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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Crise econômica na Rússia ou apenas declínio relativo? - Adam Taylor (WP)

 The Washington Post, Jan 18, 2023


terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Brasil, com G20 em 2024, pode liderar aliança global pró-democracia? Ilusão completa de ativista pró-democracia - Fernanda Mena (FSP)

Brasil, com G20 em 2024, pode liderar aliança global pró-democracia, diz ativista

Após ataques em Brasília, Salil Shetty, da Open Society Foundations, vê Lula capaz de unir forças contra avanços da extrema direita

Fernanda Mena

Folha de S. Paulo, 16.jan.2023


Ainda sob o impacto dos ataques golpistas em Brasília no último dia 8, ter a oportunidade de presidir a reunião do G20 em 2024 dá ao Brasil condições de ser protagonista de uma aliança global pró-democracia —de resto uma prioridade estabelecida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a recolocação do país na arena da diplomacia.

Mais ainda porque o encontro das principais economias do mundo, que costuma ser palco de debates cruciais para as relações internacionais, não deve avançar na construção de pactos do tipo no encontro deste ano, presidido pela Índia.

O primeiro-ministro Narendra Modi vem implementando com sucesso a cartilha iliberal das novas lideranças da ultradireita nacionalista —incluindo ataques à imprensa e a instrumentalização da Justiça. Não à toa, nos principais índices que medem a saúde das democracias do planeta o país foi rebaixado para "democracia parcialmente livre" (Freedom House), "autocracia eleitoral" (V-Dem) ou "democracia deficiente" (The Economist).

É uma história familiar para o indiano Salil Shetty, vice-presidente global de programas da Open Society Foundation (OSF), organização filantrópica do megainvestidor George Soros, hoje impedida de atuar em Nova Déli sob Modi.

"Na Índia a situação é difícil para muitas organizações. A OSF foi colocada numa lista de vigilância do governo e não pode financiar atividades", conta ele, que foi secretário-geral da Anistia Internacional de 2010 a 2018. "O escritório da Anistia foi fechado, assim como o do Greenpeace. E a licença da Oxfam está com os dias contados."

Ativista de longa data em justiça e combate à pobreza, Shetty hoje também lidera pesquisas no âmbito da Universidade Harvard sobre resistência a regimes autoritários que foram eleitos, nas quais esquadrinha os movimentos de base e da sociedade civil organizada que lutam contra retrocessos nas democracias de sete países: Brasil, EUA, Filipinas, Hungria, Índia, Quênia e Turquia.

Para ele, é o Brasil sob Lula a nação capaz de unir forças pró-democracia e direitos humanos para fazer frente aos avanços da extrema direita global.

"O país pode começar essa aliança desde já, a partir do Sul Global, e envolver outras democracias no encontro de 2024", avalia ele, que também dirigiu a Campanha do Milênio das Nações Unidas e foi diretor-executivo da ONG ActionAid.

Shetty afirma que as semelhanças entre o ataque em Brasília e a invasão do Capitólio nos EUA, dois anos antes, não passaram despercebidas. "Assim como as forças antidemocráticas estão colaborando umas com as outras globalmente, é crucial a reunião de forças pró-democracia e de direitos humanos em nível global, entre atores públicos e privados. O governo Lula, e ele pessoalmente, podem desempenhar um papel fundamental nisso."

Para o executivo da OSF, o vandalismo do 8 de Janeiro, além de chocar o mundo pela destruição nas sedes dos Três Poderes e pela inação das forças de segurança do Estado, representa "um lembrete sombrio do enorme trabalho necessário ao novo governo para garantir o cumprimento da lei e reverter as profundas divisões da sociedade" no Brasil.

"Foi um chamado para o país todo despertar sobre a fragilidade da democracia brasileira e a necessidade de que movimentos sociais sigam alertas e mobilizados em apoio maciço aos direitos humanos e à democracia", afirma.

Nesse sentido, continua, os desafios pós-eleitorais são tão grandes quanto os vencidos no pleito que derrotou Jair Bolsonaro (PL). "Foi uma vitória importante, mas muito apertada. O novo governo tem que apertar o passo na aproximação das divisões da sociedade e numa educação para a democracia."

Shetty esteve no Brasil no início de dezembro para se reunir com ativistas e colher estratégias que potencialmente corroboraram para a derrota nas urnas do agora ex-presidente, que tinha a máquina do Estado a seu favor. "O que os ativistas brasileiros parecem ter feito, e que não vi em outros lugares, foi superar os próprios círculos. Talvez a situação estivesse tão ruim que as pessoas se articularam para se tornar parte de algo maior."

Enquanto alguns grupos impuseram desafios ao governo por meio de ações na Justiça, outros articularam protestos públicos ou atuaram nas plataformas digitais, expondo abusos do governo em posts, vídeos e sites a partir de linguagens de denúncia e de humor. "Essa comunicação em público fez um trabalho incrível e quebrou barreiras entre grupos", diz Shetty.

Ele avalia que Bolsonaro impôs uma crise existencial a diversos grupos sociais, que uniram esforços diante do desafio. "Afro-brasileiros, indígenas, ambientalistas, feministas e outros ativistas se uniram. E esses são grupos que não se juntam facilmente", diz, aos risos. "No Brasil, eles atravessaram suas fronteiras de maneira impressionante. E essa articulação se tornou fonte de inspiração para a resistência em outras partes."

Para Shetty, outros países têm muito a aprender com o Brasil no campo da resistência articulada de movimentos —que serão fundamentais, em sua visão, para sustentar e monitorar o novo governo. "O mundo está olhando para o Lula, para que cumpra um papel importante no cenário internacional e na política externa. Para desafiar ataques à democracia e fazer propostas, tanto na resistência a autocratas quanto na construção de uma democracia que entregue resultados para as pessoas na ponta."

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/01/brasil-com-g20-em-2024-pode-liderar-alianca-global-pro-democracia-diz-ativista.shtml

 

Pensando no que é relevante para a imagem do Brasil no mundo - Paulo Roberto de Almeida

Pensando no que é relevante para a imagem do Brasil no mundo

Paulo Roberto de Almeida


Um dos critérios básicos, eu até diria imprescindíveis, para uma política externa de boa qualidade é a defesa do Estado de Direito, o que, no plano internacional, significa o pleno respeito à Carta da ONU.

Lula deveria pensar nisso ao definir suas diretrizes para a condução da diplomacia brasileira: quem, no mundo, acata as normas mais elementares do Direito Internacional, e quem se empenha em violar flagrantemente tais princípios que, desde o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa, estão na essencia da concepção doutrinal da diplomacia nacional?

Basta mirar-se no exemplo do que fizeram chanceleres como Oswaldo Aranha, nos momentos mais sombrios da ascensão do nazifascismo, ou como San Tiago Dantas, numa conjuntura de prepotência imperial no confronto com normas tradicionais do Direito Internacional.

Não é equivocado pensar na construção de uma nova ordem internacional ou em ajudar a promover a multipolaridade, desde que isso se faça no acatamento das normas do Direito Internacional, ou seja, da Carta da ONU, e na condenação das ações que confrontem tais princípios e valores, que sempre foram os da nossa diplomacia, antes mesmo que existisse a ONU (mas já existia a Liga das Nações, que exibia, ainda que pró-forma, princípios similares).

Registre-se que, em pleno Estado Novo, a diplomacia brasileira não reconheceu a usurpação pela força do território da Polônia, iniciada por Hitler, em setembro de 1939, depois coadjuvada por forças da União Soviética, assim como não reconheceu a ocupação ilegal dos três países bálticos independentes — com os quais o Brasil manteve relações diplomáticas desde 1919-1921 até os anos 1960 — invadidos por Stalin em 1940.

Tais atitudes, mesmo de uma ditadura simpática ao autoritarismo das potências nazifascistas, deveriam servir de reflexão para se pautar a postura da diplomacia brasileira num momento em que violações similares às de Hitler e Stalin são perpetradas na conjuntura atual, na qual alguns maus conselheiros são seduzidos pela ilusão de uma “nova ordem internacional” patrocinada por duas grandes autocracias e por concepções equivocadas do que significa multipolaridade.

Como diria Rui Barbosa, não pode haver neutralidade entre a Justiça e o crime.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 17/01/2023

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A América Central e o Caribe como macrorregião estratégica para o Brasil: análise e proposta de uma nova agenda regional brasileira - Flávio Helmold Macieira (ESD)

metadata.dc.type: Artigo
Title: A América Central e o Caribe como macrorregião estratégica para o Brasil: análise e proposta de uma nova agenda regional brasileira
Authors: Macieira, Flávio Helmold
Advisors: Queiroz, Fábio Albergaria de
Course: Curso de Altos Estudos em Defesa (CAED)
Keywords: Estratégia de Defesa;Diplomacia - América Central;Política externa;Narcotráfico
Issue Date: 2020
Publisher: Escola Superior de Guerra (Campus Brasília)
Abstract: This Article presents facts and reasons that explain why the Central American and Caribbean region is highly strategic for Brazil. It proposes a renewal and reinforcement of national policies towards the area. Field observations made by the author in diplomatic missions in Central America set the basis for the analysis. The work’s theoretical framework assembles concepts from the Copenhagen School, the Neoliberal School and Dependency Theory. Through its Northern Coast Line, which connects the “Green Amazon” to the “Blue Amazon”, Brazil interacts with the Caribbean Basin. Central American and Caribbean and its aerial and maritime routes are vital for Brazilian trade and Brazilian access to the USA and Asia. The Article proposes an agenda of measures aimed at reinforcing Brazilian relationship with the region in such fields as: traditional diplomacy, cooperation in the security field, military subjects, trade and transports, financial intelligence, technical cooperation, environment. By intensifying its presence in that region, Brazil responds to historic reasons and to the interests of the regional players. The Brazilian Intelligentsia is invited to further deepen the Article’s proposals for a new relationship policy towards Central America and Caribbean.
Description: Este artigo analisa fatos e razões que explicam por que a região da América Central e Caribe é altamente estratégica para o Brasil. São propostos renovação e reforço das políticas nacionais de relacionamento com a área. Desenvolvido, metodologicamente, a partir do enquadramento de informações colhidas pelo autor em missões diplomáticas na América Central, o trabalho busca fundamento teórico em conceitos da Escola de Copenhague, da Escola Neoliberal e da Teoria da Dependência. Por sua localização geográfica, a Costa Norte brasileira – área de contato entre a Amazônia Verde e a Amazônia Azul – interage com a Bacia Caribenha. A região centro-americana e caribenha e as rotas aéreas e marítimas que a cruzam são de vital importância para o comércio brasileiro e a conectividade do país com os EUA e a Ásia. O artigo formula uma agenda de reforço do relacionamento brasileiro com a região em áreas como: diplomacia tradicional, cooperação em matéria de segurança, temas militares, comércio e transportes, inteligência financeira, cooperação técnica, meio ambiente. Incrementando sua presença interativa na região o Brasil obedece a determinantes históricas e atende a expectativas da própria região. A Intelligentsia brasileira é convidada a aprofundar as propostas do Artigo que visam à elaboração uma nova política de relacionamento com a América Central e o Caribe.
Coleção de Artigos (Estratégias de Defesa)

https://repositorio.esg.br/handle/123456789/962


Geoeconomic Fragmentation and the Future of Multilateralism - Shekhar Aiyar et alii (IMF Staff Discussion Notes)

Geoeconomic Fragmentation and the Future of Multilateralism 

Prepared by Shekhar Aiyar, Jiaqian Chen, Christian Ebeke, Roberto Garcia-Saltos, Tryggvi Gudmundsson, Anna Ilyina, Alvar Kangur, Tansaya Kunaratskul, Sergio Rodriguez, Michele Ruta, Tatjana Schulze, Gabriel Soderberg, and Juan Pedro Trevinio

IMF Staff Discussion Notes, January 2023

Summary:

After several decades of increasing global economic integration, the world is facing the risk of policy-driven geoeconomic fragmentation (GEF). This note explores the ramifications. It identifies multiple channels through which the benefits of globalization were earlier transmitted, and along which, conversely, the costs of GEF are likely to fall, including trade, migration, capital flows, technology diffusion and the provision of global public goods. It explores the consequences of GEF for the international monetary system and the global financial safety net. Finally, it suggests a pragmatic path forward for preserving the benefits of global integration and multilateralism.


Do meu lado, concordo com a premissas da fragmentação, mas não creio que intelectuais, ou burocratas, tenham condições de reverter as tendências negativas do presente, processo que depende de estadistas dotados de enorme capacidade de persuasão recíproca, entre os líderes dos três impérios e meio, para encaminhar a política mundial para uma fase menos conflitiva.

Por três impérios e meio entendo serem EUA, China, Rússia (apenas no plano militar) e a UE, todo o resto sendo caudatário de quaisquer entendimentos possíveis entre esses grandes. (PRA)


Executive Summary 

After decades of increasing global economic integration, the world is facing the risk of fragmentation. A shallow and uneven recovery from the global financial crisis (GFC) was followed by Brexit, U.S.–-China trade tensions, and a growing number of military conflicts. The post-GFC era has seen a leveling-off of global flows of goods and capital, and a surge in trade restrictions. The COVID-19 pandemic and Russia’s invasion of Ukraine have further tested international relations and increased skepticism about the benefits of globalization. This Staff Discussion Note explores the potential economic ramifications of a policy-driven reversal of global economic integration, a multidimensional process that the authors refer to as geoeconomic fragmentation (GEF). 

The benefits of globalization propagate through multiple channels; the adverse consequences of GEF would be felt in many areas as well. For several decades, trade deepening has helped catalyze catch-up in per capita incomes across countries and a large reduction in global poverty, while in advanced economies, low-income consumers have benefited disproportionately through lower prices. Conversely, the unraveling of trade links would most adversely impact low-income countries and less well-off consumers in advanced economies. Restrictions on cross-border migration would deprive host economies of valuable skills while reducing remittances in migrant-sending economies. Reduced capital flows would hinder financial deepening in destination countries, especially through foreign direct investment which can be an important source of technological diffusion. And a decline in international cooperation would put at risk the provision of vital global public goods. 

Estimates of the costs of GEF from economic modeling vary widely. Available studies suggest that the deeper the fragmentation, the deeper the costs; that technological decoupling significantly amplifies losses from trade restrictions; that adjustment costs are likely to be large; and that emerging market economies and low-income countries are likely to be most at risk due to the loss of knowledge spillovers. Depending on modeling assumptions, the cost to global output from trade fragmentation could range from 0.2 percent (in a limited fragmentation / low-cost adjustment scenario) to up to 7 percent of GDP (in a severe fragmentation / high-cost adjustment scenario); with the addition of technological decoupling, the loss in output could reach 8 to 12 percent in some countries. More work is needed to assess and aggregate the costs through multiple channels. 

GEF could strain the international monetary system and the global financial safety net (GFSN). Financial globalization could give way to “financial regionalization” and a fragmented global payment system. With less international risk-sharing, GEF could lead to higher macroeconomic volatility, more severe crises, and greater pressures on national buffers. Facing fragmentation risks, countries may look to diversify away from traditional reserve assets —a process that could be accelerated by digitalization— potentially leading to higher financial volatility, at least during transition. By hampering international cooperation, GEF could also weaken the capacity of the GFSN to support crisis countries and complicate the resolution of future sovereign debt crises. 

To avert runaway fragmentation, the rules-based multilateral system must adapt to the changing world. This includes the international trade and monetary systems. Given current geopolitical realities, progress through multilateral consensus may not always be possible. Trust may have to be rebuilt gradually through differential engagements depending on the countries’ preferences and willingness to work together. Where preferences are broadly aligned, multilateral cooperation remains the best approach to address global challenges. In areas like climate change and pandemics such cooperation is essential. When multilateral efforts stall, open and nondiscriminatory plurilateral initiatives (fewer countries wanting to do more) could be a practical way forward. When countries opt for unilateral actions, credible “guardrails” may be needed to mitigate global spillovers and protect the vulnerable (such as “safe corridors” for food and medicine). Addressing these challenges requires a joint effort of all international organizations, including the IMF. To be effective in a more shock-prone world, the IMF should remain representative of its global membership and at the core of the reinforced GFSN.


sábado, 14 de janeiro de 2023

A ditadura das ratazanas - Miguel Gustavo De Paiva Torres

A ditadura das ratazanas  

Miguel Gustavo De Paiva Torres

Crise, aprendi com o amigo Mário Aloisio. ainda na adolescência., é palavra que vem do sânscrito e significa depurar. Serve para destruir e reconstruir.

Destruídos os templos republicanos na Praça dos Três Poderes, no Planalto Central, arduamente conquistado para a consolidação da civilização brasileira por gente simples, boa e generosa que chegaram ao cerrado com o espírito da esperança e da construção do país do futuro,.

Assistimos estarrecidos, mas não surpresos, à invasão da nossa capital federal por hordas bárbaras recrutadas por ratazanas esfomeadas por sangue, dinheiro e poder.

Foram quatro anos de doutrinação para um único objetivo: A ditadura das ratazanas.

Conseguiram convencer massas humanas espalhadas por todos os rincões do Brasil a seguir um comandante e um comando único sem contestação e sem discussão, no melhor estilo do defunto stalinismo soviético.

Militares, policiais e pastores se associaram em um golpe de estado para a entronização de um Rei fundador de uma dinastia familiar que, messias que regressaria de Orlando,, na Florida e governaria o país do futuro até o final dos tempos.

Foi com fervor histérico e furioso que aceitaram a verdade única, absoluta: democracia é o regime do mal liderado por ladrões chefiado pelo grande Ladrão; Demônio disfarçado a ser abatido de qualquer modo por qualquer meio. 

Abriram uma crise sem precedentes. Todos aqueles que sonhavam com o poder absolutista, em qualquer espectro político, perderam o rumo e o prumo.

Depois da quebradeira não haverá esconderijo possível para as ratazanas do Poder. Nem nos porões da ditadura. A depuração será feita democraticamente, à luz do sol e com a espada da Lei.

MIGUEL GUSTAVO DE PAIVA TORRES

Apenas alertando que as consequências sempre vêm depois:- Paulo Roberto de Almeida

 Apenas alertando que as consequências sempre vêm depois

Paulo Roberto de Almeida

O “debate” em torno da crise política gerada pela tentativa golpista dos Trapalhões bolsonaristas está deixando em segundo plano o gravíssimo problema do estrangulamento fiscal do Brasil, que vem desde a Grande Destruição dilmista da economia. 

Temer tinha começado a resolver e aí vieram Bozo e PG! Ou melhor, Bozo e PG se concentraram na reeleição: para isso e por isso destruíram a economia.

Se a economia não for reequilibrada, ela destruirá a política, por mais que Lula queira proteger os mais pobres. 

No frigir dos ovos, quem vai pagar serão os de sempre: como Lula quer e pretende beneficiar os mais pobres, mas precisa poupar o grande capital — agronegócio, grandes empresários e banqueiros —, os chamados a pagar a conta serão a classe média (ou seja, nós todos que estamos nas redes sociais) e os pequenos e médios empresários.

Enfim, nada diferente do que sempre acontece. Mas o Brasil conhecerá mais uma década perdida, num longo ciclo de declínio absoluto e relativo das taxas de crescimento, processo que se arrasta desde a herança maldita deixada pela ditadura militar na economia, apenas parcialmente amenizada pelos poucos anos de crescimento da globalização triunfante e pela ascensão econômica da China ao início deste século. 

Não haverá superávit primário antes de muitos anos, o que significa que continuaremos em marcha lenta pelo futuro previsível. Ou seja, os que entram na vida ativa agora, não esperem ficar ricos até a chegada dos netos (ou bisnetos).

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14/01/2023


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

2015: o "novo" chanceler de Dilma Rousseff, o mesmo Mauro Vieira

 Uma outra posse, do mesmo chanceler, Mauro Vieira como ministro de Dilma Rousseff em 2015:

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Itamaraty: o novo chanceler e o Itamaraty - Denise Chrispim Marin

Itamaraty: o novo chanceler
Ex-embaixador na Argentina e nos EUA, Vieira é saída de Dilma para não magoar Lula

Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo, 12/01/2015

Em doses suaves, novo chanceler tentará revalorizar Itamaraty
Do novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não se espera mudanças abruptas, dizem antigos colaboradores

Ao se sentar na cadeira do Barão de Rio Branco, fundador da diplomacia do Brasil republicano, o embaixador Mauro Vieira enfrentará a agenda interna mais pesada para o Ministério das Relações Exteriores nos últimos 20 anos. Habituado ao trabalho nos bastidores e à sombra das principais autoridades da casa, Vieira não encontrará maior desafio do que convencer a presidente Dilma Rousseff a observar o Itamaraty com apreço e a listar a política externa brasileira entre as prioridades de seu segundo mandato. 

De seu gabinete, Vieira não desencadeará mudanças abruptas na política externa nem confrontos com seus pares no exterior ou na Esplanada. Nada será abandonado – como a política Sul-Sul – e tudo será considerado – como a retomada das relações entre Brasil e Estados Unidos –, avisam seus antigos colaboradores. Dele não se ouvirá declarações agressivas nem manifestações de irritação ou atitudes revanchistas. A mudança, se houver, se dará em doses suaves.

O Itamaraty tradicionalmente reflete a personalidade do chanceler. Sob a liderança de Vieira, parecerá mergulhado em águas mornas, enquanto o novo ministro e seus principais auxiliares atuarão silenciosamente nos bastidores do governo e no exterior. Um velho observador de sua carreira o define como um “peixe de águas profundas”.

Não à toa, Vieira escolheu dois colaboradores diretos de sua total confiança e de ampla aceitação pela casa. O embaixador Sérgio Danese, um dos mais experientes e preparados de sua geração, será o secretário-geral das Relações Exteriores – segundo cargo da hierarquia do Itamaraty. O chefe de gabinete de Vieira será o embaixador Júlio Bitelli, que atuou na equipe que escrevia os discursos de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto e, mais tarde, na de Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. 

Danese e Bitelli trabalharam com Vieira na Embaixada do Brasil em Buenos Aires. Nos últimos anos, Danese conduzia a Subsecretaria das Comunidades Brasileiras no Exterior, e Bitelli era embaixador em Tunis (Tunísia). O trio terá a missão de recuperar o orçamento do Itamaraty neste período de ajuste nas contas públicas. 

Celso Lafer, ex-chanceler de FHC e de Itamar Franco, sublinha ser Mauro Vieira um diplomata experiente, com bom conhecimento da casa, e ter vindo do comando das duas mais importantes embaixadas brasileiras – Buenos Aires, de 2004 a 2010, e Washington, de 2010 ao fim de 2014. “Mauro conhece os ambientes político, social e econômico do País, o que é um ativo importante para o reposicionamento e a valorização do Itamaraty.”

Surpresa. Dilma surpreendeu todos os implicados diretamente na escolha de seu chanceler em 31 de dezembro, véspera da posse de seu segundo mandato. O então ministro Luiz Alberto Figueiredo esperava permanecer no posto, mas foi frustrado apenas 30 minutos antes do anúncio oficial do nome de Vieira. O ministro da Defesa, Celso Amorim, contava com uma recondução à cadeira de Rio Branco, com as bênçãos de Lula, e não escondeu sua decepção na cerimônia de transmissão do cargo, no dia 2. 

Mauro Vieira, por sua vez, aspirava o posto de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais desde 2003, que não pretendia continuar no governo no segundo mandato de Dilma. Ao ser chamado a Brasília, no dia 31, deduziu que sua missão seria acompanhar o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, representante de seu governo na posse. Mas foi nomeado chanceler.

A decisão de Dilma, na leitura de um embaixador experiente, revelou sua habilidade para descartar a sugestão do ex-presidente Lula sem desapontá-lo totalmente. Nem ao favorito do líder petista. Vieira é tido em alta conta por ambos.

O chanceler é leal amigo de Amorim há mais de 30 anos. Em 1985, quando foi designado secretário executivo adjunto do Ministério de Ciência e Tecnologia, Vieira resgatou Amorim do ostracismo ao sugerir seu nome ao então ministro da pasta, Renato Archer. Amorim assumiu o posto de secretário de Assuntos Internacionais, no qual se manteve até 1988. Em 2003, ao ser nomeado chanceler pela segunda vez – a primeira fora com Itamar Franco –, Amorim designou Vieira como chefe de gabinete, mesmo depois de ele ter exercido a mesma função com os embaixadores Osmar Chohfi e Luiz Felipe Seixas Corrêa, os últimos secretários-gerais das Relações Exterior do governo FHC.

O ex-chanceler também foi o responsável pela nomeação de Vieira como embaixador em Buenos Aires – decisão avalizada por Lula. Ao ver abortado seu projeto de continuar no posto no primeiro mandato de Dilma, no fim de 2010, Amorim indicou Vieira para Washington. O posto estaria vago com a designação do embaixador Antônio Patriota para o comando do Itamaraty. Na época, a permanência de Vieira na capital americana foi avaliada como temporária. Vieira e Patriota não tinham um convívio fácil. O embaixador, porém, assumiu essa posição estratégica por quatro anos.

Garcia ficou no governo e deverá manter sua influência na formulação de políticas para a América Latina. Mas caberá a Vieira conciliar a sobrevivência do Mercosul à necessidade, destacada por Dilma em seu discurso de posse, de ampliar a inserção comercial do Brasil. Ele dificilmente se chocará com Garcia nessa tarefa. O assessor de Dilma foi uma das autoridades petistas cativadas pelo chanceler: era seu hóspede frequente quando embaixador na Argentina.

Tanto em Brasília como em Buenos Aires e em Washington, Vieira valeu-se do que mais soube fazer ao longo de sua carreira: cativar figuras relevantes para sua atuação e montar uma rede de contatos de primeira qualidade. 

Na capital argentina, tornou-se interlocutor frequente do casal Kirchner e dos governadores de províncias – todas visitadas por ele. Em Washington, teve o mesmo cuidado de explorar os contatos com governadores estaduais e em circular pelo Capitólio. 

Sua atuação nos EUA, porém, foi prejudicada pelo desinteresse da presidente no aprofundamento das relações bilaterais. “O desempenho de Mauro Vieira refletiu a política brasileira sobre os EUA, desinteressada em maior cooperação e em projetos conjuntos”, afirmou Peter Hakim, presidente honorário do Diálogo Interamericano. “É mais fácil ser um Rubens Barbosa no governo de FHC do que um Vieira no governo de Dilma”, completou, referindo-se ao embaixador brasileiro em Washington entre 1999 e 2004, gestão que deu prioridade à política externa.

Consequences of the defeat of Russia - Nadin Brzezinski (Medium)

Consequences of the defeat of Russia

 Nadin Brzezinski

The United States delivered 75 tons of food left over from the Persian Gulf war to the hungry Moscow region today, part of a relief effort that American and Russian officials said they expected to continue through the winter.

The food, flown in through the snow on two military cargo planes from a supply base in Pisa, Italy, was to go directly to hospitals, orphanages and homes for the elderly.

The delivery from Sheremetyevo Airport in Russian trucks was observed by Americans, including embassy dependents, and by Russian and Red Cross officials, to make sure that its contents were not stolen and put on sale by Russian black marketeers.

The flights had a paradoxical quality: The American military, after decades of cold war training to fight a hot war against the Soviet Union, arrived here to help this country feed its hungry. An Echo of World War II

While there’s no way to know what Xi is thinking, China’s long-established pattern of behavior suggests that, as Russia redirects border security units to a grinding conflict in Ukraine, it is worth considering if China might be mulling expansionist contingencies to the north, along the sprawling and sparsely held 2,615 mile Russian frontier.

On the other hand, on both the Indian frontier and in the South China Sea, China moved into sovereign territory with little advance notice. In both cases, China’s expansionism was opportunistic, taking advantage of an administrative or military vacuum to suddenly “change the facts on the ground.”


A rápida conversão dos diplomatas à nova ordem: reunião na OEA

 Sem anistia, governo Lula assegura “solidez” da democracia ao mundo

SANDRA EVANGELISTA

12 DE JANEIRO DE 2023


Num recado político e diplomático forte, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva usou a reunião de emergência convocada nesta quarta-feira na OEA (Organização dos Estados Americanos) para assegurar ao mundo que a democracia no país é sólida e que os responsáveis pagarão o preço de suas ações, dentro do rigor da lei.

O encontro para lidar com a crise no Brasil havia sido proposto por Chile e Colômbia, e ganhou o apoio de EUA, Canadá e outros países. O Brasil, porém, não queria que a reunião se transformasse num sinal de que o país vive um período de incertezas sobre sua situação institucional.

Depois de quatro anos isolado dos principais debates internacionais e numa condição de pária por conta da diplomacia de Jair Bolsonaro, o governo Lula esperava inaugurar uma nova fase da política externa. Mas uma eventual classificação do Brasil como um “país problema” minaria a credibilidade dos novos interlocutores e ameaçaria os planos de Brasília de voltar a ser protagonista nos principais temas internacionais.

Na região, o Brasil quer voltar ainda a liderar um processo novo de integração. Mas teria dificuldades de assumir esse papel se fosse considerado como instável.

Ao tomar a palavra nesta tarde, o embaixador do Brasil na OEA, Otavio Brandelli, mandou a mensagem coordenada pelo Itamaraty.

“A democracia brasileira acabou de dar uma demonstração de solidez e eficácia de seus mecanismos de proteção, graças à atuação firme e coesa dos três Poderes”, disse o diplomata, indicando que o Brasil promete lutar contra atos antidemocráticos no continente.

Ainda que o discurso tenha ocorrido em um fórum regional, diplomatas do mais alto escalão no Itamaraty explicaram que essa é a mensagem que Lula quer que os demais líderes escutem. Trata-se da primeira reunião sobre o assunto, no palco global.

“O Brasil tem um compromisso inabalável com a democracia e rechaça qualquer forma de extremismo antidemocrática e violência política”, afirmou.

Sem Anistia

Um outro recado coordenado pelo Itamaraty foi de que não haverá nem anistias e nem impunidade. Segundo Brandelli, os responsáveis serão “identificados e tratados com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”.

“O estado dará respostas à altura da gravidade dos atos cometidos. Sob a égide dos preceitos da Constituição de 1988, o Brasil registra o mais longo período de convivência democrática em sua história republicana”, insistiu.

Nos últimos dias, governos latino-americanos demonstraram preocupação com os atos no Brasil e uma possível escalada da violência em suas próprias capitais. Para eles, portanto, era importante a sinalização da parte do governo Lula de que punições estão previstas.

Mesmo nos EUA, congressistas americanos alertaram nos bastidores a interlocutores brasileiros que os atos em Brasília poderiam “incentivar” a extrema direita americana.

Brandelli ainda destacou como a reação internacional foi importante no Brasil nos últimos meses. Segundo ele, a reação internacional diante dos ataques ainda mostrou “a importância do Brasil para a defesa da democracia no mundo”.

O diplomata ainda destacou que eleição foi ampla, livre e democráticas. Também ressaltou que a posse de Lula foi uma celebração da democracia, com mais de 60 delegações internacionais. Isso, segundo ele, foi o “reconhecimento da “robustez das instituições democráticas do Brasil”.

“Agora, houve condenação unânime”, completou, sobre os atos de 8 janeiro.

Fonte: uol

https://www.greenmebrasil.com/viver/costume-e-sociedade/75357-sem-anistia-governo-lula-assegura-solidez-da-democracia-ao-mundo/

COP-30 será feita em Belém em 2025

 Governo formaliza candidatura de Belém para sediar a COP 30

11. janeiro 2023 - 21:12

(AFP)

O governo brasileiro oficializou a candidatura de Belém, capital paraense de 1,5 milhão de habitantes, para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP) em 2025, anunciou, nesta quarta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O Itamaraty formalizou a cidade de Belém como a cidade que está disputado a candidatura para realizar a COP 30", disse o presidente Lula em um vídeo publicado no Twitter.

A candidatura faz parte dos esforços de Lula para posicionar o Brasil como líder ambiental global após anos de atritos da comunidade internacional com seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula lembrou que em novembro, ainda como presidente eleito, propôs que a COP de 2025 fosse realizada na Amazônia Legal, onde o desmatamento avançou fortemente durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro.

"Eu tinha assumido um compromisso no Egito, na COP 27, de que a COP 30 poderia ser realizada no Brasil", acrescentou Lula nesta quarta-feira.

O presidente fez o anúncio na companhia de Helder Barbalho, governador do Pará.

"Belém, no estado do Pará, estará de portas abertas para debater a Amazônia, discutir o clima no mundo, encontrar soluções", disse Barbalho.

A COP 28 será realizada nos Emirados Árabes Unidos entre novembro e dezembro.

https://www.swissinfo.ch/por/governo-formaliza-candidatura-de-bel%C3%A9m-para-sediar-a-cop-30/48198008