sábado, 16 de outubro de 2010

Interrupcao eleitoral (2): A Escolha de Sofia - Rodrigo Constantino

O material que segue abaixo, como explicitado, não é meu, e sim de um economista liberal. Não concordo necessariamente com tudo o que ele escreve, e provavelmente se tivesse de escrever nas mesmas linhas seguiria argumentos diferentes, ou adotaria um estilo diverso, talvez mais histórico, mais intelectual (ou conceitual), como melhor se ajusta a minhas preferências pessoais e maneira de me expressar. Mas -- e devo dizer isso claramente -- concordo com ele no essencial, e vou dizer em quê.
A escolha em 31 de outubro de 2010 não se refere à melhor política para o Brasil, mas apenas àquela que não nos afaste muito da preferível, ou da menor pior.
Com base no que conheço de economia e de política, com base no que aprendi lendo, pesquisando, refletindo, mas sobretudo viajando e conhecendo o mundo, reputo que as políticas que temos hoje nos afastam do Brasil que gostaria de ver avançando para mais democracia, para mais transparência, para menos corrupção, para mais investimento, mais criação de riqueza, mais oferta de bens e serviços a preços razoáveis (o que só se consegue com mais competição, não com cartéis ou monopólios estatais).
Porém, essencialmente e acima de tudo, eu tenho horror à mentira, à fraude, à falta de caráter, à desonestidade, à desfaçatez e também à mediocridade. Sou, sim, muito exigente comigo mesmo e, portanto, me considero no direito de ser exigente com todos aqueles que vão me representar, especialmente quanto ao presidente do país, meu chefe maior, se ouso dizer (mas eu sou muito anarquista para essa coisa de chefe).
Reafirmo aqui: acredito que nenhum dos dois candidatos à presidência encontra meu apoio sincero, incondicional. Encontro mentiras e fraudes em ambas as campanhas, demagogia até maior no candidato da oposição - que promete, de maneira TOTALMENTE IRRESPONSÁVEL, aumentar salário mínimo e dar 13o. salário para os "Bolsa-Família"!!! -- e constato a existência de populismo "rastaquera" nas duas frentes, ademais de companhias francamente desagradáveis, gente que eu jamais conversaria voluntariamente, que eu jamais gostaria de apertar a mão, mesmo hipocritamente, como às vezes somos levados, por dever de ofício.
Nem vou tocar nessas questões de religião, pois o debate já é suficientemente viciado e vicioso como está e nada do que eu pudesse dizer vai adiantar alguma coisa. Apenas lamento o foco excessivo nessas questões, pois deveriamos estar discutindo políticas públicas, não escolhas pessoais (que por certo têm uma interface pública, mas isso tem de ser debatido no parlamento e na sociedade civil, não tornar-se critério exclusivo de escolha presidencial).
Enfim, tenho motivos suficientes para reclamar de ambos.
Mas a escolha agora é para afastar o mal maior, para depois lutar contra as bobagens e incoveniências do mal menor: a demagogia, o populismo, o protecionismo, o estatismo, enfim, tudo aquilo que condenamos em certos políticos.
Apenas por isso transcrevo o artigo abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia
Rodrigo Constantino

Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam
Edmund Burke

Agora, praticamente é oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo.

Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?

Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável.

Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional - Socialista, em 1933, na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.

Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem.
Mas também existem algumas diferenças importantes.

O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios, os mais abjetos, para tal meta.
O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso.

O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista.
O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, ONGs, estatais, agências reguladoras, tudo!

O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador. Enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo.
Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Uma continuação da gestão petista através de Dilma, é um tiro certo rumo ao pior.

Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje.

Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos.

Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo bolivariano?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia. Mas anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal.
Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa.
Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio Dilma.
Meu voto não é a favor de Serra.

No dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro do governo Serra, como sou hoje do governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília.

Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo. Respeito meus colegas liberais, que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização - o que não é muito, mas é o que hoje devemos e podemos fazer!

Rodrigo Constantino

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O artigo acima foi escrito no final de 2009, pelo economista Rodrigo Constantino, autor de vários livros. Ele assina a coluna "Eu e Investimentos", do jornal Valor Econômico; também é colunista do jornal O Globo; além de ser Membro-fundador do Instituto Millenium e vencedor do prêmio Libertas em 2009, no XII Forum da Liberdade.

Interrupcao eleitoral (1): peco desculpas aos meus leitores

Este é um blog dedicado a temas de relações internacionais e de política externa do Brasil, como explicitado acima, mas também de debate de ideias, se possível inteligentes, em áreas afins a meus campos de pesquisa acadêmica e de trabalho profissional: políticas públicas, desenvolvimento, relações econômicas internacionais e políticas comercial, financeira e tecnológica, de preferência em perspectiva histórica e em escala comparativa, no plano internacional.
Voilà, acho que isso o resume o que sempre fiz e o que sempre procuro fazer neste blog. Minhas preocupações primárias, essenciais, são essas, e o que coloco aqui tem motivações basicamente didáticas, e já explico por que.
Tendo começado na vida acadêmica muito tempo atrás, no século passado, sempre empreguei o essencial de meu tempo livre e de minhas reflexões intelectuais com essa orientação especificamente didática, ou seja, traduzir minhas leituras em linguagem compreensível para alunos de graduação e de pós-graduação.
Sobre isso acrescento minha experiência profissional, na diplomacia, o fato de ter vivido em muitos países, ter viajado intensa e extensivamente, e de ter recolhido, sempre, impressões e informações empiricamente embasadas sobre tudo o que eu vi, tudo o que eu li, tudo a que assisti e registrei nesses anos todos (todos os meus trabalhos, desde o início, estão relacionados em meu site pessoal).

Pois bem, a despeito de todas essas preocupações intelectuais, também sou um cidadão brasileiro e não por ser obrigado a votar nas eleições -- sou contra o voto obrigatório, mas mesmo sendo facultativo eu votaria, em qualquer circunstância -- sou a favor de tomadas de posição, pois é evidente que é o meu destino, o de meus familiares e descendentes que está em jogo a cada escrutínio eleitoral.
Cada eleição é o momento de delegarmos a alguém a faculdade de usar o nosso dinheiro para fazer alguma coisa que reputamos importante, para nós mesmos ou para o Brasil.
Assim, não sou de me eximir em nenhum momento, e o ato de renunciar ao dever eleitoral -- sendo o voto obrigatório ou não -- me parece uma renúncia de escolha, uma indiferença que pode ser fatal, pois, queiramos ou não, nosso dinheiro vai ser usado por políticos para fazer algo de bom ou de menos bom -- talvez até algo de ruim -- no quadro da democracia representativa -- por certo falha -- em que vivemos.

Pensando assim, e pedindo mais uma vez desculpas a meus leitores, por trazer um tema fora do foco deste blog a baila, vou tomar posição.
Não a favor de qualqer um dos candidatos do segundo turno, pois eu não os considero os candidatos ideais, pelo menos não são os que eu escolheria para me representar. Tenho restrições a ambos, mas um dos dois vai "sobreviver", e passar a decidir como gastar o "meu" dinheiro a partir de 1o. de janeiro de 2011.
Sendo assim, prefiro, numa escolha de simples bom-senso, ou de senso comum -- o que não é o meu hábito -- escolher pelo menos ruim, pelo que vai desperdiçar menos o meu dinheiro.
Mas isso não é tudo, e talvez não seja o mais importante. Também entram aqui considerações questões menos prosaicas, que não tem a ver com dinheiro e sim com valores, com princípios, com a tal de ética na vida pessoal.

Como sabem todos os que me lêem, eu tenho alergia à burrice -- alerto imediatamente: não à ignorância, pois todos nascemos igualmente ignorantes, mas alguns, infelizmente, não têm chances de estudar e de se aperfeiçoar --, e me refiro aqui à incultura deliberadamente cultivada, que é aquela escolha por permanecer ignorante mesmo tendo todos os meios à disposição para se informar e esclarecer questões que são importantes para todos nós. A burrice voluntária, se ouso dizer, é algo grave, quando todos os meios existem para alguém se informar e fazer escolhas inteligentes.
Mas, o que mais tenho horror, mesmo, ojeriza, asco, repúdio absoluto, é por desonestidade intelectual, ainda que o adjetivo intelectual não deveria ser aplicado neste caso. Explico. Desonestidade intelectual é quando a pessoa tendo todos os instrumentos à mão para fazer uma escolha racional e para declarar isso de público, prefere recorrer à mentira por escolha política, por vantagens pessoais, por oportunismo profissional, enfim, por uma série de razões que não são confessáveis de público, e que ela justamente procura esconder, pois aquela escolha racional contrariaria, digamos, sua situação pessoal, seu conforto material, suas vantagens financeiras, enfim, tudo, menos o compromisso com a verdade e com a honestidade.

Sendo assim, vou pedir desculpas a meus leitores e proclamar abertamente minhas escolhas, de maneira honesta, objetiva, sincera, como sempre procurei ser neste blog, ou em qualquer outro espaço público que me é oferecido para expressar meu pensamento.

Como também sabem todos os que seguem este blog, grande parte do que vai aqui circulado não é de minha lavra, mas de terceiros: notícias, informações, análises, artigos de opinião, estudos de institições de pesquisa, etc., enfim, tudo aquilo que alimenta minhas reflexões e esparsos comentários precedendo cada um dos posts.
Eventualmente eu também coloco algumas das minhas produções, mas pouco, pois para isso disponho do meu site pessoal, onde informo escrupulosamente tudo o que produzo, e coloco à disposição tudo aquilo que posso (à exclusão, eventualmente, de material copyrigtheado por alguma editora ou revista que exige exclusividade).
Vou também seguir os mesmos procedimentos aqui, ou seja, postar material de fontes diversas, tentando sempre distinguir o que é FATO e o que é OPINIÃO, e encimando, sempre quando possível, de comentários meus sobre o que segue no post, ou seja, tomando partido, cada vez que isso for necessário, em relação ao material divulgado.

Creio que assim estarei sendo honesto, em primeiro lugar comigo mesmo -- já que tenho opiniões e posições um pouco sobre tudo, sem querer parecer pretensioso -- e em segundo lugar com meus leitores, que me honram com suas visitas e comentários (sempre bem-vindos, mesmo alguns malucos e francamente ilisíveis).

Dou início, assim, a uma série de posts -- como sempre irregulares e alternados -- sob essa rubrica geral de "Interrupção eleitoral".
Este é o momento que estamos vivendo, e a escolha que fizermos agora -- AS escolhas, no caso de quem tem de votar para governador, também -- vai influenciar nossas vidas pelo menos pelos próximos quatro anos, e provavelmente mais além, pois ações governamentais possuem o que se chama de "lasting effects", ou seja efeitos prolongados no futuro.

Não vou me eximir, não vou me ausentar, farei o que todo cidadão deve fazer, em sua comunidade, em sua "ágora", em seu país, para fazer da nação (e quem sabe até do mundo) um lugar melhor do que o que recebemos, para que os que vierem atrás de nós não tenham de se bater com os mesmos problemas que enfrentamos hoje: uma nação ainda insuficientemente desenvolvida, um sistema político tremendamente corrupto, ausência de segurança para todos os que saem às ruas das grandes metrópoles (e de outras cidades também), ameaças de desemprego, de inflação, de aumento de tributos, de falhas nos serviços públicos, de péssima qualidade nos sistemas públicos de saúde, de educação, de transportes, os preços absurdos que pagamos para nos alimentar, para nos abrigar, nos comunicar, enfim, tudo isso que vocês reconhecem como problemas reais do Brasil.
Meu esforço de contribuir para uma melhor solução a esses problemas -- não a ideal, por certo, mas uma mais aceitável do que a outra -- vai refletida nos próximos posts.

Espero a indulgência dos que me lêem e paciência dos que não gostam desse tipo de assunto. Mas esses podem simplesmente "skipar" o post, ou até abandonar o blog.
Os que ficarem, e escolherem ler, saberão qual é o meu "partido", qual é a minha escolha. Na verdade, não tenho partido e nunca terei. Não sou de partido, sou apenas eu sózinho e minha consciência (e este computador e a conexão, como intermediários).

Saudações
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 16.10.2010)

Por que a Franca vai para o brejo...

...o Brasil também, mas ainda não encontrei nenhuma frase como esta de uma adolescente manifestando contra a reforma da previdência na França, que pretende elevar a idade de aposentadoria, dos atuais 60 anos, para 62 anos mas apenas em 8 anos à frente:

"Eu, quando chegar aos 60 anos, quero ter o direito de não trabalhar mais!"

Dito por uma jovem de 16 anos, inquirida sobre a razão pela qual aderia aos protestos, no quadro das manifestações dos ditos "movimentos sociais" que contestam a legislação para o alargamento da idade da reforma em França.

Bem, acho que, modestamente, vamos pelo mesmo caminho...

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Meu comentário de ordem geral ao problema previdenciário:

TODAS as situacoes previdenciarias, em TODOS os países do mundo, mais cedo ou mais tarde, sao desastrosas, seja pelo lado da renda (e dos benefícios) dos aposentados, seja pelo lado fiscal, dos déficits públicos, que afetam os ativos.
    Essas manifestacoes francesas, contra a elevacao de meros 2 anos na idade limite, em 8 anos de prazo, são patéticas, e por isso mesmo a França vai para o brejo. Nós também aliás...
    TODOS os países precisam: (a) reduzir os benefícios; (b) aumentar a idade limite; (c) aumentar as cotizacões, pelo prazo ou pelos valores.
    Esta última opção, aliás, é a que se desdobra nas duas opções básicas: continuar no regime geral, de repartição; ou instituir o novo regime, já existente em vários países, de capitalização, em contas individuais (a que mais favorece a poupança e os investimentos).
    Essa transição não é fácil, e muitos países desistiram de fazer, pois o buraco a ser coberto seria muito grande (mas quanto mais se espera, mais ele aumenta).
    Independente de qual regime "escolher" (na verdade, as sociedades só escolhem obrigadas, e no meio da crise), o que é certo é que: (a) caminhamos para a crise fiscal em todos os regimes de repartição (mais cedo ou mais tarde, dependendo da estrutura demográfica do país); (b) benefícios vao ter de ser reduzidos; (c) a idade também vai aumentar.

    A única certeza, tirante a famosa frase keynesiana, é que nossos filhos e netos vão herdar uma conta pesada.
    Sociedades que tenham grande produtividade do trabalho humano vão se sair melhor; sociedades de educação medíocre, como a nossa, vão sofrer muito mais...

Um retrato da nossa miseria academica: infelizmente, sobrou isso...

Apenas um pequeno trecho de uma mensagem recebida de um dos nossos academicos a propósito da situação atual da universidade brasileira e das políticas supostamente propostas e apoiadas pelos candidatos das duas coalizões em luta pela presidência atualmente.
Destaque-se apenas o maniqueísmo artificial, o divisionismo reducionista, o simplismo analítico e a má-fé dos argumentos que defendem uma posição e atacam a outra. Nunca antes neste país, a ignorância dominou tanto e tão amplamente as consciências daqueles que hipoteticamente deveriam ser melhores do que a média. Nuca antes neste país, a mediocridade avançou tanto e tão rapidamente, a galope, praticamente, para tornar a universidade pública ainda mais distante da realidade do que ela já era.
Enfim, não tenho nenhuma ilusão de que a média dos leitores deste blog concorde comigo, mas não vou deixar, por causa disso, de expressar o que penso a respeito de uma situação que considero lamentável, um perfeito retrato de nosso subdesenvolvimento mental, uma receita acabada para prolongar o surrealismo acadêmico e a irrelevância universitária para resolver os problemas do Brasil.
Isso ocorre no chamado "andar de cima", para usar as palavras de um famoso jornalista, que na verdade só tem palavras, muita forma, muito estilo, para pouco conteúdo, para nenhuma realidade.
No "andar de baixo", infelizmente, grassa o mais elementar e idiota repasto bovino das pedagogas freireanas, o mais acabado conjunto de sandices pedagógicas que nos foi dado completar. Esse pessoal não é ao menos criativo: fica repetindo o que disse um alucionado no início dos anos 1960, sem ter conseguido, até agora, formular nada de minimamente inteligente.
A miséria pedagógica e a tragédia educacional vão continuar por muito tempo no Brasil.
Deixo vocês com esse trecho magnifico da nossa idiossincrasia acadêmica.
Paulo Roberto de Almeida

Recebido de um correspondente, em debate sobre a universidade e as eleições:

Se Gramsci dizia que devemos transcender as demandas corporativas, isso não significa que elas não possuem relevância, mas sim que elas devem ser articuladas em um projeto maior de hegemonia. A questão é: quais demandas atender e como?

Ao meu ver, o governo FHC, em vista de sua opção por uma inserção subordinada no sistema internacional, e de desmontar o Estado desenvolvimentista, optou, na área da educação superior por dar total apoio ao ensino privado e esmagar o conjunto do sistema federal.

Há relatórios do MEC deste período que expressamente afirmam que as universidades federais são apenas fontes de custo. Já o governo Lula, embora não tenha contrariado frontalmente os interesses do ensino privado, conseguiu re-equipar e fortalecer as universidades federais, o que se insere em seu programa desenvolvimentistas, mesmo com todas as suas ambigüidades.


Chega, isso já dá uma ideia do conjunto.
Não tenho nenhuma ilusão, ou esperança de que a situação reverta, ou melhore, any time soon. Temos isso, e teremos isso, pelo futuro indefinido...
Paulo Roberto de Almeida

A Economist fala sobre o nada: Republica Surrealista Popular da Coreia do Norte

A revista britânica The Economist (que existe desde 1844 e é certamente a melhor revista do mundo, ainda que muitos discordem disso, mais por prevenção ideológica do que por razões objetivas) raramente traz matérias sem importância nenhuma, ou seja, reportagens sobre o nada.
Ela é mais conhecida por sua fina ironia, por vezes por um sarcasmo sutil.
Pois bem, a matéria abaixo é só ironia, e eu até diria de um sarcasmo atroz.
Falar de flores para se referir à Coréia do Norte é, segundo as mentes mais sensatas, o absurdo dos absurdos.
Mas é a isso que corresponde exatamente a Coréia do Norte, provavelmente o Estado mais absurdo que possa jamais ter existido na face da Terra, o reino mais surrealista que já apareceu em nosso pobre planeta, a situação mais esquizofrênica jamais conhecida na geopolítica mundial, o país do sofrimento absoluto (tirando o Zimbabue, claro).
Enfim, a Economist exagera em falar do nada neste artigo abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Asia view
North Korean iconography
A Kimjongunia would smell as sweet
The Economist, October 14th 2010

PYONGYANG - SOMETIMES there are Kimilsungia exhibitions. Sometimes there are Kimjongilia ones. Citizens of Pyongyang are also treated to combined Kimilsungia and Kimjongilia shows. One such got underway at the beginning of this month, at the Kimilsungia-Kimjongilia Exhibition House: innumerable pots filled with the same two kinds of plant, a monotony alleviated only by a guide’s prediction that North Korea will one day get a third variety.

Kim Jong Il has resisted his late father Kim Il Sung’s predilection for studding North Korea with statues of himself (Pyongyang’s first of Kim Jong Il was reportedly unveiled earlier this year, 16 years after he succeeded his father as North Korea’s leader). Instead, Kim Jong Il says it with flowers. Foreign correspondents invited in for celebrations of the ruling party’s 65th birthday on October 10th saw them everywhere: on billboards, on huge digital screens erected for the festivities on Kim Il Sung Square, in a cascading display in the hotel lobby and in endless profusion at the exhibition (along with huge portraits of the two Kims).

Kim Il Sung officially remains president, against the odds, but the Kimjongilia, a giant red begonia, somehow leaves its visual stamp on Pyongyang even more pervasively than the Kimilsungia, a normal-sized purple orchid. It might be said that the Kimjongilia’s bouffant petals echo the hairstyle of North Korea’s eponymous ruler, but a guide at the exhibition has a more politically correct explanation of the flower’s appearance. Its bright red hue, she says, reflects Kim Jong Il as a “person of passion, with a very strong character”.

A journalist asked whether different temperature requirements made it difficult to keep begonias and orchids together. “We grow them with our hearts”, said the guide. In August North Korea’s Kimilsungia and Kimjongilia Research Centre came up with what might be a more reliable way of getting the best out of the Kimjongilia. After “years of research”, said the state news agency KCNA, it devised a chemical agent that could lengthen the blooming period by a week in summer or by 20 days in winter.

Interspersed among the potted plants were occasional models of items representing the two leaders’ great achievements: “a nuclear weapon” was how the guide described one missile-like object. Another was a model of a rocket supposedly carrying a satellite into space (the actual rocket blew up after launch in April 2009, but North Korean officials resolutely insist that it successfully put a satellite into orbit). Another represented a hand grenade, rifle and rocket launcher. But, no doubt deliberately, it was the Kimjongilia’s redness that struck the eye.

One display was of potted Kimjongilias supposedly donated by foreign diplomatic missions. China’s was uppermost, together with a photograph of Kim Jong Il shaking hands with China’s president, Hu Jintao. Individual European countries were conspicuous by their absence, but there was one pot plant there in the name of the European Union. (The North Koreans had tried to gouge each of the seven European embassies in Pyongyang for flower contributions—though hard currency, it was understood, would do nicely in lieu. The single Kimjongilia was their cost-saving solution.)

Oddly for plants that have acquired such crucial political significance in North Korea—the army has its own huge breeding centre for them—both are actually foreign creations. The Kimilsungia was presented in 1965 by Indonesia’s founding president, Sukarno, and the Kimjongilia arrived in 1988, courtesy a Japanese botanist. Kim Jong Un, Kim Jong Il’s anointed successor, who was seen by foreign journalists for the first time on October 9th and 10th, has yet to acquire a flower. “In future we will have one”, assures the guide.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Banco Nacional de Desenvolvimento das Causas Engajadas

A Revista Piaui traz matéria sobre o BNDES na Era Lula.
Apenas um trecho:

Em quinze dias de banco, Lessa mudou todos os diretores e superintendentes. “Aquilo lá estava coalhado de tucanos e gente favorável à privatização; eu não podia trabalhar com aquelas pessoas”, explicou. Funcionários tarimbados foram isolados em pequenas salas e deixados sem função. Alguns entraram em depressão e outros se aposentaram. Lessa fez um concurso público e aumentou o número de funcionários de 1 600 para os atuais 2 250. Os novos foram treinados no ideário desenvolvimentista e orientados a não conversarem muito com os antigos. “Foi um período de horror”, contou um velho funcionário. “Havia até câmeras nas salas para vigiar os funcionários.”

Republica Otimista Bolivariana e as exigencias para a ONU

Bem, todo mundo conhece minha posicao sobre a dita república, mas confesso que a matéria abaixo me encantou pela "exigência".
Um dia isso vai ser realidade..

Venezuela exige en la ONU la destrucción total y completa de armas nucleares
(nada menos do que isso...)

El representante permanente de Venezuela ante la Organización de Naciones Unidas (ONU), embajador Jorge Valero, exigió ayer jueves en ese foro internacional la destrucción total y completa de las armas nucleares en el mundo.

“Venezuela considera que la única garantía de la paz y la seguridad internacionales es la destrucción total y completa de las armas nucleares. Así lo exigimos”, enfatizó durante un debate temático sobre armas nucleares efectuado en la sede de la ONU en Nueva York, Estados Unidos.

Dijo que desde el inicio de la era de las armas nucleares el mundo vive bajo la amenaza latente de una guerra nuclear, “que significaría el exterminio de la especie humana. La mera existencia de estas armas representa uno de los más graves peligros para la humanidad”.

Subrayó que la delegación venezolana considera “que los países poseedores de armas nucleares tienen la mayor responsabilidad en la aplicación de medidas tendientes a reducir y eliminar sus arsenales nucleares, en consonancia con la letra y espíritu del Tratado de No Proliferación (TNP)".

“El presidente de la República Bolivariana de Venezuela, Hugo Chávez, ha alertado al mundo de que el mayor riesgo de que se desate una guerra nuclear en el mundo proviene de Israel, que tiene bombas atómicas”, expresó.

Destacó la necesidad de continuar “trabajando en el fortalecimiento del plan de acción adoptado para el desarme nuclear, con plazos debidamente establecidos”.

“Mi delegación subraya la necesidad instrumentar el Plan de Acción para el desarme nuclear y se fije el año 2025 como la fecha límite para el logro de un mundo libre de armas nucleares”, agregó.
Agencia Venezolana de Noticias (AVN) (Viernes 15/10/2010)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...