domingo, 9 de maio de 2010

Lula é criticado por Moises Naim - El Pais (Madrid)

Lula: lo bueno, lo malo y lo feo
MOISÉS NAÍM
El País, 09/05/2010

La revista Time acaba de incluir a Luiz Inácio Lula da Silva entre las personas más influyentes del planeta. Ciertamente las actuaciones del presidente de Brasil han afectado la vida de millones de personas y, en el caso de sus compatriotas, muy positivamente. Pero Lula no sólo merece aplausos y admiración. También hay aspectos de su conducta que son vergonzosos. Veamos.

- Lo bueno. Diez millones de brasileños se incorporaron a la clase media entre 2004 y 2008. La pobreza cayó del 46% de la población en 1990 al 26% en 2008. La desigualdad en la distribución del ingreso ha disminuido. La hiperinflación es una pesadilla que ya nadie recuerda. La deuda externa está en un envidiable 4% del PIB. Las exportaciones se multiplicaron por cinco en sólo veinte años. Y por si fuera poco, en la próxima década Brasil podría llegar a ser una importante potencia petrolera.

Gracias a su éxito y a su tamaño, Brasil es ahora una presencia indispensable en las negociaciones internacionales sobre clima, energía, comercio, finanzas, desarrollo, proliferación nuclear y demás retos que confrontan al mundo. Así, Lula ha hecho obsoleto el mal chiste según el cual Brasil era el país del futuro y seguiría siéndolo para siempre. Brasil ya ha alcanzado mucho de su potencial y no hay duda de que Lula merece un enorme reconocimiento por estos éxitos.

- Lo malo. Lula es poco generoso. Debería compartir el crédito por los logros de su país con Fernando Henrique Cardoso, su predecesor en la presidencia. Lula heredó una economía reformada, políticas sociales de vanguardia y una base muy sólida para continuar profundizando la liberalización y desregulación económica que explican el actual éxito de Brasil. El gran mérito de Lula es haber mantenido, ampliado y defendido estas políticas, que contrastan con las posiciones ideológicas que mantuvo durante años. Lula lideró la oposición a las reformas que hoy le ganan el aplauso del mundo. Mientras en las cumbres revolucionarias con los Chávez, Castros y Ortegas del mundo Lula comparte con entusiasmo las loas al socialismo, en sus decisiones en Brasil éste brilla por su ausencia. Lula ha sido de los presidentes más pro-mercado y pro-sector privado e inversión extranjera que ha tenido Brasil. Él suele decir que sus políticas económicas de mercado sirven para construir las bases para el socialismo. Pocos le creen. Y es fácil suponer que uno de los que no se lo cree es el propio Lula.

Lamentablemente, el presidente brasileño tampoco ha podido impedir que en sus círculos más cercanos florezca la corrupción que invade los gobiernos de América Latina. Decir que esto es lo usual es tan correcto como reconocer que la lucha contra la corrupción nunca ha sido una prioridad para Lula.

- Lo feo. Lula da Silva ha sido muy bueno para los brasileños y muy malo para millones de sus vecinos. Los déspotas que tienen la suerte de ser amigos del presidente brasileño y que están arruinando sus países, mientras Brasil progresa, saben que cuentan tanto con el estridente apoyo como con el silencio cómplice de Lula. Su incondicional respaldo público les aporta una valiosísima legitimidad internacional que les sirve para actuar con aún mayor impunidad dentro de sus países. Sería ingenuo esperar que Lula sea el gendarme de la democracia y los derechos humanos en la región. Pero no debería ser ingenuo esperar que quienes violan reiteradamente los derechos básicos de sus pueblos sepan que no cuentan con el tolerante silencio de Lula y su fraternal abrazo en las cumbres presidenciales. ¿No sería maravilloso que quienes son encarcelados por luchar por la democracia en otros países sepan que Lula es su aliado, y no el de sus carceleros?

La lista de las contradicciones, inconsistencias y ejemplos de la doble moral de Lula es triste y larga. Y no pasa semana sin que crezca. La última adición ha sido la de obligar a que fuese excluido de la cumbre presidencial de la Unión Europea y América Latina el nuevo presidente de Honduras, Porfirio Lobo. Según Brasil, Lobo -quien ganó las elecciones sin las trampas, comunes en la región, de Hugo Chávez y Daniel Ortega- no tiene las suficientes credenciales democráticas para estar en esa reunión. Esto viene del mismo presidente que explicó al mundo que Mahmud Ahmadineyad ganó las elecciones en su país limpiamente y que los miles de iraníes que protestaron en las calles se estaban portando como los díscolos hinchas de un equipo de fútbol después de que su equipo pierde. Al mismo tiempo que Lula decía esto, Ahmadineyad ordenaba la pena de muerte para algunos de los manifestantes. Feo, ¿no?

Por todo esto Lula pasará a la historia como un muy buen presidente para su pueblo y un muy mal vecino para los amantes de la libertad.

Lula critica ONU e prevê vitória do PT em 2010

De fato, a ONU não é nenhuma maravilha, mas parece que ainda é a única coisa que temos para resolver problemas de maneira civilizada. Se ela não serve, vamos para a lei da selva?
Quanto aos prognósticos eleitorais, este blog não se ocupa de eleições...

Em entrevista, Lula critica ONU e prevê vitória do PT em 2010
Sergio Caldas - Agência Estado
O Estado de S.Paulo, 09 de maio de 2010

Presidente criticou a 'pouca representatividade' da organização no contexto das sanções que o Irã poderá sofrer.

Em entrevista publicada neste domingo, 9, pelo jornal espanhol El País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a "pouca representatividade" da Organização das Nações Unidas (ONU) e previu que o PT vencerá a eleição presidencial de outubro.

A ONU foi criticada no contexto das sanções que o Irã poderá sofrer por seu programa nuclear. "Quero esgotar até o último minuto a possibilidade de um acordo com o presidente do Irã, para que ele possa continuar enriquecendo urânio, dando-nos a tranquilidade de que só vai utilizá-lo para fins pacíficos", disse.

Segundo Lula, a ONU precisa mudar "porque como está representa muito pouco". "Por que o Brasil não é um membro do Conselho de Segurança? Por que não a Índia? Por que não há nenhum estado africano?", questionou. Lula tem viagem marcada para o Irã no final da próxima semana para discutir uma solução negociada com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que visitou o Brasil em novembro do ano passado.

Em relação às eleições, Lula disse não ver possibilidade de o PT perder a disputa. "Ganhe quem ganhar, ninguém fará nenhum disparate; o povo quer seguir em frente e não voltar atrás. Mas deixe-me dizer que não vejo a possibilidade de que percamos as eleições," afirmou.

Na reportagem, o El País elogiou a franqueza de Lula e disse que, por estar "em campanha eleitoral", aproveitou para "fazer propaganda de seu partido". O jornal destacou também as críticas "provavelmente injustas" feitas por Lula contra seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. "O milagre brasileiro começou com Cardoso, professor respeitado e um democrata exemplar que controlou as contas públicas e venceu a inflação," disse o diário espanhol.

Ao El País, Lula destacou ainda que, se o Brasil mantiver a seriedade nas políticas fiscal e monetária, além dos investimentos e do controle da inflação, "terá tudo para se transformar em uma potência respeitada no mundo". "Se a economia continuar crescendo entre 4,5% e 5,5%, em 2016 poderá se tornar a quinta economia mundial", afirmou o presidente.

Veja também:
País passará pela crise sem sentir 'nada', diz Lula

Descontruindo a educacao brasileira

Admiravel o trabalho dessas pedagogas freireanas, que sem saber do que estão falando, se empenham solidamente em afundar a educação brasileira.
O Construtivismo, na verdade, é uma empulhação completa, servida por analfabetos, para manter as crianças analfabetas...
Paulo Roberto de Almeida

Educação: Sob os dogmas do construtivismo
Salto no escuro

Marcelo Bortoloti
REvista Veja, edição 2164 / 12 de maio de 2010

Seis de cada dez crianças brasileiras estudam segundo os dogmas do construtivismo, um sistema adotado por países com os piores indicadores de ensino do mundo

Mais de 60% das escolas públicas e particulares no Brasil se identificam como adeptas do construtivismo. Sendo assim, parece óbvio que seis de cada dez crianças brasileiras estão sendo educadas com base em uma doutrina didática cuja natureza, objetivos e lógica devem ser de amplo conhecimento de diretores, professores e pais. Correto? Errado. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) desvenda um cenário obscuro. Em plena era da internet, os conceitos do construtivismo parecem ter chegado ao Brasil via as ondas curtas de 49 metros de propagação troposférica, com suas falhas e chiados. Ninguém sabe ao certo como o construtivismo funciona, muito menos saberia listar as razões pelas quais ele foi adotado ou deve ser defendido. Ele é definido erradamente como um "método de ensino". O construtivismo não é um método. É uma teoria sobre o aprendizado infantil posta de pé nos anos 20 do século passado pelo psicólogo suíço Jean Piaget. A teoria do suíço deu credibilidade à concepção segundo a qual a construção do conhecimento pelas crianças é um processo diretamente relacionado à sua experiência no mundo real. Ponto. A aplicação prática feita nas escolas brasileiras tem apenas o mesmo nome da teoria de Piaget. O construtivismo tornou-se uma interpretação livre de um conceito originalmente racional e coerente. Ele adquiriu várias facetas no Brasil. Unifica-as o primado da realidade da criança sobre os conceitos básicos das disciplinas tradicionais. Traduzindo e caricaturando: como não faz frio suficiente na Amazônia para congelar os rios, um aluno daquela região pode jamais aprender os mecanismos físicos que produzem esse estado da água apenas por ele não fazer parte de sua realidade. Isso está mais longe de Piaget do que Madonna da castidade.

A experiência mostra que as interpretações livres do construtivismo podem ser desastrosas – especialmente quando a escola adota suas versões mais radicais. Nelas, as metas de aprendizado são simplesmente abolidas. O doutor em educação João Batista Oliveira explica: "O construtivismo pode se tornar sinônimo de ausência de parâmetros para a educação, deixando o professor sem norte e o aluno à mercê de suas próprias conjecturas". Por preguiça ou desconhecimento, essas abordagens radicais da teoria de Piaget são a negação de tudo o que trouxe a humanidade ao atual estágio de desenvolvimento tecnológico, científico e médico. Sua ampla aceitação no passado teria impedido a maioria das descobertas científicas, como a assepsia, a anestesia, as grandes cirurgias ou o voo do mais pesado que o ar. Sir Isaac Newton (1643-1727), que escreveu as equações das leis naturais, dizia que suas conquistas só haviam sido possíveis porque ele enxergava o mundo "do ombro dos gigantes" que o precederam. O conhecimento que nos trouxe até aqui é cumulativo, meritocrático, metódico, organizado em currículos que fornecem um mapa e um plano de voo para o jovem aprendiz. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel.

Em um país como o Brasil, onde as carências educacionais são agudas, em especial a má formação dos professores, a existência de um método rigoroso, de uma liturgia de ensino na sala de aula, é quase obrigatória. A origem latina da palavra professor deveria ser um guia para todo o processo de aprendizado. O professor é alguém que professa, proclama, atesta e transmite o conhecimento adquirido por ele em uma arte ou ciência. Nada mais longe da realidade brasileira, em que menos da metade dos professores é formada nas disciplinas que ensina. À luz das versões tropicais do construtivismo, essa deficiência é até uma vantagem, pois, afinal, cabe aos próprios alunos definir com base em sua realidade o que querem aprender. É claro que um modelo assim já seria difícil funcionar em uma sala de aula ideal, com um mestre iluminado cercado de poucos e brilhantes pupilos. Nas salas de aula da realidade brasileira, é impossível que essa abordagem leniente dê certo. Adverte o doutor em psicologia Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo (USP): "As aulas construtivistas frequentemente caem no vazio e privam o aluno de conteúdos relevantes".

Um conjunto de pesquisas internacionais chama atenção para o fato de que, em certas disciplinas do ensino básico, o construtivismo pode ser ainda mais danoso – especialmente na fase de alfabetização. Enquanto na pedagogia tradicional (a do bê-á-bá) as crianças são apresentadas às letras do alfabeto e aos seus sons, depois vão formando sílabas até chegar às palavras, os construtivistas suprimem os fonemas e já mostram ao aluno a palavra pronta, sempre associada a uma imagem (veja o quadro). A ideia é que, ao ser exposto repetidamente àquela grafia que se refere a um objeto conhecido, ele acabe por assimilá-la, como que por osmose. De acordo com a mais completa compilação de estudos já feita sobre o tema, consolidada pelo departamento de educação americano, os estudantes submetidos a esse método de alfabetização têm se saído pior do que os que são ensinados pelo sistema tradicional. Foi com base em tal constatação que a Inglaterra, a França e os Estados Unidos abandonaram de vez o construtivismo nessa etapa. O departamento de educação americano também o contraindicou para o ensino da matemática – isso depois de uma sucessão de maus indicadores na sala de aula.

O construtivismo ganhou força na pedagogia durante a década de 70, época em que textos de Piaget e de alguns de seus seguidores, como o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934), vários dos quais traduzidos para o inglês, foram descobertos nas universidades americanas. Foi a partir daí que a corrente se disseminou por escolas dos Estados Unidos e da Europa. No Brasil, virou moda. Uma década mais tarde, porém, tal corrente começaria a ser gradativamente abandonada nos países que a adotaram pioneiramente. Os responsáveis pelo sistema educacional daqueles países chegaram a uma mesma conclusão: a de que a adoção de uma filosofia que não se traduzia em um método claro de ensino deixava os professores perdidos, deteriorando o desempenho dos alunos. Hoje, são poucos os países ainda entusiastas do construtivismo. Entre eles estão todos os de pior desempenho nas avaliações internacionais de educação. Com seis de cada dez crianças brasileiras entregues a escolas que se dizem adeptas do construtivismo, é de exigir que diretores, professores, pais e autoridades de educação entendam como se atolaram nesse pântano e tenham um plano de como sair dele.

Free trade debate - The Economist

A The Economist promoveu um debate sobre o livre comércio, como sempre com críticos e defensores da ideia, do conceito e da realidade do livre comércio.
Transcreo abaixo os materiais.

Free Trade: Pro, Against
A motion against
The Economist, May 9, 2010

Defending the motion
Ngaire Woods
International Political Economy Prof. and Director, Global Economic Governance, Oxford University

Free trade is not always in a country's interest. Jagdish Bhagwati's argument assumes that trade liberalisation will expose protected industries and the crony capitalism which goes with them, causing them to disappear. So far so good, but that does not ensure growth.

Against the motion
Jagdish Bhagwati
Economics and Law Professor, Columbia University and Senior Fellow, Council on Foreign Relations

Ngaire Woods is sympathetic to allegations that free trade is a malign force. Try telling that to the nearly 500m people who have been pulled up over the poverty line in the last two decades of rapid growth in India and China, in part because of changed policies that included exploiting trade and inward investment opportunities.

Featured guest
Simon J. Evenett

Don't vote for what you can't fully understand. No one can know what fair trade really stands for. Between our proposer and opponent at least half a dozen notions of what fair trade were advanced. Who knows what alternative notions others subscribe to? These two points should be warning enough: even if you favour one aspect of fair trade don't think that a government or an international organisation committed to promoting fair trade supports the same things. Be careful what your fellow travellers want. Emotive terms like fair trade provide a false sense of unity.

Nor is fair trade a reliable guide to constructive policymaking. Whether it's China's fixed exchange rate regime, the current bête noire in Washington, DC, or Japanese or Korean industrial policy, bugaboos from the past, often subtle and complex matters are reduced to sound bites about the fairness of trade. These emotive appeals are a deliberate attempt to shift attention from those domestic interests that will be hurt if punitive measures be taken against whichever cheating foreigner is being criticised today. Intelligent citizens should not be fooled by the strategic use of the language of unfair trade.

It would be far better to have a debate about the specific rights and wrongs of the ends and means of trade reform and the integration of national economies into the world economy. There are no rhetorical short cuts here: cross-border transactions have become so much a part of daily life for consumers, employees, firms and governments that the only honest option for the analyst is to lay out the full picture. Indeed, such an open approach can reveal important surprises. For example, one of the background papers for the Copenhagen Consensus 2008 project showed that the benefits of further trade reform paled in significance besides the benefits of allowing greater migration from developing countries. More such evidence-based policymaking is needed.

None of this is to imply that the world trading system is perfect; far from it. Rather, that we stand little chance of fixing it with shoddy thinking and emotive rhetoric. The term fair trade is almost always employed in cheap attempts to mislead voters and policymakers alike. Cheap because the issues are typically more nuanced than presented. Misleading because the nature of global interdependence is such that firms’, consumers’ and employees’ welfare cannot easily be sorted into neat camps for and against free trade. Every child of the Enlightenment should repudiate the notion of fair trade and demand better of policy analysts, policymakers and NGOs.

The moderator's rebuttal remarks
May 7th 2010 | Mr Saugato Datta

Simon Evenett, one of our invited guests, notes that we have had about half a dozen definitions of fair trade being advanced by either side so far. Ken from Ohio writes: "What seems fair to one, may be unfair to another. And so universal 'fairness' is an impossibility. All we can do is maximize freedom—and let the issues of fairness work themselves out between all of the participants". But Ydoodle says: "'Free trade' is a rhetorical term that means whatever you want. Bearing little relation to actual agreements in which special trade relations are spelled out … At best, it is a convenient analytical fairy tale like the ball that rolls friction-free down an inclined plane."

Our participants, however, are valiantly attempting the seemingly impossible. One set of ideas about fairness relates to the rules of international trade, which are seen to be set by rich countries and stacked against poorer ones. Jagdish Bhagwati counters this by pointing out that in manufacturing, which has been the focus of the multilateral trade negotiations for much longer than agriculture, barriers are actually much lower in rich countries than in developing ones. He also argues that developing countries have more say in multilateral negotiations than in bilateral ones with rich countries.

Another set of ideas about unfairness revolve around unequal market access. Ms Woods, for example, cites American reluctance to unilaterally reduce US subsidies "when the economic benefits to the USA from such policies were clear", because America would not want to reduce what it could offer other countries in return for more access to their markets. Equally, she gives the example of developing countries clinging to high bound tariffs even as they reduce the actual tariff rates they apply, because "they know that they need weapons in their long-drawn out battle to gain access to industrialised country markets such as in agriculture".

Ms Woods' point is one about the reality of trade negotiations and the otherworldliness of unilateral liberalisation. But my reaction on reading this was to ask: if the United States would clearly benefit from reducing its subsidies but won't because it will reduce its bargaining power in trade negotiations, and developing countries want more access to rich-country markets, then it appears that both eventually want freer trade. * Zhouzhou_1* writes: "The arguments brought against free trade actually … are targeted at instances when trade is actually not free … it is unclear how trade can be made fair without making it free". I would like to see this point addressed by our debaters. It may be scandalously unfair that rich countries shield their farmers using enormous subsidies, but isn't the way to remedy this unfairness to remove those subsidies, thus making trade freer?

Our debaters also disagree on the benefits of trade liberalisation. Mr Bhagwati cites middle-income countries like China and India, where "nearly 500 million people have been pulled up over the poverty line … in part because of changed policies that included exploiting trade". Ms Woods points out that countries like China or Korea "carefully managed their export-led growth using exchange-rate policies, government investment and industrial strategies, and access to markets in other countries". But does this example show that reducing trade barriers is bad? Or do these cases show that reducing trade barriers is more useful when a country has other policies that make the opportunities that trade opens up valuable? Presumably Mr Bhagwati does not believe that the only thing that countries need to do to develop is drop trade barriers (after all, he mentions successful developing countries exploiting trade "among other reforms"). But I would like to know more, including whether Mr Bhagwati believes that opening up to trade can sometimes be harmful. I am also struck by the absence of much discussion of how consumers are affected by trade.

Ms Woods also cites the de-industrialisation of African economies after they lowered their barriers. What happened to growth, I wonder? It is not clear, after all, that the share of manufacturing in output must always rise as countries develop. Comparative advantage need not lie in manufacturing. Or in growing bananas, as a reader, Latintrader, points out: "(I)t's harder to produce bananas on the hills of Trinidad than in Ecuador, hence the price difference. … Trinidad really shouldn't be producing bananas." Mr Bhagwati mentioned the effects of trade liberalisation on growth and poverty, but we could do with more detail.

Another area where our speakers disagree is about what trade policy should be trying to accomplish. Thea Lee, one of our invited experts, argues that "external pressure can be helpful in including treatment of workers in developing countries and the linkage of trade and worker rights need not devolve into simple protectionism". But Mr Bhagwati opposes using trade negotiations to impose "all kinds of trade-unrelated demands" on developing countries. Meanwhile Mr Evenett says that "emotive terms like fair trade provide a false sense of unity". Ah, but that's why having this debate is important. I look forward to the final round of arguments, which I hope will provide us with more evidence and more nuance.

The proposer's rebuttal remarks
May 7th 2010 | Ngaire Woods


Free trade unleashes unambiguously positive results in any country choosing to liberalise, or so Jagdish Bhagwati would have us believe. It is a very tempting argument. Free trade could be the silver bullet of economics. It could be the policy which at one stroke of a pen restructures an economy, unleashing new forces of entrepreneurship and competition. It does not seem to require other policies, nor other countries' cooperation. Why would we eschew it?

Professor Bhagwati argues that removing all barriers to trade is in every country's interest, regardless of whether other countries reciprocate. Neither part of this proposition is universally true.

Free trade is not always in a country's interest. Professor Bhagwati's argument assumes that trade liberalisation will expose protected industries and the crony capitalism which goes with them, causing them to disappear. So far so good, but that does not ensure growth. Next it is assumed that new sectors will magically emerge, creating non-traditional exports and accelerating a country along a path of comparative advantage towards rapid growth.

Is this what happened in China, Korea, Taiwan, or Japan? Not quite. Each carefully managed their export-led growth using exchange-rate policies, government investment and industrial strategies, and access to markets in other countries. The rest of the world still complains that each of these countries is protectionist. If trade liberalisation is a silver bullet, these cases show that it needs a special kind of gun and a carefully selected target.

Some contrary examples reinforce the point that trade policy must be integrated into a country's overall economic strategy. In Africa several countries liberalised trade in the 1980s and 1990s. For many, this was seen as an antidote to the protectionist, import-substitution industrialisation of the 1960s and early 1970s. But what came next was a disappointment. New export industries did not magically emerge. To the contrary, what mostly occurred were rising unemployment and deindustrialisation.

Across African economies, manufacturing dropped as a share of GDP from 10-15% (between 1960 and 1975) to less than 5% in most countries by the end of the 1990s. This is bad news for countries that need to diversify. Too many African countries are locked into producing one or two commodities or raw materials for a small clutch of dominant global companies at prices which are volatile. To escape the trap they are in, they will need more than free trade to catalyse growth. Hence the case some economists are not making for new kinds of protection (applied by industrialised countries) which could foster growth and opportunity.

Professor Bhagwati also argues that free trade does not need to be reciprocal to be beneficial. A small matter of politics mucks this up. In the real world of trade negotiations, reciprocity is the name of the game. Powerful countries dismantle their trade barriers only when offered reciprocal reductions by others. I recall interviewing a US Senator, Chuck Grassley, for a BBC documentary a few years ago. I asked him whether he would support unilaterally reducing US subsidies and protectionism when the economic benefits to the United States from such policies were clear. His answer was an emphatic "no". Why reduce your armoury before going into war?

Unilateral trade liberalisation weakens what a country can offer in exchange for getting access to other countries' markets. This is the logic behind developing countries clinging to high-bound tariffs, even when in practice the tariffs they apply are much lower. They know they need weapons in their long drawn-out battle to gain access to industrialised country markets such as in agriculture.

So much for the case for free trade as a fix-all. What about the case against fair trade made by Professor Bhagwati? He reminds us that in the name of fair trade, US labour unions try to impose US standards as a form of protectionism. But he skips too quickly over examples such as the US-Cambodian free trade agreement which embedded incentives (greater trade access) for improvements in labour standards, bringing in not just the ILO as an international monitor, but workers' groups and Cambodian government officials into a dialogue with one another.

Professor Bhagwati goes further in his argument against universal standards, arguing that different countries have different histories and economic circumstances. These shape their capacities to compete. It may be legitimate for air polluters to pay less in Kenya than they do in the United States because there is abundant fresh air in Kenya. How far would Professor Bhagwati take this?

What if US or European companies set up their production in Kenya to avoid air-pollution charges in their own countries? (And, by the way, they will then use the case politically to press for lower pollution charges at home.) The first part of this could be good, since it brings more industry to Kenya. But what if those companies are exploiting more lax or ineffectual safety regulation? In Bhopal in 1984 this led to one of the world's worst industrial accidents, with poisonous gas leaking from a Union Carbide pesticide plant and killing some 3,800 people and affecting hundreds of thousands of others. More recently, Lehman Brothers were apparently setting up their most risky financial instruments in London to avoid US regulation. The fall-out of that affected all of us. A shrug of the shoulders in the name of free trade is not enough.

Sometimes people need protecting. International trade and commerce can either help to make their lives better or make their plight worse. The fact that protectionists use fair trade arguments does not render illegitimate all efforts to make the effects of trade fairer. People get this. All those who pay that little bit more for fair-trade coffee (and they are doing so in increasing numbers) are not undermining free trade. They are simply doing their bit to make it fairer.


Jagdish Bhagwati
The opposition's rebuttal remarks

May 7th 2010 | Jagdish Bhagwati

Beauty is in the eye of the beholder. Fairness in trade also is the way you choose to define it.

In my initial statement, I had taken, and taken apart, three fashionable concepts of fair trade which are pitted against free trade today. My most distinguished friend, Professor Ngaire Woods, is concerned with altogether different notions of fair trade, reflecting her specialisation in political science rather than in economics, her interest in international governance, and her proximity to the activist anti-trade movements and charities such as Oxfam that dominate the English landscape. But even when arguing against free trade because it is unfair according to her notions of fair trade, Professor Woods fails to persuade me.

She claims at the outset that "free trade has a bad name". She believes this, not because of unfair trade notions she cites (which I address below), but also because she seems to be sympathetic to the allegations that free trade is a malign force. She quotes Oxfam, whose writers on trade claim: "Trade robs poor people of a proper living, and keeps them trapped in poverty." Try telling that to the nearly 500m people who have been pulled up over the poverty line in the last two decades of rapid growth in India and China, in part because of changed policies that included exploiting trade and inward investment opportunities that earlier policies had shied away from.

The Report on the Future of the WTO by the expert group chaired by Peter Sutherland addresses many such allegations against free trade that are circulating today and is best consulted directly. My 2004 book, "In Defense of Globalization", also addresses the allegations that trade undermines social objectives such as gender equality and democracy and concludes that trade generally advances, rather than handicaps, these agendas as well.

Moreover, it is inaccurate to assume that free trade is rejected by the majority of people in many countries. The polls in the United States, even in the middle of the current crisis, did not shift a majority against free trade. In today's interdependent world economy, many seem to understand that exports sustain their jobs and that protectionism may save a few thousand jobs in terms of its direct impact on the protected activity but, when retaliation kicks in, the country could lose hundreds of thousands of jobs instead. It would be a policy of "penny wise and pound foolish". When my team and I recently debated three of America's staunchest protectionists, with hundreds in the audience, I had been persuaded by pessimistic statements such as that by Professor Woods that we would lose 55:45%. But the vote went 80:20% in our favour.

But then are we who favour freer trade in danger, not because freer trade causes harm rather than good or that the majority think so, but because of the charge that trade today is widely considered to be unfair? Of course, if you ask in the polls, should trade be fair, without elaborating what you mean by fairness, you are going to get a majority saying it should be. You would have to be a knave or ghoulish to say otherwise. The important question is: if people are exposed to proper debates, like the one I described or the one that Professor Woods and I are having, and understand both what is meant by fairness and what are the arguments for and against that specific notion of fair trade, what would be the vote? In that spirit, which alone can contribute to an informed democracy, let me now consider Professor Woods’ concerns.

In essence, she produces three arguments. First, that (again quoting Oxfam) the "rules of the trading system" are "rigged" against the developing countries. Second, the rules of the trading system are made by the developed and not by the developing countries. Third, the distribution of the gains from trade is skewed against the poor countries.

On the first argument, let me briefly say that "Part II and Special & Differential Treatment" have long been applied to the developing countries at the GATT. Little was demanded by way of reciprocal trade concessions. This is also why the frequent allegation that trade barriers are higher on the average in the developed than in the developing countries is incorrect for manufactures, which were the principal focus of GATT until 1995, since agriculture was excluded by the 1955 waiver.

On the second argument, I certainly agree that several institutions, such as the IMF and the World Bank, need more voice from the developing countries. It is scandalous that Dominique Strauss-Kahn and Robert Zoellick were more or less nominated by the EU and the United States respectively. By contrast, the WTO smells like roses. Pascal Lamy had to fight hard to gain his first term. Also, the WTO works by consensus; there is almost no voting by financial contribution. In fact, it is the free trade agreements with hegemonic powers that Professor Woods seems to celebrate, which are the vehicle for the asymmetric exploitation of the developing countries. All kinds of trade-unrelated demands, driven by lobbies in the hegemonic power, are imposed on the developing countries in one-on-one negotiations, under the cynical pretence that these demands are good for them: see my 2009 book, "Termites in the Trading System: How Preferential Agreements Undermine Free Trade".

For the third argument, Professor Woods turns to Oxfam again, citing its assertion that the gains from trade had accrued almost entirely to the developed and middle-income developing countries. But the middle-income developing countries often ceased to be "poor" countries because of changed policies that exploited trade better, among other reforms. Oxfam created a "stir", according to Professor Woods, maybe among other British charities and the singing troubadours whose electric guitars seem to drown out the voices of scholars effectively in Britain. But elsewhere, the 2002 Oxfam report is seen to be the rank nonsense that it is.

Para diminuir um pouco o otimismo com o Brasil

Sem querer ser pessimista, acho que o colunista foi até otimista com a situação social do Brasil.
Não se trata apenas de "abismo social", ou seja carências que se acumularam desde um passado longínquo e que não conseguimos eliminar ou diminuir rapidamente.
A coisa é muito pior.
Quem quer que conheça a educação brasileira, sabe que a situação é muito pior do que revelam as estatísticas, na frieza dos números pavorosos que exibimos em comparação com outros países.
Não é que não estejamos melhorando na educação; é que estamos piorando, a olhos vistos.
Estamos retrocedendo rapidamente, no que se refere à qualidade do ensino, à capacidade dos professores. Estamos indo para o brejo.
Se eu for considerar, então, a qualidade dos homens "públicos", a mediocridade se espalha rapidamente, quando não a desonestidade e a desfaçatez.
Acho que o colunista foi bonzinho....
Paulo Roberto de Almeida

A metade do caminho
J. R. Guzzo
Revista Veja, edição 2164, 12 de maio de 2010

"Basta pensar durante cinco minutos sobre certas realidades paraconstatar o disparate que é considerar o Brasil atual um país bem-sucedido"

Está entre os maus hábitos permanentes do Brasil a ilusão de achar que é possível conviver, sem maiores prejuízos, com a combinação com a qual tem convivido até hoje – uma geleia geral que junta a incompetência da máquina pública na execução dos seus deveres, a indiferença de um eleitorado sem interesse, paciência ou informação para acompanhar o que os políticos fazem com o seu dinheiro e os vícios de um sistema político que está entre os piores do mundo. O sentimento da maioria é que não compensa esquentar a cabeça com esse vale de lágrimas, quando o dia a dia tem assuntos mais urgentes para o cidadão resolver. Mas o pouco-caso com a realidade, infelizmente, sempre cobra um preço alto. Não se trata de uma cobrança que vai ficar para o futuro, como frequentemente se imagina. O preço já está sendo pago há muito tempo, e tende a ficar cada vez mais alto. Basta ver tudo de que o Brasil de hoje precisa com urgência, e não tem – e tudo o que tem de sobra, e de que não precisa.

Há um bocado de esperança, diante dos avanços reais que o país tem feito, de que, com perseverança, paciência e uma atitude mental afirmativa, dá para ir tocando as coisas; um dia, lá na frente, o grosso dos problemas estará resolvido. Existem fatos de sobra para demonstrar que o Brasil, neste momento, está muito melhor do que já foi em qualquer outra época do passado. Está melhor em questões essenciais, não em aparências, e está melhor de verdade, não porque quem diz isso é a propaganda boçal dos governos – até porque boa parte desse progresso não foi feita pelas autoridades constituídas, mas apesar delas. O problema é outro. Podemos ter crescimento de 6% ao ano, reservas de 250 bilhões de dólares e mais uma promoção no rating das agências internacionais que avaliam nossa capacidade de pagar dívidas. Podemos entregar, como acaba de ocorrer, 25 milhões de declarações de renda à Receita Federal. Podemos nos firmar como a sétima ou a oitava maior economia do mundo. Podemos ter e ser mais uma porção de coisas, mas vamos continuar sendo um país subdesenvolvido enquanto se mantiver essa situação em que tão pouca gente, na população brasileira, tem acesso real a uma vida efetivamente melhor.

Basta pensar durante cinco minutos sobre certas realidades para constatar o disparate que é considerar o Brasil atual um país bem-sucedido, quando 50% da população, por exemplo, não é servida por rede de esgotos – e, principalmente, quando uma calamidade desse tamanho é tratada com a maior naturalidade do mundo pelos outros 50%, em especial os que têm a obrigação de resolver o problema. O assunto, na verdade, é visto como uma tremenda chatice. Nem poderia mesmo ser diferente, quando se verifica que ainda não apareceu, em toda a história política do Brasil, um único homem público bem-sucedido que tenha elegido como prioridade em sua carreira a luta por instalação e tratamento de esgotos. Só um débil mental seria capaz de agir assim; pela sabedoria política em vigor, obra que não se vê é obra que não existe. Estamos avançando, é claro. Em 510 anos já se conseguiu chegar à metade do caminho; um dia, se Deus quiser, todos estarão atendidos. Mas a única pergunta que interessa, nessa e em outras questões do mesmo tipo, é: quando? Para os quase 100 milhões de brasileiros que não têm esgoto, faz toda a diferença.

Não se trata de uma questão isolada. Recentemente, num artigo que es-creveu para VEJA, o professor Gustavo Ioschpe observou que só 25% da população brasileira alfabetizada está em condições de entender um texto como aquele. Não lidava, ali, com nenhum pon-to de trigonometria avançada; era apenas uma página de revista, escrita em português corrente e que deveria ser acessível a todos os que completaram os primeiros oito anos de escola. É uma excelente notícia para os políticos, a começar pelos que mandam no atual governo – vivem se gabando de que o "povão" não lê nada do que a imprensa escreve e, portanto, as críticas que recebem não têm efeito nenhum. Mas, para os 75% que não conseguem entender o artigo do professor Ioschpe, essa situação é um desastre. É para eles que estão reservados, no Brasil que cresce a 6% e tem "grau de investimento", os empregos com trabalho mais pesado, os piores salários e, em vez de carreiras profissionais, ocupações sem futuro algum – isso quando conseguem emprego, num mercado em que competem em desvantagem cada vez maior.

Dá para ir levando assim, é claro. Mas, como informa o artigo que tão poucos brasileiros conseguem ler, não existe nenhum país desenvolvido no mundo com o abismo social do Brasil.

Da Grecia a Europa: a crise vista por um liberal - Guy Sorman

Cómo el socialismo destruye Europa
por Guy Sorman
May 7, 2010 ⋅

Hoy en día, no es la crisis griega lo que convendría explicar, sino el camino que condujo hasta ella. No se trata de reabsorber la deuda griega o española: se trata de poner un plazo o no a la estrategia del declive europeo

La tragedia del euro sobrepasa con mucho el único caso de Grecia y esta tragedia sólo es financiera en apariencia. El mal es más profundo: alcanza a todos los países miembros o acabará por alcanzarlos a todos. No bastará con poner un poco de orden en las cuentas públicas, salvar a Grecia de la quiebra y tranquilizar a los acreedores de España y Portugal. Estos remiendos financieros no evitarán el contagio general de todos los países miembros de la Unión ya que a todos les aqueja el mismo mal. Algunos querrían quitar importancia a este mal. En el FMI, en el Banco Central Europeo, en los ministerios nos dicen: es financiero, es técnico, sabemos actuar, ya pasará, basta con algunos créditos, con persuadir a los alemanes, con reducir un poco el gasto público. ¿Y todo volverá a empezar como si no hubiese habido crisis en absoluto? ¡Qué ilusión, qué ceguera y sobre todo que negación de la realidad! ¿La realidad? Los fundamentos de la Unión Europea son incompatibles con la manera en que se gestionan los Estados europeos. Es decir, la Unión Europea es de origen liberal, concebida como tal en filosofía política y en economía y sólo es posible gestionarla de manera liberal, mientras que todos los gobiernos nacionales, aunque fueran de derechas, crearon, de hecho, unos gigantescos Estados del Bienestar de inspiración socialista.

Expliquémonos: en los comienzos de Europa, un empresario (no un diplomático, sino un comerciante de coñac familiar de Estados Unidos), Jean Monnet, tras la Segunda Guerra Mundial, reparó en que los gobiernos europeos nunca habían logrado, y no lograrían nunca, hacer de Europa una zona de paz y de prosperidad. Sustituyó el motor diplomático por el motor económico; consideraba que el libre cambio y el espíritu emprendedor deberían generar unas «solidaridades concretas» que eliminarían la guerra y la miseria. Esta institución liberal de Jean Monnet fue ratificada el 9 de mayo de 1950 por los principales artífices de la primera Comunidad Económica Europea, tres demócratacristianos: Konrad Adenauer, Alcide De Gasperi y Robert Schuman. Estos hombres compartían una misma concepción moral de la política y un mismo análisis económico, y se mostraban recelosos con el estadismo que entonces se identificaba, con razón, con los totalitarismos guerreros. La Comisión de Bruselas, y más tarde el Banco Central Europeo, no han dejado de ser fieles a ese espíritu liberal original. El libre cambio, gracias al apoyo constante de la Comisión de Bruselas, atizó el espíritu de empresa frente a los proteccionismos y los monopolios nacionales. Y se creó el euro para obligar a los Estados a equilibrar su presupuesto, siguiendo la línea de la teoría monetaria liberal.

Desgraciadamente, los gobiernos nacionales creyeron que sería posible acumular los beneficios de la Europa liberal, a la vez que se superponían las delicias electorales del socialismo. Aquí se llama «socialismo» al crecimiento infinito del Estado del Bienestar, a la acumulación de seguros sociales y de empleos protegidos por el Estado.

Ese socialismo de hecho, sedimentación de promesas electorales y de derechos adquiridos, se desarrolló en Europa infinitamente más rápido que la economía y que el número de habitantes. Por tanto, este socialismo de hecho sólo podía financiarse a crédito, se creía que sin riesgos, ya que el euro parecía «fuerte». Este euro fuerte enloqueció a sus poseedores: de repente todo parecía asequible con el crédito. Ello tuvo como consecuencia un endeudamiento notablemente homogéneo, en todos los países europeos, del orden del 100% de la riqueza nacional: entre el 91% en Alemania y el 133% en Grecia, una diferencia bastante modesta entre los dos extremos, reflejo de una misma trayectoria socio-estatal. Hoy en día, la diferencia entre Alemania, Grecia, España o Francia, depende menos del endeudamiento y de la manera de gestionar los Estados -más bien similares- que de la capacidad de reembolso variable dependiendo de los deudores. Todos los Estados europeos han sido gestionados «a la socialista», en contradicción con los principios liberales de la Unión Europea: algunos serán capaces de hacer frente a los vencimientos mejor que otros, pero todos han seguido juntos la misma trayectoria.

¿Explicarán esta trayectoria fatal? Las ideologías son su verdadera causa. El socialismo domina los espíritus en Europa, mientras que el mundo universitario, mediático e intelectual acosa al liberalismo. Apoyar al mercado frente al Estado y preconizar el Estado modesto se considera en Europa una perversión «estadounidense». Y la ideología socialista está lo suficientemente arraigada como para que a un político le sea casi imposible resultar elegido sin prometer aún más solidaridad pública y aún menos riesgo público. Estos Estados del Bienestar, debido a su coste financiero y a la falta de responsabilización ética que legitiman, han asfixiado el crecimiento económico en Europa: somos el continente del declive, pero del declive solidario.

Fuente: ABC (Spain)

Y ahora nos presentan la factura griega: no será la primera de esa clase. ¿Qué hacemos con ella? Sería lícito que no la pagáramos: en el fondo, ¿por qué un modesto contribuyente francés o alemán debería pagar los impuestos que evadió un griego rico, todo ello para financiar a los sindicatos o a los militares griegos? Pero las finanzas europeas son tan enrevesadas que el euro que debe Grecia se lo debe en realidad a un banco alemán o francés. Por consiguiente, que los no griegos corran o no a socorrer a Grecia no cambiará nada: nuestra quiebra será colectiva. Nos creíamos ciudadanos de un país, pero somos deudores para todos. Si los europeos no pagan la factura griega, las facturas de Portugal, España e Italia llegarán rápidamente a continuación ya que la bancarrota de Grecia repercutiría sobre el valor de todos nuestros euros.

¿Cómo se sale de una tragedia? Ganando tiempo, negándola, suicidándose o diciendo la verdad. En este momento de la historia que vivimos, no es posible prever cuál de estos supuestos prevalecerá. En los comienzos de Europa, Jean Monnet dijo la verdad y los hombres de Estado se la explicaron a los pueblos: éstos la entendieron. Hoy en día, no es la crisis griega lo que convendría explicar, sino el camino que condujo hasta ella. No se trata de reabsorber la deuda griega o española: se trata de poner un plazo o no a la estrategia del declive europeo. A fin de cuentas, deberíamos darles las gracias a los griegos quienes por imprudencia, eso sí, han interrumpido la siesta europea.

No catalogo da Library of Congress

Como estou fora de casa, e sem acesso à minha formidável biblioteca -- formidável por estar formidavelmente desorganizada, não por qualquer outro motivo -- tive de recorrer ao catálogo da Library of Congress -- possivelmente o melhor e mais completo do mundo -- para consultar as referências completas de alguns livros que pretendia citar em um recente trabalho terminado, livros que tenho, que já consultei, dos quais conheço amplamente o seu conteúdo, mas dos quais me faltavam alguns dados editoriais.
Aproveitando, ao final, coloquei o meu próprio nome para saber o que, por acaso, eles possuiriam sob o meu nome.
Não deu tudo o que eu escrevi e publiquei em formato de livros (faltam alguns pessoais, e incluiram outros que não são meus, com os quais apenas colaborei com algum artigo ou capítulo), mas o que deu pode ser considerado representativo.
Eis a lista:

Livros e capítulos de Paulo Roberto de Almeida no catálogo da Library of Congress

1) Almeida, Paulo Roberto de. Grande mudança: conseqüências econômicas da transição política no Brasil / Paulo Roberto de Almeida. 2003

2) Almeida, Paulo Roberto de. Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira / Paulo Roberto de Almeida. 2004

3) Almeida, Paulo Roberto de. Primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas / Paulo Roberto de Almeida. 2002

4) Envisioning Brazil: a guide to Brazilian studies in the United States, 1945-2003 / edited by Marshall C. Eakin and Paulo Roberto de Almeida. 2005

5) Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social / Yves Chaloult, Paulo Roberto de Almeida, organizadores. 1999

6) Pour comprendre le Brésil de Lula / Denis Rolland et Joëlle Chassin, coord.; avec Paulo Roberto de Almeida, Delphine Dabrowski-Sangodeyi, Sylvie Debs ... [et al.]. 2004

7) Almeida, Paulo Roberto de. Histoire du Brésil: pour comprendre le Brésil contemporain / Paulo Roberto de Almeida avec Katia de Queirós Mattoso. 2002

8) Almeida, Paulo Roberto de. Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império / Paulo Roberto de Almeida. 2001

9) Mercosul no limiar do século XXI / Marcos Costa Lima, Marcelo de Almeida Medeiros, orgs.; Paulo Roberto de Almeida ... [et al.]. 2000

10) Almeida, Paulo Roberto de. Brasil e o multilateralismo econômico / Paulo Roberto de Almeida. 1999

11) Almeida, Paulo Roberto de. Estudo das relações internacionais do Brasil / Paulo Roberto de Almeida. 1999

12) Guerra comercial ou integração mundial pelo comércio?: a OMC e o Brasil / Paulo Borba Casella, Araminta de Azevedo Mercadante, coordenadores ; [colaboradores, Paulo Roberto de Almeida ... et al.]. 1998

13) Almeida, Paulo Roberto de. Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização / Paulo Roberto de Almeida. 1998

14) Almeida, Paulo Roberto de. MERCOSUL no contexto regional e internacional / Paulo Roberto de Almeida. 1993

15) MERCOSUL: legislação e textos básicos / Paulo Roberto de Almeida, coordenador. 1992

16) Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências / Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa (organizadores). 2006

17) Encontro Internacional "América do Sul 2005: Desafios e Perspectivas" (2000 : Recife, Brazil) Lugar da América do Sul na nova ordem mundial / Marcos Costa Lima, organizador; Paulo Roberto de Almeida ... [et al.]. 2001

18) Brazil under Lula: economy, politics, and society under the worker-president / edited by Joseph L. Love and Werner Baer. 2009

19) Carvalho, Delgado de, 1884-1980. História diplomática do Brasil / Carlos Delgado de Carvalho; introdução, Paulo Roberto de Almeida. 1998

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...