The Washington Post, Jan 18, 2023
|
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
The Washington Post, Jan 18, 2023
|
Brasil, com G20 em 2024, pode liderar aliança global pró-democracia, diz ativista
Após ataques em Brasília, Salil Shetty, da Open Society Foundations, vê Lula capaz de unir forças contra avanços da extrema direita
Fernanda Mena
Folha de S. Paulo, 16.jan.2023
Ainda sob o impacto dos ataques golpistas em Brasília no último dia 8, ter a oportunidade de presidir a reunião do G20 em 2024 dá ao Brasil condições de ser protagonista de uma aliança global pró-democracia —de resto uma prioridade estabelecida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a recolocação do país na arena da diplomacia.
Mais ainda porque o encontro das principais economias do mundo, que costuma ser palco de debates cruciais para as relações internacionais, não deve avançar na construção de pactos do tipo no encontro deste ano, presidido pela Índia.
O primeiro-ministro Narendra Modi vem implementando com sucesso a cartilha iliberal das novas lideranças da ultradireita nacionalista —incluindo ataques à imprensa e a instrumentalização da Justiça. Não à toa, nos principais índices que medem a saúde das democracias do planeta o país foi rebaixado para "democracia parcialmente livre" (Freedom House), "autocracia eleitoral" (V-Dem) ou "democracia deficiente" (The Economist).
É uma história familiar para o indiano Salil Shetty, vice-presidente global de programas da Open Society Foundation (OSF), organização filantrópica do megainvestidor George Soros, hoje impedida de atuar em Nova Déli sob Modi.
"Na Índia a situação é difícil para muitas organizações. A OSF foi colocada numa lista de vigilância do governo e não pode financiar atividades", conta ele, que foi secretário-geral da Anistia Internacional de 2010 a 2018. "O escritório da Anistia foi fechado, assim como o do Greenpeace. E a licença da Oxfam está com os dias contados."
Ativista de longa data em justiça e combate à pobreza, Shetty hoje também lidera pesquisas no âmbito da Universidade Harvard sobre resistência a regimes autoritários que foram eleitos, nas quais esquadrinha os movimentos de base e da sociedade civil organizada que lutam contra retrocessos nas democracias de sete países: Brasil, EUA, Filipinas, Hungria, Índia, Quênia e Turquia.
Para ele, é o Brasil sob Lula a nação capaz de unir forças pró-democracia e direitos humanos para fazer frente aos avanços da extrema direita global.
"O país pode começar essa aliança desde já, a partir do Sul Global, e envolver outras democracias no encontro de 2024", avalia ele, que também dirigiu a Campanha do Milênio das Nações Unidas e foi diretor-executivo da ONG ActionAid.
Shetty afirma que as semelhanças entre o ataque em Brasília e a invasão do Capitólio nos EUA, dois anos antes, não passaram despercebidas. "Assim como as forças antidemocráticas estão colaborando umas com as outras globalmente, é crucial a reunião de forças pró-democracia e de direitos humanos em nível global, entre atores públicos e privados. O governo Lula, e ele pessoalmente, podem desempenhar um papel fundamental nisso."
Para o executivo da OSF, o vandalismo do 8 de Janeiro, além de chocar o mundo pela destruição nas sedes dos Três Poderes e pela inação das forças de segurança do Estado, representa "um lembrete sombrio do enorme trabalho necessário ao novo governo para garantir o cumprimento da lei e reverter as profundas divisões da sociedade" no Brasil.
"Foi um chamado para o país todo despertar sobre a fragilidade da democracia brasileira e a necessidade de que movimentos sociais sigam alertas e mobilizados em apoio maciço aos direitos humanos e à democracia", afirma.
Nesse sentido, continua, os desafios pós-eleitorais são tão grandes quanto os vencidos no pleito que derrotou Jair Bolsonaro (PL). "Foi uma vitória importante, mas muito apertada. O novo governo tem que apertar o passo na aproximação das divisões da sociedade e numa educação para a democracia."
Shetty esteve no Brasil no início de dezembro para se reunir com ativistas e colher estratégias que potencialmente corroboraram para a derrota nas urnas do agora ex-presidente, que tinha a máquina do Estado a seu favor. "O que os ativistas brasileiros parecem ter feito, e que não vi em outros lugares, foi superar os próprios círculos. Talvez a situação estivesse tão ruim que as pessoas se articularam para se tornar parte de algo maior."
Enquanto alguns grupos impuseram desafios ao governo por meio de ações na Justiça, outros articularam protestos públicos ou atuaram nas plataformas digitais, expondo abusos do governo em posts, vídeos e sites a partir de linguagens de denúncia e de humor. "Essa comunicação em público fez um trabalho incrível e quebrou barreiras entre grupos", diz Shetty.
Ele avalia que Bolsonaro impôs uma crise existencial a diversos grupos sociais, que uniram esforços diante do desafio. "Afro-brasileiros, indígenas, ambientalistas, feministas e outros ativistas se uniram. E esses são grupos que não se juntam facilmente", diz, aos risos. "No Brasil, eles atravessaram suas fronteiras de maneira impressionante. E essa articulação se tornou fonte de inspiração para a resistência em outras partes."
Para Shetty, outros países têm muito a aprender com o Brasil no campo da resistência articulada de movimentos —que serão fundamentais, em sua visão, para sustentar e monitorar o novo governo. "O mundo está olhando para o Lula, para que cumpra um papel importante no cenário internacional e na política externa. Para desafiar ataques à democracia e fazer propostas, tanto na resistência a autocratas quanto na construção de uma democracia que entregue resultados para as pessoas na ponta."
Pensando no que é relevante para a imagem do Brasil no mundo
Paulo Roberto de Almeida
Um dos critérios básicos, eu até diria imprescindíveis, para uma política externa de boa qualidade é a defesa do Estado de Direito, o que, no plano internacional, significa o pleno respeito à Carta da ONU.
Lula deveria pensar nisso ao definir suas diretrizes para a condução da diplomacia brasileira: quem, no mundo, acata as normas mais elementares do Direito Internacional, e quem se empenha em violar flagrantemente tais princípios que, desde o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa, estão na essencia da concepção doutrinal da diplomacia nacional?
Basta mirar-se no exemplo do que fizeram chanceleres como Oswaldo Aranha, nos momentos mais sombrios da ascensão do nazifascismo, ou como San Tiago Dantas, numa conjuntura de prepotência imperial no confronto com normas tradicionais do Direito Internacional.
Não é equivocado pensar na construção de uma nova ordem internacional ou em ajudar a promover a multipolaridade, desde que isso se faça no acatamento das normas do Direito Internacional, ou seja, da Carta da ONU, e na condenação das ações que confrontem tais princípios e valores, que sempre foram os da nossa diplomacia, antes mesmo que existisse a ONU (mas já existia a Liga das Nações, que exibia, ainda que pró-forma, princípios similares).
Registre-se que, em pleno Estado Novo, a diplomacia brasileira não reconheceu a usurpação pela força do território da Polônia, iniciada por Hitler, em setembro de 1939, depois coadjuvada por forças da União Soviética, assim como não reconheceu a ocupação ilegal dos três países bálticos independentes — com os quais o Brasil manteve relações diplomáticas desde 1919-1921 até os anos 1960 — invadidos por Stalin em 1940.
Tais atitudes, mesmo de uma ditadura simpática ao autoritarismo das potências nazifascistas, deveriam servir de reflexão para se pautar a postura da diplomacia brasileira num momento em que violações similares às de Hitler e Stalin são perpetradas na conjuntura atual, na qual alguns maus conselheiros são seduzidos pela ilusão de uma “nova ordem internacional” patrocinada por duas grandes autocracias e por concepções equivocadas do que significa multipolaridade.
Como diria Rui Barbosa, não pode haver neutralidade entre a Justiça e o crime.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17/01/2023
metadata.dc.type: | Artigo |
Title: | A América Central e o Caribe como macrorregião estratégica para o Brasil: análise e proposta de uma nova agenda regional brasileira |
Authors: | Macieira, Flávio Helmold |
Advisors: | Queiroz, Fábio Albergaria de |
Course: | Curso de Altos Estudos em Defesa (CAED) |
Keywords: | Estratégia de Defesa;Diplomacia - América Central;Política externa;Narcotráfico |
Issue Date: | 2020 |
Publisher: | Escola Superior de Guerra (Campus Brasília) |
Abstract: | This Article presents facts and reasons that explain why the Central American and Caribbean region is highly strategic for Brazil. It proposes a renewal and reinforcement of national policies towards the area. Field observations made by the author in diplomatic missions in Central America set the basis for the analysis. The work’s theoretical framework assembles concepts from the Copenhagen School, the Neoliberal School and Dependency Theory. Through its Northern Coast Line, which connects the “Green Amazon” to the “Blue Amazon”, Brazil interacts with the Caribbean Basin. Central American and Caribbean and its aerial and maritime routes are vital for Brazilian trade and Brazilian access to the USA and Asia. The Article proposes an agenda of measures aimed at reinforcing Brazilian relationship with the region in such fields as: traditional diplomacy, cooperation in the security field, military subjects, trade and transports, financial intelligence, technical cooperation, environment. By intensifying its presence in that region, Brazil responds to historic reasons and to the interests of the regional players. The Brazilian Intelligentsia is invited to further deepen the Article’s proposals for a new relationship policy towards Central America and Caribbean. |
Description: | Este artigo analisa fatos e razões que explicam por que a região da América Central e Caribe é altamente estratégica para o Brasil. São propostos renovação e reforço das políticas nacionais de relacionamento com a área. Desenvolvido, metodologicamente, a partir do enquadramento de informações colhidas pelo autor em missões diplomáticas na América Central, o trabalho busca fundamento teórico em conceitos da Escola de Copenhague, da Escola Neoliberal e da Teoria da Dependência. Por sua localização geográfica, a Costa Norte brasileira – área de contato entre a Amazônia Verde e a Amazônia Azul – interage com a Bacia Caribenha. A região centro-americana e caribenha e as rotas aéreas e marítimas que a cruzam são de vital importância para o comércio brasileiro e a conectividade do país com os EUA e a Ásia. O artigo formula uma agenda de reforço do relacionamento brasileiro com a região em áreas como: diplomacia tradicional, cooperação em matéria de segurança, temas militares, comércio e transportes, inteligência financeira, cooperação técnica, meio ambiente. Incrementando sua presença interativa na região o Brasil obedece a determinantes históricas e atende a expectativas da própria região. A Intelligentsia brasileira é convidada a aprofundar as propostas do Artigo que visam à elaboração uma nova política de relacionamento com a América Central e o Caribe. |
Coleção de Artigos (Estratégias de Defesa) |
https://repositorio.esg.br/handle/123456789/962
Geoeconomic Fragmentation and the Future of Multilateralism
Prepared by Shekhar Aiyar, Jiaqian Chen, Christian Ebeke, Roberto Garcia-Saltos, Tryggvi Gudmundsson, Anna Ilyina, Alvar Kangur, Tansaya Kunaratskul, Sergio Rodriguez, Michele Ruta, Tatjana Schulze, Gabriel Soderberg, and Juan Pedro Trevinio
IMF Staff Discussion Notes, January 2023
Summary:
After several decades of increasing global economic integration, the world is facing the risk of policy-driven geoeconomic fragmentation (GEF). This note explores the ramifications. It identifies multiple channels through which the benefits of globalization were earlier transmitted, and along which, conversely, the costs of GEF are likely to fall, including trade, migration, capital flows, technology diffusion and the provision of global public goods. It explores the consequences of GEF for the international monetary system and the global financial safety net. Finally, it suggests a pragmatic path forward for preserving the benefits of global integration and multilateralism.
Do meu lado, concordo com a premissas da fragmentação, mas não creio que intelectuais, ou burocratas, tenham condições de reverter as tendências negativas do presente, processo que depende de estadistas dotados de enorme capacidade de persuasão recíproca, entre os líderes dos três impérios e meio, para encaminhar a política mundial para uma fase menos conflitiva.
Executive Summary
After decades of increasing global economic integration, the world is facing the risk of fragmentation. A shallow and uneven recovery from the global financial crisis (GFC) was followed by Brexit, U.S.–-China trade tensions, and a growing number of military conflicts. The post-GFC era has seen a leveling-off of global flows of goods and capital, and a surge in trade restrictions. The COVID-19 pandemic and Russia’s invasion of Ukraine have further tested international relations and increased skepticism about the benefits of globalization. This Staff Discussion Note explores the potential economic ramifications of a policy-driven reversal of global economic integration, a multidimensional process that the authors refer to as geoeconomic fragmentation (GEF).
The benefits of globalization propagate through multiple channels; the adverse consequences of GEF would be felt in many areas as well. For several decades, trade deepening has helped catalyze catch-up in per capita incomes across countries and a large reduction in global poverty, while in advanced economies, low-income consumers have benefited disproportionately through lower prices. Conversely, the unraveling of trade links would most adversely impact low-income countries and less well-off consumers in advanced economies. Restrictions on cross-border migration would deprive host economies of valuable skills while reducing remittances in migrant-sending economies. Reduced capital flows would hinder financial deepening in destination countries, especially through foreign direct investment which can be an important source of technological diffusion. And a decline in international cooperation would put at risk the provision of vital global public goods.
Estimates of the costs of GEF from economic modeling vary widely. Available studies suggest that the deeper the fragmentation, the deeper the costs; that technological decoupling significantly amplifies losses from trade restrictions; that adjustment costs are likely to be large; and that emerging market economies and low-income countries are likely to be most at risk due to the loss of knowledge spillovers. Depending on modeling assumptions, the cost to global output from trade fragmentation could range from 0.2 percent (in a limited fragmentation / low-cost adjustment scenario) to up to 7 percent of GDP (in a severe fragmentation / high-cost adjustment scenario); with the addition of technological decoupling, the loss in output could reach 8 to 12 percent in some countries. More work is needed to assess and aggregate the costs through multiple channels.
GEF could strain the international monetary system and the global financial safety net (GFSN). Financial globalization could give way to “financial regionalization” and a fragmented global payment system. With less international risk-sharing, GEF could lead to higher macroeconomic volatility, more severe crises, and greater pressures on national buffers. Facing fragmentation risks, countries may look to diversify away from traditional reserve assets —a process that could be accelerated by digitalization— potentially leading to higher financial volatility, at least during transition. By hampering international cooperation, GEF could also weaken the capacity of the GFSN to support crisis countries and complicate the resolution of future sovereign debt crises.
To avert runaway fragmentation, the rules-based multilateral system must adapt to the changing world. This includes the international trade and monetary systems. Given current geopolitical realities, progress through multilateral consensus may not always be possible. Trust may have to be rebuilt gradually through differential engagements depending on the countries’ preferences and willingness to work together. Where preferences are broadly aligned, multilateral cooperation remains the best approach to address global challenges. In areas like climate change and pandemics such cooperation is essential. When multilateral efforts stall, open and nondiscriminatory plurilateral initiatives (fewer countries wanting to do more) could be a practical way forward. When countries opt for unilateral actions, credible “guardrails” may be needed to mitigate global spillovers and protect the vulnerable (such as “safe corridors” for food and medicine). Addressing these challenges requires a joint effort of all international organizations, including the IMF. To be effective in a more shock-prone world, the IMF should remain representative of its global membership and at the core of the reinforced GFSN.
A ditadura das ratazanas
Crise, aprendi com o amigo Mário Aloisio. ainda na adolescência., é palavra que vem do sânscrito e significa depurar. Serve para destruir e reconstruir.
Destruídos os templos republicanos na Praça dos Três Poderes, no Planalto Central, arduamente conquistado para a consolidação da civilização brasileira por gente simples, boa e generosa que chegaram ao cerrado com o espírito da esperança e da construção do país do futuro,.
Assistimos estarrecidos, mas não surpresos, à invasão da nossa capital federal por hordas bárbaras recrutadas por ratazanas esfomeadas por sangue, dinheiro e poder.
Foram quatro anos de doutrinação para um único objetivo: A ditadura das ratazanas.
Conseguiram convencer massas humanas espalhadas por todos os rincões do Brasil a seguir um comandante e um comando único sem contestação e sem discussão, no melhor estilo do defunto stalinismo soviético.
Militares, policiais e pastores se associaram em um golpe de estado para a entronização de um Rei fundador de uma dinastia familiar que, messias que regressaria de Orlando,, na Florida e governaria o país do futuro até o final dos tempos.
Foi com fervor histérico e furioso que aceitaram a verdade única, absoluta: democracia é o regime do mal liderado por ladrões chefiado pelo grande Ladrão; Demônio disfarçado a ser abatido de qualquer modo por qualquer meio.
Abriram uma crise sem precedentes. Todos aqueles que sonhavam com o poder absolutista, em qualquer espectro político, perderam o rumo e o prumo.
Depois da quebradeira não haverá esconderijo possível para as ratazanas do Poder. Nem nos porões da ditadura. A depuração será feita democraticamente, à luz do sol e com a espada da Lei.
Apenas alertando que as consequências sempre vêm depois
Paulo Roberto de Almeida
O “debate” em torno da crise política gerada pela tentativa golpista dos Trapalhões bolsonaristas está deixando em segundo plano o gravíssimo problema do estrangulamento fiscal do Brasil, que vem desde a Grande Destruição dilmista da economia.
Temer tinha começado a resolver e aí vieram Bozo e PG! Ou melhor, Bozo e PG se concentraram na reeleição: para isso e por isso destruíram a economia.
Se a economia não for reequilibrada, ela destruirá a política, por mais que Lula queira proteger os mais pobres.
No frigir dos ovos, quem vai pagar serão os de sempre: como Lula quer e pretende beneficiar os mais pobres, mas precisa poupar o grande capital — agronegócio, grandes empresários e banqueiros —, os chamados a pagar a conta serão a classe média (ou seja, nós todos que estamos nas redes sociais) e os pequenos e médios empresários.
Enfim, nada diferente do que sempre acontece. Mas o Brasil conhecerá mais uma década perdida, num longo ciclo de declínio absoluto e relativo das taxas de crescimento, processo que se arrasta desde a herança maldita deixada pela ditadura militar na economia, apenas parcialmente amenizada pelos poucos anos de crescimento da globalização triunfante e pela ascensão econômica da China ao início deste século.
Não haverá superávit primário antes de muitos anos, o que significa que continuaremos em marcha lenta pelo futuro previsível. Ou seja, os que entram na vida ativa agora, não esperem ficar ricos até a chegada dos netos (ou bisnetos).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14/01/2023
Uma outra posse, do mesmo chanceler, Mauro Vieira como ministro de Dilma Rousseff em 2015:
Consequences of the defeat of Russia
Medium Daily Digest, Jan 2, 2023
https://nadinbrzezinski.medium.com/consequences-of-the-defeat-of-russia-ec7e12c9971c
The defeat of the Russian Federation will have geopolitical consequences. The defeat of Russia will also have some obvious dangers for the West, but mainly for the global order. This is a look at this from the very big picture level; you might say the 10,000 feet level. So it is, by it’s very nature, filled with generalities.
The defeat of Russia on the battlefield is getting closer. Granted, most nations would not be doubling down as they lose over 100,000 plus soldiers in the span of ten months. However, Russia is, partly because Vladimir Putin can’t face the reality of defeat at the hands of a country he considers inferior or nonexistent. There is also another reality. Even amid this pain, large majorities of Russians still support the war. However, there is a slowly building resistance that is becoming more adept at sabotage.
Russia has a nationalist far right that believes in the mission. They know they are fighting NATO, not Ukraine. They believe this war is one of survival for the state. Whether these are Duginists, Rushist (this is a Neonazi formation), or the Russian Imperial Movement, they believe in the expansion of Russia geographically and influence. One reason for this is to secure more defensible borders within Europe.
Russia also lost a lot of influence after 1991 and many Russians, not just the far right, believe the fall of the USSR was a mistake. There is a revanchist mood and a desire for empire. However, not everybody does, and as the consequences of the war grow, resistance will continue to grow.
The war's first and most obvious consequence is a direct effect on the economy. People are removed from factories and other productive work within the economy. Even without sanctions, this will affect the ability to produce goods and services. We know that the heart of the economy is extractive industries, chiefly petroleum and minerals. Russia is now under a price cap for its oil with the west.
Russia has also mostly abandoned hard currencies for its national fund, instead holding them in Yuan and gold. This ties Russia to China in more ways than they will be comfortable with. Russia has a tiny economy when compared to China. Putin is tying Russia to China as he tries to build a multipolar world where Russia is a great power. That Russia will emerge with a greatly diminished influence has not yet dawned on most Russians.
This is not a world where Moscow is the senior partner. It’s not the 1950s when Beijing depended on Moscow for a lot of help. In time, Even with information control, it will. One way it’s starting is the green ribbon movement and the halting beginnings of Zamisdat. While Russians still support the war, I believe that support will not continue forever.
Russia is a totalitarian state. Therefore polling, even by the respected Levada Center, is fraught with fear. But the general mobilization is breaking the social contract. Remember, it was I sat on the couch and did not become political as long as you let me live my life however I want to. This is over. And as more Russians face the reality of a grisly death at the front, more and more will become political.
I am not talking about the far right, which never left the political stage. To their credit, many of them have willingly joined the army. This is about the comfortable middle-class Russians or even the working class who don’t care about politics. They are fully depoliticized, but this is likely changing. When they learn that Artem, who worked in a factory, got mobilized and did not come home, that starts the process.
For the moment, Russia has been careful to mobilize mainly people with military training. In the Federation, only they get roped in for conscript service, and the comfortable types bribe their way out. That’s not going to continue for long. Soon they will not be able to bribe themselves away from the army. All the St George Ribbons and cult of the Great Patriotic War now become real service in an army that does not care about its personnel.
To be clear, the Russian army never has.
This brings me to the next reality. When the war is lost, Vladimir Putin will not survive as leader. There is a long history of Russian Tsars not enduring significant defeats. For the moment, oligarchs continue to die in strange circumstances. It’s so bad that a joke online explains that buying a Russian advent calendar is interesting. Every time you open a window, an oligarch falls out. It’s grim, but critics have indeed been dying in mysterious circumstances.
Putin is familiar with the fate of those who are defeated. In 1905 reforms were forced. In 1917 the Romanov Tsar and his family died. Nikita Khrushchev lost power after the stand down to the US during the Cuban Missile crisis. While Mikhail Gorbachev survived, he was despised within Russia while respected in the West. The whole political persona of Vladimir Putin comes from the end of the USSR. That is his identity. So is expanding the reach and influence of the Russian Federation to the former glory and borders of the Soviet Union.
There is discontent among the top leadership, and the Oligarchs, in particular, are not too happy. They have lost billions of US Dollars and access to villas in Italy or apartments in London. Worse case, if their military-age children are still in Russia, they may not avoid a military funeral. These people are not apolitical. But they are not fools either. A recent story from the Washington Post pointed to the patterns we all have seen on Telegram channels.
This brings me to the fight for power inside the Russian Federation. We are facing the collapse of Russia. This is the third collapse in just over 100 years. First, it was 1917, and it was a revolution. This led to the end of the Romanov dynasty. It was followed by a civil war and the rise of Joseph Stalin. The Stalin era was followed by forced industrialization, the gulags, purges, and the Holodomor. It also led to the Molotov-Ribbentrop pact, which led to Poland's split in 1939. In 1941 Stalin was betrayed by Germany with Operation Barbarossa.
It likely would have faced defeat without help through American Lend-Lease. However, the Soviet Union emerged from World War Two with full control of Eastern Europe and the maximum expansion of Russia. It reached from the pacific to Berlin.
The command economy of the Soviet system was not resilient or able to cope with the population's needs. In time it became sclerotic. The reforms that Gorbachev introduced were late to save the empire. This led to the second collapse of Russia in 1991.
The withdrawal from Eastern Europe, starting in Berlin in 1989, came partly from troops that had not been paid for months. You might also remember the withdrawal from Afghanistan, which led to a large group of war veterans mostly despised in their own country. They had trouble reintegrating. Ukraine War veterans will likely face the same fate.
Unlike the 1917 collapse and revolution, 1991 was a more pleasant affair. The west also helped. This is from the New York Times archive from 1991:
The United States delivered 75 tons of food left over from the Persian Gulf war to the hungry Moscow region today, part of a relief effort that American and Russian officials said they expected to continue through the winter.
The food, flown in through the snow on two military cargo planes from a supply base in Pisa, Italy, was to go directly to hospitals, orphanages and homes for the elderly.
The delivery from Sheremetyevo Airport in Russian trucks was observed by Americans, including embassy dependents, and by Russian and Red Cross officials, to make sure that its contents were not stolen and put on sale by Russian black marketeers.
The flights had a paradoxical quality: The American military, after decades of cold war training to fight a hot war against the Soviet Union, arrived here to help this country feed its hungry. An Echo of World War II
What we also did was send economists to help a transition to a more western economy. The problem is that the reforms were neoliberal and led straight to the first generation of oligarchs and the gang wars of the 1990s.
This brings me to the next point. In 1991 the Baltic States, Ukraine, and some central Asian republics voted to leave the Soviet Union and become independent states.
Under the present Russian constitution leaving the Federation is more complex than just doing a referendum. It was under the USSR. This is likely going to lead to regions leaving regardless. We have the noise of this in Dagestan and Tatarstan, for example. Ramzan Kadyrov may decide it’s time to turn on Russia. His father fought for independence in the 1990s, but in the end, he turned against that effort, and Kadyrovites became strong allies of the regime in Moscow.
There is also a Chechen battalion fighting for Ikhteria (Chechnya) on the side of Ukraine. As things devolve, it may become the heart of a force fighting for independence. It would be the third Chechen war in two generations.
In my view, control of the Far East will become harder, given military losses. However, this war has also been used to dispose of potentially problematic first peoples, such as Buryats, who have suffered incredibly high losses—more on the Far East below.
I believe some regions will take advantage of this central weakness and declare independence. Some of these new states may look at the more democratic rule. Some, like the 1990s, will become dystopias.
This brings me to the geopolitics of this, and again this is a 10,000-foot overview. It’s not very detailed, and at this point, it’s an informed guessing game.
This is the fear of the west. While Russian nukes may or may not work at this point, we all need to assume they do. However, this was a worry in the 1990s and will be again.
The nightmare is that a group like Al Qaida might get their paws on a device. This could be a dirty weapon going off somewhere in the west. It could also be a Russian group set on revenge for the Empire's destruction. Or, for that matter, successor states may get nuclear weapons.
This was the reason for the Budapest Memorandum that guaranteed Ukraine’s security in exchange for surrendering the nuclear arsenal on her territory. Because of the present war, I don’t expect any successor state to surrender strategic weapons willingly.
Russia's defeat will not just be limited to her territory and Ukraine. It will have genuine consequences globally. Remember, this is a high-level overview.
Russia has had its hands in the Middle East since World War Two. It supported the Nasser Revolution, and the Israeli-Arab wars were proxy wars with the United States.
At this point, her influence is already greatly diminished. The Arab Spring may have failed, but Arab states have still turned West and increasingly recognize Israel’s right to exist.
Russia still has a naval base at the port of Latakia. She still supports Bashar Al Assad. The west allowed both Assad and Putin to use chemical weapons during the hot phase of the civil war because the west was unwilling to confront Russia. Why? We all thought they had an active military, but chiefly it’s the strategic arsenal.
When Russia is defeated, she might withdraw her forces from Syria. I almost expect it. This includes the port of Latakia. Especially if Russian regions start declaring independence. Russia is facing economic collapse. Unlike in the 1990s, I think we all have lost that fear of the Russian bear.
This means that both Israel and Turkey will grow in influence. If the ongoing Iranian revolution succeeds, many more Islamist groups will also lose support. Russia’s defeat may help that process along.
Think Nicaragua, Venezuela, and Cuba. These are Russian allies in the region. A defeat of Russia could lead to a similar economic crisis Cuba faced in the 1990s. Venezuela is a basket case, less so Nicaragua.
Without the support of Moscow, Cuba might transition away from the revolution. Internal forces are pushing for this anyway. Venezuela is already selling oil to the west. Nicolas Maduro may be in the process. Chevron has returned to the market. His economy is a basket case with a refugee flow that is quite large, chiefly to Colombia and some to the United States.
There is a history of mistrust of the United States that is very justified. Why some regimes turned towards the Soviet Union starting in the 1950s, but a second Russian collapse might mean that this resistance lessens.
However, the modern form of globalization might be over, and Latin America might finally form a trading block to increase its economic power. Climate change will also change many of those commercial and population dynamics.
Like Latin America, Africa turned to the Soviet Union in the 1950s. It has increased its influence since many African states, like Angola or the Central African Republic, were not directly colonized by Russia.
These days it gets complicated. Wagner is used precisely for this and to guard extractive industries. This is particularly the case in Mali.
The collapse of Russia will mean Yevgeny Prigozhin will have to recall the troops home. There will be no money to pay him. I also foresee his lucre soldiers as active combatants in a possible Russian civil war.
Here we come to the real beneficiary of a Russian collapse. It is not the United States. It is China. First, let me go to the obvious. The Far East is contested by China. Over the decades, there have been firefights by the border. As far as China is concerned, the city of Omsk is China.
This is a recent piece on this from Forbes, but the history is long:
While there’s no way to know what Xi is thinking, China’s long-established pattern of behavior suggests that, as Russia redirects border security units to a grinding conflict in Ukraine, it is worth considering if China might be mulling expansionist contingencies to the north, along the sprawling and sparsely held 2,615 mile Russian frontier.
On the other hand, on both the Indian frontier and in the South China Sea, China moved into sovereign territory with little advance notice. In both cases, China’s expansionism was opportunistic, taking advantage of an administrative or military vacuum to suddenly “change the facts on the ground.”
China wanted that territory, not just because it controlled it in the 19th century. This was the Amur annexation of the 19th century. But because this territory is rich in natural mineral resources, China wants it for its growing economy. It also would provide a safety valve for her population.
But let’s look beyond the Far East. China is building a new Silk Road and influencing operations in Africa and Latin America.
All these are areas where Russia, or whatever remains of Moscow, will have to withdraw from. So the big winner in a Russian collapse will be an ascendant China. I will add this since Russia is making the Yuan part of its national wealth fund, it will become dependent on Beijing.
Putin wanted a multipolar world and to finally defeat the main adversary. We may still get a multipolar world. One where the United States, China, and India may play critical roles. While I did not mention India in this piece, she is also becoming a focus of power.
In this list, Russia is nowhere to be seen. Part of this is that she is facing yet another collapse. In this case, I do not think the west will help much. However, like in 1991, we might still see American cargo planes with food on the way to Russian cities. This is mainly to slow down the process of social collapse. In other words, we might try to manage that.
However, given how much the far right in Russia blames us for all their ills, there is a danger in doing that which did not exist in 1991.
Sem anistia, governo Lula assegura “solidez” da democracia ao mundo
SANDRA EVANGELISTA
12 DE JANEIRO DE 2023
Num recado político e diplomático forte, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva usou a reunião de emergência convocada nesta quarta-feira na OEA (Organização dos Estados Americanos) para assegurar ao mundo que a democracia no país é sólida e que os responsáveis pagarão o preço de suas ações, dentro do rigor da lei.
O encontro para lidar com a crise no Brasil havia sido proposto por Chile e Colômbia, e ganhou o apoio de EUA, Canadá e outros países. O Brasil, porém, não queria que a reunião se transformasse num sinal de que o país vive um período de incertezas sobre sua situação institucional.
Depois de quatro anos isolado dos principais debates internacionais e numa condição de pária por conta da diplomacia de Jair Bolsonaro, o governo Lula esperava inaugurar uma nova fase da política externa. Mas uma eventual classificação do Brasil como um “país problema” minaria a credibilidade dos novos interlocutores e ameaçaria os planos de Brasília de voltar a ser protagonista nos principais temas internacionais.
Na região, o Brasil quer voltar ainda a liderar um processo novo de integração. Mas teria dificuldades de assumir esse papel se fosse considerado como instável.
Ao tomar a palavra nesta tarde, o embaixador do Brasil na OEA, Otavio Brandelli, mandou a mensagem coordenada pelo Itamaraty.
“A democracia brasileira acabou de dar uma demonstração de solidez e eficácia de seus mecanismos de proteção, graças à atuação firme e coesa dos três Poderes”, disse o diplomata, indicando que o Brasil promete lutar contra atos antidemocráticos no continente.
Ainda que o discurso tenha ocorrido em um fórum regional, diplomatas do mais alto escalão no Itamaraty explicaram que essa é a mensagem que Lula quer que os demais líderes escutem. Trata-se da primeira reunião sobre o assunto, no palco global.
“O Brasil tem um compromisso inabalável com a democracia e rechaça qualquer forma de extremismo antidemocrática e violência política”, afirmou.
Sem Anistia
Um outro recado coordenado pelo Itamaraty foi de que não haverá nem anistias e nem impunidade. Segundo Brandelli, os responsáveis serão “identificados e tratados com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”.
“O estado dará respostas à altura da gravidade dos atos cometidos. Sob a égide dos preceitos da Constituição de 1988, o Brasil registra o mais longo período de convivência democrática em sua história republicana”, insistiu.
Nos últimos dias, governos latino-americanos demonstraram preocupação com os atos no Brasil e uma possível escalada da violência em suas próprias capitais. Para eles, portanto, era importante a sinalização da parte do governo Lula de que punições estão previstas.
Mesmo nos EUA, congressistas americanos alertaram nos bastidores a interlocutores brasileiros que os atos em Brasília poderiam “incentivar” a extrema direita americana.
Brandelli ainda destacou como a reação internacional foi importante no Brasil nos últimos meses. Segundo ele, a reação internacional diante dos ataques ainda mostrou “a importância do Brasil para a defesa da democracia no mundo”.
O diplomata ainda destacou que eleição foi ampla, livre e democráticas. Também ressaltou que a posse de Lula foi uma celebração da democracia, com mais de 60 delegações internacionais. Isso, segundo ele, foi o “reconhecimento da “robustez das instituições democráticas do Brasil”.
“Agora, houve condenação unânime”, completou, sobre os atos de 8 janeiro.
Fonte: uol
Governo formaliza candidatura de Belém para sediar a COP 30
11. janeiro 2023 - 21:12
(AFP)
O governo brasileiro oficializou a candidatura de Belém, capital paraense de 1,5 milhão de habitantes, para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP) em 2025, anunciou, nesta quarta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O Itamaraty formalizou a cidade de Belém como a cidade que está disputado a candidatura para realizar a COP 30", disse o presidente Lula em um vídeo publicado no Twitter.
A candidatura faz parte dos esforços de Lula para posicionar o Brasil como líder ambiental global após anos de atritos da comunidade internacional com seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Lula lembrou que em novembro, ainda como presidente eleito, propôs que a COP de 2025 fosse realizada na Amazônia Legal, onde o desmatamento avançou fortemente durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro.
"Eu tinha assumido um compromisso no Egito, na COP 27, de que a COP 30 poderia ser realizada no Brasil", acrescentou Lula nesta quarta-feira.
O presidente fez o anúncio na companhia de Helder Barbalho, governador do Pará.
"Belém, no estado do Pará, estará de portas abertas para debater a Amazônia, discutir o clima no mundo, encontrar soluções", disse Barbalho.
A COP 28 será realizada nos Emirados Árabes Unidos entre novembro e dezembro.