedir demissão. Uma CPI foi criada no Congresso. A ex-ministra será secretária adjunta de Netinho de Paula na pasta da Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo.
Veja também:
link PF apura desvio de R$ 650 mil da educação no interior de SP
link CGU inocenta ex-reitor da UFRJ de acusação
link O Estado tem o direito de ocultar despesas com os cartões corporativos? 

O novo lider (reformista?) da China - Nicholas Kristof

The New York Times, January 5, 2013

Looking for a Jump-Start in China

BEIJING
HERE is my prediction about China: The new paramount leader, Xi Jinping, will spearhead a resurgence of economic reform, and probably some political easing as well. Mao’s body will be hauled out of Tiananmen Square on his watch, and Liu Xiaobo, the Nobel Peace Prize-winning writer, will be released from prison.
These won’t happen immediately — Xi won’t even be named president until March — and I may be wrong entirely. But my hunch on this return to China, my old home, is that change is coming.
Here’s my case for Xi as a reformer.
First, it’s in his genes. His father, Xi Zhongxun, was a pioneer of economic restructuring and publicly denounced the massacre of pro-democracy protesters in 1989. Xi’s mother chooses to live in Shenzhen, the most capitalist enclave in the country.
Xi is also one of the first Chinese leaders to send a child to the United States as an undergraduate. His daughter is a junior at Harvard, reflecting her parents’ emphasis on learning English and their admiration for American education.
It helps that the bar is low for Xi: he follows President Hu Jintao, who is widely regarded in China as a failure. Even government ministers complain that he squandered his 10 years as leader. Today there is pent-up demand for change.
President Hu, who always reads speeches from texts, is a robot who surrounds himself with robots. One such robot aide is Ling Jihua, whose 23-year-old son was driving a Ferrari one night last March with two half-naked women as passengers. The car crashed on a Beijing road, killing the young man and badly injuring the women, one of whom later died.
Ling feared a scandal and reportedly began a cover-up. He went to the morgue, according to the account I got from one Chinese official, and looked at the body — and then coldly denied that it was his son. He continued to work in the following weeks as if nothing had happened. The cover-up failed, and the episode underscored all that was wrong with the old leadership: the flaunting of dubious wealth, the abuse of power and the lack of any heart.
Xi is trying to send a message that he is different. His first act upon becoming Communist Party general secretary in November was to replicate a famous “southern tour” by Deng Xiaoping in 1992 that revived economic reforms. Xi and his team have also startled officials by telling them to stop reading empty speeches at meetings.
Another good sign: I hear that Wang Yang, a reformist who has been the party chief in Guangdong Province and is perhaps the single most capable leader in China today, will be named a vice premier in March.
The new leaders would probably prefer to accelerate economic change while minimizing political relaxation, but that is increasingly difficult as China develops an educated, worldly and self-confident middle class. Over the years, most of China’s neighbors — from Taiwan to Mongolia, South Korea to Thailand — have become more democratic, and now even Myanmar is joining the parade. How can mighty China be more backward than Myanmar?
For 25 years, I’ve regularly been visiting my wife’s ancestral village in the Taishan area of southern China. At first, the villagers were semiliterate and isolated, but now their world has been transformed. On this visit, we dropped by a farmhouse where a former peasant was using the Internet to trade stocks on his laptop. His daughter is in college, and he watches Hong Kong television on a big screen.
People like him are ever harder to control or manipulate, and they’re steamed at China’s worsening corruption. A couple of decades ago, a friend who is a son of a Politburo member was paid several hundred thousand dollars a year to lend his name to a Chinese company so that it could get cheap land from local governments. These days, the family members of leaders can rake in billions of dollars over time.
The 70 richest delegates to China’s National People’s Congress have a collective net worth of almost $90 billion, Bloomberg News reported. That’s more than 10 times the collective net worth of the entire American Congress.
Granted, there is evidence to counter my optimistic take. Most troubling, the authorities are cracking down on the Internet. That’s a great leap backward, but I am skeptical that it will be sustained. Right now a fascinating test case is unfolding: a senior propaganda official censored a New Year’s message in a major Guangdong newspaper, and now journalists are publicly demanding that he be fired. Stay tuned.
Xi is also more nationalistic than President Hu, and I worry that a confrontation with Japan over disputed islands could escalate out of control — in which case all bets are off.
Still, the pre-eminent story of our time is the rise of China. For the last decade it has been hobbled by the failed leadership of President Hu. I’m betting that in the coming 10 years of Xi’s reign, China will come alive again. 

I invite you to comment on this column on my blog, On the Ground. Please also join me on Facebook and Google+, watch my YouTube videos and follow me on Twitter.

China, o sonho dos companheiros: autoritaria e corrupta (tudo o queeles queriam no Brasil)

Retiro, de uma materia sobre a China que vou postar em seguida, esta pequea informacao recolhida nas melhores fontes disponiveis:

"The 70 richest delegates to China’s National People’s Congress have a collective net worth of almost $90 billion, Bloomberg News reported. That’s more than 10 times the collective net worth of the entire American Congress."

Gostaria de ver, ouvir, saber o que os companheiros tem a dizer sobre isso, ou seja: os congressistas americanos sao muito mais pobres que os parlamentares chineses.
Deve ser produtividade: reunindo-se uma unica vez ao ano, os representantes chineses vao direto ao ponto, sem todos aqueles hearings das comissoes do Congresso, aquele questionamento das autoridades,essas chatices da democracia. Eles se concentram naquilo que e' importante: ganhar dinheiro.
Nada como cultivar os bons valores e habitos americanos...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 5 de janeiro de 2013

A decadencia moral do Brasil - Ferreira Gullar, Nelson Motta e os companheiros

O Brasil atravessa uma fase de decadência moral inacreditável. As explicações para isso são fáceis: tivemos a ascensão de uma nova classe, de uma nova elite, segundo as teorias da circulação das eleites de Gaetano Mosca e de Vilfredo Pareto. A que ascendou é essa que estamos vendo: a nova nomenklatura, pouco educada, mas extremamente ávida de benesses, privilégios, consumo conspícuo. A ela segue-se uma legião de mercenários a soldo e de voluntários da causa que contribui para degradar a níveis extremamente baixos o debate político no país, convertido numa vingança dos ratos magros contra os ratos gordos que nos governavam. Apenas que os ratos gordos já se uniram aos ratos magros na tarefa de degradar ainda mais o ambiente intelectual no Brasil (mas creio que o adjetivo não se aplica).
Tendo constatado, tanto quanto Nelson Motta, na coluna abaixo que discorre sobre os comentários ao artigo de Ferreira Gullar, que a fúria da malta se torna irracional e extremamente agressiva nesses casos de crítica ao supremo guia genial dos povos, só posso concluir quanto à erosão completa dos valores da civilidade e do debate cortês no Brasil.
Estamos recuando, cada vez mais, infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida

Artigo de Ferreira Gullar:

Me engana que eu gosto

Folha de S.Paulo, 30/12/2012 

 Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.
Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.
Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.
Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.
E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.
Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.
Esse é um ponto que mereceria a análise dos psicólogos sociais. O cara acha que Lula encarna a luta contra a desigualdade, identifica-se com ele e, por isso, não pode acreditar que ele seja corrupto. Consequentemente, a única opção é admitir que o Supremo Tribunal Federal não julgou os mensaleiros com isenção e que a imprensa mente quando divulga os escândalos.
O que ele não pode é aceitar que errou todos esses anos, confiando no líder. Quando no governo Fernando Henrique surgiu o medicamento genérico, os lulistas propalaram que aquilo era falso remédio, que os compridos continham farinha. E não os compravam, ainda que fossem muito mais baratos. Esse tipo de eleitor mente até para si mesmo.
Não obstante, uma coisa é inegável: os dirigentes petistas sabem que tudo é verdade. O próprio Lula admitiu que houve o mensalão ao pedir desculpas publicamente em discurso à nação.
Por isso, só lhes resta, agora, fingirem-se de indignados, apresentarem-se como vítimas inocentes, prometendo ir às ruas para denunciar os caluniadores. Mas quem são os caluniadores, o Supremo Tribunal e a Polícia Federal? Essa é uma comédia que nem graça tem.
Ferreira Gullar Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de "Ilustrada".

Artigo de Nelson Motta:

Coices e relinchos


Nelson Motta
O Estado de S.Paulo, 04 de janeiro de 2013
A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência. A prática dos coices e relinchos verbais serve para esconder sentimentos de inferioridade e mascarar erros e intenções, mas é uma das mais populares e nefastas na atual discussão política no Brasil.
A outra é responder acusando o adversário de já ter feito o mesmo, ou pior, e ter ficado impune. São formas primitivas e grosseiras de expressão na luta pelo poder, nivelando pela baixaria, e vai perder tempo quem tentar impor alguma racionalidade e educação ao debate digital.
Nem nos mais passionais bate-bocas sobre futebol alguém apela para a desqualificação pessoal, por inutilidade. Ser conservador ou liberal, gay ou hétero, honesto ou ladrão, preto ou branco, petista ou tucano, não vai fazer o gol não ser em impedimento, ser ou não ser pênalti. Numa metáfora de sabor lulístico, a política é que está virando um Fla-Flu movido pelos instintos mais primitivos.
Na semana passada, Ferreira Gullar, considerado quase unanimemente o maior poeta vivo do Brasil, publicou na Folha de S. Paulo uma crônica criticando o mito Lula com dureza e argumentos, mas sem ofensas nem mentiras. Reproduzida em um "site progressista", com o habitual patrocínio estatal, a crônica foi escoiceada pela militância digital.
Ler os cento e poucos comentários, a maioria das mesmas pessoas, escondidas sob nomes diferentes, exigiria uma máscara contra gases e adicional de insalubridade, mas uma pequena parte basta para revelar o todo. Acusavam Gullar, ex-comunista, de ter se vendido, porque alguém só pode mudar de ideia se levar dinheiro, relinchavam sobre a sua idade, sua saúde, sua virilidade, sua aparência, sua inteligência, e até a sua poesia. E ninguém respondia a um só de seus argumentos.
Mas quem os lê? Só eles mesmos e seus companheiros de seita. E eu, em missão de pesquisa antropológica. Coitados, esses pobres diabos vão morrer sem ter lido um só verso de Gullar, sem saber o que perderam.

Venezuela: teste para a Unasul e o Mercosul na ruptura democratica

A Unasul e o Mercosul foram extremamente rapidos em classificar o impedimento constitucional ocorrido no Paraguai, em junho de 2012, de "ruptura democrática". Vamos ver como se comportam em relação aos dispositivos constitucionais da Venezuela...
Paulo Roberto de Almeida

Piora da saúde de Chávez aumenta peso de escolha do chefe da Assembleia

Parlamento domindado por chavistas escolhe neste sábado o comando do Legislativo do país

05 de janeiro de 2013 | 2h 00
ROBERTO LAMEIRINHAS - O Estado de S.Paulo
 
CARACAS - Os ânimos estão acirrados em Caracas. A cinco dias da posse do presidente Hugo Chávez e em meio a um agravamento de seu estado de saúde, a Assembleia Nacional da Venezuela deve reeleger neste sábado o deputado Diosdado Cabello, que conta com o apoio de 93 dos 165 deputados do Parlamento, para o comando do Legislativo.
Altar em Caracas para 'curar' Chávez, que tem câncer - Carlos Garcia/Reuters
Carlos Garcia/Reuters
Altar em Caracas para 'curar' Chávez, que tem câncer
A eleição, normalmente protocolar, ganhou importância política nos últimos dias em razão da incerteza que cerca o próximo mandato do líder bolivariano.
O vice-presidente Nicolás Maduro declarou nesta sexta-feira em entrevista na TV que Chávez, eleito para um novo mandato, permanecerá na função de presidente e a formalidade da posse, marcada para quinta-feira, poderá ser adiada. "Apesar da séria condição médica, não há nenhuma razão para declarar Chávez em ausência permanente", disse Maduro.
Uma ausência irreversível, segundo a Constituição, tornaria o presidente da Assembleia, eleito neste sábado, o encarregado de assumir o governo do país e convocar eleição presidencial em 30 dias. Maduro argumentou que o líder bolivariano solicitou no início do mês passado uma permissão de viagem que pode ser prolongada por 90 dias, o que daria margem de manobra para adiar a cerimônia de posse. O vice-presidente também acusou a oposição de planejar "um golpe".
Segundo o presidente do Instituto Dataanálisis, Luis Vicente León, a eleição para a presidência da Assembleia é importante, mas bastante previsível. "Cabello deve ser reeleito sem maiores complicações", disse ao Estado. "Não me parece provável que o presidente da Assembleia assuma a presidência, a não ser que Chávez morra antes da posse."
Próximo à ala militar chavista e com força dentro da máquina partidária do PSUV, Cabello foi preterido como herdeiro político de Chávez, que preferiu designar Maduro como sucessor, caso não tenha condições de assumir o mandato.
Nos últimos dias, os dois líderes deram declarações de união para afastar rumores de uma suposta divisão dentro do chavismo. "Estão tentando difundir rumores sobre a unidade da equipe política do presidente Chávez, particularmente eu e o camarada Diosdado Cabello. Mas estamos aqui, unidos", disse Maduro à TV estatal venezuelana na quinta-feira. "Juramos perante Chávez estar unidos."
"O governo vai se utilizar de uma estratégia para fortalecer Maduro como candidato do chavismo, caso o presidente não consiga tomar posse", explicou León. "A cisão entre Cabello e Maduro é hipervalorizada. Diante de um inimigo externo comum, no caso a oposição, eles terão de se unir para uma possível eleição contra Capriles."
Ainda de acordo com o presidente do Datanálisis, um cenário similar ocorre dentro da oposição venezuelana, unificada desde 2010 para antagonizar Chávez, mas com disputas internas.
"Capriles hoje é o candidato com mais probabilidade de representar a oposição: venceu as primárias no ano passado, reelegeu-se governador e teve 45% dos votos contra Chávez, um recorde." Um dos principais rivais de Capriles é o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.
Piora. Na madrugada de ontem, o ministro das Comunicações Ernesto Villegas declarou que Chávez sofre de insuficiência respiratória, decorrente de uma infecção pulmonar grave. O ministro também acusou a oposição venezuelana e a imprensa internacional de travar uma "guerra psicológica" sobre o estado de saúde do presidente.
"Após a delicada cirurgia do dia 11, o comandante Chávez tem enfrentado complicações como consequência de uma grave infecção pulmonar, que provocou uma insuficiência respiratória que requer que ele cumpra à risca seu tratamento médico."
Especialistas em oncologia consultados pela agência Associated Press acreditam ser provável que Chávez esteja respirando artificialmente.
"Não sei qual a magnitude da infecção, mas é provável em casos similares que o paciente respire com ajuda de aparelhos", disse Gustavo Mendrano, especialista em pulmão do Centro Médico de Caracas.
"A insuficiência respiratória significa que o nível de oxigênio no sangue está muito baixo, mas dependendo da gravidade da insuficiência isso pode ser tratado de diversas maneiras."
No final do ano, o governo voltou a admitir o piora no estado de saúde de Chávez. Os festejos de réveillon em Caracas foram cancelados. / COLABOROU LUIZ RAATZ, COM AP

Intervencionismo governamental continua ativo e intenso

Parece que o Brasil, atualmente, e' mais socialista que a China, e esta mais capitalista que o Brasil. Incrivel como o chamado "capitalismo de lacos" vem se desenvolvendo extraordinariamente nos tempos atuais, com o envolvimento ativo do governo na gestao empresarial.
Nao estranha, assim, que o investimento tenha declinado bem mais fortemente do que a mediocre taxa de crescimento economico: os capitalistas devem estar esperando algum mana' governamental ou outros beneficios setoriais.
Como o governo continua anunciando, toda semana, novos puxadinhos de "estimulo economico", todo mundo para com seus planos privados para aguardar a proxima benesse oficial.
Em outros tempos, isso se chamaria fascismo corporativo. Acho que agora tambem. Os brasileiros ainda nao se deram conta, nas o Brasil ja' virou um pais fascista. O governo toma conta do pais inteiro, cidadaos e empresas: deve pensar que sao todos uns idiotas e que so' ele sabe o que e' bom para o pais. Parece que vamos continuar uma economia atrasada, com crescimento mediocre. Pior: estamos recuando mentalmente, e retornando ao fascismo do entre-guerras. Pode ser.
Mas nao com minha negligencia ou omissao intelectual. Tempos tristes.
Paulo Roberto de Almeida

Malabarismo contábil do governo leva Caixa a virar sócia até de frigorífico
Para engordar as contas públicas, o governo fez uma operação polêmica que levou a Caixa a ficar dona de ações que eram do BNDES
04 de janeiro de 2013
Adriana Fernandes e Raquel Landim, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Para ajudar nas manobras fiscais do governo, a Caixa Econômica Federal se tornou sócia de frigorífico, fabricante de autopeças, de bens de capital, processador de minério, entre outras empresas privadas. As operações foram feitas para sustentar parte da operação montada pelo governo federal para arrumar dinheiro para cumprir a meta fiscal, das contas públicas, de 2012.

O aumento de capital da Caixa autorizado pelo governo no fim de 2012, de R$ 5,4 bilhões, foi bancado em parte com ações que o BNDESPar - braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - detinha em algumas empresas e repassou para o Tesouro. O restante foi financiado pela União com transferência de ações da Petrobrás.

A Caixa se recusou a informar o montante da capitalização que foi bancado por ações de companhias privadas e quais foram as empresas envolvidas. O uso das ações no processo de capitalização do banco só veio a público porque JBS (frigorífico), Romi (bens de capital), Mangels (autopeças) e Paranapanema (processamento de cobre), que têm ações negociadas na bolsa, comunicaram ao mercado sobre a saída do BNDESPar e entrada da Caixa na composição acionária.

Só nessas quatro empresas foram R$ 2 bilhões em participação acionária para a Caixa, mas o valor pode ser maior. O BNDESPar informou que repassou a União ações em 10 companhias diferentes. Além das quatro já mencionadas, estão Petrobrás (petróleo), Eletrobrás (energia), Vale (minério ), Cesp (energia), Metalfrio (refrigeradores) e Vulcabrás (calçados).

O valor das ações repassadas pelo BNDESPar a União chega a quase R$ 6 bilhões - suficiente, para bancar com sobra o aumento de capital feito na Caixa. A Petrobrás responde por mais da metade (R$ 3,15 bilhões), seguida por JBS (R$ 1,79 bilhão) e Vale (R$ 446,9 milhões).

A Caixa informou apenas, por meio de nota, que "não realizou de forma ativa nenhum investimento em participações acionárias". O movimento de ações acima de um determinado limite força as companhias a divulgar a operação como um todo para o mercado financeiro. Se a Caixa ficou com ações de outras empresas abaixo desse limite, não é obrigada a informar.

As ações repassadas à União para ajudar nas manobras fiscais correspondem a 8,7% das ações disponíveis para a venda que a BNDESPar dispunha para a venda em setembro (último balanço divulgado). A assessoria de imprensa do BNDES disse que a operação total gerou lucro, mas não informou quanto. A venda das ações do JBS, por exemplo, deu prejuízo de R$ 300 milhões, pois o BNDES comprou os papéis a R$ 7 em maio de 2011 e entregou a R$ 6 para a União.

Meta. A elevação de capital da Caixa compensou o repasse de dividendos - R$ 4,7 bilhões - que o banco fez para o Tesouro para garantir recursos para a meta fiscal de 2012. No ano passado, a Caixa repassou R$ 7,7 bilhões em dividendos. Até setembro, o banco lucrou R$ 4,1 bilhões.

Com a queda na arrecadação, o governo teve sérias dificuldades para economizar R$ 139,8 bilhões para o pagamento de juros da dívida. Por isso, fez uma conjunto de operações para gerar uma "receita extra". Ao todo, injetou R$ 19,4 bilhões no cofre. O maior montante - R$ 12,4 bilhões - veio do Fundo Soberano do Brasil. O BNDES antecipou R$ 2,3 bilhões em dividendos e a Caixa outros R$ 4,7 bilhões.

Salario minimo: quem inventou foi o setor privado

Em 1914, Henry Ford decidiu pagar pelo menos 5 dolares por dia para cada trabalhador de suas usinas.
Das paginas do New York Times (5/01/1914)
This Day in History

[Ford] Gives $10,000,000 To 26,000 Employees

Ford to Run Automobile Plant 24 Hours Daily in Profit-Sharing Plan
MINIMUM WAGE $5 A DAY
No Employee to be Discharged Except for Unfaithfulness or Hopeless Inefficiency
Special to The New York Times

Detroit, Mich., Jan. 5. -- Henry Ford, head of the Ford Motor Company, announced today one of the most remarkable business moves of his entire remarkable career. In brief it is:

To give to the employees of the company $10,000,000 of the profits of the 1914 business, the payments to be made semi-monthly and added to the pay checks.

To run the factory continuously instead of only eighteen hours a day, giving employment to several thousand more men by employing three shifts of eight hours each, instead of only two nine-hour shifts, as at present.

To establish a minimum wage scale of $5 per day. Even the boy who sweeps up the floors will get that much.

Before any man in any department of the company who does not seem to be doing good work shall be discharged, an opportunity will be given to him to try to make good in every other department. No man shall be discharged except for proved unfaithfulness or irremediable inefficiency.

The Ford Company's financial statement of Sept. 20, 1912, showed assets of $20,815,785.63, and surplus of $14,745,095.57. One year later it showed assets of $35,033,919.86 and surplus of $28,124,173.68. Dividends paid out during the year, it is understood, aggregated $10,000,000. The indicated profits for the year, therefore, were about $37,597,312. The company's capital stock authorized and outstanding, is $2,000,000. There is no bond issue.

About 10 per cent of the employees, boys and women, will not be affected by the profit sharing, but all will have the benefit of the $5 minimum wage. Those among them who are supporting families, however, will have a share similar to the men of more than 22 years of age.

In all, about 26,000 employees will be affected. Fifteen thousand now are at work in the Detroit factories. Four thousand more will be added by the institution of the eight-hour shift. The other seven thousand employees are scattered all over the world, in the Ford branches. They will share the same as the Detroit employees.

Personal statements were made by Henry Ford and James Couzens, Treasurer of the company, regarding the move.

"It is our belief," said Mr. Couzens, "that social justice begins at home. We want those who have helped us to produce this great institution and are helping to maintain it to share our prosperity. We want them to have present profits and future prospects. Thrift and good service and sobriety, all will be enforced and recognized.

"Believing as we do, that a division of our earnings between capital and labor is unequal, we have sought a plan of relief suitable for our business. We do not feel sure that it is the best, but we have felt impelled to make a start, and make it now. We do not agree with those employers who declare, as did a recent writer in a magazine in excusing himself for not practicing what he preached, that 'movement toward the bettering of society must be universal.' We think that one concern can make a start and create an example for other employers. That is our chief object."

"If we are obliged," said Mr. Ford, "to lay men off for want of sufficient work at any season we purpose to so plan our year's work that the lay-off shall be in the harvest time, July, August, and September, not in the Winter. We hope in such case to induce our men to respond to the calls of the farmers for harvest hands, and not to lie idle and dissipate their savings. We shall make it our business to get in touch with the farmers and to induce our employees to answer calls for harvest help.

"No man will be discharged if we can help it, except for unfaithfulness or inefficiency. No foreman in the Ford Company has the power to discharge a man. He may send him out of his department if he does not make good. The man is then sent to our 'clearing house,' covering all the departments, and is tried repeatedly in other work, until we find the job he is suited for, provided he is honestly trying to render good service."

The last Jared Diamond: aprender com sociedades Tradicionais?

Let Your Kids Play With Matches
Modern society is safe and supporting, but we could learn a thing or two from traditional cultures
Book Review Article
By STEPHEN BUDIANSKY
The Wall Street Journal, January 4, 2013

The World Until Yesterday
By Jared Diamond
Viking, 498 pages, $36

It must say something about the deep human longing for big ideas that explain everything that books like Jared Diamond's "Guns, Germs, and Steel" (1997) or Thomas Friedman's "The World Is Flat" (2005) do so well. Nobody could possibly read them for literary pleasure: Books of this sort are invariably ponderous, plodding, even deathly dull, their authors attempting to leaven the proceedings with gimmicks (lists, cutesy acronyms) and hand-holding authorial intrusions ("let me explain . . .") as a substitute for good writing. They sell like hot cakes.

"Guns, Germs, and Steel" transformed Mr. Diamond from an obscure ornithologist and physiologist (his original specialty was the gall bladder) into a star among "public intellectuals." That book's basic premise—which earned Mr. Diamond the enmity of academics in both the humanities and social sciences and from both ends of the political spectrum—was that the global domination of Western societies was mostly geographic and environmental happenstance. Favorable climates and soils and the availability of animal and plant species suitable for domestication largely determined everything that has occurred in the 11,000 years since the rise of agriculture: Food surpluses due to more efficient cultivation led to higher population densities, political centralization and advanced technology.

Mr. Diamond's theory had the virtue of offering a neat explanation for cultural differences that did not rely upon any suggestion of inherent racial superiority of one group over another. It had the vice of embracing an environmentally deterministic idea of cultural evolution that most anthropologists view as naïve or ridiculous, and of ignoring altogether the role of human agency. Leftist social historians pointed out that Mr. Diamond completely swept out of the picture moral choices such as colonialism and enslavement that kept many parts of the world in subjugation for centuries. Conservatives complained that the author discounted the importance of Western moral and political philosophy, particularly the concepts of individual liberty, property rights and free markets, in making scientific and material progress possible.

In "Collapse" (2005), Mr. Diamond extended the idea of environment as a cultural driving force to explain the sudden demise of civilizations, such as the Anasazi of the American Southwest and the Easter Islanders, and sweepingly argued that their fate will be ours unless we reduce human population and resource consumption. In "The World Until Yesterday," however, Mr. Diamond backs away some from the search for pat, all-encompassing answers. The book is a much more personal and anecdotal account that draws heavily on his own experiences among the primitive tribes of New Guinea with whom he has lived for extended periods since 1964 while carrying out field work on the ecology and evolution of birds.

Although his stated purpose, as the book's subtitle declares, is to find out "what can we learn from traditional societies?," Mr. Diamond is appropriately cautious about romanticizing the primitive world or suggesting that traditional customs always reflect innate environmental, medicinal or spiritual wisdom. One of the most admirable qualities of this book is, in fact, a refreshing skepticism toward simple explanations. Mr. Diamond notes early on that, while some traditional beliefs and practices may reflect effective adaptations to environmental conditions and social needs, others are more about maintaining internal power hierarchies, while still others have no sane reason for existing at all: They are just unique products of the infinite vagaries of human imagination and the quirks of history.

To take one particularly bizarre and grisly example, up until 1957 the Kaulong people—one of a dozen similar tribes living in identical environmental circumstances on the island of New Britain, just east of New Guinea—practiced the ritual strangulation of widows. None of the adjacent tribes did, and, as Mr. Diamond observes, there is no evidence that "Kaulong widow strangling was in any way beneficial to Kaulong society or to the long-term (posthumous) genetic interests of the strangled widow or her relatives." It was just one of those things, yet it was so firmly ingrained as a custom that the widows themselves perpetuated it, insisting that a male relative strangle them when their husbands died, even taunting or mocking his manhood if he quailed at the task.

Mr. Diamond offers some intriguing evidence to suggest that traditional societies may have a thing or two to teach us about raising children, however. He notes that in most hunter-gatherer cultures children are nursed on demand until age 3 or 4, sleep with their parents, are comforted instantly when they cry, and play together in multi-age play groups. They also are rarely punished and allowed far more freedom than we are generally comfortable with. Among the !Kung and Aka pygmies of Africa, children are never physically disciplined, on the grounds that they "have no wits and are not responsible for their actions," Mr. Diamond writes. "Instead, !Kung and Aka children are permitted to slap and insult their parents." In one tribe in the New Guinea Highlands, Mr. Diamond noticed that most of the adults had serious burn scars. It turned out these were mostly acquired in infancy: The adults made it a practice never to interfere with a baby, to the point of not preventing them playing around or touching a fire. (Other groups let small children play with sharp knives.)

Westerners who have lived with these small-scale societies are "struck by the precocious development of social skills in their children"; they are responsible, articulate and competent, and the "adolescent identity crises that plague American teenagers aren't an issue." But Mr. Diamond admits that all these impressions "are just impressions," hard to measure and prove, and his ultimate verdict is nuanced: "At a minimum . . . one can say that hunter-gatherer rearing practices that seem so foreign to us aren't disastrous, and they don't produce societies of obvious sociopaths."

One advantage of Mr. Diamond's anecdotal approach in "The World Until Yesterday" is that the details can be interesting even when they do not offer any larger lessons. This is especially the case when it comes to the many bizarre and varied superstitious traditions he describes, such as elaborate food taboos (eating kangaroo tail, according to one Aborigine tribe, causes premature baldness), and to some of the more hair-raising practices that apparently were the norm in the primitive world. Infanticide, he notes, is a not uncommon practice in traditional societies, a way of disposing of deformed, sickly or simply excess children that would be an unsupportable burden on their parents and the group. In hunter-gatherer societies, the overriding fact of life is a limited food supply, and a woman who is still nursing an older child may abandon or deliberately neglect a newborn so that the older will live; likewise she may abandon one of two twins. Other primitive tribes similarly do away with the old and sick; this is sometimes done by leaving them behind when shifting camp, sometimes by more active means—like encouraging them to jump off cliffs.

The problem with combining a sort-of-anecdotal memoir with a sort-of-big-idea book, however, is that Mr. Diamond insists on trying to milk significance out of everything that happens to him, with considerably varying degrees of success. Although the book has been nominally organized around a series of topics (war, religion, children, danger and accidents, health, language), it really is at heart a ramble. That could be fine, too, except that Mr. Diamond suffers from an all-too-familiar syndrome, albeit one that normally afflicts academic scientists only after they have won a Nobel Prize; he is convinced that everything he has done and every thought that has occurred to him not only is interesting but contains a valuable insight worth sharing with the world. (This includes Mr. Diamond's experience of having recurrent diarrhea in the jungle, from which he draws a considerably less-than-profound conclusion regarding the importance of personal hygiene.)

It also results in much unevenness of coverage. He expends dozens of pages belaboring the utterly obvious—the Western diet has too many calories and leads to high rates of diabetes—while inexplicably devoting little more than a sentence to the entire subject of sex, courtship, love and marriage, offering the single observation that, in most traditional societies, "willing sex partners are almost constantly available." I am sure I am not the only reader who might have been interested in hearing a little more about that.

People who write in order to write a good book, as opposed to those who write to impart their great wisdom, know that the first rule is that most of one's thoughts are not even worth writing down, and a good many that do get written down deserve to be ditched before anyone else sees them. Mr. Diamond's prose, which shows little evidence of ever having been subjected to such discipline, is at times almost comically inept. He frequently sounds like a caricature of a particularly tedious professor, pausing every few paragraphs to interject, "Now, let's consider," "Let's begin by," "Before answering this question," "In the preceding section we discussed," "Having thus addressed the question . . . ." In other places he sounds like a tedious professor lecturing to morons: "There are differences among people of the same age."

The sense of having stumbled into a middle-school textbook is reinforced by the gratuitous inclusion of numerous clunky color photos depicting the obvious, such as a fat American eating a box of fried chicken to illustrate our unhealthy modern diet. He spends pages on didactic definitions of terms: "war," "religion," "tribe." He describes, in mind-numbingly unnecessary detail, the physical appearance and technological amenities of a modern airport in New Guinea (ATM, baggage conveyor belt, X-ray scanners) to make the point that a modern airport in New Guinea now looks the same as a modern airport in the rest of the world. I think we get it.

Some of the "lessons" Mr. Diamond draws, moreover, border on the fatuous, or at least strained. Raise our children bilingually; respect the elderly; have stimulating dinnertime conversation instead of watching TV or playing videogames. "Diet and eating habits are an area in which there is a lot that we can do as individuals to help ourselves," he informs us. No, really? Do we need to read 500 pages about primitive societies to reach such cookie-cutter self-help prescriptions?

But when Mr. Diamond gets done trying to distill everything into a few talking points suitable for a publicity release, he ends with more interesting and subtle observations. I was particularly struck by what the New Guineans themselves had to say about the benefits of having entered the modern world in the decades since their first contact with Westerners in 1931. While they valued much of the technological convenience of the Western lifestyle—matches, clothes, soft beds and especially not having to worry constantly about having enough to eat—it was the non-material benefits that loomed even larger, above all the end of tribal warfare.

"Life was better since the government had come," one Western anthropologist was told by members of the Auyuna tribe, since a man "could leave his house in the morning to urinate without fear of being shot" by an arrow from a hostile neighboring tribesman. In 1931, Mr. Diamond notes, a New Guinea highlander living a few dozen miles from the coast would never have seen the ocean in his lifetime: The idea of traveling even 10 miles from his village "without being killed by an unknown stranger . . . would have been unthinkable."

And one New Guinean woman told Mr. Diamond that what she valued most of all about life in the U.S. was its "anonymity," the freedom to be alone, to have privacy, "and not to have one's every action scrutinized and discussed." As Mr. Diamond insightfully notes, this is simultaneously one of the greatest disadvantages of the modern world, the loneliness, alienation and tension of constantly being among strangers. One wishes that the author's willingness to confront complexity and avoid simple answers had informed more of this disappointingly uneven book.

—Mr. Budiansky's latest book is "Blackett's War: The Men Who Defeated the Nazi U-boats and
Brought Science to the Art of Warfare," forthcoming from Knopf.
A version of this article appeared January 5, 2013, on page C5 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Let Your Kids Play With Matches.