- 1. Mapas Antigos do Brasil Coleção Digital de 32 mapas do Séc XVI ao XIX Luiz Carlos da Silva
- 2. 1 Mapas Antigos do Brasil Coleção Digital de 32 mapas do Séc XVI ao XIX Compilação e organização: Luiz Carlos da Silva1 MSc Geologia/UFRJ Prof. I de Geografia/SME/RJ Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Antes de imprimir pense em sua responsabilidade com o meio ambiente. 1 Email para contato: luizcsilva@rioeduca.net DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PARA USO EDUCACIONAL NÃO COMERCIAL
- 3. 2 Índice Introdução.............................................................................................3 Mapas do Brasil do Séc XVI.................................................................4 Mapas do Brasil do Séc XVII...............................................................12 Mapas do Brasil do Séc XVIII..............................................................25 Mapas do Brasil do Séc XIX................................................................34 Bibliografia...........................................................................................40
- 4. 3 Introdução Esta obra é uma compilação de 32 mapas, de relevante importância histórica, os quais detalham ricamente o território brasileiro desde do momento da descoberta até sua independência no séc XIX. Os originais destes mapas encontram-se em três importantes bibliotecas do mundo – Biblioteca Nacional (Brasil), Biblioteca Nacional de Portugal e a Biblioteca do Congresso dos EUA. O trabalho “Mapas Antigos do Brasil - Coleção Digital de 32 Mapas do Séc XVI ao XIX” visa oferecer a todos aqueles que apreciam mapas, a oportunidade de observar essas relíquias cartográficas que retratam a evolução do conhecimento geográfico a respeito do território brasileiro, ao longo de quatro séculos. Ilustração da Capa Obra: “Mapa dos Confins do Brasil” - Autor: José Monteiro Carvalho Ano: 1752 Acesso: Biblioteca Nacional de Portugal - http://www.bnportugal.pt/
- 5. 4 MAPAS DO BRASIL DO SÉC XVI
- 6. 5 B r a s i l 1519 Detalhamento da costa brasileira até a foz do rio da Prata, com destaque da atividade de exploração do pau-brasil pelos povos nativos para os portugueses. Mostra aspectos da fauna Autor: Pedro Reinel, Jorge Reinel, Lopo Homem e António de Holanda Ano: 1519 Acesso: Miller Atlas
- 7. 6 B r a s i l 1535 Detalhamento da linha da costa brasileira, incluindo uma descrição da bacia do rio da Prata no sul. Apresenta informações náuticas para navegação. Autor: Gaspar Viegas Ano: 1535 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 8. 7 B r a s i l 1548 Detalhamentos dos litorais leste e oeste da costa da América do Sul, com parte da América Central e ilhas do Caribe. Descrição do relevo e da hidrografia no interior do Brasil e da Cordilheira dos Andes. Mostra parte do continente africano no canto superior direito (Costa da Guiné). Na moldura que envolve o mapa são exibidas as coordenadas dos meridianos e dos paralelos. Autor: Ptolomeu Ano: 1548 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 9. 8 B r a s i l 1565 Descreve o litoral brasileiro até a foz do rio da Prata, detalha o relevo, parte da vegetação e a hidrografia do interior. Mostra as atividades dos povos nativos e suas habitações. Autor: Giacomo Gastaldi Ano: 1565 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Obs: A direção norte é o lado direito do mapa.
- 10. 9 B r a s i l 1574 Descrição da costa leste da América do Sul até o Estreito de Magalhães, exibindo parte do continente Antár- tico. Detalhamento da foz do Rio Amazonas ao norte e da bacia do rio da Prata ao sul e da hidrografia. Mostra a Linha do Tratado de Tordesilha e a divisão do território brasileiro em Capitanias Hereditárias. Autor: Giacomo Gastaldi Ano: 1574 Acesso: Biblioteca Nacional de Portugal - http://www.bnportugal.pt/
- 11. 10 B r a s i l 1574 Descrição da costa brasileira, com detalhamento do relevo, da hidrografia e da vegetação. Mostra a prática de canibalismos por povos nativos. Autor: Ptolomeu Ano: 1574 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Obs: A direção norte é o lado direito do mapa.
- 12. 11 B r a s i l 1598 Descreve o litoral leste da América do Sul desde o Mar do Caribe até a foz do rio Amazonas. Detalha a hidrografia, o relevo, a fauna e povos nativos. Contém detalhes náuticos de navegação. Autor: Jodocus Hondius Ano: 1598 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 13. 12 MAPAS DO BRASIL DO SÉC XVII
- 14. 13 B r a s i l 1605 Detalha a costa brasileira até a foz do rio da Prata. Descreve o relevo e a hidrografia do interior. Contém informações náuticas para navegação. Autor: Petrus Montanus Ano: 1605 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Obs: A direção norte é o lado direito do mapa.
- 15. 14 B r a s i l 1616 Descreve a costa brasileira até a foz do rio da Prata. Detalha a hidrografia e mostra o hábito de canibalismo de povos nativos. Autor: Petrus Bertius Ano: 1616 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 16. 15 B r a s i l 1630 Descreve a costa brasileira e detalha a hidrografia, vegetação e relevo do interior. Mostra povos nativos e suas habitações. Autor: Hendrik Hondius Ano: 1630 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Obs: A direção norte é o lado direito do mapa.
- 17. 16 B r a s i l 1640 Descreve as costas leste e oeste da América do Sul e parte da América Central, detalha a hidrografia, relevo e fauna no interior. Mostra povos nativos e suas habitações. Autor: Hendrik Hondius Ano: 1640 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 18. 17 B r a s i l 1656 Detalhamento da costa brasileira desde da foz do rio Amazonas e a hidrografia do interior. Autor: Nicolas Sanson Ano: 1656 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 19. 18 B r a s i l 1666 Autor: João Teixeira Albernaz II Ano: 1666 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Descreve o litoral brasileiro a partir da foz do rio Amazonas até a bacia do rio da Prata e a hidrografia do interior. Apresenta informações náuticas para navegação.
- 20. 19 B r a s i l 1666 - Baía de Guanabara – RJ Detalhamento da Baía de Guanabara, suas ilhas e os rios que nela deságuam. Mostra o povoamento da Cidade do Rio de Janeiro Autor: João Teixeira Albernaz II Ano: 1666 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 21. 20 B r a s i l 1671 – Salvador – BA Vista da ocupação urbana da Cidade de Salvador, mostra o seu relevo e a Baía de Todos os Santos. Autor: Arnoldus Montanus Ano: 1671 Acesso: Library of Congress - http://www.loc.gov/
- 22. 21 B r a s i l 1680 – Curso do Rio Amazonas Detalhamento do litoral desde América Central até a foz do rio Amazonas. Descreve o rio Amazonas e seus fluentes desde sua foz até a nascente no Peru. Mostra o relevo no interior do Brasil e a Cordilheira dos Andes no Peru. Autor: Nicolas Sanson Ano: 1680 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 23. 22 B r a s i l 1689 Detalhamento da costa brasileira até o Rio de Janeiro. Descreve o relevo e a hidrografia no interior e mostra a divisão do território em Capitanias Hereditárias. Autor: Juan Blaeu Ano: 1689 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 24. 23 B r a s i l 1698 Detalhamento da costa brasileira, do relevo e da hidrografia do interior. Mostra a prática de canibalismo de povos nativos. Autor: Andrea Antonio Orazi Ano: 1698 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Obs: A direção norte é o lado direito do mapa.
- 25. 24 B r a s i l 1698 – Baía de Guanabara – RJ Detalhamento da Baía de Guanabara, mostrando o relevo, a vegetação, os rios que nela deságuam e o povoamento da Cidade do Rio de Janeiro. Autor: Andrea Antonio Orazi Ano: 1698 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 26. 25 MAPAS DO BRASIL DO SÉC XVIII
- 27. 26 B r a s i l 1700 Detalhamento de toda costa da América do Sul e parte da América Central e de sua hidrografia. Autor: Guillaume de L'Isle Ano: 1700 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) – http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 28. 27 B r a s i l 1719 Detalhamento da costa brasileira, da hidrografia e do relevo do interior. Destaca a divisão do território em Capitanias Hereditárias. Autor: Nicolas de Fer Ano: 1719 Acesso: Library of Congress - http://www.loc.gov/
- 29. 28 B r a s i l 1730 Detalhamento da costa brasileira até foz do rio da Prata. Descrição da hidrografia e do relevo do interior. Autor: Domenico Capasso Ano: 1730 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 30. 29 B r a s i l 1740 Detalhamento da costa brasileira, da hidrografia e do relevo do interior. Mostra a divisão em Capitanias Hereditárias. Autor: Desconhecido Ano: 1740 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 31. 30 B r a s i l 1750 Detalhamento da costa brasileira, da hidrografia e do relevo do interior. Mostra a divisão em Capitanias Hereditárias. Autor: Emanuel Bowen Ano: 1750 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 32. 31 B r a s i l 1764 – Foz do Rio São Francisco – AL/SE Destalhamento da foz do Rio São Francisco, mostrando sua ilhotas, bancos de areia e o relevo. Autor: Jacques Nicolas Bellin Ano: 1764 Acesso: Library of Congress – http://www.loc.gov/
- 33. 32 B r a s i l 1764 – Baía de Todos os Santos – BA Descrição da Baía de Todos os Santos, suas ilhas, os rios que nela desembocam e do relevo. Contém informações náutica de navegação. Autor: Jacques Nicolas Bellin Ano: 1764 Acesso: Library of Congress – http://www.loc.gov/
- 34. 33 B r a s i l 1776 – Região Diamantina – MG Mostra a demarcação da Região Diamantina, tendo ao centro o Arrail do Tejuco – atual cidade de Diamantina, visando o controle por Portugal da extração de diamantes. Descreve a hidrografia e o relevo da região. Autor: Desconhecido Ano: 1776 Acesso: Biblioteca Nacional de Portugal - http://www.bnportugal.pt/
- 35. 34 MAPAS DO BRASIL DO SÉC XIX
- 36. 35 B r a s i l 1808 Autor: John Luffman Ano: 1808 Acesso: Library of Congress - http://www.loc.gov/ Descreve a divisão política do território em Capitanias Hereditárias. Mostra a hidrografia.
- 37. 36 B r a s i l 1821 Descreve a divisão política do Brasil, detalha relevo e hidrografia do Brasil e de parte da América do Sul. Autor: Alphonse de Beauchamp, Pedro Cyriaco da Silva, Pedro José de Figueiredo Ano: 1821 Acesso: Biblioteca Nacional de Portugal - http://www.bnportugal.pt/
- 38. 37 B r a s i l 1864 – Cidade do Rio de Janeiro – RJ Planta da Cidade do Rio de Janeiro com detalhes da Baía de Guanabara a direita. Autor: Desconhecido Ano: 1864 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 39. 38 B r a s i l 1878 Descreve a divisão política do Brasil, ainda sem o atual estado do Acre. Mostra o relevo e a hidrografia. Autor: C. Brockes Ano: 1878 Acesso: Biblioteca Nacional (Brasil) - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/
- 40. 39 B r a s i l 1886 Mapa físico do Brasil, descrevendo seu relevo e sua hidrografia, ainda sem o atual estado do Acre. Autor: James W. Wells Ano: 1886 Acesso: Library of Congress - http://www.loc.gov/
- 41. 40 Bibliografia Biblioteca Nacional Digital Brasil - http://bndigital.bn.br/acervo-digital/ Biblioteca Nacional de Portugal - http://www.bnportugal.pt/ Library of Congress - http://www.loc.gov/
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Mapas antigos do Brasil, seculos XVI-XIX - Luiz Carlos da Silva (UFRJ)
O Grande Desastre lulopetista: mensurando as perdas incorridas - Paulo Rabello de Castro
Paulo Rabello de Castro, grupo Pensar+, 3/02/2016
Despertam curiosidade popular as listas de bilionários. Gente que se deu bem, pelos muitos milhões que amealhou no caminho da vida, quer por talento excepcional no esporte, nas artes, nos negócios, nas ciências (aqui, raramente), ou por pura esperteza e, no limite, por banditismo em nível corporativo, como são exemplos “El Chapo” e seu mestre, Pablo Escobar. Santos ou pecadores, são indivíduos fazedores, com grande poder de realização e liderança. O ponto comum entre todos é a enorme capacidade de criar e acumular ativos. São “realizadores”, para o bem ou para o mal.
Pouco se ouve falar, contudo, de outra lista, semelhante à primeira, só que com sinal trocado. Em vez de serem acumuladores de ativos, há também os acumuladores de passivos – referência aos indivíduos produtores de guerras, de moléstias ou, simplesmente, detonadores de riqueza, aqueles capazes de agir só para erodir, derrubar, solapar e deletar a riqueza e a capacidade de crescer de uma empresa, comunidade ou país. Alguns desses seres especiais têm custado caro à humanidade inteira. Outros, ao seu próprio país.
Em recente artigo nesta página (Narrativas brasileiras, 23/1), Monica de Bolle levantou a pergunta incômoda, mas necessária: quanto nos custou Dilma? E deu números ao debate: “... o Brasil perdeu R$ 300 bilhões de renda e de riqueza nos últimos quatro anos...”. Economistas podem fazer essa conta de “prejuízo bruto” de várias maneiras, todas válidas. Monica optou por olhar pelo lado da poupança, parcialmente destruída no período Dilma Rousseff. A poupança de famílias e empresas teria recuado – como ocorreu de fato – do patamar de 20% para 15% de um produto interno bruto (PIB) anual de cerca de R$ 6 trilhões. Perdemos, assim, cinco pontos porcentuais do PIB. Daí a conta de uma dilapidação de riqueza da ordem de 5% de R$ 6 trilhões, igual a R$ 300 bilhões. Será mesmo?
Estou disposto a colocar Dilma no Livro Guinness dos Recordes. Acho que Monica fez cálculo conservador da contribuição da nossa presidente para a destruição da riqueza nacional. Dilma seria a senhora de um trilhão de reais! Negativos, é verdade, mas ninguém pode ameaçar-lhe o troféu.
E por que um trilhão?
Pensem no quanto o Brasil teria crescido, a mais, se Dilma não tivesse feito nada (grande contribuição já seria!). A poupança referida por Monica ficaria nos 20% desde 2011, acarretando correspondentes investimentos, palavra-chave sem a qual não criamos riqueza nova alguma. Com 20% do PIB aplicado em investimentos (quem se lembra do PAC?) o País teria exibido um crescimento mais próximo do seu potencial, com ou sem a tal “crise mundial”. O “potencial” do PIB é conceito usado pelos economistas para calcular quanto um país é capaz de fazer, ano a ano. No Brasil, tal potencial já foi de 7% ao ano (que saudade!); caiu para 5% no fim dos anos 1970, depois para 3% nas décadas perdidas de 1980 e 1990; ameaçou pequena melhora para 3,5% com o milagreiro Lula e, finalmente, recuou para 2,5% na era Dilma. Se ela nada houvesse feito para atrapalhar, ainda assim o País do juro alto e da carga tributária de manicômio poderia ter crescido uns 2,5% ao ano.
Dilma conseguiu, no entanto, perpetrar um estrago sobre o qual falarão para sempre nossos livros de História. Estimando as perdas de PIB, ano a ano, desde que Dilma se aboletou na cadeira presidencial, e supondo que a ela seja concedido completar a façanha, teremos esbanjado uns
15% do PIB ao longo do octênio dilmista, que, em valores de hoje, correspondem à estonteante marca de um trilhão de reais!
Mas tem gente querendo impedir Dilma de atingir seu recorde. Quanta maldade!
Outra maneira de garantir o recorde é pelo método da acumulação de passivos. É aquela roubada coletiva que ocorre quando metem a mão grande no nosso bolso enquanto cantamos marchinhas carnavalescas sem ira nem birra. É preciso, às vezes, um rio inteiro de lama – no sentido literal – para despertar o raquítico instinto de interesse coletivo do nosso povo. Acumulação de prejuízos, entretanto, não figura no Direito brasileiro como responsabilidade direta de um mau gestor público. A imputação se atém a atos administrativos, como apontados no “Relatório Nardes” sobre as pedaladas de R$ 40 bilhões, que Dilma se apressou a “pagar”.
Mas pagar o quê, se a perda de riqueza permaneceu, como bem mostrou Monica? A omissão do dever de bem administrar gerou acumulação de passivos também pelo lado financeiro, pelos juros anormais que o Brasil vem pagando, e que pagará, pelo despautério da gestão dilmista – outro modo de se chegar ao mesmo trilhão de reais.
É o governo que nos avisou, na semana passada, quanto custou o encargo de rolar a dívida pública de R$ 3,9 trilhões: a bagatela de R$ 502 bilhões, apenas em 2015, entre juros e prejuízos de câmbio, os famigerados swaps inventados para segurar o câmbio antes do pleito de 2014. Este ano, mesmo com o Banco Central mantendo a taxa Selic onde está, a absurda conta do juro deve se repetir. Então, pelo lado do custo financeiro, Dilma também é a senhora de um trilhão de reais. Os encargos dantescos elevaram a dívida pública de 51% do PIB, em 2011, para 66% ao final do ano passado. Bingo! São 15 pontos percentuais do PIB acrescidos ao nosso passivo financeiro, portanto, mais um trilhão de reais acumulado à dívida dos brasileiros, pedágio ruinoso que todos pagamos para o mercado continuar “confiando” nas autoridades econômicas.
Um trilhão, essa é a conta. Juros a mais, PIB a menos, empregos eliminados, capital evaporado, confiança desfeita, futuro destroçado. Para tal crime, espantosamente, não parece haver remédio legal em nosso Direito positivo. Por isso a década “esbanjada” será concluída com êxito! Ninguém, afinal, conseguirá roubar essa Olimpíada de Dilma.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
E por falar em diplomacia presidencial...
Há poucos meses a presidente Dilma Rousseff deixou o chefe do Itamaraty falando sozinho ao telefone
Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 3 fevereiro, 2016
Dilma bateu telefone na cara de chanceler
Atitude intempestiva de Dilma com o chanceler Mauro Vieira repercute mal ainda hoje (Fonte: Reprodução/Agência Brasil)
Repercute muito mal ainda hoje entre grãos diplomatas, e tratada a sete chaves, a atitude intempestiva da presidente Dilma Rousseff com o chanceler Mauro Vieira. Há poucos meses ela deixou o chefe do Itamaraty falando sozinho ao telefone. O ministro telefonara para explicar a importância de ela conceder o agreement ao embaixador da Indonésia em Brasília, Toto Riyanto. Dilma ouviu calada por mais de dez minutos as explanações cautelosas do chanceler e, ao fim, soltou: “Já terminou, Mauro?”. “Sim, presidenta”, respondeu. E ela concluiu com palavras impublicáveis, batendo o telefone.
Ela não aceitou
O embaixador Riyanto ficou na geladeira do Planalto por causa da execução dos traficantes brasileiros Ricardo Gularte e Marco Arche, pelo governo indonésio.
Enfim, referendado
Só no dia 4 de novembro passado, dias após o polêmico telefonema, a presidente concedeu o agreement ao indonésio, junto a outros 21 embaixadores em Brasília.
Mico diplomático
Sem conhecer o jeito Dilma de ser, o indicado para a embaixada de Israel, Dani Dayan, comemorou na internet sua escolha. Esqueceu que dependia dela, que o negou.
Seminario e livro sobre diplomacia presidencial - UnB, 15/03/2016, 14:00hs
A DIPLOMACIA PRESIDENCIAL NO BRASIL: Perspectivas históricas e atuais das relações internacionais do presidencialismo brasileiro
Local: Auditório do Edifício IREL/UnB
Dia: 15 de março de 2016, terça-feira
Horário: 14 horas
Participantes da Mesa:
Prof. João Paulo M. Peixoto (UnB) (autor de capítulo)
Prof. Paulo Roberto de Almeida (Uniceub) (autor de capítulo)
Prof. Dr. Eiiti Sato (UnB) (autor de capítulo)
Prof. Dr. Paulo Calmon (UnB) (comentarista)
Prof. Dr. Walber Muniz (UNIFOR/UnB) (comentarista)
Lançamento do livro ao final do Seminário: João Paulo M. Peixoto (organizador), Presidencialismo no Brasil: história, organização e funcionamento. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015.
Brasil em transição - Francisco Seixas da Costa
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Falecimento do Embaixador, ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia - nota do CEBRI, memorias Paulo Roberto de Almeida
Uma nota do Itamaraty sobre o Holocausto em geral (deve ter muitos holocaustos por ai...)
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
The Great Destruction in Brazil: How to Downgrade an Entire Country in Less Than Four Years - Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1 de fevereiro de 2016
The Great Destruction in Brazil: How to downgrade an entire country in less than four years, by Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida, Professor of Political Economy at the Master and Doctoral programs in Law of the University Center of Brasília (Uniceub); career diplomat (www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com).
Enquanto isso, num certo apartamento, cheio de livros...
O problema é que cada vez que tiro um livro para guardar, ponho-me a ler, novamente ou não...
Vai dar para terminar, em mais ou menos dois anos, e aí já será hora de pensar em nova mudança...
Paulo Roberto de Almeida
O segredo do sucesso da Alemanha: capitalismo, altos salarios, consenso social
Paulo Roberto de Almeida
O segredo que faz da Alemanha a economia mais sólida do mundo
Sistema que congrega capitalismo, altos salários e grande participação das forças de trabalho nos processos de decisão levou país a sair fortalecido de várias crises.
Hoje, o país é um dos três maiores exportadores globais, tem o crescimento per capita mais alto do mundo desenvolvido e um índice de desemprego de 6,9%, bem inferior à média da eurozona, de 11,7%.
Segundo o professor Reint Gropp, presidente do Instituto Hall para a Investigação Econômica (IWH), da Alemanha, o modelo germânico se diferencia de forma muito clara do anglo-saxão dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Mas o que faz dele algo tão particular? Quais são os segredos de seu êxito?
"É um sistema baseado na cooperação e no consenso mais do que na competência, e que cobre toda a teia socioeconômica, desde o setor financeiro ao industrial e ao Estado", explicou Gropp à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Cooperação e capitalismo
A chamada "economia social de mercado" teve sua origem na Alemanha Ocidental do pós-guerra, que estava sob o governo democrata-cristão do chanceler Konrad Adenauer, e se manteve, desde então, como uma espécie de política de Estado.
Sebastian Dullien, economista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, concorda que o consenso e cooperação estão presentes em todos as camadas da economia.
"No centro estão os sindicatos e os patrões, que coordenam salário e produtividade com o objetivo obter um aumento real dos rendimentos dos funcionários, além de manter os postos de trabalho. A integração é tal que, por lei, os sindicatos estão representados no conselho de administração, participam das decisões estratégicas nas empresas", afirmou.
No sistema financeiro, as cooperativas e os poderosos bancos públicos se encarregam de fazer com que o crédito alcance a todos, não importa o tamanho da empresa ou o quão distante ela fica de um centro econômico.
Essa filosofia permite superar uma das limitações do sistema anglo-saxão, no qual as pequenas e médias empresas, diferentemente das multinacionais, não têm acesso ao mercado de capitais e muitas vezes enfrentam dificuldades para se financiar.
"Os bancos públicos têm regras claras. Por exemplo: para favorecer o desenvolvimento local, podem emprestar para empresas de sua área, mas não para as de outras regiões. O governo tem representantes nestes bancos, e eles são fundamentais na tomada de decisões. Um princípio que rege sua política de crédito é a manutenção do emprego", afirma Gropp.
'Mittelstand'
Esse modelo está enraizado na história germânica.
A unificação nacional de 1871, sob Bismark, reuniu 27 territórios governados em sua maioria pela realeza e que haviam crescido rapidamente e de forma autônoma durante a Revolução Industrial.
Dessa semente histórica surgem as Mittelstand (pequenas e médias empresas), que, segundo os especialistas, formam 95% da economia alemã.
Diferentemente do modelo anglo-saxão, centrado na maximização da rentabilidade para os acionistas (objetivo de curto prazo), as Mittelstand são estruturas familiares com planos a longo prazo, forte investimento na capacitação do pessoal, alto sentimento de responsabilidade social e forte regionalismo.
"A Alemanha é especialmente forte em empresas que têm umas 100 ou 200 pessoas. Com uma característica adicional: apesar de seu tamanho, muitas dessas firmas competem no mercado internacional e são exportadoras", explica Dullien.
Exportações
Como consequência, a Alemanha tem figurado entre os três principais exportadores mundiais nas últimas décadas, uma prova da eficácia desse sistema para competir mundialmente com produtos tecnologicamente complexos, feitos por uma força de trabalho altamente qualificada e bem paga.
Enquanto o comércio mundial dominado por multinacionais que representam cerca de 60% de toda a movimentação global, na Alemanha as Mittelstand são responsáveis por 68% das exportações.
O setor automotivo, de maquinário, de eletrônicos e medicamentos estão entre seus pontos fortes.
Mas isso não se deve somente às Mittelstand.
Das 2.000 empresas com maior rendimento em todo o mundo, 53 são alemãs, entre elas marcas de grande tradição, como Bayer, Volkswagen e Siemens.
A recuperação do doente
Sob o peso da reunificação, a Alemanha ganhou nos anos 1990 o apelido nada simpático de "doente da Europa".
Era consenso que um sistema com altos salários e forte participação sindical não poderia sobreviver em um mundo governado por um conceito novo, a "deslocalização".
Aproveitando-se de um mundo mais liberal e do fato de que as novas tecnologias das grandes empresas poderiam mudar de um país para outro em busca de maior rentabilidade, obtida com custos salariais menores, as empresas alemãs começaram a migrar pra outros pontos do mundo.
No entanto, no início deste século um governo social-democrata implementou uma série de reformas, classificadas por seus concorrentes de "neoliberais", para reativar a economia nacional.
O remédio funcionou – a economia voltou a crescer. Mas teve um preço: aumento da pobreza, do subemprego e do "miniemprego".
"O lado positivo é que o sistema mostrou um alto grau de adaptabilidade. Porém, as reformas da seguridade social e do mercado de trabalho aumentaram a pobreza e a desigualdade", avalia Sebastian Dullien.
Os desafios se acumulam. No curto prazo, os problemas na China afetam as exportações. No médio, a taxa de natalidade alemã não é suficiente para manter seu mercado de trabalho.
Mas não se trata unicamente de uma ameaça externa ou de uma bomba-relógio demográfica.
Um estudo do Instituto Hall mostra que, mesmo em uma economia social de mercado, a interdependência de bancos, empresas e governo pode possibilitar situações de interferência política.
De acordo com a pesquisa, os bancos do Estado emprestam consideravelmente mais durante os anos eleitorais.
"Isso requer um modelo de governo melhor, que impeça a interferência política. Acredito que o sistema precisa de mais liberalização, não é possível que um banco estatal de Frankfurt não possa emprestar para outra região", afirma Gropp, presidente do instituto.
"Estamos no meio de uma grande revolução tecnológica e a economia alemã não está respondendo como deveria porque tem uma estrutura rígida demais. O modelo foi excelente, mas é possível que seja anacrônico."
No entanto, pode ser que mais uma vez o sistema alemão lance mão de sua extraordinária flexibilidade para sustentar um modelo que procura aliar capitalismo, altos salários e plena participação da força de trabalho.