sábado, 11 de setembro de 2010

Como diminuir a produtividade do Brasil...

Não é difícil: basta não fazer nada, e os outros países passam na frente.
Mas também tem outras formas ativas de contribuir para a deterioração geral da competitividade no Brasil, das quais enumero apenas algumas:
1) Continuar com uma carga tributária extorsiva (aliás crescente)
2) Expandir a intrusão do Estado na vida econômica
3) Aparelhar o Estado com militantes ignorantes, desprovidos de competência
4) Aumentar o poder das corporações sobre a determinação de políticas nacionais
5) Lotear cargos públicos por critérios políticos
6) Manter uma burocracia extensiva, sujeita a delongas ou corrupção
7) Ocupar estudantes com matérias dispensáveis, e várias inutilidades, em lugar de se concentrar no essencial da boa formação escolar
8) Avançar sobre a poupança privada, impedindo maior taxa de investimento na economia
9) Deixar a infra-estrutura se deteriorar, com pouco investimento na renovação ou conservação
10) Praticar políticas setoriais de cunho partidário, inclusive na frente externa, em ligar de cuidar apenas dos interesses nacionais
Etc., etc., etc. Poderia continuar mas bastam essas para evidenciar porque o Brasil é ultrapassado de longe por outros países que partiram de bases muito frágeis (China) ou que empreenderam o caminho das reformas (Chile)
Paulo Roberto de Almeida

Prioridades erradas afetam a competitividade do País
O Estado de S.Paulo, 10 de setembro de 2010

O Brasil caiu duas posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) - ficou acima da Rússia, do México e da Turquia, mas abaixo de Brunei, do Chile e do Azerbaijão, entre outros. A avaliação é anual, feita em parceria com a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo, e, de 2007 a 2009, o Brasil havia ganho 16 posições. A queda de agora é um alerta para o próximo governo.

O País saiu-se pior por causa da deficiência de políticas públicas de saúde e educação primária, do mercado de trabalho, além do enfraquecimento das agências reguladoras. Como a carga tributária não se reduziu no período, o problema não foi de falta de recursos, mas de gestão na sua aplicação. Exemplo: aplicou-se menos em saneamento básico e mais em subsídio ao crédito.

A classificação do WEF leva em conta fatores favoráveis ao Brasil, tais como as dimensões do mercado interno e o conteúdo local da produção, a solidez dos bancos e o desenvolvimento do mercado financeiro, a sofisticação dos negócios, o treinamento profissional e o ensino universitário, além do baixo custo da política agrícola.

E, apesar dos problemas da infraestrutura, os empresários consultados afirmaram que houve melhora nesse item - no qual o País passou do 74.º lugar para o 62.º lugar. "Se não fossem os transportes, especialmente na parte de estradas, o Brasil teria tido uma nota melhor em infraestrutura e, por tabela, no índice geral", notou o presidente do Movimento Brasil Competitivo, Erik Caramano.

Mas, em 139 países pesquisados, o País está em último lugar quanto ao peso da regulação pelo governo e à extensão e peso da tributação; no 136.º, por desperdício nas despesas do governo e spread na taxa de juros; e no 135.º, no tempo gasto para abrir um negócio. E ficou ainda entre os 15 piores países em rigidez do mercado de trabalho, confiança nos políticos, crime organizado, custo da violência para os negócios, qualidade dos portos e problemas aduaneiros.

Em especial, ocupou o 126.º lugar em qualidade em Matemática e Ciências e o 127.º, em qualidade do ensino primário. Da falta de conhecimento básico em Português e Matemática ao analfabetismo funcional é um passo.

Todavia, a queda do Brasil no ranking geral de competitividade neste ano se deveu a que outros países fizeram mais do que o nosso. Mais do que desqualificar os critérios do WEF, está claro onde é que se deve recuperar o terreno perdido.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Como derreter as contas publicas (e cometer ilegalidades no caminho)

Desde o início do lançamento do mal-chamado Fundo Soberano do Brasil, eu sabia que ele seria utilizado como uma caixa de socorro político e quase como um fundo eleitoral. A começar pelo fato de que o Brasil não reunia nenhuma condição para ter um "fundo soberano" em moldes clássicos: possuir superávit fiscal e superavit de transações correntes. Nada. O que se fez foi jogar dinheiro público, do orçamento, num fundo que passa a ser usado fora do orçamento, ao critério do governo.
Ou seja, os nobres senadores simplesmente falharam completamente em sua missão, dando ao governo um talão de cheques para ele usar à vontade, sem qualquer controle.
Só poderia dar no que deu: dinheiro público sendo utilizado de maneira completamente abusiva.
Quanto ao dólar, o que o governo diz também não vai ser feito: governos em geral adoram populismo cambial...
Paulo Roberto de Almeida

Fundo Soberano, CEF e BNDES podem atuar na oferta da Petrobras
DCI, 9.09.2010

O governo editou decreto que permite engenharia financeira para a participação do Fundo Soberano do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na capitalização da Petrobras. O decreto também permite que o governo receba receitas adicionais na operação, de modo a reforçar o seu caixa.

Pelo decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, com data da última quarta-feira, o valor das ações a serem permutadas deverá ser apurado com base na cotação de fechamento do dia útil anterior àquele em que se efetivar a operação. A diferença residual entre o valor das ações a serem permutadas deverá ser paga à União em moeda corrente.

Por outro lado, o BNDES e a Caixa foram autorizados a vender ou permutar até 217.395.982 de ações ordinárias da estatal petrolífera com o Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE). Administrado pelo Banco do Brasil, o FFIE é o fundo de investimento privado onde estão depositados os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O Ministério da Fazenda não explicou o conteúdo do decreto, que foi publicado.

Efeitos no dólar
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, realizou palestra na tarde de ontem, na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), e comentou a crescente valorização do real frente ao dólar. Ele disse que o governo irá tomar medidas para conter a excessiva alta da moeda. "Não deixaremos o real derreter. Vamos tomar medidas necessárias para impedir uma valorização excessiva ou indevida do real", disse, sem adiantar quais seriam essas medidas.

Segundo Mantega, o processo de capitalização da Petrobras, que atrai grande volume de investimento externo, pode ser o maior responsável pela valorização do real. Ele disse que o momento é de observação e com o fim da operação da Petrobras o quadro pode se alterar.

O momento desfavorável para as exportações em consequência da baixa do dólar também foi abordado pelo ministro. Ele ressaltou a importância de manter o equilíbrio das contas externas e citou o combate à guerra fiscal importadora como uma das preocupações para manter esse equilíbrio.

Mantega disse ainda que o brasileiro está com mais renda, viajando mais ao exterior, o que leva a um déficit da conta corrente em torno de 2,5% do PIB.

O Ministro anunciou ainda que o governo vai anunciar nos próximos dias algumas medidas para incentivar as emissões de títulos de dívida privados, como debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), como a isenção de Imposto de Renda para este tipo de operação. O objetivo é fortalecer o mercado secundário.

Obanomics: uma avaliacao critica do Wall Street Journal

Vale a pena ler por inteiro...
Paulo Roberto de Almeida

* REVIEW & OUTLOOK
The Obama Economy
How trillions in fiscal and monetary stimulus produced a 1.6% recovery.
Opinion, The Wall Street Journal, September 7, 2010

So two months before an election, and 19 months after the mother of all spending programs, President Obama said yesterday he's rolling out one more plan to stimulate the economy. We'll discuss the details when they're released, but the effort itself is a tacit admission that his earlier proposals have flopped. As the autumn economic debate gets underway, it's important to understand how and why we got here.

The recession preceded Mr. Obama's Inaugural by 13 months, according to the National Bureau of Economic Research, and so did the President's fiscal policy ideas. George W. Bush got there first. In February 2008, he and House Speaker Nancy Pelosi agreed on a $168 billion combination of federal spending and temporary tax rebates that were supposed to maintain growth through the housing market decline that election year.

Larry Summers, who would later become Mr. Obama's chief economic adviser, made the case for such a stimulus to boost domestic "demand" in late 2007. Any stimulus, he told the Brookings Institution, should be "timely, targeted and temporary." Peter Orszag, then at the Congressional Budget Office (CBO) before joining the Obama White House, made the same case.

The official GDP statistics did show a growth blip in the second quarter of 2008 to 0.6%, but third quarter GDP fell by 4%, and we all know what happened after the financial meltdown. Stimulus I failed.

Enter Stimulus II, the $814 billion plan that was also supposed to make up for lost private demand. It too was a combination of one-time tax rebates and spending, mostly on social programs like Medicaid rather than on "shovel-ready projects." Mr. Summers promised this would have a 1.5 "multiplier" effect on GDP growth, and White House economists Christina Romer and Jared Bernstein famously predicted the spending would keep the jobless rate below 8%.

All during this time, the Federal Reserve was also feeding the economy with unprecedented monetary stimulus, cutting its benchmark interest rate to near zero and expanding its balance sheet by more than $2 trillion by purchasing mortgage-backed securities and other assets.

During this time, too, Congress passed other industry-specific stimulus bills—cash-for-clunkers, the $8,000 home-buyer's tax credit, mortgage payment relief, and jobless pay up to 99 weeks. Yet all of this has merely stolen auto and home purchases from the future, with sales falling once the tax benefits expired. The housing market in particular may be softening again, despite historically low interest rates.

The recovery seems to have begun in summer 2009, with GDP growth hitting 5% in the fourth quarter on the backs of an inventory rebound and expansion overseas. But U.S. growth has since decelerated, to a mere 1.6% in the second quarter, and the jobless rate is 9.6% after three consecutive months of job losses. The economy is growing, but far too slowly to restore broad-based prosperity.

In sum, never before has government spent so much and intervened so directly in credit allocation to spur growth, yet the results have been mediocre at best. In return for adding nearly $3 trillion in federal debt in two years, we still have 14.9 million unemployed. What happened?

The explanations from the White House and liberal economists boil down to three: The stimulus was too small, Republicans blocked better policies, and this recession is different because it began in a financial meltdown. Only the third point has some merit, and for a different reason than the White House claims.

On a too-small stimulus, this isn't what Democrats or most Keynesian economists told us at the time. Even Paul Krugman, who now denies intellectual paternity for this economy, wrote on November 14, 2008 that "My own back-of-the-envelope calculations say that the package should be huge, on the order of $600 billion." The White House raised him by 33% two months later, but now we're told that wasn't enough.

Given that the stimulus program was so poorly structured and so overtly politicized, how do we know that, say, $500 billion more would have made a difference even on Keynesian terms? The money for government spending has to come from somewhere, which means from the private economy. Our guess is that by ensuring even higher debt and implying higher taxes, a bigger spending stimulus would have done even more harm.

Stimulus godfather Mark Zandi and CBO have produced studies claiming that the stimulus saved millions of jobs and thus prevented an even deeper recession. But these are essentially plug-and-play economic models that multiply the amount of dollars spent by the assumed impact on jobs based on previous studies, and, voila, the jobless rate would have been higher without such spending. In the real world, the economy lost 2.51 million jobs.

The claim that recessions rooted in financial panic pose special problems has more truth to it. Credit excesses built up over many years have to be wound down, and that takes time, while banks have to work down their bad assets. However, one good aspect of this recovery is that business balance sheets have shaped up nicely, thanks to productivity gains, and banks have been making healthy profits. The problem is that banks still aren't lending and businesses aren't hiring or investing enough.

Which brings us to another major cause of the Obama malaise. When it took office in 2009, many of us advised the Administration to focus on nurturing the recovery first and postponing social-policy priorities that would only add more economic uncertainty. All the more so given this recession's unusual financial roots.

Instead, Democrats embarked on the most sweeping expansion of government since the 1960s, imposing national health care, rewriting financial laws from top to bottom, attempting to re-regulate the telecom industry, and imposing vast new costs on energy, among many other proposals. Not to stop there, in January it plans to impose a huge new tax increase on "the wealthy," which in practice means on the most profitable small businesses.

Central to Mr. Obama's political strategy for passing these priorities has been trashing business and bankers as greedy profiteers. His Administration has denounced or held up as political or legal targets the Chrysler bond holders, Wall Street bonuses, Goldman Sachs, health-insurer profits, carbon energy investors, and anyone else who has dared to oppose any of its plans to "transform" U.S. society.

Only yesterday at a Labor Day event in Milwaukee, Mr. Obama was at it again, declaring that "anyone who thinks we can move this economy forward with a few doing well at the top, hoping it'll trickle down to working folks running faster and faster just to keep up—they just haven't studied our history. We didn't become the most prosperous country in the world by rewarding greed and recklessness."

Whatever else one can say about such rhetoric, it is not the way to restore business confidence or turn a fragile recovery into a durable expansion. It has only spread fear and even greater uncertainty.

As for blaming the Republicans, with only 40 and then 41 Senators they couldn't stop so much as a swinging door. The GOP couldn't even block the recent $10 billion teachers union bailout. The only major Obama priorities that haven't passed—cap and tax and union card check—were blocked by a handful of Democrats who finally said "no mas." No Administration since LBJ's in 1965 has passed so much of its agenda in one Congress — which is precisely the problem.

To put it another way, the real roots of Mr. Obama's economic problems are intellectual and political. The Administration rejected marginal-rate tax cuts that worked in the 1960s and 1980s because they would have helped the rich, in favor of a Keynesian spending binge that has stimulated little except government. More broadly, Democrats purposely used the recession as a political opening to redistribute income, reverse the free-market reforms of the Reagan era, and put government at the commanding heights of economic decision-making.

Mr. Obama and the Democratic Congress have succeeded in doing all of this despite the growing opposition of the American people, who are now enduring the results. The only path back to robust growth and prosperity is to stop this agenda dead in its tracks, and then by stages to reverse it. These are the economic stakes in November.

Poetas do livre comercio: ainda está em tempo de poetar comercialmente

Sim, a OMC (Organização Mundial do Comércio), tão criticada pelos altermundialistas e antiglobalizadores, quer ficar mais popular.
Por isso mesmo decidiu lançar um concurso de poesia. Sim, não estou brincando.
Vejam neste link.

Pode ser também um rap ou um slam (não, me pergunte o que é isso, pois eu não sei).

Num máximo de 110 palavras, os concorrentes devem tecer elogios ao livre comércio, ou simplesmente ao comércio internacional, além da própria OMC, claro.

Podem também atacar o protecionismo e o desvio de comércio (outro nome para a integração).

Mas, atenção: só até o próximo dia 15 de setembro, em inglês, francês ou espanhol, para este endereço postal: openday@omc.org

Bolsa-Familia: uma analise bem informada - Renata M. Bichir

Recomendo a leitura deste estudo de

Renata Mirandola Bichir:
O Bolsa Família na berlinda? Os desafios atuais dos programas de transferência de renda
Novos Estudos CEBRAP, Edição 87 - Julho de 2010

Resumo:
O artigo explora alguns pontos de discussão em torno do Programa Bolsa Família, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência de renda no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, discutem-se os principais desafios na sustentabilidade futura do programa.
Palavras-chave: Bolsa Família; políticas sociais; pobreza; desigualdade.

Nos últimos anos, novas formas de intervenção estatal contra a pobreza vêm sendo implementadas, especialmente sob a forma de políticas sociais focalizadas nos grupos mais vulneráveis da população, como os programas de transferências condicionadas de renda. Essa alteração no padrão de políticas sociais voltadas para o combate à pobreza ocorre em diversos países da América Latina, e não só no Brasil, destacando-se, por seu escopo e relevância em análises comparativas internacionais, os programas existentes no México (Oportunidades) e no Chile (Chile Solidário).

No Brasil, as políticas sociais passaram de um padrão de proteção social vinculado ao mundo do trabalho, restrito a categorias específicas de trabalhadores — configurando um sistema “corporativo” de proteção, nos termos de Gosta Esping-Andersen, e caracterizado como “cidadania regulada” por Wanderley Guilherme dos Santos —, a um padrão de políticas sociais de caráter regressivo no período autoritário, até sua expansão no sentido da universalização após a redemocratização.
Os programas de transferência condicionada de renda inserem-se em um novo padrão de programas sociais voltados à população mais pobre. Inspirados no projeto de imposto de renda negativo do senador Eduardo Suplicy, esses programas surgiram como políticas de combate à pobreza primeiro no plano local, em meados dos anos de 1990, como ações de garantia de renda mínima ou do tipo “bolsa escola”, destacando-se as experiências pioneiras de Campinas, Distrito Federal, Ribeirão Preto e Santos. Os programas federais vieram depois, primeiro com o Programa Bolsa Escola, em 2001, no governo FHC, e depois com a unificação das diversas ações e o aumento de seu escopo e relevância, no âmbito do Programa Bolsa Família, em 2003, já no governo Lula. De experiências pioneiras e pontuais, os programas de transferência de renda tornaram-se o “carro-chefe” da rede de proteção social brasileira.
O Programa Bolsa Família é hoje o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo, beneficiando, em 2007, 11,1 milhões de famílias ou 46 milhões de pessoas5. Contudo, há poucos consensos em torno desse programa, seja entre políticos de diversos partidos, seja entre especialistas em políticas sociais e programas de combate à pobreza.
Além da clivagem mais ampla entre políticas sociais universais e políticas focalizadas, há divergências em torno da eficácia e mesmo da necessidade das condicionalidades associadas ao programa, em torno de seus impactos, sua utilização político eleitoral, além de dúvidas em relação à sua sustentabilidade política e econômica no longo prazo, associadas à discussão das “portas de saída” para os beneficiários.

Esse [sic; deveria ser Este] artigo explora esses cinco principais eixos de tensão, partindo de uma caracterização dos desenhos institucionais dos programas de transferência no Brasil, desde as experiências municipais até os programas federais Bolsa Escola e Bolsa Família. Ao final, são apontados os principais desafios a serem enfrentados pelo programa Bolsa Família no futuro próximo.
(...)

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Machismo economico, e equivocos deliberados

Não é só no Brasil que personagens de escassa cultura econômica, ou de escassa cultura tout court, praticam aquilo que eu chamo de machismo econômico, ou seja, essa mania demagógica de reclamar do FMI por suposta ingerência na gestão econômica nacional.

Na Argentina também, onde já se cometem vários atentados contra a racionalidade econômica, responsáveis políticos adoram praticar esse tipo de machismo inconsequente.
Não estamos pertos de ver terminados esses arroubos inconsequentes.
Tem gente que vibra com esse tipo de bobagem.
Paulo Roberto de Almeida

Argentina insiste en que no dejará que el FMI revise sus cuentas
Infolatam
Buenos Aires, 9 de agosto de 2010

* Boudou negó una información publicada por Financial Times, que aseguró que Argentina estaba dispuesta a aceptar una revisión de sus cuentas por parte del FMI.
* "A Argentina le ha ido muy mal cuando el Fondo tenía una injerencia en sus políticas y esto tiene que ver con cuestiones macroeconómicas pero también con la vida de los argentinos", dijo Boudou.


El Gobierno de Argentina reiteró que no dejará que el Fondo Monetario Internacional (FMI) vuelva a revisar las cuentas públicas del país suramericano. “Argentina no va a dejar que el FMI monitoree nuestra deuda”, reiteró el ministro de Economía argentino, Amado Boudou.

De esta forma, el funcionario negó una información publicada este miércoles por el periódico británico Financial Times, que aseguró que Argentina estaba dispuesta a aceptar una revisión de sus cuentas por parte del FMI para lograr un acuerdo con el Club de París para renegociar millonarias deudas.

“A Argentina le ha ido muy mal cuando el Fondo tenía una injerencia en sus políticas y esto tiene que ver con cuestiones macroeconómicas pero también con la vida de los argentinos”, dijo Boudou.

El ministro señaló que “todos los argentinos saben lo que ha significado para ellos el monitoreo del FMI”, organismo con el que Argentina saldó toda su deuda en 2006.

“Esto no quita que nosotros sigamos formando parte del FMI y sigamos llevando nuestra voz para que el Fondo se siga transformando”, indicó.

Argentina anunció en septiembre de 2008 que saldaría con reservas monetarias su deuda de 6.706 millones de dólares en mora desde 2001 con el Club de París, integrado por 19 naciones desarrolladas, pero desde entonces no hubo un diálogo concreto en esa dirección.

Uno de los puntos a negociar es el monto de la deuda, ya que para el Club de París ascendería a 7.900 millones de dólares debido a los intereses punitivos sobre la deuda original.

En 2001, Argentina declaró el mayor cese de pagos de la historia, por unos 102.000 millones de dólares en bonos soberanos en manos de acreedores privados. La mayor parte de esa deuda, unos 81.800 millones de dólares, fue reestructurada en 2005, mientras que en junio pasado cerró un nuevo canje para refinanciar las deudas remanentes, proceso en el que logró una adhesión del 70,2 por ciento entre sus acreedores.

A humanidade permanece terrivelmente atrasada

Sorry, humanidade, ainda que você não me leia, eu vou confirmar o que já disse acima, com perdão dos meus leitores, a quem não incluo no conjunto: você é terrivelmente atrasada, mentalmente quero dizer, e infelizmente vai continuar assim por não sei quanto tempo mais, e isso graças ao fanatismo religioso, aos intolerantes e, também, claro, aos idiotas, pois sempre os há.

Eu tinha prometido não usar mais a expressão "idiota" para falar de alguém, mas neste caso retomo meu vício habitual: sim, o pastor da Flórida que ameaçou queimar um ou mais exemplares do Alcorão -- ou Corão, como quiserem, sem a partícula --, o livro sagrado dos muçulmanos, é um completo idiota, talvez ao quadrado. Pronto, ele já teve seus momentos de glória e até obrigou o presidente dos EUA a se pronunciar sobre o assunto.
Vamos adiante.

O que me surpreende tanto não é que a imprensa faça disso um momento de exploração da atenção popular. Sobretudo nos EUA, ela vive disso: qualquer idiota que comete um gesto insano -- e naquele país com livre disposição de armas isso é muito fácil -- recebe atenção praticamente universal, imediata, on live, com todos os clarins aplicados ao caso.

Não, o que me surpreende é que multidões fanáticas, certamente incitadas por líderes religiosos ou políticos irresponsáveis, venham imediatamente à tona do noticiário para prometer sabe-se lá que tipo de retaliação contra essa queima anunciada de um livro de papel.

Eu compreendo o papel difícil do presidente americano: ele quer preservar vidas americanas, pois sabe muito bem que, imediatamente após o gesto do pastor idiota, outras multidões idiotas e alguns militantes fanatizados, vão sair por aí queimando bandeiras, prédios e sobretudo matando americanos, quaisquer que sejam ele, onde quer que estejam. Infelizmente é isso que ocorre nesses casos.
O pastor idiota seria responsável pela morte inútil e estúpida de americanos inocentes e por perdas materiais enormes, além de todo o besteirol que isso cria em torno do caso. Mesmo que ele não venha a cometer seu gesto idiota, o mal já está feito, pois ele acaba de estimular fanáticos do outro lado a continuar atacando os americanos e a religião cristã de forma geral.

Por outro lado, eu gostaria que o mundo fosse mais avançado do que ele é: ou seja, que um idiota que quisesse ser iconoclasta, desrespeitador de religiões, ateu militante ou apóstata verbal -- isto é, sem cometer nenhum gesto violento contra pessoas ou propriedades -- pudesse sê-lo sem constrangimentos, em total liberdade, como aliás ocorre em grande medida nos Estados Unidos, certamente o país mais livre do mundo.
Infelizmente, o mundo não é tão avançado quanto eu e muitos gostaríamos: existem muitas pessoas, milhões, talvez bilhões, que tomam suas religiões por verdades absolutas, e que fazem disso uma profissão de fé tão ativa que revelam a intolerância com outras crenças e religiões.

Todo fanatismo, toda intolerância, todo exclusivismo são, no limite, irracionais, em geral idiotas, podendo até ser perigosos e fontes de conflito.

Infelizmente, isso vai demorar para terminar...

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Addendum em 11.09.2010:
Não sou o único a chamar esse pastor maluco da Florida de idiota:

Pastor idiota desiste de show idiota
Michael C. Moynihan
Ordem Livre - 10 de Setembro de 2010

Michael C. Moynihan é formado em história pela University of Massachusetts e trabalha como editor da Reason Magazine.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...