Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 2 de agosto de 2014
Eleicoes 2014: a fabrica de mentiras do PT
Argentina: questoes sobre a moratoria - Barbara Kotschwar (IIE)
Ridendo, castigat mores...
Paulo Roberto de Almeida
Questions and Answers on the Argentina default
by Barbara Kotschwar |Institute for International Economics, Washington, August 1st, 2014
On July 30, negotiations in New York failed to resolve differences with a group of bondholders (some of them in speculative funds derided in Argentina as the “vulture funds”) demanding full payment on $1.3 billion in bonds it owns. The New York court overseeing the case declared Argentina to be in default on the grounds that it failed to make debt payments that fell due this week. But Argentina claims that it is not in default because it has transferred a $563 million interest payment due to a separate group of bondholders who agreed to less than full payment on its debts in negotiations that took place in 2005 and 2010. Ratings agencies have reacted by downgrading Argentina’s bonds to default grade, and the cost of insurance on Argentine bonds has risen. These latest developments are widely expected to damage Argentina’s economy and complicate future debt restructurings of problem countries. Following are some questions and answers on the outlook for Argentina.
Q: So, is Argentina in default?
In 2001 Argentina was experiencing its third year of negative GDP growth. Growth estimates for this year range from anemic to negative, but for the past decade GDP growth has been relatively robust. (According to Argentina’s data reported to the International Monetary Fund [IMF], rates were over 8 percent per annum for most of the period 2003–11). Unemployment was at about 20 percent; now it is much better, at about 7 percent. The political situation is also more stable. In 2001 two presidents had been forced to leave office. President Fernandez de Kirchner is in her second term of office.
The other difference is the impact on other Latin American countries. In 2001 there were contagion effects through markets. In this case, investors seem to consider Argentina a specific, sui generis case. Contagion may occur, however, if there is no quick resolution. If Argentina’s economy starts to be affected, it will very likely affect the Southern Common Market (Mercosur) countries, particularly Brazil, which is the most closely tied to Argentina through the goods market.
- In October of last year it settled five cases pending in front of the ICSID (International Center for the Settlement of Investment Disputes).
- In February of this year Argentina revised its methodology for reporting inflation. This was in response to IMF censure for underreporting inflation statistics. The new consumer price index, IPCNU, seems more in line with outside estimates of Argentine inflation (and substantially higher than what it had been previously reporting).
- Argentina settled with Repsol: In February, Spanish company Repsol accepted Argentina’s offer of $5 billion as compensation for the May 2012 nationalization of its YPF subsidiary.
- In May Economy Minister Axel Kiciloff reached an agreement with the Paris Club to pay off the totality of Argentina’s $9.7 billion in debt to the Paris Club over the next five years, starting with $1.15 billion before May 2015.
A few important caveats should be noted to the above.
- Caveat to the data revision: Although revised inflation data have been submitted, Argentina was also supposed to publish revised national income data, including poverty and indigence rates on April 23, 2014, but the government canceled this release, citing methodological problems. Reducing poverty has been an important platform for the government; alternative estimates place the poverty number significantly higher than the government’s 1.2 million (5.4 percent of the population): over 10 million (or 24.5 percent).
- It should be noted that the bulk of the Paris Club payments will fall to Cristina Fernandez de Kirchner’s successor, who will take office in December 2015.
- Not everybody was buying the Argentine success story: In March Moody’s downgraded Argentine bonds to Caa1, citing rampant inflation and falling reserves, plus the threat posed by pending debt legislation.
- The Argentine economy remains highly distorted. The government has announced the reduction of some subsidies on water and electricity, but price controls and various subsidies remain, putting pressure on the government budget.
As mentioned above, Argentina is currently facing a number of economic pressure points: low (some estimate negative) economic growth, falling reserves, and the second- or third-highest inflation rate in the world, behind that of Venezuela and maybe that of Iran. One could envision pressure on the peso and the already large gap between official and blue (black market) rate, which might lead to another devaluation. This could lead to more protests and pressure to raise wages, which could have even more upward pressure on inflation.
Figure 2 below plots Argentina’s and Korea’s per capita GDP as a multiple of per capita GDP in the United States. From 1870 to 1930, Argentina’s per capita was at least 60 percent of US GDP, besting Korea by a factor of six. By 2010, Argentina had sunk to about a third of US GDP; Korea, more than 70 percent. Argentina’s main challenge is, arguably, to figure out how to bring its relative standard of living back to where it was a century ago.
Posted in Global Financial Crisis
Tags: Argentina, debt, developing countries
Como pensam os soi-disant progressistas: observacoes pontuais - Paulo Roberto de Almeida
Enfim, uma simples mudança do tipo o mundo gira e a Lusitana roda (como dizia a velha publicidade de uma companhia de mudanças que não deve existir mais).
Mas, aproveitando a deixa da sinceridade e transparência, aproveito algumas expressões típicas dos companheiros, para mais uma vez constatar como pensa essa gente.
1) "Enfrenta, como toda a cidade, a especulação imobiliária – mas há resistência, da qual agora faremos parte, nós e o casarão."
PRA: Esse pessoal tem uma frase pronta, quando imóveis são derrubados, ou vendidos, para dar lugar a novos empreendimentos, geralmente comerciais, com preços de mercado bem acima daqueles anteriormente praticados no local: "especulação imobiliária".
Dito assim parece que chegam aqueles capitalistas perversos, fazendo pressão sobre os moradores, ou proprietários, e forçando-os a sair do local, para expulsar a gente pobre dali, e só deixar espaço para a elite branca, e rica.
Não lhes vem à cabeça que os "pobres", ou simples moradores ou proprietários, podem ter interesse em vender o terreno ou a casa, pelo seu valor de mercado, que é baixo, mas certamente será mais alto quando se trata de um empreendimento capitalista, para poder comprar algo melhor em outro lugar, mais moderno, etc. Inevitavelmente o que surgir ali será diferente, com uso comercial, e portanto com um valor de mercado mais alto. Pode dar certo, como pode não dar, dependendo do ambiente, da clientela, etc. Ou seja, envolve risco, e isso é especulação, dos dois lados.
Por que não deixar que essas transações se façam pelo mercado, com total liberdade entre as partes?
Por que o Estado, ou alguém, precisaria interferir numa operação especulativa para os dois lados?
Enfim, os companheiros acima vão resistir, e talvez até descubram, maravilhados, que outros prédios à volta serão transformados em empreendimentos comerciais, que o ambiente vai melhorar, que o seu próprio casarão vai se valorizar, enfim, que a vida segue adiante, e sempre fica melhor, pois assim é a natureza humana. Só pessoas muito cegas, e imobilistas (conservadoras, portanto), querem que tudo fique sempre tudo igual, sem especulação, sem risco, sem transformação, sem nada, parado...
2)"... numa época muito contraditória,..."
PRA: Nunca encontrei chavão tão perfeito, e tão contraditório. Tudo é contraditório, a vida é contraditória. O mundo sempre está em crise, ó céus, ó vida, rien n'est simple, como diria o Sempé...
3) :...em que se combinam o declínio da velha democracia,..."
PRA: Esta é a frase mais calhorda que eu encontro nesses textos dos bolivarianos, neobolcheviques, totalitários e outros dessa laia. A velha democracia é essa que temos: representativa, via partidos, parlamento, leis, Constituição, etc. Eles querem uma outra: com movimentos populares, conselhos, participação poupular nas agências públicas, sovietes, enfim, essas coisas que eles podem controlar, gramscianamente, no começo, de maneira stalinista depois. Acho melhor ficar na velha democracia, sem adjetivos, nem popular, nem burguesa, só democracia. Tá bom assim?
4) "... o risco de retrocessos civilizatórios muito graves..."
PRA: Claro: como o socialismo fez chabu, o capitalismo se expande, mesmo na China companheira e na África tão explorada, a coisa está grave. O capitalismo, como todos sabem, é um retrocesso civilizatório enorme, com esses iPhones, iPads, Facebooks, enfim, essas coisas que os companheiros usam mas no maior desprezo pelas multinacionais ou pelos simples empreendimentos de estudantes que os criaram. Bom mesmo era o socialismo, com os seus coturnos, os seus gulags, aquele repolho todo, as bandeiras vermelhas, os discursos de quatro horas ao sol, um único jornal para limpar o rabo, enfim, essas maravilhas avançadas do socialismo...
5) "... e a esperança do pós-capitalismo,..."
PRA: Nunca morre: os companheiros sempre vão esperar a próxima crise do capitalismo para ver se daquela vez, finalmente, o pessoalzinho miúdo se convence de que o capitalismo não dá mesmo. Quando será que os historiadores gramscianos vão descobrir que já vivemos em pós-capitalismo? Aliás, onde estão aqueles velhos capitalistas donos de fábricas? Agora só aparecerem esses garotos que ameaçam mudar nossas vidas com suas invenções absolutamente sem esperança, sem esperança que tudo fique igual ao que sempre foi, sempre nos obrigando a grudar na mais recente novidade, como os companheiros, por exemplo, que já aderiam aos blogs, aos twitters, ao FB, enfim, essas coisas que só o socialismo, ou o pós-capitalismo são capazes de inventar...
6) "...é uma aventura que envolve risco..."
PRA: Eu desejo muita sorte aos companheiros, para que eles não corram muitos riscos no novo casarão, e sejam felizes. Ah, não esqueçam de se conectar online para nos avisar quando vão estar funcionando sem riscos na nova morada..
Sejam felizes...
Paulo Roberto de Almeida
Prata da Casa: os livros dos diplomatas - edição de autor, julho de 2014
Os que ainda não tinham tomado conhecimento, podem downloadar este livro que deveria ter sido publicado pela Funag (ou Fundação Alexandre de Gusmão, do Ministério das Relações Exteriores) em novembro de 2013, mas parece que alguém cismou com duas frases pouco politicamente corretas, uma delas sobre o Mercosul, a outra já nem me lembro mais do que era. São dessas coisas totalmente ridículas, mas que podem acontecer numa instituição tão venerável quanto o Itamaraty.
Eu não iria cometer uma violência contra mim mesmo, me autocensurando. Como acho que não sou eu quem perde mais, e sim potenciais leitores e estudantes, não dou a mínima.
Como eles também fariam, a despeito de conseguirem uma audiência provavelmente maior, e mais focada no público universitário, eu também posso colocar o livro inteiro totalmente disponível em meu site e plataformas de produção acadêmica, como faço agora.
Apenas um aviso aos incautos: trata-se de um arquivo pesado, pois é um livro de 700 páginas (e isso que não coloquei todas as resenhas de livros, e sim aquelas que tinham a ver estritamente com a produção dos diplomatas ou sobre temas diplomáticos, de política externa do Brasil e de relações internacionais do Brasil e de política internacional, de forma geral).
Muitas dessas miniresenhas ou mesmo resenhas completas já estão disponíveis individualmente na minha página da plataforma Academia.edu, sendo portanto arquivos menores e dirigidos a uma, ou algumas poucas publicações. Basta ver as resenhas de livros neste link:
https://uniceub.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Book-Reviews
Não transcrevo aqui o sumário pois ele é enorme, mas vou preparar arquivos com o sumário e com índice remissivo.
Aqui vai a ficha do livro:
Prata da Casa: os livros dos diplomatas
(Hartford: Edição de autor, 2014, 700 p.)
Disponível nos links:
Academia.edu: página do livro: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_;
link direto para download do arquivo em pdf: https://www.academia.edu/attachments/34209509/download_file?s=work_strip&ct=MTQwNzAwODExOCwxNDA3MDExMjI5LDc4NTEwNjY;
divulgado neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html).
Relação de Originais n. 2533. Relação de publicados n. 1136
Divirtam-se (com perdão da expressão).
Paulo Roberto de Almeida
Diplomacia ideologica? Comentarios edificantes do site 247 (2+4+7?; uau...)
A matéria que li foi o resumo feito no site 247 (uma soma significativa, sem dúvida) da entrevista concedida à revista Época pelo assessor de assuntos internacionais da PR, que criticou as críticas à diplomacia dos companheiros como sendo "ideológicas". OK, que sejam, todo mundo tem o direito de ser ideológico, não é mesmo?
Mas, os comentários que seguem, aqui transcritos seletivamente, refletem o padrão esperado no público do 247. O que é que vocês queriam? Em face da mídia golpista, a reação só pode ser essa mesma...
Paulo Roberto de Almeida
Crítica à diplomacia é "eleitoral" e "ideológica"
2 de Agosto de 2014 às 11:56
Comentários
33 comentários em "Crítica à diplomacia é "eleitoral" e "ideológica""Os comentários aqui postados expressam a opinião
dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247
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eros alonso 2.08.2014 às 14:02CORTEM AS RELAÇÕES COM A PULGA ATÔMICA. UM ANÃOZINHO ATÔMICO, UMA PULGA ASSASSINA, UMA SARNE NO ORIENTE MÉDIO QUE INCOMODA DESDE QUE NASCEU.NASCEU? FOI CRIADA EM LABORATÓRIO. ASSASSINOS. SUJAM A RAÇA SEMITA, COLOCAM OS JUDEUS EM SITUAÇÃO RUIM. SÃO SIONISTAS NAZISTAS.MANTER RELAÇÕES COM ESSA GENTE NÃO DÁ.CORTEM AS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS.OU ISSO OU SOMOS ANÕES MESMO. QUEM CHAMA O BRASIL DE ANÃO MERECE ALGUMA SINAGOGAS QUEIMADAS SIM. CANALHAS.
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Manoel 2.08.2014 às 13:41O Brasil precisa cancelar todo relacionamento comercial com iSSrael, principalmente o militar. Não podemos ser cúmplices os estado sionista iSSraelense.
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A BESTA ESTÁ COMEÇANDO A POR A CABEÇA DE FORA 2.08.2014 às 13:35O mundo vai ser testemunha desse tipo de gente de Israel, eles estão sendo indicados como o estopim de uma guerra mundial, eles são terroristas e fazedores de terroristas. Veja bem, uma pessoa vê toda sua prole morta num ataque covarde, o que essa pessoa pode se transformar? Pense se isso acontecesse com você? Como você agiria? Ia alisar as cabeças deles? Mas é claro que não, toda a sua família foi morta e que não tinha nada a ver com o problema. O que você acha? Matar um inimigo sem arma, é covardia e isso o mundo não tolera. Tratar os outros países como insignificantes também não é legal. Matar alguém que não teve possibilidade de se defender, é uma maldade enorme e isso eles fizeram. Quer matar terroristas, façam como os Estados Unidos fizeram, foi lá e acabou com Bin Laden, mas quando não tem competência se utiliza de meios assassinos e covardes.
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PSDB APOIA UM ESTADO GENOCIDA 2.08.2014 às 13:30Os chapas-pretas, favoráveis ao morticínio covarde em Gaza, criticam a diplomacia brasileira por ter se oposto aos crimes de guerra de Israel. Essa gente é cruel, não se comove nem frente à morte de crianças inocentes. Esse tipo de gente não pode governar o Brasil.
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OS PSDBISTAS QUEREM PRENDER, OU MATAR, TRABALHADOR 2.08.2014 às 13:19SM na era psdbista: US$ 60.00; SM nos governos trabalhistas: US$ 300.00. O PSDB quer o mal dos trabalhadores.
PSDB APOIA UM ESTADO GENOCIDA 2.08.2014 às 13:15
Se você ainda não escolheu seu candidato, repare bem como se expressam aqui os defensores da oposição. Usam palavrões, deboches, mentiras e calúnias. São fofoqueiros, estão invariavelmente contra o que é popular e contra o Brasil. Torcem pelo pior. São os chamados chapas-pretas. Essa gente não merece o Brasil e, muito menos, o seu voto.
MAG: "Querem desacreditar a politica externa" (companheira)! Uau! Que malvados...
Eles insistem em querer "nos" desacreditar, só porque apoiamos Cuba, Venezuela, Rússia, China, só porque somos contra as arrogantes potências do capitalismo hegemônico, só porque conduzimos uma diplomacia independente, aliás até independente do Itamaratty, só guiada por nossos princípios, causas e objetivos. Só por isso.
Sempre se pode confirmar as expectativas, para uns piores, para outros as melhores possíveis.
Nunca Antes, ou Nunca Mais?
Paulo Roberto de Almeida
Marco Aurélio Garcia: "Querem desacreditar a política externa brasileira"
RODRIGO TURRERER
Revista ÉPOCA, 01/08/2014
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais diz que as críticas à diplomacia brasileira são eleitoreiras e movidas por ideologia. Apesar de despachar ao lado da presidente Dilma Rousseff, ele nega ser o chanceler de fato do Brasil
Marco Aurélio Garcia é uma das figuras mais controversas do Palácio do Planalto. Nos 12 anos em que ocupa o cargo de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, foi a vitrine predileta das pedras atiradas pela oposição nos inúmeros momentos em que a política externa brasileira esteve na berlinda. No episódio mais recente, o Brasil foi chamado de “anão diplomático”[1] por um porta-voz do governo de Israel[2] e recebeu críticas por ser seletivo nos alvos de suas condenações. Garcia saiu em defesa da posição brasileira. “Não há nenhum relativismo moral na política externa do Brasil”, afirma nesta entrevista.
ÉPOCA – A condenação feita pela diplomacia brasileira às ações de Israel contra o Hamas soou como uma jogada eleitoral, movida apenas por ideologia. Como o senhor avalia essa posição?
Marco Aurélio Garcia – É uma crítica eleitoral, movida por ideologia.
ÉPOCA – Então não há uma influência ideológica na política externa brasileira?
Garcia – Há uma influência da ideologia da Constituição. Seguimos as dez alíneas do artigo 4º da Constituição Brasileira. Querem desacreditar a política externa brasileira e fazem essa crítica. É normal, vivemos numa sociedade democrática, e cada um pode dizer o que quiser. E isso tem sido dito com certa exuberância.
ÉPOCA – O Brasil não errou ao omitir os ataques do Hamas e ao se precipitar em chamar de volta o embaixador em Israel?
Garcia – O Brasil se expressou em duas notas. Uma no dia 27 de julho, em que fez uma crítica equilibrada aos dois ataques, de mísseis do Hamas contra Israel e dos bombardeios e da invasão da Faixa de Gaza por Israel. O agravamento e a deterioração da situação levaram o Brasil a focar em Israel na segunda nota. A convocação do embaixador para consultas é um procedimento diplomático clássico diante de situações graves. O Equador já tomara essa decisão. Outros três países decidiram o mesmo, na esteira da posição brasileira. O Chile não só chamou o embaixador, como interrompeu as relações comerciais com Israel. O Peru convocou seu embaixador, e El Salvador também. São países com perspectivas políticas muito distintas. Tanto o Chile quanto o Peru fazem parte da Aliança do Pacífico, tão festejada aqui no Brasil.
ÉPOCA – O Brasil chamou a ação de Israel de desproporcional, mas calou sobre os ataques do Hamas, sobre a guerra civil na Síria, sobre a ação da Rússia na Ucrânia. Não há um “relativismo moral” nessa postura?
Garcia – Não. Em absoluto. Não há nenhum relativismo moral na política externa do Brasil. Nossa política externa está regulada por uma série de princípios, um dos quais é o respeito aos direitos humanos, um preceito constitucional. Temos de aplicá-lo indistintamente. No caso da Síria, nossa posição não é diferente da posição adotada pelos países da Europa, pelos Estados Unidos e pela Rússia. A menos que alguém quisesse que defendêssemos a intervenção militar na Síria. Os Estados Unidos chegaram a cogitar isso, mas depois recuaram, numa atitude de sabedoria política. É preciso ter muita serenidade nessas questões. No caso da Síria, basta olhar os votos do Brasil no Conselho de Direitos Humanos na ONU. Sempre manifestamos uma grande preocupação com a degradação da situação na Síria. Por extensão, tratamos de expressar nossa preocupação com a Faixa de Gaza. O que acontece na Faixa de Gaza, hoje, é o que aconteceu no começo da guerra na Síria. De dezenas e centenas de mortos em alguns dias podemos chegar a milhares de mortos, algo absolutamente intolerável.
ÉPOCA – Como justificar o silêncio e a brandura da posição brasileira em casos como a prisão de um opositor legítimo na Venezuela ou a derrubada do avião da Malaysia Airlines por separatistas na Ucrânia?
Garcia – Aqui você parte de uma premissa que eu não sabia: que o avião foi derrubado por separatistas. Essa é uma suposição. É muito provável, mas um governo não pode operar com caráter especulativo, como é normal num órgão de imprensa. É preciso entender que há uma seletividade na leitura das declarações do governo brasileiro. A presidenta deu uma declaração dizendo que o Brasil exigia o esclarecimento imediato do que acontecera nos céus da Ucrânia, um crime abominável. Há todas as evidências de que não foi um acidente normal. Mas ela exigiu que isso fosse esclarecido. Sobre a Venezuela, o deputado Leopoldo López foi preso com um mandado judicial. Mesmo assim, reconhecíamos na ocasião que havia uma crise grave na Venezuela, de instabilidade. Razão pela qual participamos ativamente para estabelecer um diálogo entre governo e oposição. Esse trabalho se desenvolveu com resultado positivo. Mas não peçam para o Brasil adotar um comportamento que outros países têm, ao distribuir seletivamente certificados de boa conduta para tal ou qual país. O Brasil não se mete nos assuntos internos de outros países. A não ser para ajudar, quando entendemos que há possibilidade de bons resultados para a paz e a preservação da democracia.
ÉPOCA – O Brasil tem buscado parcerias com países da África, da Ásia e do Oriente Médio. O efeito colateral disso foi se aliar a ditaduras. Como justificar essa aproximação?
Garcia – O presidente George W. Bush era um grande parceiro do Brasil. O Brasil é uma dos poucas nações que mantêm relações diplomáticas com todos os países que integram a ONU. Citei Bush para mostrar que o Brasil preserva um espectro muito amplo de relações externas. Deve ser o caso de um país com o tamanho e a relevância do Brasil. Bush esteve duas vezes no Brasil, coisa que não fez com outros países da América Latina. Quando Obama fez seu tour pela América Latina, visitou três países, um deles o Brasil. Isso não nos impede de ter relações com outros países.
ÉPOCA – A política externa brasileira se apequenou e perdeu relevância no governo Dilma?
Garcia – Não, de forma alguma. O Brasil não perdeu relevância. Mas o mundo mudou. Nesse período, tivemos um deslocamento maior para questões de natureza econômica. Talvez por causa dos efeitos da crise iniciada em 2008. Os temas econômicos ganharam, num período de crise, relevância muito maior. Para quem diz que a presença internacional do Brasil diminuiu, digo: diminuiu tanto que elegemos o diretor da OMC (Roberto Azevêdo, presidente da Organização Mundial do Comércio), da FAO (José Graziano da Silva, presidente da Organização Mundial da Agricultura), e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Paulo Vannuchi). Um país que está tão depauperado do ponto de vista de sua presença internacional não teria recolhido os êxitos que recolheu. No caso da OMC, a maioria dos países desenvolvidos se opôs à candidatura brasileira. Ele foi eleito com os votos dos países muitas vezes exorcizados como má companhia para o Brasil.
ÉPOCA – O Brasil deverá investir US$ 38 bilhões no Banco de Desenvolvimento dos Brics. Não é um montante excessivo?
Garcia – Não. A participação num megabanco de fomento garante uma alavancagem de recursos muito forte. Isso constituirá um impulso a investimentos de grande importância no Brasil e noutros países em que o Brasil tem interesse econômico. Os analistas que criticam o aporte brasileiro, ou são ignorantes ou agem de má-fé. Eles não criticam o Banco Mundial, o BID, a Corporação Andina de Fomento, instituições em que o Brasil investe e de cuja capitalização participa. Essas pessoas se incomodam com o surgimento de um banco não vinculado aos bancos de sempre.
ÉPOCA – Muitos afirmam que o Brasil tem dois chanceleres, um de direito, o ministro Luiz Alberto Figueiredo, e outro de fato, o senhor. Qual é seu papel na política externa?
Garcia – Meu papel é aconselhar, informar, subsidiar a presidenta da República. Ela está apoiada nessa tarefa de condução da política externa por uma instituição exemplar, o Ministério das Relações Exteriores. Ditos analistas e críticos se incomodam com o papel da política externa brasileira. Os néscios discutem pessoas, os outros discutem ideias. Temos uma tergiversação sobre a relação entre política de Estado e política de governo. Há uma versão dessa noção de política de Estado, que a considera imutável por séculos e séculos. Essa percepção quer conservar valores de sempre. Agindo assim, não poderíamos pensar nenhuma das mudanças que ocorrem no mundo e no Brasil e ajustar nossas políticas públicas a esse sentimento de mudança. Essas pessoas precisam entender que o Brasil é uma sociedade democrática. Nessa democratização, que se acelerou nos últimos anos, as eleições têm consagrado grupos políticos – não partidos, mas coligações – que pensam as políticas públicas numa determinada direção. Se querem mudar a política externa, uma política pública, que disputem eleições, produzam ideias novas, analisem as mudanças no mundo e, a partir daí, se instalem no governo e formulem outras políticas. Nunca, em nenhum momento, tive qualquer rusga, atrito ou diferença com o Ministério das Relações Exteriores.
Crimes politicos do lulo-petismo: a farsa da CPI da Petrobras (RevistaVeja)
Poder
Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa
A CPI da Petrobras foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT no Senado decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos investigadores as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores. A trama foi gravada em vídeo.
Pedro Paulo Palazzo: um especialista em arte brasileira - Academia.edu
Pedro Paulo Palazzo
Missing 'Brazilianness' of Nineteenth-Century Brazilian Art and Architecture
by Pedro Paulo Palazzo
Despite their ideological oppositions, Brazilian modernists and eclectic nationalists in the late nineteenth and early twentieth century had one stance in common: both groups agreed that the country’s art and architecture since the second half of the previous century lacked national character and adaptation to Brazil’s climate and social conditions. This postulate was partly refuted in Portuguese-language scholarship published since the 1960s, exposing the persistence of colonial-era patterns in the hinterland and, in a few cases, in urban settings. In the urge to rehabilitate...
Ironias involuntarias do mundo economico brasileiro: a situacao real e os economistas surreais
Depois de uma série de trabalhos e artigos sobre as pequenas e grandes tragédias econômicas brasileiras, a lista termina anunciando a próxima reunião da AKB, ou seja, a Associação Keynesiana Brasileira, os mesmos economistas que, na academia ou no governo, estão provocando todos os problemas listados nos trabalhos anteriores da lista.
Não é gozado?
Paulo Roberto de Almeida
BRAZILIAN ECONOMICS #883 01/08/14
Década Perdida (Carrasco et al.)
A década perdida: 2003 - 2012 por Vinicius Carrasco, João M. P. de Mello e Isabela Duarte publicado pela PUC Rio. "Exceto pelo mercado de trabalho, em todas as outras dimensões socioeconômicas relevantes, o Brasil foi tão bem quanto ou, mais frequentemente, pior do que o melhor grupo de comparação...Em suma, crescemos menos e assentamos bases mais frágeis para o futuro do que países similares."
Distribuição de Renda (Saffi)
Só melhorar a distribuição de renda não leva país a mudar de patamar por Pedro Saffi em entrevista ao Globo (7/2014). "A distribuição de renda sozinha não será capaz de reduzir a desvantagens do Brasil...a educação, indicador que permaneceu estagnado no país, é uma das mazelas do crescimento econômico e que a falta dela perpetua a concentração da renda."
Indicadores Coincidentes (SILCON)
Indicadores coincidentes para atividade econômica dos estados publicado pela SILCON (7/2014). "Apesar da melhoria das estatísticas econômicas no Brasil, tanto em termos de cobertura de atividades e de mercados, periodicidade variada, rapidez de divulgação e facilidade de acesso, a oferta de informações a nível estadual ainda possui muitas lacunas principalmente na periodicidade e na rapidez da divulgação..."
FED x Brasil (Castelar)
Brasil, frágil e vulnerável: O Fed errou? escrito por Armando Castelar (2/2014). "No todo, os números mostram que os técnicos do Fed chegaram a uma conclusão coerente com os indicadores econômicos e que o governo não parece estar apreciando corretamente nossa vulnerabilidade à mudança na situação externa e aos desafios que a normalização da política monetária americana vai impor ao país..."
VII Encontro da AKB
VII Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Em especial, o informativo em anexo traz a programação do VII Encontro da AKB, além das instruções para a inscrição no evento.
Pequenos assassinatos econômicos do lulo-petismo: inflacao
O fato é que o governo, caro leitor, encomenda, todo ano, uma perda de pelo menos 8 ou 10% de perda no seu poder de compra, que deve ser a média da sua "cesta de compras", que diferentemente da maioria dos brasileiros, compreende -- como cidadão incluído digitalmente -- serviços, ou seja, non-tradables, que geralmente têm uma taxa de inflação maior do que a cesta de bens tradables.
Desde 2005, o governo se recusa a abaixar a meta de inflação, o que corresponde à concepção econômica desses furtadianos de botequim, aplicando mal as prescrições de Celso Furtado, para quem era melhor ter um "pouquinho" de inflação, desde que isso garantisse crescimento, emprego e renda para os trabalhadores. Foi esse tipo de concepção que nos levou a surtor hiper-inflacionários, que não vão ocorrer novamente, mas que contribuem para mantê-la nesses patamares insuportáveis para todos, provocando greves e conflitos distributivos.
Pequenos assassinatos econômicos, como vários outros, sem esquecer os grandes crimes econômicos contra o povo brasileiro.
Paulo Roberto de Almeida
Brazil
Itaú Macroeconômica, 1/08/2014
The main highlight next week will be July’s IPCA consumer inflation, scheduled for Friday. We forecast a 0.09% gain, a low reading but still consistent with twelve-month inflation increasing to 6.59% from 6.52% in the previous month. The main upward contribution is expected to come through housing items (+0.17pp to the monthly gain), because of rising energy prices. On the other hand, we expect deflation in prices of foods (contributing with -0.05pp) and transportation (-0.14pp).
We currently forecast IPCA inflation at 6.5% by year-end, but recent deflation in producer price indexes, weaker economic activity, a stronger exchange rate and declining global grain prices all entail a more favorable balance of risks for inflation throughout the second half.
On the activity front, ANFAVEA vehicle production for July (Wednesday) will be the main release. We forecast 240k, which means a 1.3% month-over-month seasonally-adjusted increase, after a 10.6% decline in the previous month. Due to the high volatility observed in the last two months (caused by the World Cup), a small deviation from our estimate may cause a substantial change in the seasonally-adjusted series. The SERASA retail index for July (Tuesday) is also noteworthy, because it is a good tracker of retail sales.