segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Nazistas ladroes: obras roubadas, confiscadas de judeus (Le Monde)

Près de 1 500 tableaux confisqués par les nazis découverts à Munich
Le Monde.fr avec AFP | 03.11.2013

Près de 1 500 tableaux de maître, propriétés de collectionneurs juifs, auraient été retrouvés en 2011 dans l'appartement d'un octogénaire à Munich, révèle dimanche 3 novembre l'hebdomadaire allemand Focus. Une découverte qui jusqu'ici n'avait pas été rendue publique et que le parquet d'Augsbourg, compétent dans cette affaire, n'a pas voulu confirmer.
Parmi les toiles, d'une valeur totale de près de 1 milliard d'euros, figureraient des œuvres de Picasso, Matisse, Chagall, et de grands noms allemands comme Emil Nolde, Franz Marc, Max Beckmann et Max Liebermann.
D'après Focus, le père de l'octogénaire, Hildebrand Gurlitt – célèbre collectionneur allemand –, avait acheté ces tableaux dans les années 1930 et 1940 : des toiles soit confisquées par les nazis à des juifs et revendues ensuite, soit vendues à bas prix par des juifs en fuite, soit saisies par les agents du IIIe Reich parce que considérées comme de "l'art dégénéré" – par opposition à l'art officiel prisé par Hitler – et revendues ensuite par les nazis.

UN "MATISSE" DE LA COLLECTION DE PAUL ROSENBERG
Hildebrand Gurlitt, peu apprécié des nazis au départ à cause d'une grand-mère juive, sut se rendre indispensable auprès des dignitaires du IIIe Reich grâce à ses innombrables contacts et ses immenses connaissances dans le domaine de l'art. Il fut ainsi chargé par le ministre de la propagande, Joseph Goebbels, de vendre dans des pays étrangers des tableaux d'"art dégénéré" exposés dans des musées allemands. Après la seconde guerre mondiale, le collectionneur sut se défendre de ses accointances suspectes en mettant en avant ses origines juives et sa non-appartenance aux organisations du Reich. Il affirma également avoir aidé des juifs et des artistes persécutés en achetant leurs biens.

Pendant près de cinquante ans, le fils avait gardé ces tableaux dans des pièces sombres de son appartement. Au fil des années, il les avait vendus et avait vécu du fruit de ces ventes. Selon le journal allemand, son comportement suspect a amené la police allemande à perquisitionner son appartement en 2011, ce qui leur a permis de découvrir les tableaux. Parmi les œuvres découvertes, se trouve un tableau d'Henri Matisse qui avait appartenu au collectionneur juif Paul Rosenberg, forcé d'abandonner sa collection lorsqu'il avait fui Paris.

Companheiros muy amigos dos companheiros cubanos, muy curiosos - Opiniao (O Globo)

ROBERTO LOPES
O Globo, 2/11/2013

A inteligência militar brasileira está inquieta. Diplomatas de Cuba vêm assediando funcionários de missões diplomáticas brasileiras no exterior, em busca de informações sobre: (a) a expansão do esforço antidrogas do Brasil na América do Sul, em substituição ao papel antes desempenhado pelo governo americano — fato que ocorre, por exemplo, na Bolívia; (b) a real medida da resistência brasileira à importação de médicos cubanos; (c) os motivos que levam a maioria dos formadores de opinião do país a se entrincheirar contra o chavismo.
Tal aproximação representaria o início de um processo de infiltração da inteligência cubana no Brasil, já que, em Havana, o recrutamento de diplomatas para serviços de coleta de informações é rotineiro.
Recentemente, oficiais lotados no Ministério da Defesa tentaram neutralizar a atuação dos civis petistas que facilitam a parceria com os cubanos na área das informações estratégicas. Mas não conseguiram. Tais servidores parecem ser irremovíveis, e não porque tenham sido nomeados pela presidente Dilma Rousseff, mas porque fazem parte da cota pessoal do ex-presidente Lula na administração federal.
O pessoal do G2 — Seguridad del Estado — e da contraespionagem militar cubana teve facilidade em dominar o aparato de segurança interna e a contraespionagem venezuelanos, porque lá o chavismo exigiu a politização das Forças Armadas. Coronéis (e simples majores) castristas desfilam como se fossem divindades pelos quartéis venezuelanos. À passagem deles, diz-se, os militares locais juntam os calcanhares e adotam rígida posição de sentido.
O Brasil é, felizmente, um desafio imensamente maior para os cubanos que a Venezuela, ou a Bolívia do compañero Evo. Tanto o ex-presidente Lula quanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, já precisaram ouvir de patentes militares que o pior que poderia acontecer no país seria a politização das Forças Armadas brasileiras. E isso porque, no Palácio do Planalto, houve quem (do alto da barba, dos óculos e da gravata borboleta) sonhasse com oficiais-generais lulistas...
Nunca existiu um partido que apoiasse tanto a renovação dos meios de Defesa no país quanto o PT (e um que frustrasse tanto as expectativas dos militares quanto o PSDB), mas o preço que os petistas cobram por seu apoio é alto.
Essa conjunção de fatores fez surgir certa expectativa em relação à dupla Eduardo Campos/Marina Silva. Ele, neto de um político no passado perseguido pelos militares; ela, a guerreira da Amazônia, que representa um potencial de problemas a certas medidas consideradas urgentes pelos militares, como a modernização da BR-319 (Manaus-Porto Velho).
A questão é que, além dos seus históricos pessoais, a dupla Eduardo/Marina também oferece um compromisso com ética e ação governamental (desenvolvimentista) mais eficiente. E isso é, verdadeiramente, novo.
Talvez eles até consigam deixar o Itamaraty esticar o pescoço por cima da linha do Equador, para enxergar que existem chances de cooperação fora do eixo Sul-Sul. E, ao afrouxar a rigidez sobre o leme, permitam que a nau gire suavemente, adotando outra proa.


© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

domingo, 3 de novembro de 2013

O baixo crescimento tornou-se a nova norma da economia mundial? - Cato Institute debate

Is Slow Growth the New Normal?
Policy Forum
Cato Institute, October 29, 2013 12:00PM
Hayek Auditorium

Featuring Brink Lindsey, Vice President for Research, Cato Institute; Tyler Cowen, Professor, George Mason University; and Martin Baily, Senior Fellow, Brookings Institution; moderated by Annie Lowrey, Reporter, New York Times.
The sluggish recovery from the Great Recession raises a troubling question: is this the new normal? Tyler Cowen launched an ongoing debate of that question with The Great Stagnation, in which he argued that the “low-hanging fruit” of growth has already been picked. In a new Cato paper entitled “Why Growth Is Getting Harder,” Brink Lindsey offers an analysis that differs from Cowen’s but shares his conclusion that slow growth will be hard to avoid in the coming years. Martin Baily, one of the world’s leading experts on productivity, is optimistic about the future of innovation but cautions that other factors can hold growth back. Please join these experts for a stimulating discussion of a vitally important issue.

Share Video
Embed code:
<iframe src="http://www.cato.org/longtail-iframe/node/49149/field_longtail_player/0" width="640" height="360" frameborder="0" allowfullscreen webkitallowfullscreen mozallowfullscreen></iframe>
Select
Video link
Select

O ambiente infernal de negocios no Brasil: o purgatorio dos empresarios(ou pior...)

Transcrevo integralmente (mas ele também já tinha transcrito) postagem de meu amigo de causas racionais Orlando Tambosi, com matéria da Veja.com sobre o péssimo ambiente de negócios no Brasil, o que é amplamente conhecido e não deve surpreender mais a ninguém.
O que surpreende, na verdade, é a passividade dos empresários e de toda a classe capitalista ante esse quadro de horrores. Tenham absoluta certeza de que a situação real, nas práticas cotidianas numa infinidade de setores que dependem, de alguma forma, de regulação ou intervenção estatais, o quadro é muito "mais pior" -- como diría um energúmeno que já exerceu altos cargos -- do que qualquer descrição ou classificação de agências internacionais.
Aliás, a classificação média citada abaixo -- lugar 116 numa escala mundial -- não reflete todas as ruindades perpetradas pelo Estado, e particularmente por este governo anticapitalista e armado de uma política econômica esquizofrênica, contra os setores produtivos do Brasil.
Com efeito, se desagregarmos os diversos elementos do indicador do Banco Mundial, e separarmos, de um lado, o que seria microeconômico -- ou seja dependente exclusivamente das empresas -- e de outro o lado macroeconômico, portanto vinculado ao governo ou ao Estado, a classificação do Brasil melhoraria razoavelmente no primeiro caso -- com um ranking próximo de 80 -- e pioraria substancialmente no outro, jogando o Brasil acima da posição 150, demonstrando cabalmente todas as perversidades de que é capaz esse governicho contra os interesses de TODOS os brasileiros, e não só contra os empresários, que os companheiros só querem tosquiar em seu benefício de "nova classe".
Não sei porque os empresários não se revoltam contra um governo que os está levando à bancarrota, ou apenas os protege temporariamente da concorrência estrangeira, obrigando-nos a pagar mais caro e comprometendo gravemente o futuro do Brasil e dos brasileiros. Os empresários, pelo menos os que não são covardes, precisariam começar por suspender TODO e qualquer financiamento partidário e depois se organizar para lutar, e eu digo LUTAR, contra uma estrutura tributária e procedimentos dirigistas não só extorsivos e injustos, mas profundamente irracionais, no limite do fascismo (o que eu acredito que já está plenamente conformado entre nós). Muitos pensam que podem lograr uma "relação cooperativa" com os companheiros ignaros, que só querem monopolizar o poder e continuar sua obra de extorsão fiscal e de imposição de regras abusivas e irracionais.
Está na hora de iniciar o que eu chamo de "fronda empresarial".
Aux armes, bourgeois et capitalistes, soyez braves, pour une fois...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil patrimonialista e burocrático sufoca os empreendedores

Veja.com, 2/11/2013

Não chega a ser novidade, num país que ainda está longe de ser capitalista. Aqui, o Estado atrapalha tanto para abrir quanto para fechar uma empresa. Na década petista, obviamente, a coisa só piorou:

Há quatro anos, o empresário Caito Maia, dono da marca Chilli Beans, foi surpreendido por uma mudança nos trâmites burocráticos para a importação de mercadorias. Uma carga de 100 000 óculos procedente da China, onde são fabricados, ficou retida nos Estados Unidos durante três meses. Para evitar o desabastecimento, ele trabalha hoje com grande quantidade de produtos em estoque no Brasil. “É um pesadelo, porque preciso investir na compra dos produtos muito antes de receber o dinheiro das vendas”, conta Maia. A Chilli Beans nasceu em 1997 como uma barraca em feiras de roupas em São Paulo e hoje está em 580 lojas e quiosques no Brasil e em outros quatro países, incluindo os Estados Unidos. A marca não morreu pelo caminho, como ocorre com a maior parte dos negócios abertos no Brasil, mas sua trajetória teria sido ainda mais virtuosa se não fosse submetida a operar em um dos mercados mais hostis ao empreendedorismo no planeta. Barreiras às importações, burocracia e sistema tributário kafkianos, imprevisibilidade na execução de prazos e incertezas jurídicas são alguns dos obstáculos que devem ser superados, cotidianamente, pelos empresários.
O descompasso do ambiente de negócios brasileiro fica explícito no cotejo internacional. Enquanto outros países se esforçam para incentivar os investimentos, reduzindo a tributação e a burocracia, no Brasil o avanço nesse sentido é lento, como revelou a mais recente edição do estudo Doing Business (“fazendo negócios”), do Banco Mundial, divulgada na semana passada. Entre 189 economias analisadas, o Brasil aparece em uma modesta 116ª posição. O país é particularmente mal avaliado em aspectos como tributação e facilidade para abrir um negócio. Desde 2005, quando o ranking passou a ser divulgado, o avanço brasileiro foi insignificante. Já países como a Coreia do Sul e o Peru ganharam diversas posições no ranking. “Os governos ao redor do mundo estão cada vez mais conscientes dos benefícios trazidos por um ambiente regulatório que facilite os negócios”, afirma a economista Rita Ramalho, uma das autoras do estudo. Os sul-coreanos, por exemplo, reduziram o imposto sobre o lucro das empresas. No Peru, desde 2005, o número de dias necessários para abrir uma empresa caiu de 102 para 25. No México, os processos de insolvência demoram menos de dois anos para ser resolvidos, e 67% do dinheiro dos credores é recuperado. No Brasil, os trâmites se arrastam por quatro anos, e a taxa de recuperação dos recursos é de 20%. (Veja).

Venezuela nega o que de fato pratica: calote nos seus pagamentos externos (Brasil primeiro)


BBC-Brasil, 31/10/2013

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, negou que a crise de desabastecimento que atinge o país tenha virado ponto de tensão na relação com o Brasil.
Em entrevista à BBC Brasil, ele desmentiu que o desembarque em Caracas de uma comissão especial enviada por Brasília tenha tido como objetivo a cobrança de dívidas do governo venezuelano com empresários brasileiros.
“A presidente Dilma (Roussef) enviou uma comissão para ver de que maneira podemos ampliar as importações e fazer frente à guerra econômica que estamos enfrentando”, afirmou o ministro Jaua. “Em nenhum momento foi tratado este assunto (dívida)”, acrescentou.
Jaua rebateu rumores sobre uma mudança de tom por parte da diplomacia brasileira logo após recepcionar os ministros colegas do Mercosul em uma cúpula do bloco na Casa Amarela, sede da chancelaria.
Segundo a imprensa brasileira, a comissão foi enviada a Caracas para cobrar calotes de pagamentos de exportações do Brasil feitas neste ano.
Jaua também minimizou o atraso no pagamento das faturas das importações brasileiras. Empresários não revelam o total da dívida, mas somente neste ano, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões à Venezuela.
“Não há nada diferente” no ritmo habitual do pagamento das faturas, afirmou o chanceler. Jaua disse que detalhes da balança comercial não são de competência da sua pasta, mas admitiu que pode haver dificuldades no pagamento devido às restrições para o acesso à divisas.
“Temos problemas com a concessão de divisas para importações, mas o governo está trabalhando para solucionar isso”, afirmou.

Controle cambial
O governo acusa empresários que, para importar alimentos, têm acesso ao dólar oficial, de guardar as divisas no exterior ou vendê-las no mercado paralelo, em vez de usá-las para a compra de produtos de primeira necessidade para abastecer o país.
Já os empresários venezuelanos dizem que a política de controle de divisas do governo tem impedido acesso aos dólares necessários para pagar suas dívidas.
O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, esteve em Caracas na semana passada, acompanhado do assessor especial para assuntos internacionais da presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia. Publicamente, Pimentel manteve o discurso do governo e disse que o Brasil ajudaria a Venezuela a “vencer” a “guerra econômica”.
“Fizemos os planos para que, de maneira imediata, os produtos que fazem falta na Venezuela para esta conjuntura saiam do Brasil”, afirmou, após reunião com o presidente Nicolás Maduro, no dia 21.
“Ativamos de imediato planos especiais para conseguir o superabastecimento de produtos-chave que foram golpeados por essa guerra econômica de especulação”, acrescentou.
O diretor da Câmara de Comércio Venezuela-Brasil, Fernando Portela, disse que apesar de haver atrasos no pagamento de algumas faturas, o Brasil está mais preocupado em ampliar as exportações para o vizinho caribenho e frear a entrada de produtos chineses no mercado venezuelano.
“Nessa situação, o Brasil não pode vir puxar as orelhas do governo venezuelano, a mensagem vem em outro sentido”, disse Portela à BBC Brasil.

Queda no comércio
Um fator de preocupação para o Brasil seria a queda de 17% no comércio bilateral neste ano. Em 2012, o Brasil exportou US$ 5 bilhões à Venezuela.
Apesar da queda nos números em geral, a importação dos produtos essenciais para combater a escassez, como carne bovina, carne de frango, açúcar e medicamentos, cresceu cerca de 30%.
O setor de alimentos, que corresponde a cerca de 40% das importações brasileiras, tem sido “beneficiado” com a crise de abastecimento: as faturas demoram entre dois a três meses para serem saldadas, o que é visto como um tempo “razoável” por um negociador brasileiro.
De acordo com o empresário, os setores automotriz e de construção chegam a esperar até um ano para receber o acumulado da dívida. “Esses atrasos têm prejudicado a produção de muitas empresas que começam a se questionar se vale a pena seguir exportando para a Venezuela ou não”, afirmou o empresário.

Desabastecimento
A crise de desabastecimento de alguns produtos da cesta básica são o principal reflexo da crise econômica que os venezuelanos enfrentam. Com uma inflação acumulada de mais de 40%, a população tem que visitar diferentes supermercados e enfrentar longas filas para conseguir comprar os produtos com preços congelados, como o açúcar, óleo de soja, arroz, papel higiênico e margarina.
Para o governo, empresários e opositores são os responsáveis pela escassez ao promover uma “guerra econômica”, estocando alimentos e diminuindo a produção.
Empresários, por sua vez, afirmam que dificuldades no acesso às divisas para importação e a aplicação da lei trabalhista — que proíbe demissões de funcionários de baixo e médio escalão — inibe novos investimentos e desestimula a produção instalada.
Frear o desabastecimento e conter a inflação é um dos desafios do governo, que disputará sua hegemonia nas eleições regionais de dezembro, que escolherão prefeitos e vereadores. O pleito é visto como um teste da força do chavismo pós-Hugo Chávez, morto em março.

Diplomata corporativo: um novo animal que pertence a outra especie da mesma familia


Maíra Amorim
O Globo13/10/2013

O caminho mais conhecido para quem se forma em relações internacionais é o da carreira diplomática tradicional, o que inclui passar no concurso para o Instituto Rio Branco e integrar os quadros do Itamaraty no Brasil e no mundo. Porém, com a globalização da economia e a valorização do Brasil no cenário internacional, começa a crescer o mercado de atuação para esses profissionais dentro de empresas. São os chamados diplomatas corporativos, que atuam principalmente em multinacionais, mas também já começam a ser requisitados por companhias brasileiras.

— Há cerca de quatro anos, existia o desconhecimento desse perfil do diplomata corporativo, mas, hoje, o conceito de interculturalidade é cada vez mais valorizado — explica Marcelo Guedes, coordenador do curso de relações internacionais da ESPM Rio, que existe desde 2007 com foco na diplomacia corporativa.

O campo de atuação, diz Guedes, é amplo — empresas privadas, multinacionais ou não, ONGs, agências governamentais, instituições internacionais, consultorias, agências de recursos humanos e instituições financeiras — e os salários são bons. Um estagiário pode chegar a ganhar R$ 2 mil e um recém-formado tem salário entre R$ 4,5 mil e R$ 5 mil.

A possibilidade ampla de atuação em um mercado aquecido e de boa remuneração foram fatores que atraíram João Araujo, de 26 anos, para essa carreira. Formado em RI há um ano, ele está há dois na L’Oréal, onde atua como analista de trade marketing.

— Meu foco sempre foi a diplomacia corporativa: entrei na faculdade já querendo trabalhar em uma multinacional com marketing internacional e adaptação de mercados — conta João, que, antes da L’Oréal, estagiou no Consulado Britânico. — O que me atrai é a oportunidade de fazer a adequação de estratégias globais ao mercado local.

Crescimento mais rápido

Para Camila de Frias, 22 anos, a opção por fazer RI veio por conta da atração por diferentes culturas e por negociação. Durante a faculdade, que terminou no ano passado, chegou a pensar em fazer o concurso do Instituto Rio Branco.
— Mas a dificuldade da prova e o fato de o crescimento na carreira não ser tão rápido foram dois empecilhos que me fizeram optar pela diplomacia corporativa — ressalta Camila, que é analista de roaming internacional na TIM e já estagiou na Petrobras e na Lufthansa.

Coordenador do curso de relações internacionais da Estácio, Ronald Paschoal diz que é comum que seus alunos tenham dúvidas sobre se devem enveredar para a política ou para o meio empresarial quando começam a graduação.

— Mas, depois que eles começam a entender melhor sobre o assunto, conseguem escolher com mais clareza — aponta Paschoal, que coordena o segundo curso de RI mais antigo do país, lançado em 1984, e vê boas possibilidades de crescimento de mercado para o profissional da área. — As empresas estão crescendo e se internacionalizando cada vez mais. Então, a tendência é que haja mais oportunidades. Ou ao menos a manutenção do cenário atual, porque é algo que depende do andamento da economia também. A empregabilidade de quem se forma está entre as mais altas.

Domínio de idiomas é fundamental

Para quem quer trabalhar como diplomata corporativo, a fluência em inglês é requisito essencial — até porque, muitas instituições de ensino têm disciplinas ministradas no idioma. Além disso, quanto mais línguas o profissional falar, mais chances tem de crescer e ampliar seu campo de atuação.

— Conhecer somente o inglês já não basta. O espanhol também é necessário e o terceiro idioma pode ser escolhido de acordo com os interesses pessoais. Quem gosta de Oriente Médio, por exemplo, pode aprender árabe, o que abre oportunidades de trabalhar com empresas dessa origem — destaca Marcelo Guedes, coordenador do curso de Relações Internacionais da ESPM Rio.

Bruna Gomes, que fala inglês, espanhol e francês e trabalha na área de serviços financeiros da TIM, onde entrou como estagiária há três anos, acha que ser fluente em línguas, além de ser importante para execução de tarefas do dia a dia, a ajuda se manter atualizada.

— Assim posso ler revistas e jornais de fora para conhecer novidades e me informar sobre inovações internacionais — afirma Bruna, de 21 anos, que escolheu a carreira corporativa porque se identifica com um perfil mais prático. — O diplomata do Itamaraty, por outro lado, tem um perfil mais teórico.

Oportunidades na área de RH também

O que também levou Bruna a seguir por esse caminho foi a multidisciplinaridade exigida do diplomata corporativo:

— O curso de RI é muito abrangente e acaba passando uma visão completa que capacita a analisar e desenvolver projetos em várias frentes.
Comércio exterior, importação e exportação, despacho aduaneiro, negociação, compra e venda, logística, marketing internacional, setor farmacêutico, RH e petróleo são algumas das áreas que mais estão requisitando profissionais de relações internacionais, como destaca o coordenador do curso de RI da Estácio, Ronald Paschoal:

— É interessante notar que a área de recursos humanos está crescendo bastante, com o aumento da contratação de profissionais estrangeiros e a alocação de brasileiros no exterior.

Paschoal destaca, também, as oportunidades internacionais que se abrem por quem se forma em RI. Muitos de seus alunos, por exemplo, viajaram para abrir novos negócios no exterior.

— Outra função da diplomacia corporativa é auxiliar a abrir e estabelecer empresas locais em países estrangeiros — diz o coordenador da Estácio.

Marcelo Guedes, da ESPM-RJ, explica que, se o diplomata tradicional lida com conflitos entre regiões geopolíticas, o orporativo trabalha com empresas que têm culturas e valores diferentes.

— É importante ter um profissional para saber o quanto se deve adequar um negócio à realidade brasileira e vice-versa — avalia Guedes.

Para se destacar na profissão, o coordenador da ESPM ressalta ainda a necessidade de constante atualização:

— Esse profissional tem que gostar de ler e deve ser extremamente antenado e ávido por encontros e debates.

Pensando nisso, João Araujo, da L’Oréal, pensa em fazer uma pós-graduação em administração e passar um tempo fora durante o curso:

— Acho que seria muito bom para agregar à minha carreira.

Camila de Frias já cursa uma pós em negócios internacionais e Bruna Gomes busca o curso mais adequado ao seu direcionamento de carreira.

— Me sinto sempre demandada a conhecer algo novo — diz Bruna.

Venezuela: assalto a luz do dia; sim, do Estado contra uma empresa privada

Petróleo

Venezuela confisca duas plataformas de petróleo

"Foi como um ladrão entrando na nossa casa, pedindo as chaves do cofre", diz diretor da empresa confiscada

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mostra um livro do ex-líder do país, Hugo Chávez, durante uma coletiva de imprensa na sede do Partido Socialista, em Caracas, em 21 de outubro de 2013
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro (Leo Ramirez/AFP)
A Venezuela desapropriou duas plataformas de petróleo pertencentes a uma unidade da empresa americana Superior Energy Services depois de a companhia fechá-las porque a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) está meses atrasada em seus pagamentos. "Foi como um ladrão entrando na nossa casa, pedindo as chaves do cofre e esperando que você o ajudasse a levá-lo embora", afirmou Jesus Centeno, gerente das operações locais da Superior na cidade de Anaco. "O argumento deles era de que nós estávamos praticamente sabotando a produção nacional", disse.
O confisco ocorreu na quinta-feira, após um juiz do estado de Anzoátegui, acompanhado de quatro integrantes da polícia local e da guarda nacional, entrar em uma área da Superior e ordenar que a empresa cedesse o controle de duas plataformas especializadas para uma subsidiária da PDVSA.
A estatal justificou a expropriação dos equipamentos dizendo que eles são essenciais para o desenvolvimento e o bem-estar social do país sul-americano, de acordo com a ordem judicial. Funcionários da companhia foram instruídos a deixar as plataformas e entrar em caminhões para serem levados a "poços importantes" em outras regiões, de acordo com o documento.
Nem o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nem qualquer autoridade do governo comentou publicamente o confisco das duas plataformas. Um porta-voz da PDVSA em Caracas não quis se pronunciar e disse que não estava ciente do caso.
As empresas de petróleo estão receosas em trabalhar com a PDVSA, que vem acumulando grandes dívidas com prestadores de serviços dos quais depende para desenvolver as maiores reservas provadas de petróleo do mundo. A Superior é uma empresa de serviços de petróleo com mais de 14 mil funcionários em todo o mundo e 4,5 bilhões de dólares (10,1 bilhões de reais) em receita anual.

(Com Estadão Conteúdo)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...