O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 26 de junho de 2010

Brasil-Iran-EUA: um triangulo pouco amoroso

A coisa tem tudo para dar errado: ameaça degringolar num festival de acusações mútuas, possibilidade de retaliações cruzadas e deterioração geral das relações bilaterais.
Mal comparando, creio que foram mexer num vespeiro: algumas pessoas podem sair picadas. Não foi por falta de aviso...
Paulo Roberto de Almeida

Em recado a Brasil, texto de sanções dos EUA ao Irã inclui menção a etanol
Por Patrícia Campos Mello (corresponde em Washington)
Estado de São Paulo, 26.06.2010

A lei de sanções contra o Irã, aprovada pelo Congresso americano quinta-feira, inclui pela primeira vez restrições à venda de etanol a Teerã, em um claro recado para o governo brasileiro. Enterrada no meio do texto do projeto de lei de 41 páginas, que deve ser assinada pelo presidente Barack Obama nos próximos dias, há uma ordem explícita para que o governo americano monitore as exportações de etanol para o Irã.
Segundo o texto, o presidente americano fica obrigado a entregar um relatório para o Congresso 90 dias após a publicação da lei de sanções, sobre os investimentos no setor de energia do Irã, que incluam “uma estimativa do volume de recursos energéticos, incluindo etanol, que o Irã importou durante o período”, além de uma “lista de todos os projetos, investimentos e parcerias fora do Irã que envolvam entidades iranianas em parceria com entidades de outros países, incluindo identificação das entidades dos outros países.” Isso vai valer para qualquer negócio feito a partir de janeiro de 2006
Durante deliberações que levaram à provação do projeto de lei no Legislativo, o deputado democrata Eliot Engel, líder da Subcomissão de Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes, deixou claro que o texto tinha endereço certo.
“Quero manifestar meu apoio à seção 110 da lei, que exige um relatório sobre exportações de energia para o Irã; Os EUA e o Brasil são os maiores produtores de etanol do mundo e fiquei feliz de ouvir dos produtores brasileiros que eles não têm planos de fornecer etanol para o Irã”, disse Engel. “É por isso que a lei é importante, precisamos continuar monitorando essa área, já que exportações de etanol podem enfraquecer as sanções contra o setor de energia do Irã.”
Segundo uma fonte do Congresso, o estabelecimento do relatório é o primeiro passo para uma emenda que pode incluir o etanol na lista dos produtos cuja venda para o Irã estará proibida.
Desta forma, se a Petrobras resolvesse revender etanol brasileiro para os iranianos, poderia ser alvo de retaliação de Washington. Procurada pelo Estado, a estatal brasileira, por intermédio de sua assessoria, assegurou não ter planos imediatos de negociar o produto com o Irã.

“Sem discriminar”
O governo americano já havia indicado claramente que se opõe ao possível interesse brasileiro de fornecer etanol para os iranianos. “Qualquer iniciativa que burle as sanções prejudica nosso objetivo, então não é uma boa ideia”, disse um alto funcionário da Casa Branca ao Estado.
Diferentemente do reforço das medidas unilaterais que os EUA pretendem impor ao Irã, nas sanções aprovadas pela ONU - apesar da oposição de Brasil e Turquia - não há restrição explícita ao setor energético ou ao etanol.
O Congresso americano havia aceitado o pedido do presidente Obama para adiar a votação de sua lei unilateral de sanções até que a ONU aprovasse sua iniciativa. Agora, Obama deve sancionar o projeto, transformando-o em lei.
Na época, o governo brasileiro afirmou foi explícito: “Não vamos discriminar ninguém na hora de exportar etanol. Vamos exportar etanol para qualquer país que queira, nossa prioridade é abrir mercados”, tinha declarado, no início do mês, uma fonte do governo.
A possibilidade de o Brasil suprir parte das necessidades de combustível do Irã com etanol foi levantada pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, em visita a Teerã, em abril.
Jorge afirmou que o Irã está interessado em comprar etanol brasileiro, por causa dos problemas que enfrenta para comprar gasolina diante dos bloqueios comerciais que sofre. Mas os empresários brasileiros afirmam não ter intenção de correr o risco de ser sancionados pelos EUA.
Assim como a assessoria da Petrobrás, Adhemar Altieri, porta-voz da Unica, entidade que representa os produtores de etanol, disse que não há projeto nem de curto nem de longo prazo para exportar etanol para o Irã.

Para entender
As sanções aprovadas na quinta-feira pelo Congresso americano são ações unilaterais, aplicadas apenas pelos EUA - diferentemente das medidas multilaterais adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU, no dia 9, que devem ser seguidas por todos os membros da organização. As punições contra nas Nações Unidas são mais brandas porque, para aprová-las, era preciso o apoio de chineses e russos, que têm interesses comerciais e são contra medidas muito duras contra Teerã. Um caso semelhante ocorreu com o regime do apartheid, na África do Sul. A ONU adotou suas primeiras sanções contra os segregacionistas nos anos 60. As medidas, porém, eram amenas e foram facilmente burladas pelo governo branco. O sistema de segregação racial só começou a ruir anos 80, depois que EUA e Grã-Bretanha adotaram duras sanções unilaterais contra a África do Sul.

Pausa para a Copa, ou melhor, para o futebol...

Não torço para NENHUMA seleção, nem mesmo para a seleção brasileira, a não ser que ela jogue bem, o que não é o caso até aqui (e duvido que venha a ser).

Eu torço apenas para o bom futebol, o futebol com arte, técnica, graça e lealdade, nessa ordem, ou em qualquer outra que se desejar.
Detesto o futebol engessado, as caneladas, os golpes baixos, as trapaças, as vuvuzelas, as patriotadas e outras bobagens associadas.

Os jogadores de seleção, hoje em dia, são perfeitos mercenários. Jogam por dinheiro, e nada mais. Impossível torcer por mercenários.

Fico com o futebol em estado puro, que está cada vez mais raro.
Fico com a seleção que exibir o melhor futebol, qualquer que seja o país...

Amaral de Sampaio: uma GRANDE cabeça do Itamaraty se vai

Conheci vários embaixadores no Itamaraty. Nenhum me deu tanto prazer intelectual, ao ler seus telegramas saborosíssimos, quanto o Sampaio, assim como seus artigos no Estadão. Poucos, pouquíssimos embaixadores do Itamaraty, e eu quero dizer menos de cinco, conseguiam escrever de forma tão brilhante quanto ele.
Minha homenagem a uma grande cabeça e um grande diplomata.
Paulo Roberto de Almeida

Morre em São Paulo o ex-embaixador Amaral de Sampaio
Roldão Arruda
O Estado de S.Paulo, 25 de junho de 2010

Morreu ontem, em São Paulo, aos 80 anos, o embaixador Antonio Amaral de Sampaio. Ele havia sido internado no Hospital Albert Einstein, com um quadro de pneumonia, e faleceu após sofrer parada cardíaca, segundo o boletim médico.

Formado em direito, geografia e história pela Universidade de São Paul0 (USP), Sampaio teve uma carreira bem-sucedida no Ministério das Relações Exteriores. Entre os anos 80 e 90 atuou como embaixador na Síria, Sérvia (ex-Iugoslávia) e África do Sul. Antes disso servira como primeiro secretário no Irã e em Genebra. Foi ainda conselheiro nas embaixadas do Brasil no México e em Portugal, onde recebeu a condecoração da Ordem do Infante Dom Henrique.

Em decorrência de sua atuação no Oriente Médio e do seu interesse pelos assuntos da região, o diplomata acabou chefiando o Departamento do Oriente Próximo, no Itamaraty. Ele se aposentou no ano 2000.

Sampaio também foi colaborador do jornal O Estado de S. Paulo. Na opinião do embaixador Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores, tratava-se de um analista acurado das relações internacionais, tanto nos artigos que escrevia quanto nos telegramas que enviava do exterior para o Itamaraty. "Na minha primeira gestão como ministro, ele ainda estava na ativa", lembrou Lafer. "Era um prazer ler os telegramas que enviava, nos quais combinava qualidade de análise e precisão de estilo."

Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington e atual presidente do conselho de comércio exterior da Fiesp, observou que, além da competência e das opiniões claras que sempre manifestava sobre temas que analisava, Sampaio era um homem afável e ótimo contador de histórias. "Foi muito querido pelos seus colegas", comentou.

O enterro foi realizado ontem, no final da tarde, no Cemitério do Araçá, no bairro do Sumaré.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Too Small to Be Saved - a conta dos bancos falidos nos EUA

Isto é só este ano. Em 2009, algumas dezenas de bancos pequenos, locais ou regionais, faliram e foram incorporados pelo programa do Tesouro. American Banker faz a conta:

Government Seizes Two Banks in Southeast, One in N.M.
Year-to-date failures now total 86


Three more banks failed late Friday, at an estimated additional cost to the Federal Deposit Insurance Corp. of $285 million.
Regulators shuttered the $644 million-asset Peninsula Bank in Englewood, Fla., the $252 million-asset First National Bank in Savannah, Ga., and the $80 million-asset High Desert State Bank in Albuquerque, N.M.
The FDIC found takers for the deposits of all three institutions, which brought the year's failed-bank total so far to 86. Last year 140 banks failed, and the agency has said it expects this year's total to top that.

O capitalismo deveria ser assim: não conseguiu, falhou? Vá direto para a bancarrota, em lugar de ficar recebendo dinheiro para sobreviver. Uma taxa bancária, como a que foi recentemente introduzida por alguns governos, permite cobrir ao menos parte dos prejuizos, atingindo provavelmente 100% dos pequenos depositantes. Os grandes, bem, os grandes podem perder um pouco.
Quanto aos grandes bancos, too big to fail, eles também poderiam falir, e deveriam falir, dentro do mesmo espírito.

Crisis Economics (2): trechos do livro de Nouriel Roubini

‘Crisis Economics’
By NOURIEL ROUBINI and STEPHEN MIHM
The New York Times Review of Books, May 6, 2010

Excerpted from Crisis Economics: A Crash Course in the Future of Finance by Nouriel Roubini and Stephen Mihm. Reprinted by arrangement with The Penguin Press, a member of Penguin Group (USA), Inc. Copyright (c) May, 2010.

For the past half century, academic economists, Wall Street traders, and everyone in between have been led astray by fairy tales about the wonders of unregulated markets and the limitless benefits of financial innovation. The crisis dealt a body blow to that belief system, but nothing has replaced it.

That’s all too evident in the timid reform proposals currently being considered in the United States and other advanced economies. Even though they have suffered the worst financial crisis in generations, many countries have shown a remarkable reluctance to inaugurate the sort of wholesale reform necessary to bring the financial system to heel. Instead, people talk of tinkering with the financial system, as if what just happened was caused by a few bad mortgages.

Throughout most of 2009, Goldman Sachs chief executive Lloyd Blankfein repeatedly tried to quash calls for sweeping regulation of the financial system. In speeches and in testimony before Congress, he begged his listeners to keep financial innovation alive and “resist a response that is solely designed to protect us against the 100-year storm”.

That’s ridiculous. What we’ve experienced wasn’t some crazy once-in-a-century event. Since its founding, the United States has suffered from brutal banking crises and other financial disasters on a regular basis. Throughout the 19th and early 20th centuries, crippling panics and depressions hit the nation again and again. The crisis was less a function of sub-prime mortgages than of a sub-prime financial system. Thanks to everything from warped compensation structures to corrupt ratings agencies, the global financial system rotted from the inside out. The financial crisis merely ripped the sleek and shiny skin off what had become, over the years, a gangrenous mess.

The road to recovery will be a long one. For starters, traders and bankers must be compensated in a way that brings their interests in alignment with those of shareholders. That doesn’t necessarily mean less compensation, even if that’s desirable for other reasons; it merely means that employees of financial firms should be paid in ways that encourage them to look out for the long-term interests of the firms.

Securitization must be overhauled as well. Simplistic solutions, such as asking banks to retain some of the risk, won’t be enough; far more radical reforms will be necessary. Securitization must have far greater transparency and standardization, and the products of the securitization pipeline must be heavily regulated. Most important of all, the loans going into the securitization pipeline must be subject to far greater scrutiny. The mortgages and other loans must be of high quality, or if not, they must be very clearly identified as less than prime and therefore risky.

Some people believe that securitization should be abolished. That’s short-sighted: properly reformed, securitization can be a valuable tool that reduces, rather than exacerbates, systemic risk. But in order for it to work, it must operate in a far more transparent and standardized fashion than it does now.

Absent this shift, accurately pricing these securities, much less reviving the market for securitization, is next to impossible. What we need are reforms that deliver the peace of mind that the Food and Drug Administration (FDA) did when it was created.

Let’s begin with standardization. At the present time, there is little standardization in the way asset-backed securities are put together. The “deal structures” (the fine print) can vary greatly from offering to offering. Monthly reports on deals (“monthly service performance reports”) also vary greatly in level of detail provided. This information should be standardized and pooled in one place.

It could be done through private channels or, better, under the auspices of the federal government. For example, the Securities and Exchange Commission (SEC) could require anyone issuing asset-backed securities to disclose a range of standard information on everything from the assets or original loans to the amounts paid to the individuals or institutions that originated the security.

Precisely how this information is standardized doesn’t matter, so long as it is done: we must have some way to compare these different kinds of securities so they can be accurately priced. At the present time, we are stymied by a serious apples-and-oranges problem: the absence of standardization makes comparing them with any accuracy impossible. Put differently, the current system gives us no way to quantify risk; there’s far too much uncertainty.

Standardization, once achieved, would inevitably create more liquid and transparent markets for these securities. That’s well and good, but a few caveats also come to mind. First, bringing some transparency to plain-vanilla asset-backed securities is relatively easy; it’s more difficult to do so with preposterously complicated securities like Collateralized Debt Obligations (CDOs), much less chimerical creations like the CDO2 and the CDO3.

Think for a moment about what goes into a typical CDO. Start with a thousand different individual loans, be they commercial mortgages, residential mortgages, auto loans, credit card receivables, small business loans, student loans, or corporate loans. Package them together into an asset-backed security (ABS). Take that ABS and combine it with 99 other ABSs so that you have 100 of them. That’s your CDO. Now take that CDO and combine it with another 99 different CDOs, each of which has its own unique mix of ABSs and underlying assets. Do the math: in theory, the purchaser of this CDO is supposed to somehow get a handle on the health of 10m underlying loans. Is that going to happen? Of course not.

For that reason, securities like CDOs — which now go by the nickname of Chernobyl Death Obligations — must be heavily regulated if not banned.

In their present incarnation, they are too estranged from the assets that give them value and are next to impossible to standardize. Thanks in large part to their individual complexity, they don’t transfer risk so much as mask it under the cover of esoteric and ultimately misleading risk-management strategies.

In fact, the curious career of CDOs and other toxic securities brings to mind another, less celebrated acronym: GIGO, or “garbage in, garbage out”.

Or to use a sausage-making metaphor: if you put rat meat and trichinosis-laced pig parts into your sausage, then combine it with lots of other kinds of sausage (each filled with equally nasty stuff), you haven’t solved the problem; you still have some pretty sickening sausage.

The most important angle of securitization reform, then, is the quality of the ingredients. In the end, the problem with securitization is less that the ingredients were sliced and diced beyond recognition than that much of what went into these securities was never very good in the first place.

Put differently, the problem with originate-and-distribute lies less with the distribution than with the origination. What matters most is the creditworthiness of the loans issued in the first place.

Equally comprehensive reforms must be imposed on the kinds of deadly derivatives that blew up in the recent crisis. So-called over-the-counter derivatives — better described as under-the-table — must be hauled into the light of day, put on central clearing houses and exchanges and registered in databases; their use must be appropriately restricted. Moreover, the regulation of derivatives should be consolidated under a single regulator.

The ratings agencies must also be collared and forced to change their business model. That they now derive their revenue from the firms they rate has created a massive conflict of interests. Investors should be paying for ratings on debt, not the institutions that issue the debt. Nor should the rating agencies be permitted to sell “consulting” services on the side to issuers of debt; that creates another conflict of interests. Finally, the business of rating debt should be thrown open to far more competition. At the present time, a handful of firms have far too much power.

Even more radical reforms must be implemented as well. Certain institutions considered too big to fail must be broken up, including Goldman Sachs and Citigroup. But many other, less visible, firms deserve to be dismantled as well. Moreover, Congress should resurrect the Glass-Steagall banking legislation that it repealed a decade ago but also go further, updating it to reflect the far greater challenges posed not only by banks but by the shadow banking system.

These reforms are sensible, but even the most carefully conceived regulations can go awry. Financial firms habitually engage in arbitrage, moving their operations from a well-regulated domain to one outside government purview. The fragmented, decentralized state of regulation in the United States has exacerbated this problem. So has the fact that the profession of financial regulator has, until very recently, been considered a dead-end, poorly-paid job.

Most of these problems can be addressed. Regulations can be carefully crafted with an eye toward the future, closing loopholes before they open. That means resisting the understandable impulse to apply regulations only to a select class of firms — the too-big-too-fail institutions, for example — and instead imposing them across the board, in order to prevent financial intermediation from moving to smaller, less-regulated firms.

Likewise, regulation can and should be consolidated in the hands of fewer, more powerful regulators. And most important of all, regulators can be compensated in a manner befitting the key role they play in safeguarding our financial security.

Central banks arguably have the most power — and the most responsibility — to protect the financial system. In recent years, they have performed poorly. They have failed to enforce their own regulation, and worse, they have done nothing to prevent speculative manias from spinning out of control.

If anything, they have fed those bubbles, and then, as if to compensate, have done everything in their power to save the victims of the inevitable crash. That’s inexcusable. In the future, central banks must proactively use monetary policy and credit policy to rein in and tame speculative bubbles.

Central banks alone can’t handle the challenges facing the global economy. Large and destabilizing global current account imbalances threaten long-term economic stability, as does the risk of a rapidly depreciating dollar; addressing both problems requires a new commitment to international economic governance. The International Monetary Fund (IMF) must be strengthened and given the power to supply the makings of a new international reserve currency.

And how the IMF governs itself must be seriously reformed. For too long, a handful of smaller, ageing economies have dominated IMF governance. Emerging economies must be given their rightful place at the table, a move reinforced by the rising power and influence of the G20 group.

All of these reforms will help reduce the incidence of crises, but they will not drive them to extinction. As the economist Hyman Minsky once observed: “There is no possibility that we can ever set this right once and for all; instability, put to test by one set of reforms, will, after time, emerge in a new guise.” Crises cannot be abolished; like hurricanes, they can only be managed and mitigated.

Paradoxically, this unsettling truth should give us hope. In the depths of the Great Depression, politicians and policy-makers embraced reforms of the financial system that laid the foundation for nearly 80 years of stability and security. It inevitably unraveled, but 80 years is a long time — a lifetime.

As we contemplate the future of finance from the mire of our own recent Great Recession, we could do well to try to emulate that achievement. Nothing lasts forever, and crises will always return. But they need not loom so large; they need not overshadow our economic existence.

If we strengthen the levees that surround our financial system, we can weather crises in the coming years. Though the waters may rise, we will remain dry. But if we fail to prepare for the inevitable hurricanes — if we delude ourselves, thinking that our antiquated defenses will never be breached again — we face the prospect of many future floods.

Crisis Economics: o livro do momento - Nouriel Roubini

O livro do Mr Doom, em pessoa, o profeta do apocalipse financeiro...

Prophet-Making
By PAUL M. BARRETT
The New York Times Review of Books, June 17, 2010

CRISIS ECONOMICS
A Crash Course in the Future of Finance

By Nouriel Roubini and Stephen Mihm
353 pp. The Penguin Press. $27.95

In late March, the former Federal Reserve chairman Alan Greenspan told Al Hunt of Bloomberg Television that the financial crisis had been a “once in a century” shocker. “We all misjudged the risks involved,” Greenspan said. “Everybody missed it — academia, the Federal Reserve, all regulators.”

Well, not everyone. A number of prominent scholars warned long before the meltdown of 2008 that something awful was approaching. Greenspan and his successor, Ben Bernanke, chose to ignore the alarms.

One of the most articulate pessimists was Nouriel Roubini, nicknamed Dr. Doom by the news media. Roubini, a professor at the Stern School of Business at New York University, told an audience of fellow economists at the International Monetary Fund as early as Sept. 7, 2006, that the United States faced a cata­strophic housing bust, a crash in the market for mortgage-backed securities, the collapse of major investment banks and a deep recession. Most listeners seemed “skeptical, even dismissive,” Stephen Mihm reported in The New York Times Magazine. The moderator of the event joked, “I think perhaps we will need a stiff drink after that.”

Now Roubini is taking his victory lap. Writing with Mihm, an associate professor of history at the University of Georgia and the author of that admiring August 2008 Times Magazine profile, Roubini clearly relishes an I-told-you-so opportunity in his book “Crisis Economics: A Crash Course in the Future of Finance.” Why shouldn’t he? Readers hungry for more of the professor’s grim analysis will appreciate his erudition. Even people who aren’t finance buffs ought to read and heed his words.

To his credit, Roubini doesn’t merely recount how right he was. After a brisk recap of Wall Street’s scariest hours since the Great Depression, he turns to the question of the moment: how to prevent such debacles in the future?

That’s no graduate school exam question. As I write this, the United States Congress is trying to iron out kinks in a broad financial regulatory reform bill. Sadly, lawmakers have been debating halfway measures whose inadequacy becomes all the more striking in comparison with Roubini’s bracing agenda. His ideas aren’t all politically feasible, but that doesn’t make them any less sensible.

Roubini begins with an indisputable paradox. The government’s emergency rescue plan — the distasteful but necessary Wall Street bailouts and deficit-­enlarging stimulus spending — staved off global depression and brought about a dramatic stock market recovery. It also drained whatever fleeting political will existed to rein in Wall Street in a serious way. The surviving megabanks have brazenly paid out record bonuses, even though they owe their very survival to taxpayer largess.

Let’s start with those fingernails-on-the-blackboard bonuses. Roubini notes that the main problem isn’t their size, grating as that may be. The real trouble is that investment bank traders are paid huge bonuses for making reckless bets that yield short-term returns. They aren’t penalized when their gambling ultimately costs their employers money (or drives the firms out of business). This leads to a casino culture lacking common-sense caution. One potential remedy: put bonuses into a pool held in escrow for several years. If a trader’s record proves solid, he or she gets a payout. If not, the bonuses are nullified. Greater prudence would kick in, and, not coincidentally, overall compensation would shrink.

Only government could impose across-the-board pay reform. Since Wall Street would have collapsed without the ­taxpayer-financed rescue, Roubini says, Congress should have mandated a ­bonus-escrow system as a condition of the bailouts. Mesmerized by Wall Street campaign dollars and terrified of being branded “socialists,” lawmakers never seriously considered the idea. It didn’t help that President Obama surrounded himself with bank-friendly economic advisers like Lawrence Summers and Timothy ­Geithner.

The sorry performance of the three major private credit-rating agencies — Standard & Poor’s, Moody’s Investors Service and Fitch Ratings — played a critical role in the financial mess. Over and over, they stamped AAA ratings on the sausage-like securities made up of poisonous minced mortgages. Congress has debated imposing modest new requirements that the rating agencies make their operations more transparent. Roubini demands more drastic action. He would have government end the tradition of the sausage-making investment bankers paying the raters for their grades, a whopping conflict of interest if ever there was one. Roubini recommends that the agencies should be limited to accepting pay from investors in securities. Further, he urges a smart deregulatory move: removal of the agencies’ certification by the Securities and Exchange Commission as “nationally recognized statistical rating organizations.” This publicly blessed oligopoly, intended to maintain high standards, has only inhibited competition that would bring down the price of security-rating services.

Lawmakers have been debating provisions that would shed some additional light on the opaque market in derivatives. Those are the voluminous Wall Street deals that were supposed to dilute risk by spreading it but instead contributed to a risk epidemic. Heck, Roubini writes, let’s just identify the most dangerous ones and ban the suckers. He nominates credit default swaps, the quasi-insurance policies sold by American International Group, among others, which paid off when designated bonds went bad. Since we don’t allow people to insure their neighbors’ houses against fire, for fear of encouraging arson, why allow traders to bet on bonds blowing up? We shouldn’t.

Eliminating all bad loans will never happen. Since banks will always make mistakes, Roubini argues, they should be required to retain more capital and maintain higher levels of liquid assets (cash and securities that can be sold quickly). The legislation under consideration by Congress would authorize regulators to stiffen capital and liquidity rules. But the legislation would leave it to regulators to provide specific numbers. Roubini wouldn’t give the civil servants so much discretion.

Capital requirements are connected to Roubini’s most radical suggestion. He would force financial conglomerates to retain capital relative to all the risks posed by their various units. “This requirement would reduce leverage and, by extension, profits,” he writes. “Ideally, sending the message that bigger isn’t better would lead these firms to break themselves up.”

That’s right, break themselves up. Unfortunately, the implicit assumption that some banks have grown “too big to fail” has become explicit. Roubini maintains that we should pressure the biggest of them to contract, until they’re small enough that their demise wouldn’t bring down the rest of Wall Street.

With the federal safety net removed, an organization like Citigroup would act more prudently. Repeatedly rescued by the government since the Great Depression, Citigroup shouldn’t continue in its current unmanageable form, Roubini asserts. “Any bank that needs that much help doesn’t deserve to exist.” If Citigroup’s board of directors doesn’t share this view, the N.Y.U. economist advocates legislation that would authorize regulators “to break up banks and other financial institutions that are so large, leveraged and inter­connected that their collapse would pose a danger to the entire financial system.” The plutocrats might well perk up and do the job themselves.

Dr. Doom operates far beyond the horizon of what most experts consider plausible. Based on his track record, we would be wise to catch up to him.

Paul M. Barrett is an assistant managing editor at Bloomberg Businessweek.

Excerpt: ‘Crisis Economics’ (May 7, 2010)

Crescer ou nao crescer: nao se resume a isso o dilema

Alguns acham que o Brasil vai muito bem em termos de política econômica, e creditam ao atual governo todo o sucesso do crescimento econômico na fase presente. Exibem números e dizem que o Brasil é um sucesso.
A verdade é que, durante todo o período de crescimento da economia mundial, o Brasil se manteve sistematicamente abaixo das médias mundiais, fazendo inclusive três vezes menos do que os emergentes dinâmicos.
Agora, que a economia mundial está na recessão, se diz que estamos bem, apenas porque ficamos um pouco melhor na fotografia.
Se esquece de relembrar que isso é em grande medida o resultado da manutenção da política econômica anterior, sem NADA de novo.
Aliás, o que existe de novo é a manutenção, por CINCO ANOS, da mesma taxa de inflação, que é mais do que o dobro da mundial.
Aos olhos de qualquer economista sucesso, isso é um fracasso completo. E que não se credite isso ao Banco Central, que teria gostado de baixar a meta para uma medida mais razoável.
Ou seja, o governo ENCOMENDA inflação para corroer nosso poder de compra. Isso é simplesmente um roubo...
Vejam a matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

A meta de inflação que deu certo, segundo o ministro
Editorial Econômico
O Estado de S.Paulo, 25 de junho de 2010

O Conselho Monetário Nacional (CMN) manteve, para 2012, a mesma meta de inflação de 2011, isto é, o centro da meta em 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

A decisão era prevista, mas mostra a disposição do governo de manter uma meta elevada, evitando que o Banco Central tenha de praticar uma política monetária muito restritiva, que, aos olhos do governo, freia o crescimento econômico.

Entre os países com política monetária baseada em meta de inflação, a do Brasil é a mais alta. Além disso, a meta não muda desde 2005, dando a impressão de que, apesar do crescimento da economia desde então, não conseguimos reduzir a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o índice de referência para a meta.

Desde 2005, a inflação medida pelo IPCA ficou duas vezes abaixo da meta, uma vez praticamente igual e os outros anos, acima, sem ultrapassar a margem de tolerância superior. Daí a declaração do ministro da Fazenda de que o CMN escolheu "a meta que está dando certo".

Para um país que pretende se equiparar aos do Primeiro Mundo, é preciso notar que nossa inflação é praticamente o dobro da que neles ocorre. Mas o mais grave é que nos resignamos a uma inflação que se aproxima de 5% ao ano, sem um esforço sério para diminuí-la.

A cada ano, apesar de uma taxa cambial valorizada - que nos leva a comprar no exterior produtos mais baratos -, nosso poder aquisitivo real perde 5%. E esse é um bom pretexto para os sindicatos defenderem uma política de indexação dos salários, levando em conta não apenas a inflação passada, mas também a que é tida como meta futura.

Perdemos de vista o fato de que uma inflação oficialmente aceita serve de base para os reajustes dos serviços e que a concorrência não é intensa o bastante para compensar.

A escolha do governo se baseia no princípio de que um pouco de inflação é necessário para o crescimento econômico. Na realidade, o que mais teme o governo é a política monetária do Banco Central, que fixa uma taxa básica de juros que se traduz por uma alta do spread bancário e tem influência desastrosa sobre o custo da dívida interna, ao mesmo tempo que atrai investimentos estrangeiros de renda fixa. Em período de inflação baixa, nunca se pensou em reduzir a Selic para evitar esses inconvenientes, mas sempre se aceita que ela suba fortemente em períodos de pressão inflacionária.

Entre o Gulag e o exilio: dificil escolha

Tem uma seleção que está saindo da primeira fase da Copa com 0 pontos.
Bem, eles tiveram certo "sucesso" contra o Brasil, limitando o desgaste.
Mas, depois, foram 7 a 0 e agora 5 a 0.
Depois dessa, só sobrou o Gulag.
Acho que já recomendei o exílio, coletivo...
Vai ser complicado voltar...

"Herois" nacionais: Stalin desmantelado...

Onde vamos parar? Já não se respeitam nem os grandes nomes nacionais...

Remueven estatua de Stalin en su pueblo natal en Georgia
Margarita Antidze
Reuters América Latina, 25.06.2010

Una estatua del dictador soviético Josef Stalin aparece en esta imagen luego de ser removida de la plaza central de su ciudad natal de Gori, jun 25 2010.

GORI Georgia (Reuters) - Las autoridades de Georgia removieron el viernes por la madrugada una imponente estatua del dictador soviético Josef Stalin de la plaza central de su ciudad natal, retirando del espacio público el monumento del georgiano más famoso.
La estatua de bronce de 6 metros de altura será trasladada al patio de un museo dedicado a Stalin en su nativa Gori, y su lugar en la plaza principal lo ocupará un monumento a las víctimas de la guerra del 2008 en la que Georgia enfrentó a Rusia, informó un funcionario local.
En una operación no anunciada que comenzó después de la medianoche y concluyó antes del amanecer, trabajadores municipales y policías bajaron a la estatua de su pedestal de piedra en la pequeña ciudad, ubicada 80 kilómetros al oeste de la capital, Tiflis.
"Fue muy inesperado", dijo a Reuters Lado Bichashvili, un periodista de la televisora local Trialeti. "Creo que muchas personas estarán enojadas", agregó.
El periodista dijo que la policía trató de evitar que los periodistas filmaran el proceso, llegando en algunos casos a golpear a quienes lo intentaban.
"Este monumento será trasladado al patio del museo Stalin", dijo posteriormente Zviad Khmaladze, un líder del ayuntamiento, en comentarios televisados. "Un nuevo monumento dedicado a las víctimas de la agresión rusa será erigido en ese lugar", agregó.
Las señales visibles del culto a Stalin fueron removidas luego de su muerte en 1953 en toda Georgia y el resto de la Unión Soviética.
Pero el líder sigue siendo admirado por muchos en su ciudad natal, donde el monumento -uno de los pocos dedicados a Stalin que aún seguía en pie- fue levantado un año antes de su muerte.
"Personas de todo el mundo solían visitar Gori para ver ésta estatua y rendirle sus respetos a Stalin", dijo Nugzar Lamazov, quién vive en un pueblo cercano.
Para muchos responsable de millones de muertes en purgas políticas, campos de trabajos forzados y una colectivización agrícola forzada, Stalin es considerado un héroe por quienes dicen que la Unión Soviética no habría derrotado a la Alemania nazi o no se habría industrializado sin él.
Para muchos georgianos, incluido el presidente pro occidental Mikheil Saakashvili, el monumento era un símbolo de la todavía presente influencia de Moscú dos décadas después de que la pequeña nación obtuvo su independencia en 1991 tras el colapso soviético.
Gori fue la ciudad que más sufrió la guerra de cinco días contra Rusia en agosto del 2008. Las bombas impactaron la plaza principal cerca de la estatua y edificios aledaños.
La ciudad fue ocupada durante semanas por tropas rusas después del conflicto, que comenzó cuando Georgia buscó retomar el control de la provincia separatista de Osetia del Sur -apoyada por Moscú-, que está al norte de la ciudad.
Luego del conflicto, algunos funcionarios y georgianos prominentes pidieron la remoción del monumento, diciendo que su presencia en Gori era inmoral luego del bombardeo y la ocupación rusa.
Gori también alberga estatuas y bustos de menor tamaño de Stalin, así como un museo dedicado al dictador fallecido, que nació el 21 de diciembre de 1879.
Muchos partidarios ancianos se reúnen afuera del museo dos veces al año, en su cumpleaños y en el día de su fallecimiento.
Stalin, cuyo nombre real era Dzhugashvili, gobernó la Unión Soviética desde 1924 hasta su muerte.

Pausa para o futebol (miserável)

Não sei o que foi pior: as seleções de Portugal e do Brasil, no 0 a 0 com excessos de caneladas e golpes baixos, ou a Vuvuzela, que até andou discreta nesse jogo.
Acho que a vuvuzela ganha de 1 a 0...

Dividas soberanas: a posicao dos principais paises

"Soberana" é uma palavra muito bonita para um fenômeno que se baseia, na verdade, na irresponsabilidade dos governantes, ao pretender fazer mais do que o permitido por simples leis econômicas.
Antigamente, se recorria a métodos inflacionários, desvalorização da moeda ou outros expedientes de duvidosa racionalidade, mas que faziam sentido em sistemas mais ou menos insulados da economia nacional.
Com a globalização financeira, a integração dos mercados, ou a camisa de força da moeda única (como no caso europeu), esses expediente se tornaram mais difíceis ou impossíveis.
Os governos então recorrem ao financiamento externo, facilitado por enormes volumes de liquidez mundial e facilidade de transações financeiros inter-mercados. Muito fácil fazer syndicated loans -- com os bancos comerciais -- ou emissões de global bonus, com os intermediários financeiros.
A dívida vai se acumulando, com base em projeções superotimistas de melhorias futuras.
Quando ocorre uma crise, como agora, os capitais se retraem e os governos irresponsáveis ficam a descoberto.
Acho tudo isso muito bom, diga-se de passagem, pois vai educando as pessoas -- e, supõe-se também os legisladores -- para a necessidade de comportamentos responsáveis, como, aliás, cada um deve fazer com o seu orçamento pessoal...
Paulo Roberto de Almeida

Economia global
Gráfico mostra dívida mundial

Opinião e Notícia, 25/06/2010

O gráfico interativo mostra os níveis totais de dívida para diferentes países
(a partir da The Economist)

Apesar de as manchetes falarem bastante da dívida dos governos, essa questão é só uma parte do problema. O fato é que a dívida cresceu, seja de consumidores com os cartões de crédito, empresas pegando empréstimos, ou empresas financeiras utilizando dívidas para comprar ativos arriscados.

O gráfico interativo mostra os níveis totais de dívida para diferentes países. Ele se baseia em dados fornecidos pelo Instituto “McKinsey Global Institute”. Na teoria, não há nível máximo para dívidas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), mas a Irlanda e a Islândia (que não estão no mapa) encontraram o limite na prática. Isso aconteceu quando a dívida dos dois países atingiu de 8 a 10 vezes o PIB.

Veja aqui o gráfico interativo
Dívida mundial (Fonte: Economist)

A dívida também está fragmentada por setor, como pode-se observar no gráfico. Os bancos da Inglaterra em relação à sua economia são enormes. Além disso, a dívida corporativa da Espanha também é bem alta.

Estas figuras irão preocupar os proprietários de títulos do governo desde que a crise de 2008 mostrou que os governos podem ser forçados a garantir a dívida do setor privado.

Pode-se observar também uma atualização da tabela divulgada pela Economist em fevereiro. Ela traz um ranking em termos de seu saldo orçamental primário e de dívida do PIB mais a relação entre o rendimento de sua dívida e o crescimento econômico. A Espanha agora ocupa o lugar da Grécia como o país na pior posição:

Reforma bancaria e financeira nos EUA: visoes contrastantes

Abaixo, um relato do American Banker, órgão informativo da American Banker Association, sobre a reforma regulatória e financeira aprovada em versão preliminar pelo Senado americano, e que deve, provavelmente, ser assinada como lei pelo presidente Barack Obama em aproximadamente uma semana.
Ainda que eu não tenha lido em detalhes a proposta congressual (em grande medida impulsionada pelo Executivo) e que não me julgue minimamente competente neste tipo de assunto, tenho minha opinião sobre o assunto, derivada de certo conhecimento dos mercados financeiros e minhas impressões sobre medidas de política econômica de governos tendencialmente keynesianos, como a atual administração americana.
A despeito de o presidente Obama ter imediatamente anunciado, ao partir para o summit do G20 financeiro no Canadá, que os EUA necessitam um "robust financial sector", minha impressão é a de que os EUA vão continuar a perder espaço no sistema financeiro mundial para parceiros mais ageis e menos regulado.
O que a reforma faz, basicamente, é atar uma bola de ferro nos pés dos banqueiros americanos, para impedi-los de fazer todas aquelas loucuras que resultaram na crise de 2007-2008.
Bem, aquelas "loucuras" foram TODAS estimuladas pela política oficial do FED -- ao manter taxas de juros artificialmente baixas durante muito tempo -- e pela irresponsabilidades das próprias autoridades regulatórias americanas do setor imobiliário -- que avalizaram empréstimos hipotecários por mais de 6 trilhões de dólares, ATENÇÃO, eu disse US$ 6 TRILLIONS, quase 45% do PIB americano, com garantias de menos de 500 bilhões -- e assim, ninguém pode dizer que a ambição e a cupidez dos banqueiros, e as ações irresponsáveis dos "especuladores de Wall Street", foram responsáveis pela debâcle.
O que vai acontecer, portanto, é que o setor financeiro americano vai se tornar menos dinâmico e menos propenso a fazer lucros como fazia antes. Para quem tem preconceito contra os lucros do sistema financeiro -- que alguns idiotas chamam de "financeirização" da economia, seja lá o que isso queira dizer -- pode até parecer uma boa coisa. Eu apenas digo que isso vai deixar os americanos mais pobres e seus bancos mais propensos a serem comprados por competidores mais ativos e dinâmicos, como por exemplo os bancos chineses...
São apenas previsões de um amador...
Paulo Roberto de Almeida

Endgame: After 20-Hour Session, Reform Talks Yield Final Bill
By Stacy Kaper and Rob Blackwell
American Banker, Friday, June 25, 2010

WASHINGTON — After a marathon final day of debate, the regulatory reform process ended in the early hours of Friday in the same dramatic manner it had been conducted for more than a year: with a near breakdown followed eventually by a miraculous save.

After several hours of late-night wrangling, conferees resolved the two most problematic questions: how to finalize a ban on proprietary trading and limit banks' investment in hedge funds and private equity firms, and whether to force banks to spin-off their derivatives trading desks.

The resolution of those and other pending issues meant the regulatory reform bill is now complete and will return to the full House and Senate for votes next week, where it is expected to pass.

Although there is certain to be more rhetoric and debate next week over the merits of the bill, the end of the conference committee means the final legislation can no longer be altered, short of unforeseen circumstances.

"Nobody thought we could get this done," said Senate Banking Committee Chairman Chris Dodd, speaking immediately after the conference concluded. "It took a crisis to bring us to the point where we could actually get this done."

Although at some points the bill looked like it could still fall apart, lawmakers reached final agreement roughly 20 hours after debate first began early Thursday.

Sen. Blanche Lincoln, the chairman of the Senate Agriculture Committee, refused to budge on a provision that would force banks to spin off their swaps desks, while moderate House Democrats threatened to vote against the bill if the derivatives measure was not removed.

The final version of the Volcker Rule also remained in limbo, with Senate Democrats and Republicans sparring over how much to allow banks to invest in private-equity firms and hedge funds.

Ultimately, the Lincoln amendment was essentially split into two, so that banks would have to conduct some derivatives activities in an affiliate while it could conduct others in the bank itself.

The derivatives provision was the last to be dealt with and for a time looked like it would not be resolved. Banks have vigorously opposed the Lincoln amendment, arguing it would cost them billions of dollars to spin off their derivatives units. Regulators, too, had argued against the provision, saying it would drive derivatives trades overseas or underground, where they would not be regulated.

For weeks, banking lobbyists and moderate Democrats had been assured the provision would be watered down or eliminated as the final legislation was settled. But Lincoln had continued to hold the line as her political power was bolstered by her primary victory on June 8. The issue finally came to a head Thursday after the New Democrats, a coalition of moderate members, threatened to oppose the final bill if the provision was not removed.

That resulted in a wave of negotiations between Lincoln and House Democrats over the final provision. Around midnight, House Agriculture Committee Chairman Collin Peterson, D-Minn., suggested the basic solution where some swaps should be forced into an affiliate while others would be allowed within the bank. The Treasury Department was instrumental in helping to craft the new language.

"What can be retained by banks will be interest rate swaps, foreign exchanges, credit derivatives relative to investment grade entities that are cleared, gold and silver and hedging for the bank's own risk," Peterson said. "What would be required to go under the affiliate would be cleared and non cleared commodities, energies and metals… and all equities and any non cleared credit default swaps."

Peterson said the split was based on what activities banks could already engage in.

"Currently banks are not allowed to invest in commodities, energy; they are not allowed to invest in equities or trade in equities or agriculture," he said. "These are things that are currently not allowed in banking, so why we would allow them to do the derivatives that are related to those things that are currently not allowed in banks? So we took those provisions and put them in the affiliate. These are generally the most risky parts of these derivatives."

He was backed by House Financial Services Committee Chairman Barney Frank, who said the amendment was "the best compromise we can get."

The revised measure was welcomed by some in the banking industry, who noted that it would continue to allow them to engage in interest rate swaps, one of the most prevalent kinds of derivatives institutions engage in.

The provision would also specifically forbid the bailout of any swaps unit and be phased in over two years.

Republicans sought to remove the provision entirely. Sen. Saxby Chambliss, R-Ga., argued the Volcker Rule provision to ban proprietary trading would make the Lincoln measure moot, but the Arkansas Democrat rejected that argument.

"We need to get banks back to the business of banking," Lincoln said. "Clearly, swap dealing is a risky activity and it is something that we need to deal with… banks need to be making small business loans… and not playing in swaps."

Sen. Judd Gregg, R-N.H. said the Lincoln provision was just political and would cause a credit crunch.

"You will have less credit in the system," he said. "It's not going to make [the system] safer. It's not going to make it sounder."

Ultimately, however, conferees agreed to accept the Peterson amendment largely unchanged.

Rep. Gregory Meeks, D-N.Y., the House Financial Services Committee's international monetary policy subcommittee chairman, worked with New Democrats and New York Democrats on an alternative to the Lincoln swaps ban that would have let regulators push out swaps trading only if they had taken other steps to protect the system, including implementing the Volcker Rule and raising capital.

But Sen. Charles Schumer, D-N.Y., told Meeks that he would not have the votes in the Senate.

In an interview, Meeks said that he was disappointed with the outcome because he has concerns there could be unintended consequences of the partial pushout of derivatives activities.

"I'm scared that businesses could be driven t o move abroad," he said. "I'm nervous about that because there are various pieces that are pushed out that I wish were still in as far as derivatives go, which I hope does not force some derivatives into the shadow market."

The derivatives piece was finalized roughly three hours after the conference finalized the Volcker Rule, which would limit bank investment in private equity firms and hedge funds. Under the final measure, banks would be allowed some limited investment in such companies equal to as much as 3% of the total ownership interests of the fund. However, their collective investments in those firms could not exceed 3% of the bank's Tier 1 capital.

Senate conferees had earlier suggested a total limit of 3% of tangible common equity -- a more restrictive standard -- but were rebuffed by House conferees.

Citing the inclusion of an amendment from Sen. Susan Collins, R-Maine, in the final bill that would ban the use of trust-preferred securities from counting as Tier 1 capital, Senate Banking Committee Chairman Chris Dodd agreed the House standard made sense.

The final language also restored the so-called Hotel California provision, which would block bank holding companies from converting to investment bank status to escape provisions of the Volcker Rule.

It would allow an initial 2 year transition period for investments in liquid funds, with the possibility to win a maximum of three 1-year extensions for a total of five years. For illiquid investments, there would be a 2 year transition with the possibility of a single extension of no more than five years, for a maximum transition of seven years.

The provision would also provide exemptions for purchasing and selling government obligations, underwriting or market-making related activities, risk-mitigating hedging activities, insurance activities, and Small Business Administration small business investment company investments.

The measure would prohibit any transaction that creates a conflict of interest and limit employee investments in funds.

The conference committee also added a tax on banks to pay for the bill. Under the agreement, banks with more than $50 billion of assets and hedge funds with more than $10 billion would be subjected to risk-based special assessments levied by the Federal Deposit Insurance Corp. The agency would be required to collect $19 billion from September 2012 through September 2015, which would be put into a fund at the Treasury Department.

Cheyenne Hopkins contributed to this story

Esquizofrenia economica mundial

Leio a seguinte chamda de matéria na internet:

Brasil e EUA se unem contra corte de gastos da Europa
Com apoio de Lula, americanos pedirão no G-20 estímulo à economia, diante do aperto fiscal

E me pergunto por que essa notícia seria esquizofrênica, no sentido do título deste post.
É que o Brasil e os EUA estão querendo impedir os europeus, sobretudo os alemães, de começarem agora os ajustes, ou seja, reduzir déficit público, corrigir desequilíbrios fiscais e reduzir a dívida pública.
Por causa desses desequilíbrios, o Brasil vem crescendo cada vez menos, como também crescerão pouco nos próximos anos.
Como, aliás, não deixa de lembrar o economista Ricardo Bergamini:

Conforme informações oficias do governo, o Brasil teve um crescimento medíocre de 3,57% ao ano de 2003/2009 para uma média mundial em torno de 5% ao ano no mesmo período.

Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real no Período de 1964 a 2009 em Percentuais do PIB
Períodos - Média/Ano
1964/84 - 6,29
1985/89 - 4,39
1990/94 - 1,24
1995/02 - 2,31
2003/09 - 3,57
Fonte: IBGE.

1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano.

2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,39% ao ano.

3 – Nos 5 anos dos governos Collor e Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,24% ao ano.

4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,31% ao ano.

5 – Nos 7 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 3,57% ao ano.

G8 and G20 summits: a tale of two summits

You Say G-8, I Say G-20: Let's Not Call the Whole Thing Off
Heather A. Conley and J. Stephen Morrison
CSIS Critical Questions, June 24, 2010

Q1: Why are the G-8 and G-20 leaders meeting in Canada this week, and what do they hope to accomplish?
A1: Canada will be the first country to host the G-8 and G-20 Summits back-to-back (the G-20 will be cochaired with South Korea). To its credit, Canada has worked extensively over the past year to tighten and integrate the agendas for the dual summits. The fragility of the global economy and the coordination of measures to regulate the global financial system will dominate both meetings. It is expected that the G-8 Summit (June 25) will focus on a much broader agenda that encompasses preventing global nuclear proliferation (with a strong focus on Iran and North Korea); strengthening the G-8's accountability to its past commitments; advancing the G-8's development agenda, especially maternal and child health, food security, and Africa; reaffirming a commitment to combat climate change; and tackling the global drug trade and its links to terrorism financing. As seen during the last G-20 meeting nine months ago, the G-20 (June 26-27) will continue to focus on reforming the global financial sector, spurring economic growth, and coordinating policies to end stimulus spending. Debate will also center on the need to rebalance global trade (the Chinese decision to allow the renminbi to gradually appreciate is seen as an early victory) and whether to introduce a global bank levy to finance future financial sector rescues (the Europeans support, most other nations do not). As more ominous economic and political clouds appear on the G-8/G-20 horizon-the ongoing European debt crisis, tensions over Iran's nuclear program, and the ongoing Gulf oil spill-global leaders will be pressed to demonstrate that these summits have the ability to develop shared solutions to complex challenges. In view of the diminishing dynamism within the G-8 itself and the still-to-be-formed mandate, ground rules, and long-term priorities for the G-20, the results are likely to be mixed.

Q2: Why does the G-8 focus on development assistance?
A2: At the 2005 Gleneagles G-8 Summit chaired by the United Kingdom, then Prime Minister Tony Blair won a commitment from the G-8 countries to add $50 billion in new overseas development assistance (ODA) in the next five years ($25 billion to Africa) to accelerate achievement of the United Nation's Millennium Development Goals (MDGs). In anticipation of the September 2010 UN Summit on the MDGs, Canada prepared the Muskoka Accountability Report, a five-year report card on G-8 member country performance. The aggregate numbers show some significant gains, as well as the corrosive impact of a three-year global recession: G-8 ODA rose substantially but nonetheless fell $18 billion short (in current dollars) of the $50-billion commitment. Aid to Africa increased by $10 billion versus $25 billion. In retrospect, the G-8 hubris of 2005 seems stale. The United States and United Kingdom have been high performers; Italy and Japan stand at the back. The report details major gains in health and support of peacekeeping but low or weak progress in stemming debt levels, mitigating climate change, and promoting trade and regional integration.
At Muskoka, Canada will spearhead a maternal and child health initiative, to which Canada has pledged $1 billion over five years and to which the Obama administration's Global Health Initiative will add another $0.5 billion per year, when fully funded by Congress. Indeed, 2010 is proving to be the year of maternal and child health, and Muskoka will be part of that surge. Just prior to the G-8/G-20, Melinda Gates announced a Gates Foundation commitment of $1.5 billion. Canada's success in leveraging substantial new commitments for maternal and child health from within the G-8, other than from the United States and United Kingdom, remains to be proven. Ottawa has been busy soliciting pledges from non-G* countries Norway, the Netherlands, and New Zealand in hopes of filling out the picture.

Q3: Is the G-8 really that important anymore? Hasn't the G-20 simply overtaken the G-8 as the institutional framework of choice?
A3: We are in the midst of an ambiguous, fluid transition involving both the G-8 and G-20. This transition will unfold in fits and starts over the next several years.

The G-8 is in a far different place today than the global economic optimism of 2005: there are daunting long-term economic challenges ahead; and debt/deficit and budget woes will dampen enthusiasm for most, but not all, new initiatives. The G-8's focus has now turned to meeting existing commitments, measuring results, and finding important new development options that have high value and potentially lower cost. Despite this reduction in overall ambition, the G-8 will remain relevant in its role as a driver for international development and global health for the foreseeable future.

The G-20 agenda may migrate inevitably to development and health, security, and climate change if or when its leaders see incentives to widen the agenda beyond technical deliberations and economic crisis management. But this will not happen overnight: it will require converting the G-20 into a more coherent, deliberative body with clearer internal norms and accountability mechanisms; and, it will require that the key emerging economic powers-Brazil, China, India, Korea, Mexico, South Africa, and Turkey-reach a consensus that the G-20 is indeed the proper forum to pursue a broader global agenda. Neither requirement has been met thus far. While this transition's ultimate outcome is neither preordained nor conclusive in direction, it will be a dynamic process to observe.

Heather A. Conley is senior fellow and director of the Europe Program at the Center for Strategic and International Studies (CSIS) in Washington, D.C. J. Stephen Morrison is senior vice president and director of the Global Health Policy Center at CSIS

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Beijing: visita ao cemiterio jesuita

Uma visita ao mais velho cemitério cristão da China:

Zhalan (Jesuit Cemetery), Beijing
The oldest Christian cemetery in China. The Zhalan Cemetery lies in a quiet and secluded area shaded in the green foliage of cypresses and pines and the majestic beauty of yellow poplars. The cemetery includes the tombstones of Matteo Ricci, German John Adam Schall Von Bell (1591-1666), Belgian Ferdinand Verbiest (1623-1688) and 60 other prominent clergy: 46 foreign missionaries and 14 Chinese priests, all worked in China during the Late Ming and Qing dynasties.

With almost 400 years of history, it is Beijing's oldest Christian cemetery. Matteo Ricci, the distinguished Jesuit scientist and missionary, and certainly one of the most admired missionaries ever to come to China, was the first person to be buried there. Adam Schall von Bell and Ferdinand Verbiest, two other distinguished Jesuit colleagues, later joined him. These three men brought about a mutually enriching exchange between China and the West. Of the three Ricci, through his love of the Chinese and his appreciation of their culture, has gone down in history as one of China's most sympathetic foreigners and a dear and trusted friend of Chinese emperors. As time passed, many other missionaries from many countries were buried there.

A gift of the emperor
The original land was an offering to the Jesuits, a donation by the Ming Emperor Wanli himself for the construction of Ricci's tomb. The Jesuits took over the property in 1610. Throughout the years Ricci's tomb has served as a witness and a challenge to Rome and China that dialogue between the two is not only possible but also mutually enriching.

The Boxer Rebellion
In June 1900, when the Boxers entered the Zhalan property, there were 88 gravesites. The Boxers leveled all the graves, opened the tombs, gathered the remains, burned them and scattered them anywhere. When the Boxer Rebellion finally ended, the property was returned to the Catholic Church. Out of respect for the dead, any remains that could be found were gathered, placed at the north end of the property and covered with a mound. The Church of All Saints was built and located at the south end of the cemetery, and the most ancient tombstones except those of Ricci, Schall and Verbiest and three others were located in the outer walls of the Church.

Beijing sets up the Party School
This was not the end of the cemetery's vicissitudes. When Mao proclaimed the People's Republic of China on October 1, 1949, the property of missionaries was regarded like the property of any foreigners living in China and it was honored as theirs. Later the property of missionaries was turned over to the Chinese Catholic Patriotic Association.

In 1954, the Municipal Party Committee of the Communist Party of Beijing began to make plans to set up a Party school on the Zhalan property. Zhou Enlai himself personally made the decision to keep the tombs of Matteo Ricci, Adam Schall von Bell and Ferdinand Verbiest in their original places. The Beijing Diocese purchased three large plots of land for the transfer of the bones and tombstones of the other missionaries and laity that had been buried in Zhalan during the intervening years. The cemeteries were located in northwest Wangxiang in the Haidian District of Beijing. Workers took over two years to move a total of 837 tombs. Besides the gravestones, the remains of each person were collected and placed in a receptacle and transported with the stone. Instead of standing the tall stones upright, they laid them flat on the ground with each person's remains under the proper stone.

The Cultural Revolution
Then came the Cultural Revolution (1966-1976). Zealous Red Guards descended on foreign cemeteries with a special vengeance. From August to October 1966, Red Guards forced priests, brothers and Sisters to smash tombstones in these three cemeteries to pieces and to empty out the receptacles of all their remains. These pieces of stones were then given to peasants for building purposes. The remains were simply scattered. Today, nothing but a large field remains of these three cemeteries where more than 800 Catholics had once been laid to rest.

In August 1966 when the Red Guards descended upon Zhalan Cemetery itself, the tombs of Matteo Ricci, Adam Schall and Ferdinand Verbiest were relics protected by Beijing's Cultural Relics Bureau. The Red Guards ordered the Principal of the Party School to totally demolish the cultural relics within three days. The frightened principal went to the City Party Committee and the Religious Affairs Bureau. Nothing could be done. No one had power over the Red Guards. When the Red Guards returned three days later and saw that the steles were still standing, they demanded to know why their orders had not been obeyed. "We were waiting for you to help us," the custodian replied. "Let's dig a hole and bury the stones, and tell them never to come up again. Okay?" Strangely enough, the students agreed to this ruse. They dug three large pits and carefully lowered the steles and covered them with dirt. In this way, the steles of Ricci, Schall and Verbiest had been preserved.

In 1973, the Church of all Saints was also demolished to make room for a dining hall for the school. With the demolition of the church, the tombstones of 77 missionaries that had been placed in the church's exterior wall were scattered across the yard.

China opens to the world
Following the end of the Cultural Revolution (1976), and China's new openness to the outside world, the head of a delegation of scholars from the Chinese Academy of Social Sciences, Xu Duxin, went to Italy. There he heard a great deal about Matteo Ricci and his contribution to the cultural exchange between East and West. He also met Professor Corradini, who lectured at the University of Macerata, Ricci's native place. In a friendly exchange, Professor Corradini expressed the hope that a memorial to Ricci could be set up on the original site. "Italy," he said, "had a replica of the original stele and would be happy to engrave a new marble stele and donate it to China." When Xu returned to China, he spoke to the Central Committee about having Ricci's tomb rebuilt. The Central Committee approved the suggestion and gave the responsibility for restoring the tomb to the Beijing City People's Government. The City People's Government promptly organized a team to start working. The team consulted with Wu Menglin of the Cultural Relics Bureau, who along with her co-workers thought that since the tombs of Ricci, Schall and Verbiest had always been together that all three should be restored. Wu had the steles of the three priests unearthed and with a bit of repair and adhesive the three original steles could again be used.

In 1984, the cemetery, now adjoining the Beijing Administrative College was again added to the list of Beijing's protected monuments. In a magnanimous gesture the Municipal Party Committee provided money to extend the missionaries cemetery. Sixty of the tombstones that had originally been placed in the wall of the church in 1903 and in 1978 were set up in neat rows.

In 1997, Jesuit Father Edward Malatesta (d.1999), together with Gao Zhiyu, Yu Sanle, and Lin Hua (researchers at the Beijing Administrative College), published a beautiful and notable book on the history of Zhalan Cemetery, with pictures of all the tombstones. The volume is entitled, Departed, Yet Present: Zhalan, The Oldest Christian Cemetery in Beijing, It is now available in English, Chinese and Portuguese at the Instituto Cultural de Macao. (Much of the material for this article has been taken from this book.)

Zhalan today
There are presently 63 tombs in Zhalan, a lasting memorial to an extraordinary Christian witness: Chinese, Macanese and Western, many of whom worked for emperors in a variety of capacities as astronomers, physicians, engineers, artists, musicians, etc. Most of the tombstones carry the three letters D.O.M. signifying the motivation for their life and presence. These letters are the Latin abbreviation of Deo Optimo Maximo. Loosely translated, this means "To the Most Good and Great God."

THE NAME LIST OF WESTERN MISSIONARIES WHOSE TOMBSTONES ARE IN ZHALAN CENETERY NOW

The missionaries who were Italian(11)
Matteo Ricci 1552--1610
Giacomo Rho 1593--1638 (12) Lodovico Buglio 1606--1682 (45)
Angelo de Burgo ?--1723 (35) Jacques Antoini 1701--1739 (4)
Jean-Joseph de Costa 1679--1747 (15)Ferdinad-Bonaventura Moggi 1684-1761 (44)
Giuseppe Castiglione 1688--1766 (60)Eusebio a Cittadella ?-- 1785 (54)
Giuseppe Francisco della Torre ?--1785 (25)Crescenzio Cavalli ?--1791 (7)

The missionaries who were German(10)
Jean Terrenz 1576-- 1630(51) Johann Adam Schall von Bell 1591--1669(1)
Gaspard Castner 1665--1709 (16) Bernard-Kilian Stumpf 1655--1720 (39)
Francisco -Louis Stadlin 1658--1740 (56) Xavier-Ehrenbert Fridelli 1673--1743 (50)
Ignaz Kogler 1680--1746 (37) Florian Bahr 1706--1771 (61)
Antoine Gogeisl 1701-- 1771 (55) Augustin von Hallerstein 1703--1774 (5)

The missionaries who were French(9)
Charles Dolze 1663--1701 (43) Louis Pernon 1663--1702 (36)
Pierre Frapperie 1664--1703 (59) Jean-Charles de Broissia 1660--1704(41)
Guillaume Bonjour Fabre ?--1714 (42) Bernard Rhodes ?--1715 (24)
Jacques Brocard 1661--1718 (17) Pierre Jartoux 1668--1721 (47)
Pierre Vincent de Tartre 1669--1723 (62)

The missionaries who were Portuguese(14)
Gabriel de Magalhaens 1609--1677 (28) Francisco Simois 1650--1694 (38)
Jean Francisco Cavdoso 1676--1723(23) Paulo de Mesquita 1696--1729 (26)
Antoin de Magalhaens 1677--1735 (52) Joseph Suarez 1656--1736 (46)
Barthelemy de Azevedo 1718--1745(6) Charles de Rezende 1664--1746(9)
Emmanuel de Mottos 1725--1764(40) Felix da Rocha 1713--1781(49)
Jean de Sexas 1710--1785(58) Joseph d'Espinha 1722--1788(33)
Inacio Frrancisco ?--1792 (20) Dominic Joachim Ferreyra ?--1824(29)

The missionaries who were Belgian(2)
Ferdinand Verbiest 1623--1689(3) Antoine Thomas 1644--1709(31)

The missionaries who were from other nations(3)
Charles Slaviczek 1678--1735(32) Jean Walter 1708--1759(13)
Ignaz Sichelbarth 1708--1780(57)

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Procura-se: o modo de producao socialista...

Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém tem ideia de onde pode ter ido parar o tal de socialismo. Parece que sumiu por ai...
Aliás, o que existe em Cuba ou na Coréia do Norte não é bem socialismo, apenas totalitarismo miserável (e bota miserável nisso...). Na China, segundo pude constatar, o que existe mesmo é capitalismo; tudo bem (ou tudo mau), com um partido único e restrições diversas às liberdades individuais, mas capitalismo mesmo assim.
Acho que vamos ter de pedir à Interpol, fazê-la passar um mandado de busca e apreensão, para tentar encontrar esse tal de socialismo que simplesmente desapareceu, como nos informa o jornalista abaixo...
Paulo Roberto de Almeida

Cadê esse socialismo que nunca emplaca?
Marco Antonio Rocha
O Estado de S.Paulo, 21 de junho de 2010

Muitos políticos, quase todos, se dizem socialistas, até os de direita. Dezenas de partidos políticos no mundo ostentam no nome a palavra socialista. O socialismo é bandeira de inúmeros governantes ? há décadas. Por que, então, não há nenhum regime socialista solidamente instalado e consolidado? Haveria uma boa explicação sobre por que o socialismo não emplaca?

Há países ditos "socialistas" que não passam de ditaduras mesmo: de um só homem, como é o caso de Cuba; de um partido, como a China; de uma quadrilha, como a Coreia do Norte; de um bufão, como a Venezuela ou o Irã. É isso, então, o socialismo? Uma ditadura? Ou uma bouffonerie?

Claro que não, dirão os socialistas de toda parte. Então, por que não existe?

Todos os socialistas são contra o capitalismo na economia e contra o liberalismo na política, e parecem constituir maioria por toda parte. Então, o capitalismo já deveria ter sido extinto ou estar em extinção. Mas é o capitalismo que existe em tempo real e parece cada vez mais forte. Por quê? E o liberalismo, por que funciona?

Na semana passada, Dilma Rousseff encontrou-se em Paris com a secretária-geral Martine Aubry, do Partido Socialista (PS) francês, o maior partido da esquerda francesa. Desde Leon Blum, na década de 30, o PS francês já governou a França diversas vezes, sem nunca ter implantado o socialismo, ou algum regime que pudesse ser inequivocamente reconhecido como socialista. Por quê? Por que não é um partido revolucionário? Por que não sabe exatamente como implementar o socialismo? Por que não é socialista a não ser no nome? A propósito, Dominique Strauss-Kahn, do Partido Socialista francês, é também diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional ? o maior guardião, segundo a esquerda, do capitalismo internacional. São fatos que justificam a suspeita de que todos os socialistas, quando estão no poder, praticam mesmo o bom e velho capitalismo. E até o administram melhor, em muitos casos, do que os capitalistas empedernidos.

As duas senhoras ? Dilma e Martine ? apareceram em belas fotos, trocando beijos e abraços. Em reunião fechada devem ter renovado mútuas juras de lutar pelo socialismo, de combater o capitalismo e o neoliberalismo.

A líder socialista francesa assegurou que há grande identidade política entre o PS e o PT. Deve haver, pois é suposto que Dilma seja socialista, já que militou numa agremiação guerrilheira de esquerda. Se bem que aquele era um grupo que, antes de mais nada, lutava para derrubar a ditadura militar. Não se sabe se a guerrilheira Dilma já era socialista. Na verdade, parece que nem petista é.

Depois de Martine, Dilma foi se encontrar com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, um empedernido capitalista, cuja maior fama nasceu do fato de ser casado com Carla Bruni. Martine combate Sarkozy e garante que vai derrotá-lo nas eleições de 2012 ? com apoio da brasileira Rousseff: "Dilma nos disse que virá fazer a nossa (campanha), a do nosso candidato socialista", disse ela à imprensa, assegurando que também fará campanha por Dilma no Brasil. Temos aí a possível formação de uma nova internacional socialista ? a Quinta Internacional, Dilma-Martine. Talvez por isso o encontro de Dilma com Sarkozy foi bastante frio e menos socialista. O presidente Sarkozy só quer vender aviões, mais nada.

O socialismo, desde Saint-Simon, Fourrier, Louis Blanc, Robert Owen, Marx, Engels, nos séculos 18 e 19, até chegar em Florestan Fernandes no Brasil do século 20, parece um ovo: não ofende ninguém, é bonito de se olhar, harmônico e encerra uma boa promessa. Dos ovos reais, a gente sabe que saem aves ou répteis. Do socialismo não se sabe o que pode sair, porque ainda não rompeu a casca. Isso facilita a vida dos políticos. Podem se declarar socialistas à vontade. Não os compromete, pois ninguém sabe do que se trata ? mas parece que é uma coisa legal.

Já o capitalismo, não. Todos nós vivemos dentro dele. Sabemos que não é nada legal. Conhecemos todos os seus defeitos que os socialistas apontam: a busca do lucro pelo lucro; a vil exploração do trabalho humano ? contida, um pouco, pelas leis trabalhistas; a volúpia em transformar em mercadoria vendável até o coração dos namorados e das mães. Tudo isso é odioso e visível. Torna fácil odiar o capitalismo e preferir o que é contra ele. É fácil também aspirar ao reino dos céus, quando se vive cercado das misérias da Terra. Bem o sabem os profiteurs dos Evangelhos que infestam as redes de TV.

De qualquer forma, na política é assim que la nave vá. Não se deve ser realista, dizendo que se vai fazer apenas o que for possível, apresentando as dificuldades e as propostas para superá-las. Nem adianta fazer belos discursos: a ordem é twittar, dizer cretinices pomposas em 140 toques. Churchill não poderia ter twittado seus chamamentos ao povo inglês contra Hitler ? tinham mais de 140 toques. Dá mais lucro (político) twittar sonhos, como "construir o futuro", fazer o "Brasil de todos", "marchar para o socialismo". É o encanto da magia. Lula é o mago sedutor. Dilma, a auxiliar de palco, tentando ser sedutora sob as luzes da ribalta. Haja!

Como mistificar a Historia e passar por grande jornalista

O exemplo abaixo, do stalinismo, é provavelmente extremo, pois poucos jornalistas chegam a esses excessos de patifaria e de conivência com a mentira.
Mas não devemos nos iludir: a mistificação da história, pela propaganda política, continua o seu curso, mesmo se sob forma menos extremas do que na URSS do papai Stalin.
Aqui mesmo no Brasil, todos os dias leitores são mistificados por jornalistas enviesados politicamente. Mais grave ainda: alunos, inclusive candidatos à diplomacia, são mistificados todos os dias, nas aulas ou em concursos, pela imposição da leitura de um perfeito mistificador que é Eric Hobsbawm...

Os 20 anos de um editorial
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 24 de junho de 2010

"Você fez um bom trabalho em suas reportagens, embora não seja um marxista, porque tenta contar a verdade sobre nosso país (...). Eu devo dizer que você apostou no nosso cavalo quando outros pensavam que ele não tinha chance - e tenho certeza de que você não perdeu com isso." Estas palavras, dirigidas por Joseph Stalin a Walter Duranty no Natal de 1933, foram reproduzidas há exatas duas décadas num editorial do jornal The New York Times. O editorial representou o reconhecimento tardio de que o jornal publicara, entre 1921 e 1940, algumas das "piores reportagens" de sua venerável história, produzidas por seu correspondente em Moscou. A "verdade" de Stalin, refratada naquelas "piores reportagens", informa até hoje a visão dominante sobre a URSS e o stalinismo no Brasil. Os conceitos propagados por Duranty encontram-se nos manuais históricos mais celebrados e nos livros escolares mais vendidos.

Duranty não era, de fato, marxista. Ele fez sua reputação ao divergir das previsões de que o regime bolchevique cairia pouco após a Revolução Russa. Em seguida, apostou no "cavalo" de Stalin, contra a oposição trotskista, passou a idolatrar o ditador soviético e cunhou o termo "stalinismo". Stalinismo, explicava o correspondente, era um desvio positivo do socialismo, incompatível com as tradições ocidentais, mas adaptado às "características e necessidades raciais" da Rússia, "fundamentalmente mais asiáticas do que europeias". O homem não estava sendo pago pelo Kremlin, embora seus textos lhe assegurassem a oportunidade de continuar em Moscou, enquanto outros correspondentes eram expulsos, e de obter notícias e entrevistas exclusivas.

Era um caso de paixão por uma tese oficialista, útil à carreira profissional. Nesse sentido, Duranty não diferia de tantos jornalistas muito menos talentosos, do passado e do presente, inclusive no Brasil do "lulismo". Mas ele escrevia sobre o grande drama do "socialismo real", o tema mais crucial do século 20, e ensaiava os tons de uma música ideológica que continua a tocar na heterogênea banda do antiamericanismo dos nossos dias. O bolchevismo devolvera à Rússia a "autoridade absoluta não adocicada pela democracia ou o liberalismo do Ocidente". O stalinismo convertia "uma massa informe de escravos submissos, encharcados", numa "nação de ardentes, deliberados trabalhadores". No fim das contas, o totalitarismo soviético corresponderia a algo como um imperativo histórico.

O Pulitzer de 1934 foi parar nas mãos de Duranty, premiando suas reportagens analíticas publicadas três anos antes, que compunham uma das maiores farsas jornalísticas de todos os tempos. No verão de 1929 Stalin proclamara a coletivização forçada da agricultura e a liquidação dos camponeses autônomos. Em 1931 o terror vermelho disseminou-se pelos mais longínquos lugarejos, expropriando e deportando milhões de pequenos agricultores. As vítimas abatiam o gado antes de deixar suas terras, vendiam a carne e faziam botas com o couro. Os jornalistas Gareth Jones e Malcolm Muggeridge infiltraram-se na Ucrânia e reportaram a grande fome para o Times de Londres e o Guardian de Manchester. Dois anos mais tarde, a tragédia matara mais de 6 milhões de pessoas. O Kremlin negava tudo, respaldado por Duranty, que denunciou como falsificações as reportagens de Jones.

O correspondente do New York Times sabia mais sobre a fome pavorosa do que qualquer outro jornalista ocidental, como evidenciaram investigações posteriores. Duranty "viu aquilo que queria ver", segundo o diagnóstico do editorial de junho de 1990. O olhar do jornalista conservou sua seletividade interessada e ele fez a defesa dos Processos de Moscou, reproduzindo as alegações de Stalin sobre fantásticos complôs entre os dirigentes caídos em desgraça e as potências ocidentais. Naqueles anos, às vésperas da eclosão da 2.ª Guerra Mundial, Duranty conferiu forma definitiva à tese de que o stalinismo cumpria uma função histórica progressiva ao preparar a URSS para o embate com a Alemanha nazista.

Stalin aliou-se a Hitler em 1939 para partilhar a Polônia e os Estados Bálticos. A URSS forneceu quase dois terços das matérias-primas e alimentos importados pela Alemanha nos 16 meses iniciais da guerra mundial. Seis meses antes da invasão alemã da URSS, o Kremlin negociava o ingresso da "pátria do socialismo" no pacto do Eixo. Mas as narrativas canônicas sobre o século 20, contadas por "companheiros de viagem" da URSS, reduziram tudo isso a uma nota de rodapé, apegando-se ao núcleo argumentativo formulado por Duranty.

Eric Hobsbawm já militava no Partido Comunista Britânico no tempo dos Processos de Moscou, que não abalaram sua fé na doutrina. Ele nunca ofereceu apoio ao terror stalinista, mas conservou a carteirinha do partido até a implosão da URSS. Escrevendo após o encerramento da guerra fria, quando a abertura dos arquivos secretos do Kremlin já escancarava verdades previsíveis, o historiador não apenas reproduziu as justificativas oficiais de Moscou para o Pacto Germano-Soviético como deu um passo à frente e pronunciou o seguinte veredicto: "A vitória da URSS sobre Hitler foi uma realização do regime lá instalado pela Revolução de Outubro, como demonstra uma comparação do desempenho da economia russa czarista na Primeira Guerra Mundial com a economia soviética na Segunda Guerra (...). Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos Estados Unidos) provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais" (A Era dos Extremos, Companhia das Letras, 1996).

O stalinismo, segundo Hobsbawm, salvou a democracia ocidental. As fontes ocultas do veredicto do aclamado historiador encontram-se nas reportagens do jornalista ocidental hipnotizado por Stalin. Tanto quanto Duranty, ele "viu aquilo que queria ver".

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

Argentina: ex-chanceler saiu por cumprir a lei...

Agora se revelam os motivos da saída de Jorge Taiana da direção da diplomacia argentina: ele simplesmente estava seguindo a Constituição e outros dispositivos legais ao autorizar um subordinado a cumprir a lei, isto é, prestar depoimento no Congresso, pois que convocado.
A presidenta (como a K gosta de ser chamada) o demitiu, pois pretendia que ele afrontasse o Congresso negando permissão ao subordinado.
Que triste esses países onde o chanceler é obrigado a satisfazer a vontade do presidente, sendo aliás instado a não cumprir a lei...
Paulo Roberto de Almeida

Diplomata argentino denuncia propina
Gustavo Hennemann
Folha de S.Paulo, 24 de junho de 2010

Governo Kirchner cobrava comissão de empresas que vendiam à Venezuela, afirma ex-embaixador em Caracas.

Eduardo Sadous reitera a deputados acusações que já fizera à Justiça; depoimento contribuiu para queda de chanceler.

O ex-embaixador argentino em Caracas Eduardo Sadous reafirmou ontem, em depoimento na Câmara dos Deputados, que seu país manteve uma diplomacia paralela com a Venezuela na gestão do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).
Há dois meses, em depoimento à Justiça, ele já havia dito que funcionários do Executivo se encontravam por conta própria e realizavam acordos com o primeiro escalão do governo de Hugo Chávez ao longo de 2004.
Segundo denúncias de empresários relatadas por Sadous, os embaixadores paralelos eram homens de confiança de Kirchner e articulavam esquema que cobrava propinas de entre 15% e 20% de exportadores argentinos que vendiam maquinário agrícola à Venezuela.
O caso foi denunciado à Justiça pela oposição, que acusa de associação ilícita Kirchner e o ministro do Planejamento, Julio De Vido, que assumiu a pasta em 2003 e permanece no gabinete da presidente Cristina Kirchner.
Ontem, Sadous atendeu ao convite de parlamentares oposicionistas e prestou esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, onde falou por quatro horas, em sessão fechada.
O deputado oposicionista Alfredo Atanasof, que preside a comissão, disse que Sadous ratificou o depoimento à Justiça e que foi possível avançar em tudo o que gerava dúvidas.
O encontro do diplomata com os deputados estava marcado, em princípio, para a semana passada, mas foi adiado após uma forte pressão do governo, que tentou evitar que Sadous fosse ouvido pela oposição.

RENÚNCIA E MALA
A sessão na Câmara também influenciou na renúncia do ex-chanceler Jorge Taiana, que deixou o governo após discutir com Cristina na última sexta-feira.
A presidente repreendeu Taiana, entre outros motivos, por ter autorizado Sadous, seu subordinado, a se apresentar na comissão.
Deputados opositores sustentam que o esquema de propinas na exportação é só uma amostra das relações ilícitas entre os governos dos dois países. Para os congressistas, o depoimento de Sadous ajudará a esclarecer também o episódio chamado de caso da mala.
Em agosto de 2007, o empresário venezuelano Antonini Wilson foi flagrado com US$ 800 mil não declarados em uma mala logo após desembarcar em Buenos Aires.
Ele vinha de Caracas num avião fretado por funcionários da Casa Rosada e da PDVSA, petroleira estatal da Venezuela. Opositores sustentam que o dinheiro seria destinado ao financiamento da campanha de Cristina, eleita dois meses depois.

Quem disse que a America Latina nao cresce?

ONU: Latinoamérica es la zona con el mayor aumento del consumo de coca
Michael Shifter
Infolatam/ Efe
Panamá, 23 de junio de 2010

Una década del Plan Colombia: por un nuevo enfoque
Alrededor del 45% de la producción de la cocaína es incautada.

Las Claves:
* Suramérica, América Central y el Caribe tienen 2,7 millones de consumidores, a los que llega un 20% del estupefaciente distribuido en el mundo, por detrás de Estados Unidos (41%) y Europa (26%).
* "La tasa más alta de crecimiento por la cocaína no es Estados Unidos, es América Latina: es Brasil, es Argentina (...)", dijo Mazzitelli .

Latinoamérica es la zona del planeta con un crecimiento más alto en el consumo de cocaína y ya tiene más de dos millones de consumidores, indicó el representante regional para México, Centroamérica y el Caribe de la Oficina de la ONU contra la Droga y el Delito (Unodc), Antonio Mazzitelli.

"La tasa más alta de crecimiento por la cocaína no es Estados Unidos, es América Latina: es Brasil, es Argentina (...)", dijo Mazzitelli en una entrevista con Efe en Panamá junto al subdirector de Unodc, Francis Maertens, quienes inauguraron una oficina del organismo en esta ciudad.

Según datos del informe anual de la Unodc 2010 al que tuvo acceso Efe, Suramérica, América Central y el Caribe tienen 2,7 millones de consumidores, a los que llega un 20% del estupefaciente distribuido en el mundo, por detrás de Estados Unidos (41%) y Europa (26%). "Hace 20 años el 90% del consumo eran los Estados Unidos", recordó Mazzitelli.

El funcionario señaló que se consume y se produce más cocaína en el mundo, pero aseguró que se ha logrado contener el problema en un mundo muy distinto al que hace 50 años presentaba a una quincena de países como consumidores del 80 o el 90% del consumo mundial.

"Todo tiene que ser visto en perspectiva, seguramente se produce más, se consume más, pero considerado lo que fue la epidemia de la coca en la década de los ochenta en los Estados Unidos, considerada su expansión en todos los mercados, todavía se ha logrado contener el problema", subrayó.

Por su parte, Maertens indicó que las estimaciones del organismo sitúan la producción mundial de cocaína "entorno a las 1.000 toneladas al año", aunque "bajó los dos últimos años y hace dos años estuvo en 860".

También afirmó que alrededor del 45% de la producción de la cocaína es incautada, aunque en ese cálculo se contabilizan decomisos de hoja de coca, pasta de coca, cocaína en los países productores, en tránsito, etcétera. Maertens señaló que Centroamérica "ha vivido muchos cambios" por su situación entre el mercado estadounidense y los países andinos y afirmó que "está claro que algunos países están perdiendo de una u otra manera el control en sus territorios" a manos del crimen organizado.

O mandarinato-marajanato ainda vai conseguir afundar o Brasil

Membros do Judiciário servem, supostamente, para não apenas defender a legalidade, como também zelar pela moralidade na coisa pública. Não no Brasil, obviamente, onde os funcionários públicos em geral, e os do Judiciário em particular, parecem atuar como uma gangue de ladrões do erário, uma máfia mancomunada para extorquir dinheiro do contribuindo, uma malta de malfeitores empenhados em destruir qualquer sentido de proporcionalidade nas remunerações do serviço público.
A China começou a decair quando os mandarins se tornaram muito poderosos e aumentaram a extração de recursos da sociedade ao mesmo tempo em que construíam uma burocracia altamente corrupta e infensa a mudanças.
O Brasil, com seus marajás-mandarins, vai pelo mesmo caminho, talvez até mais rapidamente do que os dois ou três séculos para a China decair completamente...
Paulo Roberto de Almeida

Direto da Ilha da Fantasia
Editorial O Estado de S.Paulo
24 de junho de 2010

Um estudo do Ministério do Planejamento sobre o impacto efetivo do projeto que reajusta em 56%, na média, os vencimentos dos 100 mil funcionários dos tribunais superiores do País confirma que não há limites para a irresponsabilidade fiscal daquele que já é o mais pródigo dos Três Poderes.

O Judiciário, ao elaborar a proposta em tramitação no Congresso desde dezembro, alega que os salários dos seus servidores estão defasados em relação ao Executivo e ao Legislativo. Em nome disso ? e de uma interpretação extravagante do conceito de autonomia administrativa e financeira ? se concebeu um projeto característico do que a Ilha da Fantasia chamada Brasília tem de mais condenável. É a celebração do marajanato de alto a baixo na hierarquia judiciária.

Segundo o levantamento divulgado ontem pelo Estado, o piso salarial dos auxiliares judiciários, como copeiros, garçons e contínuos, que exercem funções de apoio para as quais se requer apenas escolaridade fundamental, passará a ser R$ 3.615,44. O teto, incorporando as vantagens pessoais do serviço público, que tendem a dobrar, ou mais, a paga inicial, chegará a R$ 8.479,71. A proposta não faz menção a tais valores. Um anexo informa apenas o montante dos vencimentos básicos, acrescidos de uma gratificação.

Em regra, um funcionário ganha mais do que um empregado de empresa privada quando ambos exercem atividades que demandam poucos anos de estudo e habilidades comuns. Já o mercado remunera melhor do que o Estado o pessoal de nível superior dotado de qualificações especiais ? um obstáculo à formação de uma elite burocrática na área estatal. Ao que tudo indica, porém, isso não vale para o Judiciário. Nele, todos os contracheques superam os da iniciativa privada, em posições funcionais idênticas ou assemelhadas.

Se, por exemplo, um interessado em trabalhar como agente de segurança numa empresa do setor pedir remuneração inicial de R$ 7.500 mensais, decerto será rejeitado e aconselhado a procurar ajuda psiquiátrica. Mas, na proposta do Judiciário, esse é o piso desejado para os responsáveis pela segurança dos ministros das Altas Cortes (R$ 7.529,13, para sermos exatos). No topo da carreira, serão R$ 14.591,90.

Compare-se agora quanto um advogado em início de carreira leva para casa no fim do mês ? por jornadas que frequentemente varam as noites e invadem os fins de semana ? com o que o Judiciário quer que o contribuinte remunere de partida os seus analistas, que estudam processos, elaboram pareceres e pesquisam a legislação: R$ 10.283,59. Ou de 5 a 10 vezes mais do que um escritório de advocacia paga aos novatos pela mesma atividade.

Tem mais: se o projeto passar como está ? o que é bem provável, dado o receio dos políticos de brigar com a magistratura ?, um analista judiciário que tenha doutorado e exerça cargo de confiança há duas décadas receberá no fim da carreira R$ 33.072,55. Decerto serão poucos os servidores nessa invejável situação. Que fosse um único: teria furado o teto do serviço público, ou R$ 26.723,13. Isso, sem falar no efeito "corrente da felicidade" da nova tabela ? as reivindicações de acréscimos proporcionais no Judiciário dos Estados, com a eterna invocação da isonomia.

Calcula-se que os aumentos propostos custem R$ 6,4 bilhões ao erário. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, adverte que não há como pagar o reajuste este ano. Mas isso nada significa para a vasta confraria do "quero o meu" e os seus prestadores de serviços no Congresso Nacional. A União gastou nos 12 meses encerrados em abril 4,8% do PIB com o funcionalismo (R$ 155,2 bilhões em valores absolutos). No mesmo período, os investimentos do governo federal representaram 1,2% do PIB (ou R$ 40,1 bilhões).

Haveria algo clamorosamente errado com isso, mesmo que a baixa qualidade dos serviços públicos ? a exemplo da lentidão do Judiciário ? não fosse a afronta que é para a sociedade envergada pelo pagamento dos impostos que os sustêm. E a cúpula dos tribunais superiores do País ainda se permite atribuir à defasagem salarial com os outros Poderes os "prejuízos no que se refere à celeridade e à qualidade da prestação jurisdicional".