Transcrevo integralmente (mas ele também já tinha transcrito) postagem de meu amigo de causas racionais Orlando Tambosi, com matéria da Veja.com sobre o péssimo ambiente de negócios no Brasil, o que é amplamente conhecido e não deve surpreender mais a ninguém.
O que surpreende, na verdade, é a passividade dos empresários e de toda a classe capitalista ante esse quadro de horrores. Tenham absoluta certeza de que a situação real, nas práticas cotidianas numa infinidade de setores que dependem, de alguma forma, de regulação ou intervenção estatais, o quadro é muito "mais pior" -- como diría um energúmeno que já exerceu altos cargos -- do que qualquer descrição ou classificação de agências internacionais.
Aliás, a classificação média citada abaixo -- lugar 116 numa escala mundial -- não reflete todas as ruindades perpetradas pelo Estado, e particularmente por este governo anticapitalista e armado de uma política econômica esquizofrênica, contra os setores produtivos do Brasil.
Com efeito, se desagregarmos os diversos elementos do indicador do Banco Mundial, e separarmos, de um lado, o que seria microeconômico -- ou seja dependente exclusivamente das empresas -- e de outro o lado macroeconômico, portanto vinculado ao governo ou ao Estado, a classificação do Brasil melhoraria razoavelmente no primeiro caso -- com um ranking próximo de 80 -- e pioraria substancialmente no outro, jogando o Brasil acima da posição 150, demonstrando cabalmente todas as perversidades de que é capaz esse governicho contra os interesses de TODOS os brasileiros, e não só contra os empresários, que os companheiros só querem tosquiar em seu benefício de "nova classe".
Não sei porque os empresários não se revoltam contra um governo que os está levando à bancarrota, ou apenas os protege temporariamente da concorrência estrangeira, obrigando-nos a pagar mais caro e comprometendo gravemente o futuro do Brasil e dos brasileiros. Os empresários, pelo menos os que não são covardes, precisariam começar por suspender TODO e qualquer financiamento partidário e depois se organizar para lutar, e eu digo LUTAR, contra uma estrutura tributária e procedimentos dirigistas não só extorsivos e injustos, mas profundamente irracionais, no limite do fascismo (o que eu acredito que já está plenamente conformado entre nós). Muitos pensam que podem lograr uma "relação cooperativa" com os companheiros ignaros, que só querem monopolizar o poder e continuar sua obra de extorsão fiscal e de imposição de regras abusivas e irracionais.
Está na hora de iniciar o que eu chamo de "fronda empresarial".
Aux armes, bourgeois et capitalistes, soyez braves, pour une fois...
Paulo Roberto de Almeida
Veja.com, 2/11/2013
Não chega a ser novidade, num país que ainda está longe de ser capitalista. Aqui, o Estado atrapalha tanto para abrir quanto para fechar uma empresa. Na década petista, obviamente, a coisa só piorou:
Há quatro anos, o empresário Caito Maia, dono da marca Chilli Beans, foi surpreendido por uma mudança nos trâmites burocráticos para a importação de mercadorias. Uma carga de 100 000 óculos procedente da China, onde são fabricados, ficou retida nos Estados Unidos durante três meses. Para evitar o desabastecimento, ele trabalha hoje com grande quantidade de produtos em estoque no Brasil. “É um pesadelo, porque preciso investir na compra dos produtos muito antes de receber o dinheiro das vendas”, conta Maia. A Chilli Beans nasceu em 1997 como uma barraca em feiras de roupas em São Paulo e hoje está em 580 lojas e quiosques no Brasil e em outros quatro países, incluindo os Estados Unidos. A marca não morreu pelo caminho, como ocorre com a maior parte dos negócios abertos no Brasil, mas sua trajetória teria sido ainda mais virtuosa se não fosse submetida a operar em um dos mercados mais hostis ao empreendedorismo no planeta. Barreiras às importações, burocracia e sistema tributário kafkianos, imprevisibilidade na execução de prazos e incertezas jurídicas são alguns dos obstáculos que devem ser superados, cotidianamente, pelos empresários.
O descompasso do ambiente de negócios brasileiro fica explícito no cotejo internacional. Enquanto outros países se esforçam para incentivar os investimentos, reduzindo a tributação e a burocracia, no Brasil o avanço nesse sentido é lento, como revelou a mais recente edição do estudo Doing Business (“fazendo negócios”), do Banco Mundial, divulgada na semana passada. Entre 189 economias analisadas, o Brasil aparece em uma modesta 116ª posição. O país é particularmente mal avaliado em aspectos como tributação e facilidade para abrir um negócio. Desde 2005, quando o ranking passou a ser divulgado, o avanço brasileiro foi insignificante. Já países como a Coreia do Sul e o Peru ganharam diversas posições no ranking. “Os governos ao redor do mundo estão cada vez mais conscientes dos benefícios trazidos por um ambiente regulatório que facilite os negócios”, afirma a economista Rita Ramalho, uma das autoras do estudo. Os sul-coreanos, por exemplo, reduziram o imposto sobre o lucro das empresas. No Peru, desde 2005, o número de dias necessários para abrir uma empresa caiu de 102 para 25. No México, os processos de insolvência demoram menos de dois anos para ser resolvidos, e 67% do dinheiro dos credores é recuperado. No Brasil, os trâmites se arrastam por quatro anos, e a taxa de recuperação dos recursos é de 20%. (Veja).
2 comentários:
tão ruim assim?
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/2013/11/1360582-empresario-banca-r-250-milhoes-para-construir-aeroporto-no-vale-do-paraiba.shtml
Professor,
Nova revoluçao francesa:
http://mobile.lemonde.fr/sport/article/2013/11/01/pauvres-riches-par-francois-begaudeau_3506501_3242.html
Vinicius
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