domingo, 5 de janeiro de 2014

Salario minimo reduz a pobreza? Discutivel, em todo caso...

Fui ler o estudo citado na matéria do NYTimes (vide dois posts abaixo) sobre redução da pobreza como efeito da elevação do salário mínimo, aqui linkado:


Minha tendência é a de achar que certos economistas são manetas, ou seja, só veem um lado da questão.
By the other hand, seria preciso medir os efeitos que essa elevação teria sobre a empregabilidade, ou seja, a capacidade de pequenos negócios e particulares continuarem a manter, ou empregar novas pessoas, quando suas rendas não se elevam por decreto governamental.
E se o desemprego aumentar?
As pessoas que antes estavam sob um salário menor, ficam sem qualquer renda, certo?
Seria a melhor solução?
Continuo achando que um país sem salário mínimo oficial se aproximaria do pleno emprego (isto é, apenas 3 a 5% de desemprego, que é estrutural) mais facilmente do que um cheio de regulamentações e obrigatoriedades.
Sinceramente, falando do Brasil: se houvesse total liberdade contratual, todos estaríamos melhor, contratando quem a gente quisesse, quantas vezes quisesse, mediante um pagamento livre e reciprocamente acertado, correto?
Liberdade é sempre a melhor solução, para todos.
Paulo Roberto de Almeida 

Um blog de uma jovem que fala de livros, sempre livros, so livros...

Recebi a seguinte mensagem de um leitor (ocasional?) deste blog:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: rudi santos
Cidade: Cotia
Estado: São Paulo
Email: (suprimido, por preservação de privacidade)
Assunto: Sugestao

Mensagem: Se puderem divulgar o link de um blog que contem várias resenhas seria legal. Deixo uma mensagem de bibliotecário e um link abaixo: Bom, falar de como organizar livros é coisa minha, ou nossa se você me permite dizer. Mas costumo dizer:  nós , os bibliotecários somos barqueiros que atravessam pessoas no rio do conhecimento sem podermos mergulhar nele. Orientamos, organizamos, mas não conseguimos mergulhar por completo e em todos os livros que gostariamos afinal de ler. Mas, vou indicar aqui um blog de uma menina que leu 40 livros este ano que passou e tem a meta de ler 100 livros no ano que se inicia. Ela está escrevendo bem e, não é porque é minha filha, mas as resenhas dela são imperdíveis para termos ao menos uma idéia do que indicar para leitores adolescentes e outros. Peço que entrem, leiam as resenhas e comentem. Se encontrarem erros, avisem , que é para ela ir melhorando a cada dia. Deixem, por favor, comentarios, ela está toda empolgada com seus mais de 600 acessos em 6 dias de blog...acho que vale a pena incentivar. Vamo lá?

http://colorfuljellybean.blogspot.com.br/search/label/Livros%20-%20Resenhas%21

[fim de msg]

Fui conferir, e é verdade: o blog desta jovem leitora é excepcional!
Abaixo, apenas uma amostra, e convido todos a desfrutarem desse maná do ciberespaço que trata de livros, unicamente de livros, mas é intensamente revelador de sua paixão pelos livros.

O menino do pijama listrado ! The boy in the stripped pyjamas!

Ooi gente!!
Hoje eu vou falar de um dos livros que li recentemente !
O Menino do Pijama Listrado de John Boyne!
Eu, sei o tema do livro é horrível! Como vocês devem saber  esse livro fala da época do holocausto, mas eu estava curiosa para ler , pois todo mundo elogia muito ele e até teve uma adaptação para o cinema.
Bom, o livro conta a história de um menino chamado Bruno de 9 anos , que um dia quando chega em casa dá de cara com sua empregada Maria arrumando suas malas .
A família dele iria se mudar , mas Bruno não gosta nada dessa ideia e tenta de tudo para convencer seus pais de que essa mudança não fará sentido e que o melhor a fazer é ficar em sua casa em Berlim.
Mas, mesmo assim eles se mudam , Bruno,  sua irmã, seu pai e sua mãe .
Mais tarde Bruno, já em sua casa nova, não entende nada ao seu redor e quase morre de tédio , não sabe que a cerca que tem na sua casa serve para separar sua família dos judeus que ficam no campo de concentração de Haja- Vista, tem orgulho do pai de forma exarcebada , sem saber que ele é um dos mais cruéis comandantes nazistas , não tem a mínima ideia de que milhares das pessoas vestidas de pijama listrado, que ele vê de sua janela do outro lado da cerca são mortas todos os dias.
Não tendo nenhuma forma de diversão em sua casa , Bruno decide sair para brincar de explorador e em sua primeira excursão decide ir até a cerca para ver o que tem do outro lado. Neste dia ele vê um menino e começa a conversar com ele.
Com o tempo ele e Shmuel ( o menino de pijama que vive do outro lado da cerca) viram amigos e Bruno vai encontra-lo todos os dias , muitas vezes levando comida para ele , preocupado por ele estar tão magro.

Bom , gente O menino do pijama listrado , é um livro muito bom, apesar de se tratar de um assunto horrível e triste , ele nos dá noção de algumas coisas desse período histórico o que é muito legal.
Como sempre, deixarei vocês curiosos para saber o que acontece .
Dica: Leiam o livro antes de ver o filme, tem coisas diferentes!! Não vale ver o filme antes , hein?

  

Beijoos Anne !
==========

Meus cumprimentos ao pai, barqueiro incentivador das leituras e do blog, assim como à sua jovem organizadora, resenhadora, mantenedora e, sobretudo, leitora...
Paulo Roberto de Almeida 

Pobreza e desigualdade: o debate continua nos EUA, 50 depois da GreatSociety (NYT)

Seria a desigualdade a questão crucial do nosso tempo, como pretende o presidente Obama?
Não creio. Os que assim afirmam acreditam que a pobreza resulta da desigualdade de rendas, e daí começam a propor esquemas redistributivos via Estado, que não são nem eficientes, nem isentos de outras deformações, como exemplica esta matéria sobre o meio século decorrido desde a implantação da Great Society por Lyndon Johnson, que alinhou os EUA aos esquemas mais redistributivos europeus.
O problema crucial, para mim, não é desigualdade distributiva ao nível da renda, e sim a desigualdade de oportunidades que deriva da pouca educação e de estruturas familiares inadequadas.
O Estado deve apenas oferecer educação de qualidade, o que implica igualmente promover valores familiares, edeixar para o setor privado a tarefa de criação de renda e riqueza via mercado, que é mais suscetível de criar mais empregos de qualidade do que os programas ineficientes do governo.
O debate continua, mas apenas para colocar minha posição proclamo abertamente minha preferência por mais mercado, e não mais governo.
É uma ilusão completa achar que o Bolsa Família e programas associados e complementares vão eliminar a pobreza e a desigualdade no Brasil. Não vão: eles apenas subsidiam o consumo dos pobres, que sem isso estariam na situação anterior, ou provavelnente pior, se por acaso a esmola governamental acabar, pois eles já deixaram outras estratégias de sobrevivência para se acomodarem no assistencialismo estatal.
Digam sinceramente: vocês acham normal um país ter UM QUARTO da população na assistência pública?
Eu não acho: essa é a confissão de um fracasso, não o sucesso de um conceito de nação.
O Brasil já está em decadência e ainda não se deu conta disso.
Somos uma nação fracassada e condenada a um lento declínio. 
Infelizmente, tudo isso por falta de estadistas ditados de visão. Não temos elites esclarecidas, basta ver os que se nos oferecem em eleições, e a total indigência intelectual de suas propostas.
Paulo Roberto de Almeida 

WASHINGTON MEMO

50 Years Later, War on Poverty Is a Mixed Bag



  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • SAVE
  • EMAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS

WASHINGTON — To many Americans, the war on poverty declared 50 years ago by President Lyndon B. Johnson has largely failed. The poverty rate has fallen only to 15 percent from 19 percent in two generations, and 46 million Americans live in households where the government considers their income scarcely adequate.
George Tames/The New York Times
President Johnson touring impoverished areas in 1964.
Multimedia
Yuri Gripas/Reuters
Representative Paul D. Ryan of Wisconsin is among the conservatives who have looked at poverty statistics more skeptically.
But looked at a different way, the federal government has succeeded in preventing the poverty rate from climbing far higher. There is broad consensus that the social welfare programs created since the New Deal have hugely improved living conditions for low-income Americans. At the same time, in recent decades, most of the gains from the private economy have gone to those at the top of the income ladder.
Half a century after Mr. Johnson’s now-famed State of the Union address, the debate over the government’s role in creating opportunity and ending deprivation has flared anew, with inequality as acute as it was in the Roaring Twenties and the ranks of the poor and near-poor at record highs. Programs like unemployment insurance and food stamps are keeping millions of families afloat. Republicans have sought to cut both programs, an illustration of the intense disagreement between the two political parties over the best solutions for bringing down the poverty rate as quickly as possible, or eliminating it.
For poverty to decrease, “the low-wage labor market needs to improve,” James P. Ziliak of the University of Kentucky said. “We need strong economic growth with gains widely distributed. If the private labor market won’t step up to the plate, we’re going to have to strengthen programs to help these people get by and survive.”
In Washington, President Obama has called inequality the “defining challenge of our time.” To that end, he intends to urge states to expand their Medicaid programs to poor, childless adults, and is pushing for an increase in the minimum wage and funding for early-childhood programs.
But conservatives, like Representative Paul D. Ryan of Wisconsin, have looked at the poverty statistics more skeptically, contending that the government has misspent its safety-net money and needs to focus less on support and more on economic and job opportunities.
“The nation should face up to two facts: poverty rates are too high, especially among children, and spending money on government means-tested programs is at best a partial solution,” Ron Haskins of the Brookings Institution wrote in an assessment of the shortfalls on the war on poverty. Washington already spends enough on antipoverty programs to lift all Americans out of poverty, he said. “To mount an effective war against poverty,” he added, “we need changes in the personal decisions of more young Americans.”
Still, a broad range of researchers interviewed by The New York Times stressed the improvement in the lives of low-income Americans since Mr. Johnson started his crusade. Infant mortality has dropped, college completion rates have soared, millions of women have entered the work force, malnutrition has all but disappeared. After all, when Mr. Johnson announced his campaign, parts of Appalachia lacked electricity and indoor plumbing.
Many economists argue that the official poverty rate grossly understates the impact of government programs. The headline poverty rate counts only cash income, not the value of in-kind benefits like food stamps. A fuller accounting suggests the poverty rate has dropped to 16 percent today, from 26 percent in the late 1960s, economists say.
But high rates of poverty — measured by both the official government yardstick and the alternatives that many economists prefer — have remained a remarkably persistent feature of American society. About four in 10 black children live in poverty; for Hispanic children, that figure is about three in 10. According to one recent study, as of mid-2011, in any given month, 1.7 million households were living on cash income of less than $2 a person a day, with the prevalence of the kind of deep poverty commonly associated with developing nations increasing since the mid-1990s.
Both economic and sociological trends help explain why so many children and adults remain poor, even putting the effects of the recession aside. More parents are raising a child alone, with more infants born out of wedlock. High incarceration rates, especially among black men, keep many families apart. About 30 percent of single mothers live in poverty.
In some cases, government programs have helped fewer families because of program changes and budget cuts, researchers said. For instance, the 1996 Clinton-era welfare overhaul drastically cut the cash assistance available to needy families, often ones headed by single mothers.
“As of 1996, we expected single mothers to go to work,” Professor Ziliak said. “But if they’re shelling out most of their weekly pay in the form of child care, they can’t make sense of doing it.”
The more important driver of the still-high poverty rate, researchers said, is the poor state of the labor market for low-wage workers and spiraling inequality. Over the last 30 years, growth has generally failed to translate into income gains for workers — even as the American labor force has become better educated and more skilled. About 40 percent of low-wage workers have attended or completed college, and 80 percent have completed high school.
Economists remain sharply divided on the reasons, with technological change, globalization, the decline of labor unions and the falling value of the minimum wage often cited as major factors. But with real incomes for a vast number of middle-class and low-wage workers in decline, safety-net programs have become more instrumental in keeping families’ heads above water.
The earned-income tax credit, for instance, has increased employment among single mothers and kept six million Americans above the poverty line in 2011. Food stamps, formally known as Supplemental Nutrition Assistance Program benefits, kept four million Americans out of poverty in 2011.
Above all, the government has proved most successful in aiding the elderly through the New Deal-era Social Security program and the creation of Medicare in the 1960s. The poverty rate among older Americans fell to just 9 percent in 2012 from 35 percent in 1959.
But for working-age households, both conservatives and liberals agree that government transfer programs alone cannot eliminate poverty. The answer, the White House has said, is in trying to improve households’ earnings before tax and transfer programs take effect.
“Going forward, the biggest potential gains that could be made on poverty would be in raising market incomes,” said Jason Furman, the chairman of Mr. Obama’s Council of Economic Advisers. “In the short run, that means things like the minimum wage, and in the long run, things like early education.”
If Congress approved a proposal to raise the federal minimum wage to $10.10 an hour from its current level of $7.25, it would reduce the poverty rate of working-age Americans by 1.7 percentage points, lifting about five million people out of poverty, according toresearch by Arindrajit Dube of the University of Massachusetts, Amherst.
But in the meantime, the greatest hope for poorer Americans would be a stronger economic recovery that brought the unemployment rate down from its current level of 7 percent and drew more people into the work force. The poverty rate for full-time workers is just 3 percent. For those not working, it is 33 percent.


Tunisia: tensao entre religiao e nacao persiste na Constituicao (LeMonde)

Constitution : la Tunisie adopte la liberté de conscience et rejette la charia

Le Monde.fr avec AFP |  • Mis à jour le 
Abonnez-vous
à partir de 1 €
 Réagir Classer



Partager   google + linkedin pinterest

L'assemblée nationale constituante tunisienne, le 3 janvier.

L'assemblée constituante tunisienne a approuvé samedi 4 janvier les premiers articles de la future Constitution, garantissant la liberté de conscience, faisant de l'Etat le « protecteur du sacré », mais rejetant l'islam comme source de droit – des points qui ont suscité de vives controverses pendant des mois.

Les deux premiers articles, non amendables, définissent la Tunisie comme une République guidée par la « primauté du droit », un Etat « libre, indépendant, souverain » et « civil » dont la religion est l'islam. Deux amendements, proposant comme « source principale de la législation » l'islam, et le Coran et la sunna (ensemble des paroles du prophète, de ses actions et de ses jugements), ont été rejetés.
En revanche, conformément à un compromis entre le parti islamiste Ennahda (majoritaire) et l'opposition, la Constitution fera de l'islam la religion du pays.
COMPTE À REBOURS AVANT LE 14 JANVIER
Si la constituante, élue en octobre 2011, a consacré l'Etat comme « garant de la liberté de conscience », malgré la vive opposition de certains élus, le même article 6 lui confère le rôle de « protecteur du sacré » et de « gardien de la religion ». Cette formulation vague a été critiquée par des ONG craignant l'interprétation qui pourrait être faite d'une notion qui n'a pas été définie. Pour la Ligue tunisienne des droits de l'homme, il pourrait « aboutir à des interprétations menaçant la citoyenneté, les libertés ».
L'assemblée constituante avait approuvé samedi en début de journée douze articles, sur un total de 146. Les députés vont continuer de travailler dans le butd'adopter la loi fondamentale, ainsi qu'une loi électorale avant le 14 janvier, troisième anniversaire de la révolution qui marqua le début du printemps arabe. Ce calendrier est la clé de voûte d'un accord entre opposants et Ennahda pourrésoudre une profonde crise déclenchée par l'assassinat le 25 juillet du député de gauche Mohamed Brahmi – le deuxième meurtre en 2013 attribué à la mouvance djihadiste.

Argentina: caminhando para um novo calote da divida em 2014? - TheEconomist

Argentina to reopen debt swap

The Economist, August 27, 2013

Event
In late August a US appeals court upheld the ruling of a New York court, which forces Argentina to repay litigant "holdout" creditors (who did not accept the terms of debt restructurings in 2005 or 2010) in full. The government has responded by announcing a reopening of the 2010 debt exchange.
Analysis
The US appeals court decision will not be enforced until the US Supreme Court decides whether it will take up a request by Argentina to review the case. Legal experts have suggested that the Supreme Court is unlikely to reverse the appeals court decision, and may not take up the case. Probable delays in the legal process mean that a decision is unlikely before early 2014.
In the interim period, the government appears to be trying to encourage holders of restructured debt voluntarily to agree to exchange their bonds issued under New York law for local jurisdiction bonds. Although Argentinian officials have suggested that they want the 7% of creditors who had not yet restructured their debts to join in the swap, this is extremely unlikely, especially after the US appeals court decision in favour of litigant holdouts. Instead, the authorities appear to be attempting to avoid payment disruptions to current creditors in the likely event that Argentina refuses to comply with an unfavourable court ruling.
By agreeing a voluntary restructuring, Argentina will hope to avoid a technical default. However, it is unclear whether the swap of foreign-jurisdiction bonds with local-jurisdiction bonds (terms that would be considered prejudicial)—when the alternative appears to be non-payment of New York law bonds—constitutes a voluntary restructuring.
Impact on the forecast
The Argentinian authorities continue to stress that they will not pay litigant holdout creditors in full, regardless of any US court ruling. Meanwhile, legal experts suggest that a favourable ruling for Argentina from the US Supreme Court is unlikely. Under these circumstances, we continue to believe that, despite the reopening of the debt swap, there is a strong risk of technical default by Argentina, although this now appears unlikely to happen until 2014.

Teoria do capital bibliográfico - Paulo Roberto de Almeida

Um texto antigo, mas sobre o qual "escorreguei", literalmente (revisando antigas listas de trabalhos, para colocar em ordem alguns extraviados), mas que ainda possui seu valor metodológico, uma vez que não mudei, fundamentalmente, de procedimentos, salvo agregar mais leituras online e em aparelhos eletrônicos.
Paulo Roberto de Almeida

Teoria do capital bibliográfico
Teses marxianas sobre relações de leitura e modo de redação

Paulo Roberto de Almeida

Arriscando-me a decepcionar alguns amigos – que por vezes me advertem que eu acabo escrevendo mais rápido do que eles conseguem ler minha produção – confesso que não tenho nenhuma receita particular sobre como e o quê fazer para ler bastante, digerir o máximo de informação possível e depois destilar esses insumos acumulados no conta-gotas da produção ensaística de pequeno porte ou no torrencial mais forte da elaboração livresca. Ou talvez eu tenha, sim, mas não sei se isso conforma um método muito efetivo ou aplicável em outros casos de atração pelos livros e pela arte da “escrevinhação”. Vejamos em todo caso o meu “modo peculiar de produção”.
No começo era a acumulação primitiva, como diria Marx, no meu caso uma carga concentrada de leituras estendendo-se ao longo de uma vida feita com os livros, pelos livros e para os livros. Depois da acumulação primitiva de leituras, veio a aplicação consciente de um modo de produção redacional que já passou por várias etapas históricas de desenvolvimento das forças produtivas: da redação manual em cadernos escolares até o capital fixo dos computadores e sistemas digitais de processamento de dados. As relações sociais de produção de meus artigos e livros foram alterando-se desde o ancien régime da máquina de escrever até o ultra-capitalismo informático, com o emprego das mais diversas técnicas, mas inevitavelmente resultando na mais-valia das resenhas críticas, dos ensaios analíticos e do alto valor agregado dos livros e compilações de trabalhos diversos. Tudo com um certo sentido de urgência e uma ponta de sentimento de atraso histórico, já que tenho sempre a impressão que estou atrasado na elaboração de algum trabalho planejado mentalmente ou iniciado algum tempo atrás.
Um primeiro método, mas talvez isso seja um vício, ou (numa versão mais amena) um pecado original, se situa na compulsão da leitura, no meu caso adquirida ainda antes de aprender a ler de verdade. Com efeito, frequento bibliotecas desde minha fase pré-alfabetizada e continuo a entreter esta atração fatal – a gentle madness, já disse um cultor passional de livros – por livrarias e bibliotecas em quaisquer circunstâncias, mesmo desconhecendo, em alguns casos longínquos, a língua em que estavam escritos aqueles obscuros objetos de desejo. Difícil ficar indiferente ao charme discreto dos livros.
A outra técnica consiste em ler sempre, continuamente, em qualquer tempo e lugar, sob chuva ou sob sol (literalmente), no inverno e no verão, andando ou dirigindo – o que não recomendo, sinceramente, pois que já bati, levemente, no parachoque adiante –, comendo ou bebendo e até, se possível, tomando banho (mas os únicos livros impermeáveis que conheço são feitos para bebês). Os audio-books poderiam suprir algumas dessas lacunas de leitura, mas ainda não encontrei Economia e Sociedade de Weber em formato cassette. É uma técnica provada e eficaz, mas ela pode trazer alguns problemas em contextos intensamente relacionais – familiares, por exemplo – ou mesmo na intimidade do casal: os cônjuges geralmente se irritam com o terceiro ou quarto “han-han, hum-hum” repetido. Para a santa paz do casal, recomendo uma companhia também livresca, bibliófila e leitora contumaz, mas a conjugação dos horários de dedicação compulsiva depende da capacidade de resistência do outro leitor voraz mas sonolento.
Trata-se apenas, como visto até aqui, das condições primárias e essenciais ao modo escrevinhador de produção, pois em algum momento se necessita transmutar – aufheben, diriam os hegelianos – a acumulação primitiva de leitura em mercadorias com valor de uso e, mais importante, valor de troca. Antes do produto final, vêm os meios de produção, tão ou mais importantes do que o capital inicial.
Borracha e lápis podem ser a base de tudo, mas ainda assim é preciso o suporte físico das idéias, a modesta folha de papel. Nos tempos da brilhantina, quando o computador fazia parte dos livros e filmes de ficção científica, um simples caderno escolar, desses de espiral, costumava dar conta do recado, mas eu sempre apreciei aqueles em formato brochura, suscetíveis de receber uma capa anódina e, providência prática, uma lombada com o tema indicativo de seu conteúdo (sociologia, história, antropologia, marxismo etc). Para as situações transitórias e incertas, ou seja deslocamentos e esperas repentinas, eu recomendo um caderninho de bolso, desses que você saca da “algibeira” (como diria Machado de Assis) para anotar rapidamente alguma nova idéia maluca ou o título de um livro encontrado por acaso. Em toda e qualquer circunstância, porém, eu costumo carregar um desses caderninhos, que saco do bolso da camisa quando me dedico ao meu esporte regular e preferido, a leitura em livrarias…
Adquirida a matéria-prima da informação, ainda assim é preciso dar uma forma precisa ao produto da manufatura, obra do cérebro e da inspiração mental – e de alguma transpiração física, também –, uma vez que a mais valia final é sempre o feliz resultado da conjugação de algum tipo de insumo bruto e da atividade humana criadora. Tenho por hábito isolar um determinado problema e ficar pensando nele no trajeto para o trabalho ou de volta para casa, selecionando hipóteses, teses e antíteses, que depois serão combinadas numa síntese final mais ou menos acabada. Digo “mais ou menos”, porque mantenho dezenas, se não centenas, de trabalhos inacabados, de artigos semi-acabados e de projeto de livros, antes em simples notas em folhas de papel (jogadas em alguma pasta amarelada pelo tempo), hoje em arquivos digitais, dúzias e dúzias de “working files” que esperam acabamento algum dia. Isso não tem nenhuma importância, pois o que vale é unir o capital acumulado com a centelha – iskra, para os bolcheviques – da interpretação criadora, de molde a extrair a mercadoria valiosa do trabalho materializado.
O trabalho propriamente ideológico da produção intelectual é o que mais consome energia, impossível, todavia, de ser mensurada na escala monetária do capital circulante, pois que pertencente ao reino dos bens intangíveis e das criações do espírito. Muito fosfato, como diziam antigamente nossas avós, é consumido nessa atividade muito pouco primitiva de agregação de valor ao futuro objeto manufaturado (ele sempre o é, mesmo quando resultando da produção digital). A mais valia intelectual é sempre única e original e independe do estado de desenvolvimento das forças produtivas ou das relações sociais de produção; num certo sentido, trata-se de uma atividade transhistórica ou ahistórica, sem qualquer alusão a começo, meio ou fim (pouco adaptável a uma teoria materialista da história).
Conjugadas, de um lado, as técnicas e os materiais de produção (insumos e bens de capital) e, de outro, a mais valia intelectual, eis que surge como da cabeça de Minerva o produto final desse processo produtivo, pronto para ser consumido em sua forma inicial ou transformada (artigo ocasional, livro comercializado por algum capitalista editorial, que ainda vai auferir a maior parte dos lucros da operação, ficando o verdadeiro autor apenas com as glórias remuneradoras tão somente do ego e do espírito). Se o autor, como no meu caso, possui seu próprio canal de distribuição artesanal (neste caso o meu website www.pralmeida.org), ele escapa de transferir renda para o referido capitalista. Se no entanto pretende alcançar o circuito tradicional das livrarias pequeno-burguesas, tem de submeter-se a ser expropriado de parte (uma boa parte) de seus rendimentos pelo editor-capitalista, numa típica situação de “exploração do homem pelo homem”. Ele também pode participar de alguma cooperativa de produção, caso no qual terá de submeter-se às regras do coletivo popular, mas pode preferir um sistema auto-gestionário mais restrito, geralmente explorando a mão-de-obra de amigos e familiares (trabalho não pago).
No meu próprio caso, a maior parte de minha produção não é mercantilizada, podendo mesmo ser objeto de apropriações indevidas por parte de estudantes preguiçosos que se eximem de fazer pesquisa e vêm pilhar minha mais valia intelectual num processo de incorporação anárquica que parte do princípio de que “a propriedade é um roubo”. Trata-se de uma “filosofia miserável”, como poderia afirmar Monsieur Proudhon, ao que os adeptos do marxismo lassaliano poderiam retrucar: “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”.
Muito bonito na teoria, mas pouco eficiente na prática, pois a continuidade dessa apropriação de bens de uso (e de troca) sem a garantia do devido retorno dos direitos de propriedade intelectual pode resultar no esgotamento do processo produtivo associado a essa organização social, gerando esclerose e declínio, como ocorreu aliás na trajetória dos socialismos realmente existentes ao longo do século XX.
Quanto aos autores, como eu mesmo, que poderiam viver de seu trabalho intelectual mas dele não derivam sustento para si mesmo e suas famílias, fora de uma relação de assalariamento quase servil, eles só têm um caminho a adotar: grilhões precisam ser rompidos no esforço contínuo de liberação do homem e de sua capacidade espiritual. Eles serão rompidos, pois não há mais nada a perder. Autores de todo o mundo, uní-vos na defesa de vossos direitos. Viva o pensamento livre e sobretudo sua expressão material.

Paulo Roberto de Almeida
Washington, 13 de junho de 2003

Argentina: como estender uma decadencia que ja dura 80 anos: dois momentos da crise da divida

Sobre la deuda de Argentina 
El video abajo muestra cuando el presidente interino de Argentina, Adolfo Rodríguez Saá (fue presidente durante una semana) anuncia en el Congreso en diciembre de 2001 que Argentina dejaría de pagar su deuda —el default soberano más grande de la historia. Rodríguez fue interrumpido por una ovación y cantos de “¡Argentina! ¡Argentina!”
Una década después, en mayo de 2012, el Congreso de Argentina aprobó de manera abrumadora la expropiación (sin compensación hasta la fecha) de Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), la empresa petrolera más grande del país, cuyo paquete accionario mayoritario pertenecía a la empresa española Repsol. Cuando el voto de 207 versus 32 fue anunciado, estalló una celebración con diputados abrazándose y cantando:
Esta es solo una muestra de lo débil que es el Estado de Derecho en Argentina.
Este lunes, Buenos Aires anunció que reabrirá el canje de 2010 a través del cual reestructuró su deuda reemplazando bonos viejos con bonos nuevos con un descuento considerable. El anuncio llegó ante la probable decisión por parte de la Corte Suprema de EE.UU. (EE.UU. tiene jurisdicción sobre la deuda emitida bajo la legislación de Nueva York, como sucede en este caso) de no revertir la decisión de una corte de apelaciones que establece que el gobierno argentino primero debe pagar a los acreedores que reclamaron el valor negociado inicialmente, esto es, los tenedores de bonos que no aceptaron los términos de los anteriores canjes de deuda. El gobierno argentino ha declarado de manera categórica que no les pagará.
En un intento por evitar un default técnico, Argentina ofrecerá a los tenedores de bonos que aceptaron los canjes de deuda de 2005 y 2010 nuevos bonos emitidos bajo jurisdicción argentina. El Economist Intelligence Unit tiene un buen análisis de este caso aquí(en inglés).
Los tenedores de bonos argentinos ahora se enfrentan a una disyuntiva terrible: o retienen sus bonos emitidos en EE.UU. y se enfrentan a un probable default, o aceptan la oferta de Argentina de nuevos bonos emitidos bajo la “protección” de las poco confiables instituciones legales y políticas de ese país.
Antes de aceptar la oferta, los tenedores de bono deberían recordar el cántico: “¡Argentina! ¡Argentina!”

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...