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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
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RUSSOFOBIA, O OUTRO EFEITO DEVASTADOR DA GUERRA DE PUTIN
Por Sandra Cohen
Especializada em temas internacionais, foi repórter, correspondente e editora de Mundo em 'O Globo'
G1, 3/04/2022
Guerra na Ucrânia faz aumentar “russofobia” no mundo
As forças russas comandadas por Vladimir Putin avançam na Ucrânia na mesma proporção em que cresce a russofobia contra a diáspora espalhada pelo Ocidente, num fenômeno semelhante ao que vivenciou a comunidade muçulmana após os atentados de 11 de Setembro.
Atos hostis aos expatriados chegam ao extremo do contrassenso. Estudantes enfrentaram boicotes e foram excluídos de palestras em universidades na República Tcheca, onde vivem 50 mil russos. O deputado conservador Tom Tugendhat, que preside o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Comuns, defendeu a expulsão dos cidadãos russos do Reino Unido.
A onda de cancelamentos tem efeitos devastadores na cultura. Filmes russos foram banidos de festivais; artistas, de exposições que já estavam programadas, disseminando, desta forma, a ideia de que o russo comum é o verdadeiro inimigo.
Nem Dostoiévski, que morreu há 141 anos e foi preso sob acusação de conspirar contra o Czar Nicolau I, escapou da censura: a Universidade Bicocca achou por bem suspender o curso de quatro aulas que o escritor Paolo Nori daria sobre a obra do autor russo.
O objetivo da reitoria era evitar confusão pelo momento tenso, mas a medida atraiu tanta polêmica que a universidade acabou por voltar atrás e manter o curso. O Carnegie Hall e o Metropolitan Opera de Nova York anunciaram que não apresentarão mais artistas que apoiaram Putin.
“Um novo macarthismo está perseguindo a América: o cancelamento, ou ameaça de cancelamento, de artistas, músicos e atletas russos”, atestou o economista Tyler Cowen, colunista da Bloomberg, ao referir-se à perseguição de simpatizantes do comunismo que foram banidos da cena cultural dos EUA na década de 1950. “Há alguma evidência clara de que boicotar artistas russos fora da Rússia vai ajudar a Ucrânia?” questionou.
Para os muçulmanos esta relação com o Ocidente é familiar e teve no 11 de Setembro de 2001 um divisor de águas. A chamada Guerra ao Terror e atentados terroristas em capitais europeias desencadearam sentimentos de desconfiança e medo do Islã e, por consequência, atos violentos e discriminatórios contra a comunidade, que se intensificaram nas duas últimas décadas e se enraizaram nos discursos políticos.
O sentimento antirrusso se misturou com estereótipos e aversão ao comunismo disseminados durante a Guerra Fria. Pouco mudou em relação ao momento atual. Uma pesquisa realizada para a ABC News e o Washington Post após a invasão da Ucrânia revelou que 80% dos americanos veem a Rússia como hostil ou inimiga dos EUA, o maior índice registrado em 40 anos.
O “frenesi russofóbico” relatado na semana passada pelo chanceler Sergei Lavrov, durante a Conferência sobre o Desarmamento da ONU, juntava no mesmo contexto, e de forma intencional, as ações do Ocidente para deter a Rússia e o ódio aos cidadãos russos.
A generalização é tóxica, mas interessa a Putin: mistura os interesses do Kremlin e os da população russa, que não teve a mínima ingerência na invasão da Ucrânia, criando, assim, uma realidade paralela à guerra que se desenrola há duas semanas.
Entre o passado e o futuro: práticas republicanas e desafios da diplomacia brasileira
O Estado de S. Paulo, 20 de abril de 2022Recebo, regularmente, análises econômicas sobre possibilidades de investimento do Brasil Prev, o sistema de previdência complementar do Banco do Brasil, ao qual estou associado desde muitos anos. Achei este último particularmente útil e por isso o transcrevo aqui:
Economia Internacional |
A guerra na Ucrânia continua afetando os mercados financeiros de todo o mundo por conta das incertezas que ela causa, principalmente sobre os efeitos geopolíticos e econômicos do conflito, que tendem a gerar uma maior volatilidade nos preços dos ativos financeiros. Outro aspecto preocupante é o impacto na oferta de commodities e insumos exportados pela Rússia e pela Ucrânia, como o paládio (afeta a indústria de chips e semicondutores), fertilizantes (afeta o agronegócio), trigo, petróleo e gás. Essa falta de matérias-primas no mercado vem contribuindo para um aumento da inflação global, cenário que pode causar uma elevação dos juros em diversos países, resultando em um menor crescimento econômico. |
Destaques no Brasil |
O IPCA de março registrou uma alta de 1,62%. Esta é a maior inflação para um mês de março nos últimos 28 anos (desde 1994) e a maior alta mensal desde janeiro de 2003 (2,25%). O resultado foi impactado principalmente pelo aumento nos preços dos combustíveis. Neste cenário, o Copom deve elevar a Selic para 12,75% em maio, alta de 1 ponto percentual. O Banco Central sinalizou a intenção de encerrar assim o ciclo de altas - iniciado em março de 2021 - em maio deste ano. Mas, os dados recentes da inflação sugerem que poderá ocorrer uma nova alta em junho, para aproximadamente 13,25%. |
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Hoje, 20 de abril, é dia do Diplomata, assim estabelecido pois essa data corresponde ao dia do nascimento de José Maria da Silva Paranhos Jr., em 1845. Cem anos depois, por decreto da ditadura do Estado Novo, era criado o Instituto Rio Branco, encarregado de realizar o concurso de admissão à carreira diplomática, a única forma de ingressar no serviço exterior brasileiro desde então. Os exames de ingresso mantêm o mesmo alto padrão de exigências, com requerimentos praticamente impossíveis de serem alcançados facilmente por qualquer candidato que se apresente, daí o elevado conceito de grande qualidade do seu capital intelectual de que sempre gozou a diplomacia do Brasil, na comparação com serviços diplomáticos de outros países, até alguns desenvolvidos.
Mas a diplomacia, como todos sabemos, é apenas uma ferramenta técnica, um instrumento de trabalho, a ser moldado e orientado pelo chefe de Estado e de governo, no caso republicano o presidente. Sou parlamentarista, e preferia ver na chefia dos negócios da nação alguém que pudesse ser mais facilmente demitido do que um presidente, que requer um sempre traumático processo de impeachment. Digo isto por que um mau presidente, aliás, bem mais do que mau, péssimo, como é o caso atualmente, é capaz de contaminar, deformar, emporcalhar a política externa e a diplomacia, como infelizmente ocorre com as nossas relações exteriores e o seu instrumento de trabalho, o Itamaraty.
Já fiz muitos balanços sobre a demolição da política externa e a miséria de nossa diplomacia, que aliás correspondem aos títulos de dois livros meus cobrindo, infelizmente, este mau momento da nossa imagem internacional, devido inteiramente ao inepto que nos desgoverna. Teríamos muito a comemorar, efetivamente, se nossa credibilidade externa fosse a mesma de alguns anos atrás, em que pesem todas as turbulências – corrupção e destruição econômica – da era do lulopetismo, que conduziu uma política externa razoável, a despeito de suas derivações partidárias extremamente medíocres (aliança com ditaduras execráveis, para mencionar apenas um aspecto).
Mas, já fomos mais respeitados no mundo, e voltaremos a sê-lo, mas isso vai exigir muito trabalho, a partir do momento em que conseguirmos nos desvencilhar do estrupício que infelicita a nação e constrange os diplomatas, com sua ignorância e desvio de caráter. Haverá um imenso trabalho a ser feito a partir de um governo mais ou menos normal (nunca se pode desejar perfeição no caso brasileiro, com o estamento político patrimonialista que temos), quando então teremos de reconstruir uma política externa decente e restaurar uma diplomacia profissional baseada na excelência do seu capital humano, deixando de lado as deformações ideológicas que atingiram tanto o lulopetismo diplomático, quando o horrível bolsonarismo lunático.
Aguardando chegar esse dia, desejo um bom dia do diplomata a todos os meus colegas, prometendo e confirmando que sempre estarei na linha de defesa de nossos valores e princípios hoje tão depreciados.
Adelante, pessoal. Temos muito a fazer, desde já, planejando nosso renascimento intelectual e nossa recuperação orgânica.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4133: 20 abril 2022, 2 p.
Um paper para subsidiar uma palestra-debate, no dia 21/04/2022, 16hs
A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Notas para palestra-debate, em 21/04/2022, com membros do Instituto Direito e Inovação, dirigido pelo Prof. Vladimir Aras (www.idinstituto.com.br), via Instagram.
Sumário:
1. Introdução: dos motivos das guerras e suas consequências
2. O custo econômico das guerras e as sanções materiais que delas decorrem
3. A agressão da Rússia contra a Ucrânia e a postura do Brasil a esse respeito
4. O paradoxo das sanções econômicas contra a Rússia
Anexo: Tabela cronológica das sanções econômicas multilaterais: Liga das Nações e Conselho de Segurança das Nações Unidas
Bibliografia de referência
1. Introdução: dos motivos das guerras e suas consequências
Como diria um filósofo brasileiro, mais para a via do humorismo sarcástico, o Barão de Itararé, “as consequências sempre vêm depois”. No caso da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, elas vieram quase simultaneamente, e praticamente no mesmo ritmo da invasão das tropas agressoras, ordenadas pelo déspota neoczarista Vladimir Putin. Não foi por falta de aviso: tanto o presidente Joe Biden, dos EUA, quanto diferentes líderes da União Europeia haviam alertado, por diferentes meios, diversas vezes e de maneira insistente, que se Putin concretizasse aquilo que ela anunciava que NÃO iria fazer, mas que já estava transparente em seu planejamento pré-invasão, os países ocidentais responderiam com fortes sanções ao agressor. Putin preferiu apostar na relativa inação das sanções anunciadas, ou viu nesses anúncios uma repetição das reações moderadas adotadas quando da invasão-surpresa da península da Crimeia, em 2014, e insistiu nessa postura mesmo quando o presidente americano praticamente anunciou a invasão algumas semanas antes que ela efetivamente ocorresse. Pois então, as consequências chegaram, e elas são relevantes.
Sanções econômicas e, de forma geral, os custos econômicos das guerras, em suas diversas formas, são especialmente significativos, para quaisquer economias envolvidas, pequenas, médias ou grandes. Tais questões devem, ou deveriam, fazer parte do cálculo econômico – em homens, em materiais, em recursos financeiros – dos dirigentes de um país, ao decidir empreender uma aventura militar, não importando muito o cálculo econômico para a parte agressora, uma vez que a intenção é a de, em primeiro lugar, vencer a capacidade de resistência do alvo visado, destruir sua vontade de se defender, em segundo lugar, e lograr, em terceiro lugar, os objetivos estabelecidos no planejamento iniciais. Independentemente, porém, de tais cálculos, o fato é que o custo econômico de qualquer guerra dever ser sempre confrontado à obtenção dos mesmos objetivos estratégicos por outras vias, se disponíveis. É por isso que os mais importantes estrategistas e teóricos da Arte da Guerra – de Sun Tzu a Clausewitz, sempre consideraram a guerra a continuidade da política por outros meios.
As guerras são travadas por diferentes motivos, inclusive econômicos, visando conquista e dominação de novos territórios e seus recursos econômicos, vingança por algum diferendo político do passado, por motivos defensivos ou preventivos, ou por mais prosaicos motivos pessoais, de interesse restrito às lideranças, ou ao líder exclusivo, da potência agressora. Talvez se possa enquadrar neste último caso a famosa guerra de Troia, embora não seja nada provável que os gregos tenham cercado a fortaleza de seus vizinhos gregos, na Ásia Menor, durante dez anos contínuos, apenas devido ao rapto de Helena, a mulher do rei Menelau, da Lacedemônia (Esparta), por Paris. O mais provável é que a Helena não tenha tido nada a ver com o longo conflito, e que motivos mais propriamente econômicos tenham impulsionado Menelau e seus compatriotas gregos a se vingar de um antigo entreposto grego, fruto da expansão colonial dos desbravadores marítimos da península que projetou bases bem além do Helesponto e na direção das colunas de Hércules, criando com isso novos competidores no dinâmico comércio mediterrâneo, já explorado por fenícios e outros povos. O fato é que os gregos cercaram a cidade-fortaleza de Troia durante dez anos, sem sucesso, até que a astúcia de Ulisses permitiu romper as portas da cidade-murada, que foi então totalmente saqueada pelos ardilosos combatentes.
Um dos primeiros exemplos históricos de sanções econômicas está relatado na história da guerra do Peloponeso, por Tucídides: ele se refere ao banimento de mercadores da cidade-porto de Megara de comerciar com Atenas, em 432 AC, o que foi um dos vários exemplos de iniciativas infelizes da grande cidade-Estado democrática que lhe acarretaram reveses diplomáticos que contribuíram para a vitória final de Esparta naquela longa guerra. Aliás, independentemente da especulação despropositada que fazem, atualmente, alguns acadêmicos americanos afetados pela paranoia dos generais do Pentágono, como Graham Allison, proclamando uma nova guerra do Peloponeso, desta vez entre a Esparta-China e a Atenas-EUA, o fato é que erros diplomáticos e sanções econômicas podem, realmente, produzir resultados catastróficos para partes em conflito. Em qualquer hipótese, considero esse livro, Destined for War: Can America and China Escape Thucydides’s Trap? (2015), um dos maiores desserviços à causa da globalização contemporânea (ver a versão brasileira: Allison, 2020). Pretendo dedicar uma resenha-artigo para discutir o tremendo equívoco conceitual e histórico desse acadêmico – mais conhecido pela sua análise da crise dos mísseis soviéticos em Cuba em 1962, The Essence of Decision(1971) – na avaliação das relações atuais entre os dois gigantes econômicos da contemporaneidade, que ele imagina que pode levar a uma nova guerra entre impérios.
2. O custo econômico das guerras e as sanções materiais que delas decorrem
Todas as guerras possuem, acarretam, exigem custos econômicos, para todas as partes em conflito, as agressoras e as agredidas. Esses custos podem ser identificados em três conjuntos de encargos ou perdas: pela mobilização inicial em função da estratégia militar, ou seja, o desvio de recursos orçamentários e outros para fins unicamente destrutivos, o que implica a retirada de capital humano das tarefas produtivas para as finalidades destrutivas; o “consumo” de meios militares para o ataque ou a defesa de bens, equipamentos, população e patrimônio social ou natural, ou seja, no curso das atividades militares; o “resultado” final ou intermediário dessas operações, em termos de destruição, eliminação ou impedimento parcial ou temporário dos recursos materiais e humanos, bens materiais destruídos, vidas perdidas ou levadas a tratamento hospitalar e possível incapacitação temporária ou permanente.
(...)
Ler a íntegra neste link:
https://www.academia.edu/77013457/A_guerra_da_Ucrânia_e_as_sanções_econômicas_multilaterais_2022_
Amanhã, 20 de abril, é dia do diplomata, quando se comemora a data do nascimento de nosso patrono, o Barão do Rio Branco.
O livro deveria estar pronto em 2008, quando supostamente comemoraríamos 200 anos de relações exteriores a partir do Brasil,. que não era tanto uma diplomacia brasileira, mas um relato das relações internacionais do Brasil português, a partir do Rio de Janeiro.
Eis a ficha do trabalho então proposto:
1450. “Uma história da diplomacia brasileira”, Metz-Bordeaux, 20-21 jul. 2005, 2 p. Esquema de livro coletivo para ser apresentado como proposta ao IPRI e elaborado como parte das comemorações de 200 anos da chegada da família real ao Brasil.
Creio que cheguei a oferecer o projeto ao próprio SG do Itamaraty, mas não houve nenhum seguimento dessa proposta, com o que permaneci na Biblioteca do Itamaraty durante largos anos, todo o restante do regime lulopetista, para ser resgatado apenas ao final da gloriosa diplomacia do Sul Global (uma fantasmagoria só identificada pela diplomacia lulopetista).
Posso agora revelar esse meu projeto, que provavelmente não será conduzido no horizonte previsível. Talvez eu mesmo decida empreendê-lo.
Uma foto de minhas frequentes estadas na Biblioteca do Itamaraty.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de abril de 2022
Uma história da diplomacia brasileira
Paulo Roberto de Almeida
Metz-Bordeaux, 20-21 julho 2005
Preparado para servir de base a projeto de obra coletiva
Esquema preliminar:
00. Prefácio (Ministro de Estado das Relações Exteriores)
01. Introdução (Organizador: Paulo Roberto de Almeida)
Parte I – A Construção do Instrumento Diplomático
02. Formação de uma diplomacia nacional, 1808-1822
03. Construção da diplomacia brasileira, 1822-1844
04. A nacionalização da diplomacia, 1844-1865
05. Desafios à soberania do Império, 1865-1889
Parte II – Consolidação do Instrumento Diplomático
06. Hesitações ao início da República, 1889-1901
07. Esplendor e glória: a era do Barão: 1902-1912
08. Depois do paradigma, a normalidade, 1912-1917
09. Um exercício de internacionalização frustrada, 1918-1930
Parte III – Transição para o Estado Nacional
10. Administrando crises, 1931-1934
11. Os primeiros instrumentos de planejamento e o setor externo, 1934-1939
12. Na tormenta dos conflitos mundiais, 1939-1945
Parte IV – A Consciência do Atraso
13. A ilusão da relação especial, 1945-1951
14. Preparando uma diplomacia alternativa, 1951-1959
15. Política externa independente: estabelecendo as bases, 1959-1964
Parte V – O Intervalo Interdependente
16. Um alinhamento de circunstância, 1964-1965
17. Retomando o projeto desenvolvimentista, 1966-1968
Parte VI – A Diplomacia Blindada dos Generais
18. Independência ou sorte?: o Brasil grande potência, 1969-1974
19. O triunfo do desenvolvimentismo, 1975-1979
20. Administrando crises e reafirmando o terceiro-mundismo, 1979-1985
Parte VII – A Reconciliação Democrática
21. Confirmando as bases do projeto desenvolvimentista, 1985-1989
22. O último do primeiro mundo, 1990-1992
23. Hesitações e dúvidas num novo entorno regional, 1993-1994
24. Administrando a globalização, 1995-2002
Parte VIII – A Reinvenção Diplomática
25. Uma política externa ativa, 2003-2006
26. Bases institucionais e políticas da diplomacia brasileira
Apêndices:
27. Cronologia da diplomacia brasileira, 1808-2008
28. Ministros das relações exteriores em cada chefia de Estado, 1822-2008
29. Fontes primárias e documentos fundacionais da diplomacia brasileira
30. Bibliografia geral sobre as relações internacionais do Brasil
Metz-Bordeaux, 20-21 julho 2005
Vou ter de acrescentar um capítulo final, conclusivo, a este livro:
Macron extingue corpo diplomático em reforma administrativa às vésperas do segundo turno
A medida foi criticada por diplomatas e a oposição, especialmente por Marine Le Pen, que disputa no domingo o segundo turno da eleição contra o presidente
AFP, 19/04/2022
PARIS - O governo da França publicou na segunda-feira, 19, um decreto no Diário Oficial que extingue o corpo diplomático do país, como parte de uma reforma administrativa planejada pelo presidente Emmanuel Macron desde o ano passado.
A medida foi criticada por diplomatas e a oposição, especialmente por Marine Le Pen, que disputa no domingo o segundo turno da eleição contra Macron, e Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado na disputa do começo do mês.
Le Pen acusou Macron de usar a reforma para partidarizar o serviço diplomático. “Ele quer trocar servidores imparciais por seus camaradas”, disse a candidata de extrema direita. Já Mélenchon lamentou a destruição de um corpo diplomático com séculos de experiência.
Com a medida, cargos no Ministério de Relações Exteriores deixam de ser exclusivos a diplomatas de carreira e podem ser preenchidos por pessoas oriundas de outras partes do serviço público e privado.
Além disso, esses servidores estarão vinculados a uma autarquia interministerial que centralizará essas contratações. A reforma tem como pano de fundo a insatisfação de parte dos franceses com o status atingido por trabalhadores de elite do serviço público, evidenciada com a série de protestos dos coletes amarelos, desde 2019. Um dos alvos da insatisfação era a Escola Nacional de Administração, criada pelo general Charles De Gaulle após a 2ª Guerra com o intuito de treinar os servidores franceses para o serviço público. O instituto mudou de nome e passará por uma reforma.
A partir de 2023, os diplomatas estarão trabalhando lado a lado com chefes de polícia, inspetores financeiros e outros servidores públicos de alto nível sob a bandeira “corpo administrativo do estado”. O governo defendeu sua reforma, dizendo que tornaria o serviço público mais “emprego” do que “status” e, portanto, mais operacional. / AFP
Alta de fertilizantes prejudica setor no Brasil, mas é oportunidade de expansão