Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 9 de março de 2016
Minha lista de reivindicacoes para o dia 13 de marco de 2016 - Paulo Roberto de Almeida
V Congresso LA de Historia Economica - Sao Paulo, 19-21 de julho de 2016
Caros(as) Associados(as),
Segue a quinta circular do quinto Congresso Latino-Americano de História Econômica (CLADHE 5).
Dentre as novas informações a serem divulgadas, destacamos a prorrogação de prazo para submissão de resumos para apenas alguns dos simpósios do Congresso listados na circular e na página do evento.
Pedimos que divulguem amplamente o evento e repassem a circular aos seus contatos.
Para mais informações, acesse: www.cladhe5.org
Atenciosamente,
Secretaria da ABPHE
Apresentação
A Instituição Promotora: ABPHE
Comitê Organizador Internacional (COI)
Comitê Organizador Local
Comitê Científico
Comitê Acadêmico Internacional (CAI)
Voce prefere ser mais rico e mais desigual, ou mais pobre e mais igualitario? - Vinicius Carrasco e Joao Manoel Pinho de Melo
Paulo Roberto de Almeida
A fábula do contrato social e as políticas ineficientes e injustas do PT
Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello
Nexo Ensaio, sem data
(link: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2016/A-f%C3%A1bula-do-contrato-social-e-as-pol%C3%ADticas-ineficientes-e-injustas-do-PT)
No mundo real, o governo não é nem onisciente, nem onipotente. É preciso induzir produção, o que o dictum socialista não faz
Os cidadãos são idênticos quando celebra-se o contrato. Portanto, é razoável supor que concordem que o contrato produza o maior bem-estar esperado para um cidadão arbitrário. Também é razoável supor que o cidadão seja avesso ao risco de se descobrir inábil; razão pela qual a sociedade se importa com redistribuição.
Consideremos, primeiro, o caso, ainda mais hipotético, do governo – que fará valer o contrato – onisciente, que saiba quem tirou a sorte grande no sorteio das habilidades. O governo, também onipotente, pode, ainda, obrigar cada um a produzir. Como consequência da onisciência e onipotência do governo, não é preciso prover incentivos para produção. Por sua vez, a aversão ao risco faz com que o cidadão arbitrário deseje seguro completo contra o “sinistro” de ser improdutivo. O contrato social, então, satisfará o dictum socialista: “de todos conforme com suas habilidades, a todos conforme com suas necessidades.” Igualitarismo total. Os trabalhadores hábeis trabalharão mais do que os inábeis e o governo transferirá recursos para os menos hábeis. Parece hipotético esse mundo? Alguns acreditaram nele (vide a sublime História Concisa da Revolução Russa, de Richard Pipes).
No mundo real, o governo não é nem onisciente, nem onipotente. É preciso induzir produção, o que o dictum socialista não faz. Tendo o mesmo nível de bem-estar independentemente do que fizerem, não haverá incentivos para produção em acordo com as habilidades. Sem produção, não há redistribuição. Em nossa fábula, antecipando esse desastre, os cidadãos não escolherão por um contrato social que tente implantar o mesmo nível de bem-estar para todos. Historiadores como Leon Litwack enfatizam o papel da ausência de provisão de incentivos no fracasso econômico da União Soviética. Alguma desigualdade é necessária para incentivar produção, sem a qual não há redistribuição.
Os anos recentes foram pródigos na implantação de políticas ineficientes e injustasO laissez-faire radical, ao prover o montante máximo de incentivos, é o caso oposto. Ninguém é tributado na margem. O bolo é o maior possível, mas não há o que redistribuir porque não se coleta impostos. Por trás do véu da ignorância, os cidadãos rejeitarão o laissez-faire radical.
Os dois extremos ilustram o conflito que a sociedade enfrenta: escolher entre distribuição e eficiência. A solução depende das preferências por redistribuição. Os EUA dão menos peso à redistribuição que a Suécia. No entanto, a teoria econômica – e alguma reflexão sobre sociedades exitosas em produzir e redistribuir – aponta que a eficiência é muito importante, mesmo em casos extremos de preferência por redistribuição, como quando só o bem-estar do cidadão que virá a ser o mais inábil importa (caso chamado, com algum abuso, de Rawlsiano por economistas): é preciso incentivos para gerar renda; sem ela, não há o que redistribuir para o mais inábil. De fato, no caso Rawlsiano, sob certas condições, o agente mais hábil da sociedade (o Mark Zuckerberg) não deve enfrentar taxação de sua última hora trabalhada.
Se a solução do conflito entre redistribuição e eficiência depende das preferências da sociedade quanto à primeira e sempre requer atenção à segunda, algo é inquestionável: o contrato original não deve conter arranjos que, simultaneamente, concentrem renda e sejam ineficientes (desestimulem o crescimento econômico). Sob a ótica do contrato social original, a desigualdade que não gere incentivos é uma forma de apropriação indevida de recursos.
Infelizmente, os anos recentes foram pródigos na implantação de políticas ineficientes e injustas. Três exemplos:
O BNDES concedeu empréstimos subsidiados para os campeões nacionais. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) financia, em parte, o banco. Os recursos do FAT vêm da tributação de receita das empresas (o que introduz ineficiência ao reduzir a produção). O FAT obteria remuneração bem mais alta se administrado por gestores privados. Portanto, transferem-se recursos dos trabalhadores para empresas, que poderiam se financiar no mercado. Tem mais. A política de campeões nacionais suprime a competição. O campeão recebe financiamento barato à custa do trabalhador para esfoliar o consumidor. Além de ineficiente, é injusto.
Regras de conteúdo nacional impõem que produtores usem um percentual de insumos produzidos localmente. O objetivo alegado é estimular a produção e criar empregos. Na verdade, a política desestimula produção (ineficiente, portanto), pois dá poder de mercado ao produtor de insumo. Ele reduz produção e aumenta preço, majorando o custo do produtor de bens finais que, consequentemente, produz menos. A agonia da Petrobras se deve, em parte, à exigência de comprar sondas e plataformas com conteúdo nacional. Transfere-se, neste caso, renda para os escolhidos à custa da renda do contribuinte brasileiro (e do pessoal do FGTS Petro).
O Tesouro Nacional financiou o Programa de Sustentação ao Investimento (PSI), cujo objetivo era estimular o investimento. O PSI produziu ineficiências e concentrou renda. Exemplo: financiou, com subsídios, a aquisição de caminhões, gerando excesso de oferta de frete. O resultado foi a redução substancial de seu valor, um sinal de mercado da ineficiência induzida pela política. Os caminhoneiros entraram em greve e conseguiram que um dos eixos do caminhão não pagasse pedágio quando trafegasse sem carga. Isso ensejará uma renegociação com os operadores de estradas, aumentando a percepção de risco regulatório. Os concessionários cobrarão por esse risco exigindo maior taxa de retorno em concessões futuras. Resultado? Mais pedágios para todos (ou, pior, falta de interesse em concessões). A solução? Mais subsídio via BNDES para turbinar os retornos dos concessionários. O ciclo se reinicia.
Políticas protecionistas, empresas apostando no câmbio com dinheiro barato do BNDES, resgate de controladores de bancos que cometeram fraudes. É longa a lista de escolhas ineficientes e injustas. Sem elas, estaríamos mais ricos e menos desiguais. Por que prevaleceram por tanto tempo sem parecer afetar a população? O maná externo do boom das commodities nos anestesiou. Parecia que todos ganhavam.
Findo o maná, as consequências dessas políticas ficam claras. "E esse não é o nosso destino." Confrontados com o resultado, os mentores – apresentando a conta a quem já paga pelos equívocos – redobram, ainda que de maneira por ora tímida, a aposta fracassada. "Dois cavaleiros se aproximavam e o vento começou a uivar," diz o fim da canção, que enseja seu recomeço num laço infinito.
Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello são PhDs em Economia pela Universidade Stanford e professores, respectivamente, na PUC-Rio e Insper
A posicao bizarra do Brasil na economia mundial - Paulo Roberto de Almeida
"A posição bizarra do Brasil na economia mundial, por Paulo Roberto de Almeida". Mundorama - Revista de Divulgação Científica em Relações Internacionais, [acessado em 09/03/2016]. Disponível em: <http://www.mundorama.net/2016/03/09/a-posicao-bizarra-do-brasil-na-economia-mundial-por-paulo-roberto-de-almeida/>.
I Concurso de Artigos em Comercio Internacional - FGV-SP
Cátedra OMC no Brasil
Centro do Comércio Global e Investimentos – CCGI
Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas –
EESP/FGV
I Concurso de Artigos em Comércio Internacional
Edital 002/2016-CACI
A Cátedra OMC no Brasil, representada por sua Titular, Professora Vera Thorstensen, diretora do Centro de Estudos do Comércio Global e Investimentos da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (CCGI-EESP/FGV), com endereço na Rua Itapeva, 286, 10º andar, Bela Vista – São Paulo/SP, 01332-000, torna público aos interessados o Edital com o regulamento do Concurso de Artigos em Comércio Internacional, com as regras que seguem.
1. Objeto
O presente Concurso tem por objetivo selecionar seis artigos científicos que versem sobre o seguinte tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”. Os artigos científicos poderão ser submetidos em duas categorias: (i) graduação; e (ii) pós-graduação, não sendo requerida formação em área especifica para participação. Serão selecionados três artigos científicos na categoria de graduação e três na categoria de pós-graduação. O artigo científico vencedor em cada categoria.
2. Critérios para a inscrição
Poderão participar do Concurso de Artigos em Comércio Internacional estudantes universitárias/os brasileiras/os e estrangeiras/os matriculadas/os em Instituições de Ensino Superior brasileiras, Universidades e/ou Faculdades, que apresentem artigos científicos em matéria de comércio internacional seguindo o tema “O Novo Sistema Econômico Internacional”, conforme disposto no item 3.
3. Tema
Os artigos científicos devem seguir o tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”, podendo ser abordados aspectos legais, econômicos, políticos e/ou de gestão relativos aos seguintes subtemas:
a. A coerência do Sistema Econômico Internacional;
b. Estabilidade financeira, regulação financeira e supervisão de riscos sistêmicos;
c. As novas barreiras regulatórias ao comércio (barreiras técnicas, sanitárias, fitossanitárias e
padrões privados);
d. Os mega-acordos, o futuro da política de acesso a mercados e acordos comerciais regulatórios;
e. Investimentos, comércio e regimes tributários;
f. Desenvolvimento sustentável, direitos humanos e o seu papel no novo sistema econômico internacional;
g. O papel do Comércio Internacional e suas instituições no Sistema Econômico Internacional;
h. Organização Mundial do Comércio (OMC) e os novos temas do comércio internacional no Século XXI;
i. Análise de instituições do Sistema Econômico Internacional.
A proposta desse concurso de artigos científicos endereça um problema que vem crescendo nos debates sobre economia internacional, que é a profusão de áreas e instituições com competências duplamente positivas ou duplamente negativas. Nesse sentido, é necessário reavaliar, primeiro, o conteúdo tratado no âmbito do Sistema Econômico Internacional, que envolve áreas como o Direito Internacional Econômico, Economia Internacional, Política Internacional, dentre outros. Nos últimos anos, novos temas têm ganhado corpo nas negociações internacionais e gerado um conflito de coerência sistêmica. Nesse sentido, até que ponto o sistema financeiro interfere no comércio internacional ou no sistema bancário internacional, ou na regulação de disciplinas ambientais? O sistema internacional está pronto para não apenas enfrentar novas questões sistêmicas que se apresentam, mas está dotado de instituições que funcionam com esse objetivo? A atualização do Sistema Econômico Internacional, passando por sua coerência interna, e as áreas a ele ligadas, é o que torna o tema aqui proposto atual e instigante para a/o jovem pesquisadora e interessada/o na área.
Seguem os links para o Edital 002/2016-CACI e para a Ficha de Inscrição.
Eleições nos EUA: forte voto protecionista prefere dois marginais da política
Bernie Breaks Through in Michigan
BY JAMES FREEMAN
Donald Trump won three more GOP nominating contests on Tuesday, while Sen. Ted Cruz won in Idaho and finished second to Mr. Trump in Hawaii, Michigan and Mississippi. Mr. Trump continues to succeed in a four-candidate Republican race, but new polls show he isalienating an increasing share of the nation’s overall electorate. “In the Wall Street Journal/NBC survey, his net negative rating is now up to minus-39%,” notes a Journal editorial. “A new Washington Post/ABC poll found that only 45% of Republicans consider him “honest and trustworthy” and only 51% say they’d be satisfied with him as the nominee.” The editorial adds that in the Michigan exit polls and the two national surveys, “Mr. Trump nearly always loses a hypothetical one-on-one matchup with each of the other GOP contenders.” And Mr. Trump trails Hillary Clinton by 13 percentage points in the WSJ/NBC survey.
But will Mrs. Clinton be the Democratic nominee? On Tuesday her coronation was interrupted by the voters of Michigan, who handed Bernie Sanders a surprising victory in the state’s Democratic primary. According to exit polls the Vermont senator won 30% of the black vote, enough to score a breakthrough win in the big, diverse state. Given his remarkable fundraising prowess—last month he raked in $42 million compared to Mrs. Clinton’s $30 million—and the possibility she will be indicted, it’s still too early to call the Democratic race.
Mrs. Clinton did win in Mississippi last night, powered by her usual overwhelming support from black voters. Why are African-American Democrats so enamored of Mrs. Clinton? Our columnist William Galston says it’s because blacks thrived during her husband’s presidency. “During Mr. Clinton’s eight years in office, median household income rose to $57,700 from $50,700, a sturdy 14%. Among African-Americans, it rose by even more, to $40,800 from $31,000—32%. While the overall poverty rate fell by 3.5 percentage points, it fell for African-Americans by 10.9 points, the most since the 1960s...”
“The conventional wisdom on the left is that the GOP brought the Trump phenomenon on itself,” writes Jason Riley. Media pundits like to pretend that the party has been stoking anti-immigrant sentiment, but Mr. Riley notes that Mr. Trump “wasn’t really invited to this party. He crashed it. And judging from the primary election results so far—he’s winning pluralities, not majorities—most Republicans want him to leave.”
Historia do Brasil: o golpe de 1964 foi feito para durar 21 anos? - Carlos Brickmann e Paulo Roberto de Almeida
Está em forma de carta pois foi assim que mandei ao autor.
Paulo Roberto de Almeida
DE VOLTA PARA O FUTURO
Carlos Brickmann
Edição para os jornais de Quarta-feira, 9 de março de 2016
Na semana que vem, este evento fará 52 anos. Eu atravessava o centro de São Paulo a pé quando cruzei com impressionante multidão, liderada por uma freira, a Irmã Ana de Lourdes, mais o governador, deputados - na época, atraíam público. Dizem que até um metalúrgico, que ficaria famoso, marchou com Deus pela liberdade. Foi difícil passar pela massa, chegar à Folha e comentar: "Tem gente pra caramba". Contestação imediata dos colegas de esquerda: na rua só havia milionários. Todos? Não: para fazer volume, tinham levado babás e empregadas.
Nos dias seguintes, mais negativas. A cada general que se declarava contra o Governo de João Goulart, citava-se outro que defendia o presidente. Havia as Ligas Camponesas, que invadiriam as cidades para dar apoio a João Goulart. O dispositivo militar, generais de muitas estrelas, a Casa Militar, o 3º Exército, o 2º Exército do general Kruel, amigo de Goulart. Cabos e sargentos rejeitariam ordens superiores e defenderiam o regime. Tinha roubalheira em Brasília? Tinha, mas em São Paulo também havia. Luís Carlos Prestes, maior líder comunista, proclamava a vitória: "Já estamos no governo, só falta alcançar o poder".
As Ligas Camponesas se evaporaram, o dispositivo militar não havia, o 3º Exército foi neutralizado, o general Kruel marchou contra o amigo Jango. Tivemos 21 anos de ditadura e sofrimento. Ninguém aprendeu, só esqueceu. Mudança? Em vez de chamar os adversários de gorilas, agora os chamam de coxinhas.
Parece familiar? E é. Mas Lula e PT parecem felizes de buscar o confronto.
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Carta-comentário de Paulo Roberto de Almeida:
Com perdão que lhe diga, mas para quem lê todos os seus artigos com atenção, este aqui me chocou pela contradição entre o início e o final.
De fato, há 52 anos a sociedade em geral, a classe média em particular, marchou unida contra o governo. A inflação assustava todos, o espectro do comunismo assustava os militares e alguns empresários (mais preocupados com a deterioração do ambiente econômico e com a inépcia de Jango, que sempre prometia aumentar os salários dos operários e controlar os preços dos alugueis, transportes e outros bens e serviços), e a deterioração geral do ambiente político deixava a todos perplexos, que foram então pedir aos militares que resolvessem o problema (especialmente aqueles que eram candidatos a presidente em 1965, pelo menos três governadores e um ex-presidente, que temiam que as loucuras brizolistas fossem de fato reais: na lei ou na marra). Enfim, deu-se o golpe.
Mas o que dizer deste parágrafo muito simplista?
“As Ligas Camponesas se evaporaram, o dispositivo militar não havia, o 3º Exército foi neutralizado, o general Kruel marchou contra o amigo Jango. Tivemos 21 anos de ditadura e sofrimento.”
Não, ninguém previa, nem os próprios militares, uma duração tão longa para o golpe. Castello Branco, um intelectual entre os militares, e que só tomou a cabeça do movimento para impedir que outros piores do que ele nas FFAA fizessem muita besteira vingativa, um verdadeiro estadista, ainda esperava colocar o Brasil em ordem em poucos meses, e poder presidir ao processo eleitoral em 1965, que devolveria o poder aos civis (ainda que a políticos confiáveis).
Enfim, as coisas nunca se passam como o esperado e as circunstâncias se precipitaram para mudar radicalmente o cenário, que não tinha nada de muito perverso planejado pelos militares (embora alguns quisessem aproveitar a oportunidade para “limpar o terreno” de vez, o que não tinham conseguido fazer em 1954, em 1955 e em 1961). Vários militares da chamada linha dura quiseram aprofundar a “revolução”, e vários malucos da esquerda acharam que era hora de imitar Guevara e Fidel Castro ou Mao Tsé-tung. Marighella partiu para Cuba, buscar ajuda dos cubanos para preparar uma insurreição armada, que resultou apenas ser uma mal organizada guerrilha urbana. Os maoístas se prepararam durante anos para uma guerra camponesa, esquecendo que o Brasil não tinha verdadeiros camponeses, pelo menos não na Amazônia, só agricultores de subsistência paupérrimos, que não tinham sequer consciência de serem cidadãos de um país chamado Brasil (na verdade nem o eram, pois analfabetos não votavam). Os verdadeiros camponeses, os imigrantes europeus do sul do país, eram “pequeno burgueses” diriam os marxistas do Partidão. Aliás, o próprio Brizola recebeu dinheiro do Fidel para organizar um levante armado com militares de esquerda e não fez grande coisa, daí que Fidel passou a chama-lo de El Ratón. Enfim, muitos embarcaram na aventura armada, o que só redundou, justamente, em mais ditadura e sofrimento.
Tudo bem com seu artigo, mas essa coisa de que em 1964 partimos para 21 anos de ditadura e sofrimento não cola, pois não era verdade, não foi planejado. Só se tornou verdade aos poucos, e em grande medida graças à esquerda estúpida, que despertou os instintos mais primitivos da tigrada dos quartéis.
Para quem, como eu, que me iniciei na resistência e que passou um terço do período militar no exílio, a verdade histórica continua a ser importante, mesmo contra certas opiniões simplistas...
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Paulo R. de Almeida
www.pralmeida.org
diplomatizzando.blogspot.com
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