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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

11 de Setembro: Fim da hegemonia americana? - Lionel Barber (FT)

Não estou tão seguro de que se trata do fim, ou mesmo do começo do fim, da hegemonia americana. Pode ser que seja o começo de uma retomada da liderança americana sobre o mundo como ele é.
Afinal de contas, os europeus estão em situação ainda pior (e sem necessariamente estarem dispostos a fazer os esforços requeridos para reassumir o papel que já foi o deles no "concerto mundial") e por mais que os chineses sejam os novos candidatos à preeminência imperial, quem é que gostaria de imitar (ou poderia, no caso) o seu, hum..., "modelo"?
Acho que Hollywood e Disneyworld ainda tem mais charme para o resto do mundo do que o Partido Comunista Chinês... (enfim, comida chinesa é ótima, mas o sistema que segue junto não é muito apetitoso).
Paulo Roberto de Almeida

O atentado que deu início ao fim da hegemonia dos EUA

Por Lionel Barber | Financial Times
Valor Econômico – pág. A12
08.9.11

Na manhã de 11 de setembro de 2001, o futuro dos Estados Unidos parecia tão radiante quanto o céu azul sobre Manhattan. O preço do petróleo do tipo Brent estava em US$ 28 o barril, o governo federal tinha superávit fiscal, a economia americana se recuperava do crash da bolha pontocom (embora que imperceptivelmente). A nação mais poderosa do mundo estava em paz.
Passados dez anos, o preço do petróleo ronda os US$ 115 o barril, os EUA deverão ter um déficit fiscal de US$ 1,58 trilhão em 2011, o maior de sua história; a economia continua com problemas graves após o crash financeiro de 2008; e os militares e o serviço de inteligência do país continuam em guerra, combatendo insurgências e o terrorismo islâmico radical, do Afeganistão e Paquistão, ao Níger e o Iêmen.
O almirante William Mullen, que está deixando o cargo de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, descreveu a dívida nacional como a maior ameaça à segurança dos Estados Unidos. O rebaixamento da avaliação de crédito do país pela empresa Standard & Poor's parece confirmar o deslizamento contínuo da superpotência. E, embora não haja uma narrativa linear entre os ataques de setembro de 2001 e os atuais apuros econômicos dos EUA, o custo ajustado à inflação da "guerra global contra o terrorismo", de mais de US$ 2 trilhões, representa o dobro do que foi gasto na Guerra do Vietnã.
A resposta do ex-presidente George W. Bush aos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono foi iniciar duas guerras, contra o Afeganistão e o Iraque, um unilateralismo belicoso à custa de alianças e da lei internacional e uma promoção quase evangélica da democracia liberal no Oriente Médio. As políticas com limites bem estabelecidos de sua administração fraturaram alianças na Europa e desencadearam uma grande queda da reputação dos EUA pelo mundo.
O erro de Bush foi deixar claro que a mudança de regime no Iraque era só um passo no que ele chamou de "eixo do mal"
No lado positivo, os EUA conseguiram evitar outro atentado terrorista em seu território. Outros não tiveram a mesma sorte. As bombas que explodiram em Bali (2002), Madri (2004) e Londres (2005) não chegaram à escala do 11 de Setembro, mas fizeram várias centenas de vítimas. A Al Qaeda foi enfraquecida, mas não totalmente eliminada. Dezenas de discos rígidos de computadores recuperados no esconderijo de Osama bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, sugerem que o líder da Al Qaeda, morto em maio durante uma operação de uma força especial da Marinha americana, estava planejando outro atentado terrorista espetacular, talvez para coincidir com o aniversário do 11 de setembro neste fim de semana.
Além disso, a onda de protestos populares deste ano dissipou a noção de que o Oriente Médio - com exceção de Israel - é congenitamente incapaz de abraçar a democracia. Um a um, os autocratas da região, de Zine el Abidine Ben Ali, na Tunísia, a Hosni Mubarak, no Egito, estão sendo depostos por manifestantes que exigem dignidade, liberdade e empregos. É verdade que a queda de Muamar Gadafi na Líbia foi precipitada por rebeldes armados auxiliados pelos aviões de guerra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan); mas o presidente Bashar al Assad, da Síria, poderá ser o próximo a sentir o hálito quente das ruas.
A questão é se o espinafrado Bush estava correto ao afirmar que o status quo autocrático do Oriente Médio criou uma incubadora de terroristas radicais islâmicos e, consequentemente, uma ameaça clara e presente para os Estados Unidos. Se a resposta for sim, então as falhas de seu governo se deveram menos a diagnósticos errados e mais a uma questão de execução.
Uma segunda questão relacionada é se a resposta militar do governo ao 11 de setembro representou um desvio de atenção caro e desproporcional, além de recursos, no momento em que o mundo estava sendo transformado pela ascensão de novos atores poderosos, sobretudo a China.
Logo após os ataques ao World Trade Center, um alinhamento geopolítico comparável aos de 1815, 1945 ou 1989 pareceu tomar forma. Os Estados Unidos formaram uma coalizão internacional contra o terrorismo que incluiu rivais como a Rússia e a China, além de párias do passado como Cuba, Irã e Sudão.
No lado positivo, os EUA conseguiram evitar outro atentado em seu território. Outros não tiveram a mesma sorte
A resposta militar foi igualmente eficaz. Depois de identificar os autores, os EUA realizaram uma campanha improvisada, mas brilhante, para tirar o Taleban do poder no Afeganistão. Forças especiais americanas combinadas com líderes militares locais e um poder aéreo devastador derrubaram o regime de Cabul em semanas. Embora os líderes, especialmente o mulá Omar e seu parceiro Bin Laden, tenham conseguido fugir, a rede Al Qaeda foi implacavelmente perseguida e desestruturada.
Mas em apenas um ano os Estados Unidos perderam a autoridade moral. O erro de Bush foi deixar claro que a mudança de regime no Iraque era apenas um passo no trato com o que ele descreveu como "eixo do mal", formado por Irã, Coreia do Norte e outros adversários suspeitos de abrigar ou patrocinar terroristas. Da noite para o dia, os Estados Unidos passaram a ser considerados uma nação malévola.
O temor aumentou com a publicação de uma doutrina de segurança nacional revista em 2002, que abandonou os conceitos de contenção e dissuasão da Guerra Fria. Em seu lugar, surgiu uma estratégia "voltada para o futuro" de ação militar preventiva, mudança de regimes e um novo tipo de guerra que justificava a tortura e negava os direitos da Convenção de Genebra a suspeitos de serem terroristas.
Assim, a guerra do Iraque foi combatida sem o apoio de aliados tradicionais, como o Canadá, a França e a Alemanha, sem o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas e sem evidências conclusivas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa que representassem uma ameaça imediata aos EUA. Quanto aos aliados, o então premiê do Reino Unido, Tony Blair, forneceu uma cobertura política leal, embora Donald Rumsfeld, o então secretário de Defesa dos EUA, tenha declarado que as forças britânicas eram supérfluas em termos militares.
A Otan, que tinha invocado pela primeira vez o artigo 5, que exige que todos os membros se comprometam com a defesa coletiva, também foi deixada de lado. O lema de Washington era "a missão determina a coalizão". Mas as alianças seletivas funcionam em duas direções. No fim da década, os aliados europeus estavam usando advertências para sair das operações militares no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Daí o alerta feito este ano pelo secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, que estava deixando o cargo, de que a Otan estava se tornando irrelevante.
A Europa também emergiu, mas diminuída - e não só durante o conflito líbio, em que a Alemanha optou por ficar de fora e o Reino Unido e a França ficaram sem munição em questão de semanas. No começo do novo século, orgulhosos com o sucesso do lançamento de uma nova união monetária, líderes da Europa firmaram planos para tornar a União Europeia a zona econômica mais competitiva do mundo. Em retrospecto, a tão alardeada agenda de Lisboa marcou o ápice de ambições que coincidiu com o estouro da bolha pontocom.
Dez anos depois, o projeto original da União Monetária Europeia tem se mostrado fundamentalmente falho. Os mecanismos de imposição da disciplina orçamentária foram igualmente ignorados por membros pequenos e grandes, incluindo a Alemanha; economias periféricas, como Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, que cresceram muito nas costas dos juros baixos, estão se mostrando não competitivas. O contágio nos mercados de bônus agora ameaça se espalhar para a Itália, um membro "central" da zona do euro.
No segundo mandato de Bush, a retórica abrasiva deu lugar a uma postura mais moderada. Enquanto força de ocupação no Afeganistão e no Iraque, os EUA foram engolidos na reconstrução dessas nações, algo há muito ridicularizado por Rumsfeld. Numa confusão parecida, o presidente Barack Obama e o atual primeiro-ministro britânico, David Cameron, declararam que uma ou ambas as missões eram militarmente vitais e depois agiram como se elas fossem arbitrárias, estabelecendo um cronograma (político) para a retirada.
Especialistas calculam a conta coletiva das aventuras no Afeganistão e no Iraque em algo perto de US$ 2 trilhões (ajustados à inflação); mas Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial (Bird) e ex-subsecretário de Estado americano, afirma que um país tão rico quanto os EUA pode muito bem arcar com esse custo. Em 1948, diz Zoellick, o PIB médio per capita dos EUA era um quarto do de hoje. Mesmo assim, os americanos prontamente avalizaram a doutrina do presidente Harry Truman de apoiar as democracias na Europa e conter o comunismo ao redor do mundo, o que exigiu bilhões de dólares.
Se as sementes da transformação democrática criarão raízes no Iraque é algo mais discutível. A tão alardeada "tempestade" militar americana resgatou o país do caos e de um possível desmembramento, mas as relações entre os grupos étnicos do Iraque - curdos, sunitas e a maioria xiita - continuam precárias. Indiscutivelmente, a deposição de Saddam Hussein permitiu ao Irã se tornar a potência dominante da região, exercendo influência através do governo xiita em Bagdá. Enquanto isso, as ambições nucleares de Teerã continuam sem ser controladas.
O 11 de Setembro também não aumentou os esforços para resolver a outra ameaça séria à estabilidade regional: o conflito palestino-israelense. Bush e Barack Obama não conseguiram encontrar uma saída para a questão dos territórios ocupados na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e do status de Jerusalém. Sucessivos primeiros-ministros israelenses, de Ariel Sharon a Binyamin Netanyahu, vêm usando a guerra ao terror em proveito próprio, afirmando que concessões ameaçam a segurança de Israel e que entidades como o Hamas - que venceu com facilidade as eleições em Gaza em 2005 - são terroristas disfarçados de representante legítimos palestinos.
Apesar do foco na luta contra o terrorismo, os Estados Unidos ainda estavam alertas às tendências geopolíticas mais amplas. O progresso mais importante ocorreu entre EUA e a Índia, com a assinatura em 2008 do tratado 123 de cooperação nuclear civil. A nova parceria estratégica entre Washington e Nova Déli não só oferece um contrapeso à ascensão da China, como também ao Paquistão, que possui armas nucleares e é um aliado de longa data americano no sul da Ásia, apesar de cada vez mais difícil de ser controlado.
Em contrapartida, as relações sino-americanas são pouco mais que uma acomodação desconfortável. Pequim vê Washington (na melhor das hipóteses) como "nem amigo, nem inimigo", enquanto os EUA acordaram tardiamente para o desafio representado pela China ao seu domínio no Pacífico. Pequim vem, de má vontade, pressionando o ressentido regime vizinho da Coreia do Norte, mas o fervor nacionalista significa que a liderança continua nevrálgica em relação a Taiwan e muito sensível às disputas territoriais com Japão, Coreia do Sul e Vietnã.
Em última análise, o acontecimento geopolítico mais significativo dos últimos dez anos ocorreu não no campo de batalha, e sim no sistema financeiro. A crise bancária global teve origem na regulamentação falha e nos incentivos perversos aos bancos para que eles vendessem financiamentos imobiliários aos americanos pobres, que não tinham capacidade de pagá-los, além da alavancagem gigantesca do sistema financeiro. Essas distorções foram em parte criadas pelos desequilíbrios globais motivados pelo fato de os americanos estarem vivendo de crédito barato e de exportadores e poupadores chineses estarem contribuindo para a formação de um enorme superávit em conta corrente.
Até o Grande Crash de 2008, esse carrossel girou despreocupadamente. Graças à mão de obra barata, a China exportou deflação para o resto do mundo. A China financiou o déficit em conta corrente dos EUA reciclando seu próprio superávit nos bônus do Tesouro americano. Agora, com três anos de crise financeira, a economia mundial foi virada de cabeça para baixo. Os EUA estão diminuídos, a Europa ficou de lado, e a Ásia está em ascensão, ao menos por enquanto.
Considere as tendências históricas mais amplas. A participação da Ásia em desenvolvimento na economia global, em termos da paridade do poder de compra, subiu de forma constante, de 8% em 1980 para 24% no ano passado. Como um todo, os mercados de ações asiáticos agora respondem por 31% da capitalização do mercado global, à frente da Europa, com 25%, e bem perto da participação dos EUA, que é de 32%. No ano passado a China superou a Alemanha, tornando-se o maior país exportador do mundo. Os bancos chineses estão agora entre os maiores do mundo em valor de mercado.
Os números das importações são igualmente reveladores: o mundo em desenvolvimento está se tornando o motor da economia mundial. Do consumo de cimento ao de ovos, a China lidera o planeta; ela também acaba de superar os EUA como maior mercado automobilístico do mundo.
A apetite voraz da China por commodities está criando novas rotas comerciais, especialmente com potências emergentes como o Brasil. No ano passado, a China superou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil. A América Latina, região outrora mais conhecida por sua instabilidade, emergiu da crise praticamente incólume. A pobreza está diminuindo, a classe média está crescendo e os mercados de ativos estão bastante aquecidos.
Condoleezza Rice, assessora de segurança nacional e depois secretária da Estado de Bush, certa vez descreveu a multipolaridade como uma teoria de rivalidade, um mal necessário. Em termos econômicos, a multipolaridade prega uma nova ordem em que a interdependência é a norma e os EUA, embora ainda decisivamente poderosos, não mais ocupam um papel hegemônico.
Quanto ao legado do 11 de Setembro, Gerard Lyons, principal economista do Standard Chartered Bank, diz que as três palavras mais importantes da última década não foram "guerra ao terrorismo", e sim "made in China". Pelas tendências do momento, acrescenta ele, as três palavras mais importantes desta década serão "propriedade da China".

livro "O dissenso de Washington" Embaixador Rubens Barbosa


Milagre! Milagre!: "logica" faz breve aparicao no "socialismo do seculo 21"...

"Logica" entre aspas, dobradas, bold, sublinhado e com um grande ponto de interrogação, pois não se sabe se a lógica vai realmente predominar, seja do lado do governo, seja do lado dos beneficiários da gasolina mais barata do mundo, mais barata do que o ar respirado pelos venezuelanos, que deve estar poluído (pelo excesso de carburantes, justamente, e obrigando ao uso de remédios comprados, ou tratamento ulterior...), mas sempre necessitando de um aumento de, AO MENOS, 300% para se alinhar não apenas com a racionalidade econômica, mas simplesmente com a realidade dos preços internacionais para um produto raro e estratégico.
Não creio que a lógica venha a predominar, mas sempre resta uma réstia (tênue, frágil) de esperança...
Paulo Roberto de Almeida


Venezuela: ministro de Chávez dice que la “lógica reclama” un alza de la gasolina y las tarifas de energía

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El ministro venezolano de Electricidad, Alí Rodríguez.
Infolatam/Efe
Caracas, 7 de septiembre de 2011
Las claves
  • En Venezuela llenar un tanque de 50 litros de gasolina cuesta el equivalente a un dólar.
  • Alí Rodríguez subrayó que en Venezuela "una botellita de agua" de un cuarto de litro "es tan costosa o más costosa" que el precio de venta de gasolina.
El ministro venezolano de Electricidad, Alí Rodríguez, dijo hoy que “la lógica reclama” un alza de precios de la gasolina y de las tarifas eléctricas, algo que, admitió, el presidente del país, Hugo Chávez, no ha creído que sea “prudente”.
“El presidente Chávez no ha considerado prudente hacerlo en este momento, pero en su momento, al igual que en el caso de la gasolina, habrá que hacer esos ajustes que la propia lógica reclama”, sostuvo Rodríguez en una rueda de prensa.
El también próximo secretario general de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur) subrayó que en Venezuela “una botellita de agua” de un cuarto de litro “es tan costosa o más costosa” que el precio de venta de 50 litros de gasolina necesarios para llenar el tanque de un vehículo estándar de pasajeros.
“Esto es irracional y en su momento habrá que hacer esos ajustes”, reiteró y destacó que la misma política de subsidio estatal existe en el caso de la energía eléctrica en el país petrolero.
En Venezuela llenar un tanque de 50 litros de gasolina cuesta el equivalente a un dólar.
Insistió en que Venezuela también debe revisar los precios de productos y las tarifas de servicios energéticos, así como reducir su consumo, “por compromisos internacionales” asumidos, al indicar que el país forma parte “de acuerdos orientados a la reducción del consumo de energía y al uso racional de ella”.
El exsecretario general de la Organización de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) añadió que “esto lo entiende el pueblo” y estimó que “también pueden entenderlo sectores racionales de la oposición” al Gobierno de Chávez.
“Los irracionales tendrán que ser reducidos y si se violentan habrá que someterlos”, advirtió, al reiterar, sin ofrecer detalles, sobre las denuncias gubernamentales de persistentes sabotajes a la red eléctrica y un boicot a las iniciativas para reducir el consumo.
El ministro señaló que el Gobierno de Chávez decretó una última revisión de las tarifas eléctricas “hace nueve años”, lo que, a su juicio, “contribuye al déficit de recaudación” de la estatal Corporación de Electricidad(Corpoelec), que a partir de hoy será dirigida por Argelis Chávez, uno de los hermanos del jefe de Estado.
Los precios de las gasolinas, en cambio, fueron elevados por última vez en febrero de 1989 por el entonces presidente Carlos Andrés Pérez (1974-79/89-93), quien anuló el alza casi de inmediato tras la insurrección popular que la medida desencadenó entonces.

Albert Fishlow: um grande amigo do Brasil...

Mas nem por isso menos crítico, ou realista como economista.
Eu até acho ele muito condescendente em relação às bobagens (e barbeiragens) de políticas macroeconômicas e setoriais que são sempre cometidas pelos governistas brasileiros -- atenção, de qualquer vertente: tucanos iludidos, petistas esquizofrênicos, liberais estatizantes, keynesianos ingênuos e tutti quanti pululam em torno do governo, sempre em busca de prebendas e apoios financeiros -- mas devemos dar o desconto que ele não quer ter aquele ar professoral-arrogante de sempre dizer o que se deve fazer, isso porque ele sabe dos constrangimentos políticos que cercam quaisquer definições de políticas econômicas.
Albert Fishlow merece ser homenageado com um livro, pelos economistas brasileiros, da mesma forma como Werner Baer, este sim um keynesiano moderado.
Minha modesta homenagem a América Latina Fishlow, neste post.
Paulo Roberto de Almeida


Book Launch: Starting Over: Brazil since 1985
by Albert Fishlow
When:
Tuesday, September 13, 2011 
Registration: 5:30 p.m. to 6:00 p.m.
Presentation: 6:00 - 7:30 p.m.
Reception: 7:30 p.m. - 8:30 p.m.

Where:
AS/COA
680 Park Avenue
New York, NY
Map of location


In cooperation with the Brazilian-American Chamber of Commerce, Inc.


In Starting Over: Brazil since 1985, author Albert Fishlow reflects on how the changes that Brazil has undergone over the last twenty years have transformed the social, political, economic, and diplomatic realms in that country and will affect its future, and especially influence Dilma Rousseff's presidency.


Albert Fishlow is Professor Emeritus at both the University of California-Berkeley and Columbia University. He was a Paul A. Volcker Senior Fellow for International Economics at the Council of Foreign Relations and professor of economics and director of the Center for International & Area Studies at Yale University. He served as deputy assistant secretary of state for Inter-American Affairs from 1975 to 1976, and received the National Order of the Southern Cross from the government of Brazil in 1999. Fishlow's published research has addressed issues in economic history, Latin American development strategies, as well as economic relations between industrialized and developing countries. Since the 1960s he has written extensively about the Brazilian economy, with seminal contributions ranging from the history and impact of import substitution, industrialization policies and debt crises, income distribution and social welfare, inflation and macroeconomic policies.

Confirmed Speakers:
  • Otaviano Canuto, Vice President and Head of Poverty Reduction and Economic Management (PREM), World Bank
  • Albert Fishlow, Professor Emeritus, International and Public affairs, Columbia University, Director, Center for Brazilian Studies, and Director, Institute for Latin American Studies, Columbia University.
  • Christopher Sabatini, Senior Director, Policy, Americas Society/Council of the Americas and Editor-in-Chief, Americas Quarterly
  • Lisa Schineller, Director, Latin American Sovereign Ratings, Standard & Poor's
  • Paulo Vieira da Cunha, Principal, Emerging Markets, Tandem Global Partners

Prior registration is required.


Registration Fee: $35.00 for AS, COA and BACC members; $50.00 for non-members. Includes a signed Copy of Starting Over.
Event Information: Please contact Sophia Costa at scosta@as-coa.org or 212-277-8369 or visit www.as-coa.org.
Press Inquiries: Please contact Alex Andrews at aandrews@as-coa.org or 212-277-2384.
Cancellation Policy: Please contact Juan Serrano via e-mail atjserrano@counciloftheamericas.org, by 3:00 p.m., Monday, September 12, 2011.

Anonimos governistas: uma tribo sempre crescente (e que pulula neste blog tambem)

Eu poderia até escrever uma "praga" sempre crescente, mas isto poderia ofender certos governistas sinceros, gente de boa vontade, e animada das melhores intenções possíveis, e que pensam estar fazendo o bem ao povo deste país, ao servir um governo qeu quer o "bem do povo", contra esses malditos neoliberais que sempre ficam torcendo contra, querendo crises e derrotas, fracassos e frustrações, apenas para provar que o governo é incompetente, inconsciente, ineficiente, enfim, essas coisas que todo mundo sabe mas que poucos ousam dizer...
Não tenho problemas em escrever "praga", ou tribo, inclusive porque acho a minha própria tribo, a dos sociólogos, um bando de masturbadores sociais que produzem muita ideologia e pouco conhecimento útil à sociedade.
Mais, passons...
Este post é dedicado a todos os bravos -- estricto et lato sensii -- governistas anônimos que fazem comentários por vezes indignados, no mais das vezes derrisórios ou irônicos, contra este modesto bloguista, como se eu fosse responsável pelo teor dos materiais que aqui posto. Vejam bem: 90% (ou mais) do que vem aqui para leitura, deleite (ou desprazer) de seus frequentadores ou passantes é pura matéria de imprensa, que os navegantes, anônimos ou não, governistas ou não, podem ler livremente em todos os sites e blogs que eu mesmo frequento. Eu só faço o favor de transcrever aqui o que acho interessante, ponto.
Meus comentários iniciais apenas traduzem o que penso da matéria, ponto.
Mas eis que  alguns desagradados resolvem comentar, NÃO a matéria, que seria o mais importante, mas os meus comentários, e atacam este blogueiro indefeso -- nem tenho porte de armas, nem sei lutar artes marciais -- que apenas reflete o que vai pelo mundo, sem qualquer poder de mudar a realidade.
Eu apenas pretende, aspiro, gostaria, de mudar a forma de pensar de alguns que aqui vêem, animados por um furor governista capaz de dar inveja aos políticos adesistas mais fanáticos.
Mudar a forma de pensar quer dizer o que? Pensar como eu? Absolutamente; apenas refletir sobre a matéria e constatar como a realidade se vinga dos incautos, dos iludidos, dos levados pela propaganda governista (sempre enganosa e hipócrita, como convém a todos os governos, e com o nosso dinheiro, além do mais), de todos aqueles que acham que o que os governantes fazem está sempre certo. Não, não está. Se está certo é porque fizeram apenas e tão somente o seu dever, e não há porque elogiá-los por isto. Se está errado é preciso alertar, denunciar, condenar, e é o que eu faço aqui habitualmente.
Quem não gosta, pode deixar de ler. Quem gosta não precisa elogiar, que eu não gosto disso.
Abaixo um exemplo de governista anônimo (uma praga, mas inevitável), e meus comentários a seus comentários.


2 Comentários

[a este post: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/09/america-latina-crescendo-firme.html]
Anônimo Anônimo disse...
Firme na torcida contra, Prazão! Vamos pensar negativo! Se a gente torcer bastante, daqui até 2014 é só crise! Daí só precisamos convencer o povão de que a culpa pela maior crise global da história é do LULA/DILMA e pimba, o poder é nosso de novo!
Quinta-feira, Setembro 08, 2011 7:41:00 AM
Excluir
Blogger Paulo R. de Almeida disse...
Caro Anônimo Governista (e leitor descuidado),
Você, como vários outros anônimos governistas que frequentam, leem, se debatem com raiva em relação a este modesto blog, ficam extremamente ansiosos para ler, não as matérias que eu posto (e 90% do que eu posto é pura seleção de matérias da imprensa, sem minha interferência, portanto), mas meus comentários iniciais.
Tamanha é a ansiedade governista, que desta vez você nem reparou que eu sequer toquei no nome deste país que o acolhe tão generosamente e que também é o meu. Seja por patriotismo, seja por sabujice ao governo, você se apresseou em falar de crise, de eleições, quando eu sequer toquei no nome do Brasil, falando apenas de tendências econômicas da América Latina.
Acho que você tem duas fixações doentias: uma é contrariar sempre meus comentários, outra é servir a esse governo que você acha ótimo, mesmo anonimamente, ainda que você, no recesse de sua caverna governista você se deleita com amigos e colegas ao dizer que colocou mais um comentário contra um brasileiro vil (eu, claro), que está sempre criticando o governo, por qualquer motivo.

Governista Anônimo,
Eu lhe recomendo abrir o seu próprio blog a favor do governo, e depois passar no caixa do governo para recolher o seu dinheiro, merecido ou não (acho que você tem muitos adesistas oportunistas na fila).
Aprenda uma coisa, se você já não sabe.
Fazer blog a favor, é coisa de quem não pensa, só adere, bestamente. Deixe isso com os propandistas do governo, pois o governo já gasta muito do seu, do meu, do nosso dinheiro com eles e eles já estão aí para isso mesmo: fazer propaganda descarada a favor, recolhendo milhões com isso, e dando risada dos trouxas que pagam e acham bonito ("as mãos do povo", que bonito!).

Este blog pensa, ou pelo menos o seu autor, e gosta de repetir como fazia o sábio Millor Fernandes:
"Jornalismo de verdade é sempre do contra. O resto é armazém de secos e molhados".
A função do pensamento crítico é esta: dedicar-se ao que está errado, pois o que está bem o governo já propagandeia (mesmo equivocadamente e hipocritamente) com o nosso dinheiro.
Eu vou sempre agir assim: se você não está contente, abra o seu blog e faça o trabalho dos assalariados do poder.
Eu não tenho problema em ser um servidor do Estado, mas não costumo deixar o cérebro na portaria quando entro no trabalho. Se você o faz, lamento por você, e só posso lhe desejar sorte e felicidade.
Eu fico com minha consciência e minha honestidade.
Por fim: da próxima vez, leia o que escrevi, antes de se posicionar contra este autor.
Não estou aqui para contentar ninguém, apenas para fazer as pessoas pensarem...
Mas você pode se excluir, claro...
Paulo Roberto de Almeida
(um anarco-pensador...)
Quinta-feira, Setembro 08, 2011 11:22:00 AM


Mais impostos: de volta ao esporte habitual de politicos impoliticos...

Mais uma vez (enfim, é todo ano esta brincadeira), se volta a falar no Brasil de aumento de impostos ou da criação de novos para financiar isto ou aquilo, "essencial", como dizem os mentirosos, para o "bem estar da população".
O editorial do Estadão toca nos pontos corretos: o governo não precisa de mais dinheiro, tanto porque a arrecadação federal vem crescendo continuamente duas ou três vezes acima do crescimento do PIB. Não é dinheiro, portanto, o que falta, e sim boa gestão, ou simplesmente vergonha na cara: em lugar de pedir mais dinheiro a cidadãos tosquiados, que somos todos nós, o governo tem de acabar com a confusão em suas hostes, a roubalheira e a incompetência generalizadas que campeiam soltas em todos os níveis, e tratar de fazer um governo enxuto, que pare de dar dinheiro para quem já é rico e que cuide do essencial, que é saúde e educação de qualidade, infra-estrutura e segurança. Deixe o resto para um ambiente competitivo, em que empresários façam seus negócios num ambiente sadio e facilitado, não que tenham de vir pedir favores em Brasília ou que tenham de recolher 40% do que faturam para esse ogro mal-cheiroso e pantagruélico que habita em Brailia (e um pouco em todos os cantos da federação, em todos, até nos que ainda não existem, mas que políticos famintos e desonestos pretendem criar para seu exercício habitual de assalto aos cofres públicos).
Os brasileiros vivem iludidos ao esperar algo do Estado: a única coisa que vem do Estado é isso mesmo: extorsão tributária, ineficiência e roubalheira.
Quando os brasileiros vão acordar?
Paulo Roberto de Almeida


Ameaça de mais impostos 

Editorial O Estado de S.Paulo, 8/09/2011

Quinze governadores apoiam a criação de um tributo para financiar a saúde - mais precisamente, a recriação do velho imposto do cheque, também conhecido como Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), extinta em 2007. A presidente Dilma Rousseff procura ficar a distância, para evitar o custo político dessa iniciativa. Mas dificilmente recusará o presente, se governadores e parlamentares cuidarem de exumar aquele monstrengo tributário, com alíquota menor e com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS) ou algo parecido. Tem-se conversado também sobre outras possibilidades. Algumas são politicamente complicadas e pelo menos uma é claramente fantasiosa neste momento.
Uma alternativa com certeza atraente para pessoas politicamente corretas seria o aumento de impostos sobre cigarros e bebidas alcoólicas. Mas para isso seria preciso enfrentar o lobby poderoso de grandes indústrias. Também se fala sobre uma possível taxação do jogo, mas o primeiro passo, não muito fácil, teria de ser no mínimo a liberação dos bingos. Finalmente, há quem proponha o uso de royalties obtidos com a exploração do pré-sal para o financiamento da saúde. Ninguém pode dizer com segurança quando estará disponível esse dinheiro nem quanto será arrecadado.
A aventura do pré-sal apenas começou e ainda falta muito tempo para se iniciar a exploração desse petróleo em escala significativa. Se o financiamento da saúde for mesmo um problema urgente, como dizem tantos políticos, não se poderá resolvê-lo com royalties do pré-sal, um recurso por enquanto só existente na imaginação. O governo e seus aliados precisam decidir: ou falam de urgência na saúde ou falam do pré-sal como solução. Não há como sustentar os dois discursos ao mesmo tempo.
Dinheiro do pré-sal, se vier, será para reforçar orçamentos da União, dos Estados e dos municípios dentro de vários anos. Se o governo e seus aliados procuram uma solução de curto prazo, terão de pensar em algo diferente. Por isso é mantido o interesse na recriação da CPMF, embora a presidente Dilma Rousseff prefira não se envolver diretamente no assunto. Do ponto de vista do contribuinte, a questão importante é outra: o governo precisa mesmo de mais dinheiro para a saúde? E vale a pena acrescentar uma segunda pergunta: se a tributação aumentar, a administração federal será melhorada?
Não pode haver dúvida quanto a esses pontos. Em primeiro lugar, o governo federal deveria abster-se de lançar novos encargos sobre o contribuinte antes de um esforço honesto e persistente para aumentar a própria competência. A administração federal arrecada muito, gasta mal, exige pouco de seus quadros e deixa muito dinheiro ir pelo ralo. Nem sequer consegue cuidar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), essa colcha de retalhos agitada como grande símbolo da política nacional de desenvolvimento. Desde o lançamento desse programa até o ano passado, o Tesouro só pagou 60,9% dos valores previstos no orçamento. Neste ano, o PAC 2 mal começou a ser realizado, porque a maior parte dos desembolsos correspondeu à liquidação de restos a pagar. Na gestão da saúde a inépcia é igualmente espantosa. Dos R$ 5,09 bilhões previstos para investimento neste ano, o governo só pagou R$ 1,44 bilhão até o fim de agosto, segundo tabela divulgada pela organização Contas Abertas.
Seria fácil multiplicar os exemplos de gestão ineficiente. Facílimo, também, seria apontar as muitas bandalheiras praticadas com dinheiro público, a pulverização de verbas por meio de emendas parlamentares de má qualidade e o enorme desperdício perpetrado por meio de convênios. Antes de pedir mais dinheiro ao contribuinte, a presidente Dilma Rousseff deveria passar a limpo o funcionamento do próprio governo. Que tal começar com a leitura do site do Tribunal de Contas e com o exame de algum material da Controladoria-Geral da União? Lá está o repertório do que o governo não pode e não deve fazer, mas faz. A presidente prometeu mais de uma vez, logo depois de eleita e também por ocasião da posse, dar atenção especial à qualidade do gasto e aos padrões de gestão. O primeiro ano de governo é um bom momento para isso.
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A doença financeira da saúde

José Serra
O Estado de S.Paulo, 08 de setembro de 2011

No próximo dia 13 de setembro, fará 11 anos a Emenda Constitucional n.º 29 (EC 29), que criou vinculações orçamentárias para a saúde. Na Câmara dos Deputados, o projeto passara com facilidade, apoiado por todos; entre os senadores, o percurso foi difícil, dada a pressão contrária de muitos governadores. A emenda deu certo: de lá para cá, os recursos reais da saúde aumentaram em termos absolutos e como fatia do PIB, embora isso se deva mais a Estados e municípios do que ao governo federal. A participação do Ministério da Saúde nos gastos do setor caiu de 53% para 47% no período, aumentando os encargos dos governos estaduais e municipais.
A EC 29 previa que se votasse, até 2004, uma lei complementar que a regulamentasse, mas o governo Lula evitou o assunto, precisamente para não aumentar sua fatia nas despesas do setor. Agora, o Congresso diz que vai votá-la até o fim deste mês.
Por que foi feita a EC 29?
Para o bem ou para o mal, a Constituição de 1988 acabou ampliando e reforçando as vinculações orçamentárias diretas e indiretas. Mas a saúde ficou de fora e, num mundo orçamentário rígido, virou colchão amortecedor de crises e apertos fiscais.
Tudo piorou quando, já no governo Collor, o Fundo de Investimento Social (Finsocial), que abastecia a saúde de recursos, foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo uma tremenda crise, só atenuada por socorro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Na época de Itamar Franco, a fatia da saúde nas receitas da Previdência foi extinta junto com o Inamps, de quem o Ministério da Saúde recebeu as unidades hospitalares e ambulatoriais.
Eu era ministro do Planejamento quando o titular da Saúde, Adib Jatene, tomou a iniciativa da criação da CPMF vinculada ao setor, mas já não estava lá quando ele conseguiu aprová-la em outubro de 1996. Adverti, então, que, sendo a receita prevista com a CPMF menor do que as despesas federais com saúde, o aumento dos recursos da área não era garantido, pois outras receitas que financiavam o ministério poderiam ser redirecionadas para outros gastos sociais. E isso aconteceu.
Quando, no início de 1998, o presidente Fernando Henrique convidou-me para assumir o Ministério da Saúde, acertamos promover algum mecanismo que defendesse o setor. Por isso, no ano seguinte, fizemos um substitutivo a um projeto do deputado Carlos Mosconi, economizando, assim, prazos de tramitação. A fim de evitar as incertezas de possíveis reformas tributárias, preferimos vincular recursos ao índice do PIB nominal - a cada ano, o orçamento federal para a saúde deveria ser reajustado, no mínimo, pela variação desse índice do ano anterior. Para os Estados e municípios, a vinculação fez-se às receitas líquidas: 12% e 15%, respectivamente, a serem atingidos em cinco anos.
Diga-se que, a partir da EC 29, a CPMF e a saúde se divorciaram. A obrigação do governo federal passou a ser a de cobrir o financiamento mínimo do setor, independentemente das origens dos recursos. Por isso, o sumiço da CPMF em 2008 não retirou recursos da saúde. No final de 2007, a fim de vencer a oposição do Senado à renovação do tributo, o governo Lula acenara, na undécima hora, com a possibilidade de destinar a receita da CPMF à saúde. Não deu certo.
Se fosse verdadeira a intenção de reforçar o setor, em vez tentar renovar a CPMF, o governo Lula poderia ter aprovado o projeto de lei complementar já citado, contendo um tributo só da saúde. Ou poderia ter destinado a ela parte do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cujas alíquotas foram aumentadas, a fim de compensar a perda da CPMF. A receita do IOF subiu quatro vezes de 2007 até 2011, quando será de R$ 30 bilhões. Um terço disso teria elevado bastante os recursos federais para a saúde. Mas essa não foi a prioridade nem antes nem depois. Desde 2002, as despesas federais na área cresceram abaixo das receitas correntes.
O projeto de lei que está para ser votado na Câmara dos Deputados tem várias coisas positivas, entre elas, a que impede os governos de contabilizarem no item saúde gastos de segurança, alimentação, lixo, asfalto, etc. Com esse expediente, metade dos Estados, hoje, não cumpre a EC 29. Mas dois dispositivos financeiros merecem reparos. O projeto retira da base de cálculo da despesa mínima estadual para a saúde os recursos do Fundeb, da educação. Isso cortaria em R$ 5 bilhões os gastos obrigatórios dos Estados no setor! Paralelamente, cria-se a Contribuição Social para a Saúde (CSS), uma CPMF de 0,1%, que renderia uns R$ 14 bilhões/ano. Mas, desse total, 20% seriam descontados por conta da Desvinculação de Receitas da União (DRU). Assim, metade da CSS serviria aos Tesouros nacional e estaduais, a pretexto da saúde!
Note-se que, desde 2002, a carga tributária no Brasil cresceu em torno de três pontos do PIB; o gasto federal aumentou em 80% reais. Ao longo de 2011, a receita tributária federal cresceu três vezes mais do que o PIB. Será que as distorções de prioridades, o descaso sobre eficiência e redução de custos e os desperdícios e desvios têm sempre de ser compensados com aumento ainda maior de tributos?
A saúde precisa, sim, de mais recursos federais, e eles tinham de ter saído e devem sair das receitas existentes. Dentro do próprio setor há um mundo de possibilidades de redefinição de custos e prioridades, questões que saíram da sua agenda desde 2003.
E o que dizer sobre a qualidade dos gastos federais? Dois pequenos exemplos: cerca de R$ 700 milhões poderiam ser destinados à saúde com o simples cancelamento do projeto executivo do trem-bala, essa grande alucinação ferroviária; outro tanto poderia ser obtido cortando despesas com boa parte das ONGs e festas municipais, no âmbito do Turismo, item escabroso em desvio de recursos. E pode-se permitir, sim, que iguais montantes virem emendas para a saúde, de forma criteriosa e controlada. Em suma, trata-se de governar com prioridades claras, determinação e, é claro!, com rumos, sabendo-se o que se quer.

EX-PREFEITO E EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO

China: referencia incontornavel na América Latina?: um sintoma apenas, entre outros...

A transcrição do anúncio da conferência abaixo não tem qualquer objetivo propagandístico, do seu autor -- a quem considero equivocado em muitos aspectos, não só das relações externas da Argentina, mas da própria América Latina, em geral -- ou das instituições ou países envolvidos neste exercício acadêmico.
Visa apenas e tão somente demonstrar, mais uma vez -- se ainda fosse necessário --, com a China, mesmo sem manter uma diplomacia especialmente ativa na região, tornou-se a referência indispensável, obrigatória mesmo, das relações internacionais da América Latina, em especial ou essencialmente na economia, mais precisamente no comércio (dentro em pouco nos investimentos e na tecnologia também).
Ou seja, não é que a China esteja tentando conquistar os países da América Latina na base de uma campanha de promoção política ou diplomática, como podem ter feito, no passado, a Alemanha nazista nos anos 1930, e depois da Segunda Guerra os Estados Unidos, no que foi designado, acertadamente, como a "americanização da América Latina". Não, ela não está fazendo nada disso, além, claro, de instalar alguns institutos "Confúcio" aqui e ali, para o ensino do mandarim, mas de maneira muito ineficiente e praticamente sem efeitos práticos.
O que a China vem fazendo é muito mais sério: ela vem, pouco a pouco, conquistando os "corações e mentes", não dos cidadãos -- que muitas vezes compram produtos chineses não por bondade, atração ou simpatia pela China, mas simplesmente por serem mais baratos e de qualidade mediana, aceitável, por enquanto --, mas dos políticos e empresários em geral, por uma razão evidente: ela puxa os preços para cima, ao manter a demanda elevada, e permitindo o escoamento de tudo o que a América Latina produz -- e se trata essencialmente de matérias primas -- em quantidades progressivamente crescentes.
Por enquanto é no comércio, mais um pouco será nos investimentos, e dentro de alguns anos será também na tecnologia, sem falar do financiamento, que vem crescendo paralela e simultaneamente.
A China se torna, de locomotiva da América Latina, uma locomotiva do crescimento econômico mundial, algo que nunca ocorreu antes com esta rapidez de mudança, como se duas placas tectônicas da economia mundial se chocassem a uma velocidade não geológica, mas histórica, a 200 kms por hora...
A América Latina se torna dependente da China, como jamais o foi dos EUA, ou como ainda não é, mas vai ser.
A conferência abaixo confirma isso: todos os políticos latino-americanos torcem para que a China não deixe de comprar seus produtos, ao mesmo tempo que os empresários olham aterrorizados para o desaparecimento progressivo de seus nichos de mercados, ou de suas empresas, simplesmente.

Acho que os latino-americanos ainda vão sentir saudades dos bons tempos do velho imperialismo americano: ele, pelo menos, a despeito de "explorar" a região -- como acreditavam e ainda acreditam certos idiotas da academia -- deixavam algo em troca: um filminho de Hollywood, hamburguers, rock e outras coisas apreciadas. Os chineses chegam apenas para "raspar" os mercados, e não se pode nem dizer que algum latino-americano pretenda imitar modos, gestos, ideologia vindos da China.
Só posso desejar sorte a esses latino-americanos incrivelmente atrasados, não necessariamente materialmente, mas certamente mentalmente.
Alguns me acham pessimista ou negativo. Acho que sou apenas realista, e costumo antecipar, em dez anos, processos e movimentos inevitáveis. Isso porque leio a história, com recuo de alguns séculos. Recomendaria aos críticos anônimos deste blog que também lessem a história.
Alguns pretendem me dar lições. Respondo apenas que eles devem ler mais, estudar a história e observar atentamente a realidade, e, sobretudo, pensar...
Paulo Roberto de Almeida

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

America Latina: crescendo firme?

Eu pessoalmente acho que o pessoal que fez esse relatório é muito otimista: quase toda a América Latina, hoje, é dependente do crescimento da China. Portanto, se a China despencar ou acontecer algum outro problema de monta, a América Latina pode vir abaixo....
Paulo Roberto de Almeida


América Latina deve passar incólume por recessão 
Relatório do Fórum Econômico Mundial destaca o desempenho dos países da região e os desafios comuns que podem prejudicar o crescimento a longo prazo
7/09/2011 

Um relatório divulgado nesta quarta-feira, 7, pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) aponta que a América Latina não deve ser atingida por uma possível recessão e destaca o desempenho dos países da região.
Ainda de acordo com o relatório, a perspectiva para a América Latina é ótima para os próximos anos. O FEM também destaca que a região conseguiu superar a recessão global de 2008: “Com uma taxa de crescimento em torno de 6% em 2010 e taxas previstas de 4,75% para 2011 e de 4,25% para 2012, a região reduziu o diferencial de produção e o excesso de capacidade gerado nos anos da recessão, superando em resultados as economias mais avançadas”.
Indícios de superaquecimento
O FEM alerta, entretanto, para sinais de superaquecimento de alguns países exportadores de matérias-primas da região, como Chile e Brasil. “Há pressões inflacionárias que começaram a se acentuar e que são cada vez mais preocupantes”, adverte.
Após subir cinco posições em relação ao ano anterior, o Brasil ocupa atualmente o 53º lugar no ranking de competitividade elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, que engloba 142 países. O Chile segue como o país mais competitivo da região, na 31ª posição. Os dez primeiros do ranking são Suíça, Cingapura, Suécia, Finlândia, EUA, Alemanha, Países Baixos, Dinamarca, Japão e Reino Unido.
Desafios
Além do Brasil, outros países da América Latina também subiram algumas posições no ranking deste ano, incluindo México (de 66º para 58º), Peru (de 73º para 67º), Bolívia (de 108º para 103º), Equador (de 105º para 101º), Panamá (de 53º para 49º), Argentina (de 87º para 85º) e Uruguai (de 64º para 63º).
O FEM também destaca quatro desafios comuns para as economias da região que podem prejudicar o crescimento a longo prazo. São eles: fraqueza institucional e consequente insegurança, deficiência da infraestrutura, ineficaz repartição da produção e dos recursos humanos e atraso em matéria de inovação em relação a outras nações emergentes.

China-Brasil: mais capitalista do que os capitalistas


DCI
China enviou US$ 20 bilhões ao Brasil via paraísos fiscais
Gustavo Machado
DCI, 6/09/2011

Maior parceiro comercial do Brasil nos últimos anos, a China configura atualmente um parceiro e um rival. Principal comprador de matérias-primas produzidas no País, os asiáticos causam preocupação na equipe econômica do governo de Dilma com sua moeda, o iuane, depreciada, e produtos baratos. E apesar de, oficialmente, registrar um valor baixo de investimentos diretos, o país asiático, na verdade, enviou US$ 20 bilhões no ano passado em recursos por meio de países conhecidos como paraíso fiscal, como Suíça e Luxemburgo.

No ano de 2010, entre janeiro e julho, US$ 24,435 bilhões foram exportados para a China, enquanto que US$ 17,687 bilhões foram importados. Atualmente, os Estados Unidos são o país do qual o Brasil mais importa. De acordo com dados do Banco Central (BC), no mesmo período, em IED, apenas US$ 367 milhões vieram da China, o que os situava apenas em 12º entre os estrangeiros que mais investiam no País. Neste ano, os valores são ainda mais insignificantes: US$ 138 milhões e o distante 23º lugar.

No entanto, os dados do BC não condizem com a realidade da relação bilateral. De acordo com Welber Barral, consultor de comércio exterior e secretário do MDIC entre 2007 e 2010, isso ocorre porque o investimento do gigante asiático é oriundo de subsidiárias de suas empresas. "Muito do dinheiro chinês não vem necessariamente da China".

Segundo Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), o Brasil recebeu mais de US$ 20 bilhões no ano de 2010 em investimentos de companhias chinesas. O valor colocaria o asiático na primeira posição com muita folga, de acordo com os documentos do setor externo divulgados pelo Banco Central. "Isso porque muito do dinheiro vem de paraísos fiscais", explica Tang.

Corroborando com a afirmação de Tang, no ano passado Luxemburgo e Suíça figuraram como os principais investidores, com pouco mais de US$ 15 bilhões. "A China considera o Brasil um grande mercado. O Governo quer a abertura de novas fábricas. Não só o País se beneficiará, mas também o povo", afirma o presidente da CCIBC.

Para o Dr. Evaldo Alves, coordenador do curso de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas, existe uma relação complexa com o parceiro asiático. "Devemos nos proteger quanto à China competidora, mas não devemos atacá-la", avisa, antes de lembrar que os preços baixos dos produtos importados ajudam a baixar a inflação. "Precisamos resolver os gargalos da economia brasileira", alerta Alves.

O custo Brasil é um dos maiores agravantes na relação bilateral. Altos impostos e salários mais altos encarecem os produtos nacionais. Para o consultor em comércio exterior Vivaldo Cardoso Piraino existe um pouco de dúvida quanto ao futuro desta parceira. "Os preços dos chineses são tão baixos que é preciso criar restrições, taxas para evitar o dumping [preços extremamente baixos para prejudicar concorrentes]", diz o consultor.

Entre os maiores produtos exportados estão minério de ferro, soja triturada e petróleo. Já entre os importados, peças para transmissores, máquinas de processamento de dados e circuitos impressos (chips) para telefonia. Segundo Barral, existe uma barreira de importação na China contra os manufaturados do Brasil, que seria forçado a compor sua pauta de exportação basicamente com matérias-primas e commodities agrícolas. A tese é combatida por Charles Tang, que culpa os preços elevados pela dificuldade de ingresso dos manufaturados.

Indiferente aos produtos exportados, a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda, indica que cada vez mais a China representa o motor da economia global e que a relação entre os dois países é cada vez mais importante. "O crescimento do PIB chinês se reflete na pauta exportadora do Brasil", afirma Lacerda. Ao encontro da afirmação da secretária, na comparação entre os meses de janeiro e agosto de 2010 e 2011, o volume financeiro exportado cresceu 45%. O superávit brasileiro na balança comercial entre os países aumentou para US$ 1,443 milhão em julho de 2011, 63% maior que no mesmo período de 2010.