Observação: a cremação ocorrerá dia 2 de novembro às 16h30 e o velório a partir das 13h30 cap. 8 do Cemitério Memorial do Carmo (Rua Monsenhor Manoel Gomes, 287 – Cajú – Rio de Janeiro).
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
Falecimento de um grande historiador: Ricardo Salles; nota da ABPHE
Sobre nosso cenário de estagnação quase insuperável - Paulo Roberto de Almeida
Sobre nosso cenário de estagnação quase insuperável
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
A responsabilidade maior pelo cenário de semi-destruição autoinfligida no e ao Brasil, desde a democratização pós-ditadura, cabe quase inteiramente à deterioração intelectual do estamento político, convertido numa quadrilha de sanguessugas predatórios, sem projetos para o país, apenas em proveito próprio, do seu enriquecimento pessoal.
Mas muitos dos retrocessos foram construídos ao longo das duas décadas de ditadura militar, um período de progressos materiais, mas de perda de qualidade do material humano com que são feitos países dotados de certa racionalidade na definição de suas prioridades nacionais.
O Brasil dos militares — mas continuou da mesma forma sob a Nova República — se fez com total prioridade para as corporações e para os já ricos, no total desprezo por uma educação de massas de qualidade, o único requisito para diminuir a pobreza e aumentar a produtividade do capital humano.
Atenção: a despeito de o Brasil ser um país profundamente iníquo, nos níveis excessivamente altos de desigualdade estrutural, seu maior problema não é a desigualdade, a despeito de ela ser praticamente inaceitável. Sua prioridade está em eliminar a miséria e reduzir tremendamente a pobreza, sobretudo via educação, mercados, emprego, renda própria, não assistencialismo demagógico dos mesmos políticos que nos trouxeram ao horrível quadro de mediocridade atual.
Tentei ser sintético, evitando entrar em considerações mais amplas sobre as razões de nossa estagnação de 4 décadas, que possui fatores macro, micro, mas sobretudo de governança inepta, o que não deixa de ser um reflexo da deseducação do povinho miúdo, o popolo minuto, em oposição ao popolo grasso, de que falavam os italianos do Renascimento (leiam as Istorie Fiorentine, de Francesco Gucciardini e do próprio Maquiavel; pouco mudou desde então).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4005, 1 novembro 2021, 2 p.
How the European Map Has Changed Over 2,400 Years - Visual Capitalist
Excepcional: How the European Map Has Changed Over 2,400 Years
Animation: How the European Map Has Changed Over 2,400 Years
Published on October 28, 2021
By Nick Routley
The history of Europe is breathtakingly complex. While there are rare exceptions like Andorra and Portugal, which have had remarkably static borders for hundreds of years, jurisdiction over portions of the continent’s landmass have changed hands innumerable times.
Today’s video comes to us from YouTube channel Cottereau, and it shows the evolution of European map borders starting from 400 BC. Empires rise and fall, invasions sweep across the continent, and modern countries slowly begin to take shape (with the added bonus of an extremely dramatic instrumental).
Below are nine highlights and catalysts that shifted the dividing lines of the European map:
146 BC – A Year of Conquest
146 BC was a year of conquest and expansion for the Roman Republic. The fall of Carthage left the Romans in control of territory in North Africa, and the ransack and destruction of the Greek city-state of Corinth also kickstarted an era of Roman influence in that region. These decisive victories paved the way for the Roman Empire’s eventual domination of the Mediterranean.
117 AD – Peak Roman Empire
The peak of the Roman Empire is one of the more dramatic moments shown on this animated European map. At its height, under Trajan, the Roman Empire was a colossal 1.7 million square miles (quite a feat in an era without motorized vehicles and modern communication tools). This enormous empire remained mostly intact until 395, when it was irreparably split into Eastern and Western regions.

370 AD – The Arrival of the Huns
Spurred on by severe drought conditions in Central Asia, the Huns reached Europe and found a Roman Empire weakened by currency debasement, economic instability, overspending, and increasing incursions from rivals along its borders.
The Huns waged their first attack on the Eastern Roman Empire in 395, but it was not until half a century later—under the leadership of Attila the Hun—that hordes pushed deeper into Europe, sacking and razing cities along the way. The Romans would later get their revenge when they attacked the quarreling Goths and Huns, bouncing the latter out of Central Europe.
1241 – The Mongol Invasion of Europe
In the mid-13th century, the “Golden Horde” led by grandsons of Genghis Khan, roared into Russia and Eastern Europe sacking cities along the way. Facing invasion from formidable Mongol forces, central European princes temporarily placed their regional conflicts aside to defend their territory. Though the Mongols were slowly pushed eastward, they loomed large on the fringes of Europe until almost the 16th century.
1362 – Lithuania
Today, Lithuania is one of Europe’s smallest countries, but at its peak in the middle ages, it was one of the largest states on the continent. A pivotal moment for Lithuania came after a decisive win at the Battle of Blue Waters. This victory stifled the expansion of the Golden Horde, and brought present-day Ukraine into its sphere of influence.
1648 – Kleinstaaterei
The end of the Holy Roman Empire highlights the extreme territorial fragmentation in Germany and neighboring regions, in an era referred to as Kleinstaaterei.

Even as coherent nation states formed around it, the Holy Roman Empire and its remnants wouldn’t coalesce until Germany rose from the wreckage of the Franco-Prussian War in 1871. Unification helped position Germany as a major power, and by 1900 the country had the largest economy in Europe.
1919 – The Ottoman Empire
The Ottoman Empire—a fixture in Eastern Europe for hundreds of years—was in its waning years by the beginning of the 20th century. The empire had ceded territory in two costly wars with Italy and Balkan states, and by the time the dust cleared on WWI, the borders of the newly minted nation of Turkey began at the furthest edge of continental Europe.
1942 – Expanding and Contracting Germany
At the furthest extent of Axis territory in World War II, Germany and Italy controlled a vast portion of continental Europe. The map below shows occupied land and areas of influence at the height of Germany’s territorial expansion.

After the war, Germany again became fragmented into occupation zones—this time, overseen by the United States, France, Great Britain, and the Soviet Union. Germany would not be made whole again until 1990, when a weakening Soviet Union loosened its grip on East Germany.
1991 – Soviet Dissolution
In the decades following WWII, the political boundaries of the European map remained relatively stable—that is, until the dissolution of the Soviet Union in 1991. Almost overnight, the country’s entire western border splintered into independent nations. When the dust settled, there were 15 breakaway republics, six of which were in Europe.

Bonus: If you liked the video above, be sure to watch this year-by-year account of who ruled territories across Europe.
sábado, 30 de outubro de 2021
Depois da Grande Destruição de Dona Dilma, a Derrocada Final da economia brasileira pelo tesoureiro do capitão - Ricardo Bergamini e revistas
Governo Bolsonaro desmoralizou o liberalismo no Brasil
Ricardo Bergamini
Prezados Senhores
Da mesma forma que nos próximos cem anos não saberemos o motivo da absolvição do grave crime militar praticado pelo general Pazuello, bem como da carteira de vacinação do Bolsonaro, os brasileiros não vão desejar ouvir a palavra “Liberalismo”, assim sendo o retorno do PT é irreversível.
Guedes abandona as ilusões
Ao admitir que vai abandonar a âncora fiscal, governo Bolsonaro enterra o projeto liberal com que foi eleito em 2018 e abre espaço para o fisiologismo político e a farra dos gastos públicos. As consequências para a economia já são perceptíveis
Cláudio Gradilone e Paula Cristina
ISTOÉ DINHEIRO, 29/10/21
Pragmáticos, os alemães cunharam o termo “realpolitik”. Refere-se a uma abordagem essencialmente prática da política, voltada a objetivos concretos e sem influência da ideologia e da tradição. Na sexta-feira (22), o ministro da Economia, Paulo Guedes, mostrou-se um entusiasta da realpolitik. Ele colocou de lado sua ideologia favorável ao Estado mínimo, jogou às urtigas sua biografia e sua trajetória como defensor do liberalismo, para tornar-se operador-sênior do projeto de reeleição de Jair Bolsonaro.
O ponto fulcral da discussão foi o valor do Auxílio Brasil, ajuda mensal para os brasileiros de baixa renda que vai substituir o Bolsa Família e que deve durar até dezembro de 2022 — coincidentemente (ou nem tanto) após o segundo turno da eleição presidencial do ano que vem. Técnicos do Ministério da Economia defendiam um auxílio de R$ 300, mas a ala política do governo propunha R$ 400.
Menos do que o valor em si, a diferença permite a flexibilização do teto de gastos. Ou seja, uma pragmática permissão para o governo estourar os gastos e cortejar deputados para garantir palanques no pleito no ano que vem. A proposta, vista como derrota definitiva para qualquer projeto de controle das contas públicas, foi acolhida por Guedes e levou a várias baixas de peso na equipe econômica. “Não vamos tirar um dez na política fiscal e zero na política social, preferimos tirar um oito em fiscal em vez de dez e atender os mais frágeis”, disse Guedes na entrevista em que admitiu a capitulação, concedida ao lado de Bolsonaro.
A reação do mercado foi péssima, com alta dos juros pelo Banco Central, revisões para cima na inflação deste ano e para baixo no crescimento econômico para 2022. A realpolitik caracteriza-se pelo pragmatismo. E, pragmaticamente, os agentes econômicos abandonam as ilusões e se preparam para tempos turbulentos, como você verá nas páginas a seguir.
A imagem de Paulo Guedes que ilustra a abertura desta reportagem foi inspirada na capa da edição de 1 de novembro da revista americana Time, com Mark Zuckerberg
A DEMOLIÇÃO DO TETO DE GASTOS
LIBERAIS DE TAUBATÉ Um antiliberal como Bolsonaro e um suposto liberal como Guedes levam o País ao buraco.
Diz o dito popular que o pior cego é o que não quer ver. Essa frase sem origem conhecida atravessa os tempos, é usada em ao menos 12 línguas e descreve com precisão a atabalhoada jornada de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. Liberal de carteirinha, Guedes corteja o poder há tempos. Chegou a ser pré-sondado para o então Ministério da Fazenda no início do segundo mandato de Dilma Rousseff. No entanto, a oportunidade para conduzir a economia brasileira surgiu ao se tornar fiador de Jair Bolsonaro junto ao mercado. Guedes grampeou sua biografia ao projeto de poder de um presidente tosco, turrão, pouco democrático e historicamente estatista.
O resultado era tão previsível quanto 2 mais 2 são 4. A economia definha, indicadores despencam e o pedido constrangido para furar o teto de gastos cravou o último prego enferrujado no caixão sem enfeites de uma morte anunciada há meses: a do liberalismo da campanha eleitoral de 2018. Com o tempo, porém, ficou clara a inutilidade de tentar “civilizar” um presidente sero liberal. As dicas anunciavam que o teto de gastos racharia, as reformas não sairiam e o “posto Ipiranga” ficaria sem combustível na primeira briga com Bolsonaro.
Dito e feito. As brigas foram muitas. Cada uma causava uma baixa no ministério e 21 indicados de Guedes deixaram o governo. O primeiro foi Joaquim Levy, que deixou o BNDES em junho de 2019. A despedida mais recente foi a do Secretário de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, na quinta-feira (21). Levy virou alvo de Bolsonaro logo no início do mandato, por negar-se a abrir uma “caixa preta” do BNDES que existia apenas na cabeça do capitão. Já Funchal, secretário por trás dos planos de Orçamento, saiu quando o teto de gastos rachou de vez.Um dos ex-secretários de Guedes afirmou à DINHEIRO que mais três frentistas vão pedir as contas. “O clima é de pressão política, Guedes trabalha por um projeto político”, disse um deles. E uma agenda política no Ministério é garantia de que a economia vai desabar.
R$ 96,5 bilhões é a estimativa do IFI de rombo no teto dos gastos ano que vem, muito acima dos R$ 40 bilhões necessários para o novo programa social do governo
Segundo o presidente do Instituto Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, o governo pegou poucos sinais de melhora da economia, como a diminuição da dívida pública e a alta na arrecadação, para justificar o abandono da âncora fiscal. “Já está claro que partiremos do zero em 2023”, disse. E criou-se a fantasia inflacionária que mudou a fórmula de cálculo do reajuste do teto. Atualmente, os números são atualizados aplicando-se o IPCA acumulado nos 12 meses até junho do ano anterior à vigência do limite de gastos. A ideia agora é adotar a correção da inflação de janeiro a dezembro. Segundo Salto, essa medida, com a manobra de empurrar as dívidas de precatórios para cima do teto somam R$ 95,6 bilhões — muito acima dos R$ 40 bilhões necessários para custear o Renda Brasil. “Ou seja, há outros R$ 55,6 bilhões para gastos acima do teto. O desmonte já se confirma”, disse.
Ao defender as mudanças, Bolsonaro faz parecer que essa era a única saída. Há muitas razões para contestar essa balela. A ex-secretária da Fazenda do Rio de Janeiro Célia Lins enumera algumas. “O governo poderia acabar com o abono salarial, com o seguro-defeso e com o seguro desemprego. Poderia eliminar as desonerações restantes na folha do pagamento”, disse ela. Também poderia eliminar os benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus, elevar o Imposto sobre a Produção Industrial (IPI), passar a tributar as grandes fortunas e cobrar os maiores devedores do INSS.
O Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (CMAP) calculou que se a Receita Federal deixasse de permitir a dedução das despesas médicas no Imposto de Renda das pessoas físicas seriam arrecadados R$ 20 bilhões ao ano. E mais R$ 17 bilhões com o fim da isenção por grave acidente. Suficiente para fazer caber tudo abaixo do teto.
Um estudo da própria equipe de Guedes mostra que, se o benefício ficasse em R$ 300, não seria preciso furar o teto. Porém, o objetivo era furar, seguindo a regra do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles: onde passa boi, passa boiada. O governo tem agora mais recursos para as emendas parlamentares, para elevar o salário das categorias mais baixas das Forças Armadas e dar um afago aos caminhoneiros. Para Bolsonaro está tudo resolvido. O plano é seguir a agenda populista e “deixar que o mercado precifique”. Mas, é impossível precificar um presidente que tem certeza de que 2 mais 2 são 5.
*Paula Cristina
AS PALAVRAS QUE AFETAM OS NÚMEROS
Ao confirmar na sexta-feira (22) que o governo estava renunciando ao teto de gastos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, iniciou um dos mais drásticos processos de reversão de expectativas dos agentes econômicos dos últimos anos. Diferentemente da praxe, não demorou para o que era uma percepção se tornasse o discurso oficial. Na quarta-feira (27) o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 7,75% ao ano, uma alta de 1,5 ponto porcentual, e informou que em menos de dois meses, na reunião de dezembro, deverá haver outra alta dessa magnitude. Com isso, a Selic deve encerrar 2021 a 9,25% ao ano, maior patamar desde o governo de Michel Temer.
Mesmo redigido na linguagem sóbria e contida dos bancos centrais, o Comunicado que se seguiu ao anúncio da reunião não poderia ser mais claro sobre a gravidade da situação. “O Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação”, informou. Isso “aumenta a assimetria altista no balanço de riscos” e “implica maior probabilidade de trajetórias para a inflação acima do projetado”. E também não deixou dúvidas quanto ao tratamento prescrito, afirmando que “neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista” mesmo sabendo que “essa decisão implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Em português de dia de semana, isso quer dizer que o Banco Central vai aumentar os juros até o fim deste ano e continuar a elevá-los no início de 2022 para conter a inflação. A alta de preços é um fenômeno global. Tanto nas economias desenvolvidas quanto nas emergentes, os preços vêm subindo devido a dois fatores. O primeiro é a brutal expansão monetária. Países que tinham folgas financeiras (e mesmo os que não as tinham) aumentaram o crédito e injetaram dinheiro na economia para suavizar os efeitos da pandemia. O segundo são os problemas no retorno à normalidade. As normalmente azeitadas correntes de comércio foram prejudicadas. A escassez mais visível é a de chips, que afeta a produção de veículos. Com isso, há distorções que elevam alguns preços.
“Fica difícil para o mercado precificar quais serão os próximos passos a serem dados pelo governo na política macroeconômica” Sergio Rial presidente executivo do Santander Brasil.
No entanto, no Brasil a alta de preços provocada pela escassez hídrica que encarece energia e comida tem mais uma causa. O governo está gastando muito, e as declarações de Guedes na sexta-feira confirmaram que isso deixou de ser um problema em Brasília. Não demorou para que os profissionais do mercado financeiro revisassem para pior seus prognósticos para o ano que vem.
Uma comparação simples entre indicadores financeiros mostra o tamanho do desprazer que a mudança provocou no mercado. Basta comparar as expectativas levantadas pelo próprio BC no Relatório Focus. No início de 2021, a Selic esperada para o fim do ano era de 3%. Agora, a previsão é de 9,25%. A inflação prevista subiu de 3,32% para 8,96%. Os números também são evidentes em mostrar o problema. Os juros de longo prazo no mercado futuro subiram de 4,2% no início do ano para 11,4% no fim de outubro, e o Ibovespa recuou 10,9%, caindo de 119 mil para 106 mil pontos.
O primeiro a refazer as contas foi o Itaú Unibanco. Logo na segunda-feira (25) o banco divulgou um relatório alterando sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022. Em vez de uma alta de 0,5%, o banco agora espera uma retração de 0,5%. “Notícias sobre o aumento dos gastos fiscais aumentaram as dúvidas sobre o futuro do arcabouço fiscal no Brasil, que desde 2016 tem sido baseado em um teto de gastos ajustável (…) e sem uma âncora fiscal crível, a tarefa do Banco Central de manter a inflação na meta se torna mais difícil”, segundo o texto.
O banco diagnosticou a doença e foi preciso ao prescrever o tratamento. “Uma rápida retomada da agenda de reforma (…) fortaleceria a flexibilidade e resiliência fiscais e poderia ajudar a aliviar as condições financeiras e reduzir a incerteza.” Outros bancos também refizeram suas contas. Na terça-feira (26) o JP Morgan informou prever juros de 11,25% em abril do ano que vem, estimativa parecida com a do Citibank.Outros números já provam a piora das expectativas. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 68 empresas cancelaram projetos de abrir capital na B3. Três delas interromperam o processo logo após o anúncio de rompimento do teto, em uma antecipação ao que está por vir.
INCONSISTÊNCIA Ao comentar os resultados recordes do Santander Brasil no terceiro trimestre, o presidente executivo, Sergio Rial, confirmou a preocupação. “Basta olhar a curva de juros de longo prazo e a percepção do risco Brasil para notar que houve uma piora nas expectativas”, disse ele. Na avaliação de Rial, o grande problema é a inconsistência nas narrativas do governo. “Havia uma agenda de simplificação tributária que simplesmente deixou de ser mencionada, e foi substituída por uma nova agenda de auxílio”, disse Rial. “Fica difícil para o mercado precificar quais serão os próximos passos a serem dados pelo governo na questão da política macroeconômica.”
-0,5% a previsão do itaú unibanco para o pib de 2022 é de retração. antes da fala de guedes, a projeção era de alta de 0,5%
Segundo Rial, essa indefinição amplifica a volatilidade do câmbio, o que é bastante danoso para a economia. Além de pressionar a inflação, um câmbio excessivamente volátil aumenta a percepção de risco e dificulta os investimentos. “O dólar pode estar em um patamar mais ou menos elevado, mas se houver estabilidade as empresas e os investidores se ajustam, mas muita oscilação é ruim.” E a conclusão, para Rial e os demais agentes econômicos, é uma só. A política monetária pode até ser assertiva, mas sem uma sinalização clara de equilíbrio das contas públicas no médio e no longo prazo, o custo da dívida interna se torna proibitivo. Uma lição que o liberal Paulo Guedes aprendeu bem em sua passagem por Chicago, mas que deve ter sido apagada pelo clima seco de Brasília: governo que gasta aumenta o risco, e país arriscado afugenta investidor.
*Cláudio Gradilone
ENTREVISTA: Vandick Silveira, Economista e CEO da Trevisan Escola de Negócios “O Brasil terá uma recessão técnica no último trimestre”
Com o governo minando suas melhores armas de controle da inflação e crescimento ao derrubar o teto de gastos, País entra em um espiral de juros alto, preços caros, dólar volátil e pressão internacional fatores que não serão resolvidos com um auxílio eleitoreiro de R$ 400. Veja as análises do economista:
PIB
Em dezembro haverá uma leve contração do PIB, o que coloca o Brasil em recessão técnica. O crescimento será de até 3,5%.
AUXÍLIO BRASIL
É mais importante controlar a inflação do que dar dinheiro aos pobres. Porque dar dinheiro ao pobre, esse projeto populista e eleitoreiro dos R$ 400, você dá o dinheiro ao sujeito e conforme a inflação sobe forte, o poder de compra do auxílio despenca.
DESEMPREGO
Fica onde está. Não haverá grandes ganhos pois o Brasil não está crescendo. Cresceu em comparação a 2020, mas segue muito abaixo da base pré-pandemia, que já era deprimida.
TETO DE GASTOS
Não existia nenhuma razão para que a gente estourasse o teto de gastos para a camada mais pobre da população. Na verdade a gente podia dar até o dobro, R$ 800. É factível contando que tivesse uma contrapartida fiscal.
PONTO ALTO DO GOVERNO
A mudança na trajetória da dívida em 2019 foi a maior conquista deste governo, mas o ministério da Economia foi muito incompetente em contar isso. Foi isso que deu condições de se bancar o Auxílio Emergencial.
PAULO GUEDES
É frustrante essa posição. Subiu neste rabo de cometa desgovernado. Virou cabo eleitoral. Mostra que para ele vale mais estar como ministro do que ser um ministro eficaz.
ESTRUTURA FISCAL
Para o mercado, a estrutura fiscal do Brasil é insustentável. E a dívida vai ser insustentável sem teto de gastos. Temos uma só arma no arsenal para combater a inflação: é a política monetária, que em termos militares equivale a uma bomba atômica.
DÓLAR
A volatilidade seguirá na nossa moeda. Ficaremos nessa oscilação de R$ 5,50, R$5,60 até o final do ano. Ano que vem deve permanecer em um patamar de R$ 5,50, tudo isso sob condições normais.
PRIVATIZAÇÕES
O governo falou muito e não entregou nada. Somos perdedores contumazes nesse quesito.
CENÁRIO EXTERNO
Tudo indica que o FED deixará a taxa de juro negativa e entrará na positiva, ou neutra, em 2022. Isso vai provocar uma fuga de capitais de países como Brasil, que tem uma situação fiscal muito incerta. E não vamos poder contar com aquele crescimento pujante da China.
2023
Eu já conto com uma retração da economia brasileira ano que vem em torno de 0,5% a 1%. Isso pela dinâmica própria de um ano eleitoral e a situação fiscal. Agora, se houver essa movimentação no mercado externo, o BC terá que terá que ser mais agressivo e isso derrubará o crescimento. E ai sim pode cair muito mais de 1%.
*Edson Rossi e Paula Cristina
O discurso do mentiroso no G20: um texto alternativo, mais condizente - Bozo e Paulo Roberto de Almeida
O discurso do mentiroso no G20: um texto alternativo, mais condizente
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)
Em todos os encontros internacionais, é costume a autoridade – dirigente nacional, ministro da área, representante diplomático – ler um discurso oficial, preparado pelo setor responsável, lido cerimoniosamente conforme as instruções, para registro formal. Muitas vezes, a versão proclamada tem pouco a ver com a realidade, mas assim é que se procede nesses encontros diplomáticos, onde se tenta vender a melhor imagem possível. Poucas vezes, contudo, a versão apresentada distorce tanto a realidade que chega a tornar-se ridícula de tão mentirosa. É o caso de todos os discursos oficiais do indivíduo que passa por dirigente do Brasil. Não foi diferente o seu discurso no G20, em 30 de outubro de 2021, em Roma. Abaixo, um exercício de recomposição do que seria um discurso sincero do sujeitinho.
Senhoras e senhores líderes do G20, | Senhores, |
É uma grande satisfação para mim participar, presencialmente, deste importante encontro de lideranças em um momento de recuperação econômica mundial. Apesar de termos motivos para comemorar, ainda restam desafios para alcançarmos crescimento econômico mais estável e equitativo. | Confesso que só vim aqui por insistência de meus assessores, que ficaram me chateando o tempo todo, para fazer esta viagem e representar o Brasil neste foro, ao qual não dou a menor importância. Vim mesmo para encontrar o Salvini, talvez o Berlusconi, e receber um prêmio na cidade dos meus antecessores. Apenas isso. |
O Brasil se comprometeu com um programa extensivo e eficiente de vacinação, em paralelo a uma agenda de auxílio emergencial e preservação do emprego para a proteção dos mais vulneráveis. Estamos igualmente comprometidos com uma agenda de reformas estruturantes, essenciais para uma retomada econômica sustentada. Já conseguimos atrair um volume superior a US$ 110 bilhões em investimentos nos setores de infraestrutura e temos a expectativa de alcançar valores ainda superiores até 2022. | A minha ideia, na verdade, era infectar o maior número possível de brasileiros, para que todos ficassem protegidos contra o vírus chinês, pois não há melhor remédio contra uma doença do que pegar a doença e depois ficar curado dela. Eu sou um exemplo dessa realidade. Tive de dar uns trocados para o povo pobre, que perdeu o emprego por culpa dos governadores, mas o STF me proibiu de impedir os lockdowns. Olha, eu não sei quanto dinheiro já saiu do Brasil, mas vocês que são ricos poderiam dizer aos seus capitalistas para não retirar dinheiro do Brasil, pois logo, logo teremos juros nas alturas outras vez. |
O histórico acordo concluído pelo G20 e por outros países sobre tributação internacional, no âmbito da OCDE, é também uma contribuição significativa para a sustentabilidade fiscal e econômica | Eu também acho que essas multinacionais deveriam pagar mais impostos, do contrário como é que poderíamos manter a máquina do Estado funcionando? |
Os trabalhos do G20 na trilha de finanças renderam resultados importantes para a recuperação da crise econômica, como ilustram a nova alocação de Direitos Especiais de Saque pelo FMI e as medidas para enfrentar desafios relacionados ao meio ambiente e à saúde. | Olha, eu não tenho a menor ideia do que seja essa coisa do FMI, mas se o meu ministro da Economia disse que era bom, fico com ele. Aliás, queria pedir um pouco mais para o Brasil, pois somos o quinto maior país em população do mundo e acho que merecemos mais dessa coisa. |
Gradualmente, nossas economias recuperam-se à medida em que a crise sanitária é superada. Esses dois processos de recuperação caminham lado a lado. Ambos têm mostrado a relevância de promovermos um comércio internacional livre de medidas distorcidas e discriminatórias. Eis por que a integração de nossas economias, por meio de fluxos cada vez maiores de comércio e investimentos, constitui parte das soluções que buscamos com vistas à recuperação e ao desenvolvimento sustentável. | Posso dizer a verdade aqui para vocês: o Brasil já se recuperou em V, como disse o meu ministro, e mais um pouco vamos avançar ainda mais no alfabeto, ficando na frente de todos os demais países. Pena que o meu amigo Trump não esteja mais na frente do governo americano, pois ele saberia reconhecer o quanto nossas duas economias avançaram na defesa da soberania nacional e na luta contra algumas potências que querem comprar o Brasil ou internacionalizar a Amazônia, que nunca esteve melhor defendida do que sob o meu governo. Já deslocamos milhares de soldados para a Amazônia, prontos para qualquer eventualidade. |
No Brasil, mais da metade da população nacional já está plenamente imunizada de forma voluntária. Mais de 94% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacina. Ao todo, aplicamos mais de 260 milhões de doses, das quais mais de 140 milhões foram produzidas em território nacional. | Apesar das minhas recomendações em favor da imunização natural, e na adoção de um tratamento preventivo, o povo insistiu em se vacinar, e assim foi feito, apesar de termos gasto milhões com isso. Eu sempre defendi a liberdade, quem quiser se vacinar que o faça, mas não enche o saco de quem não quiser. Liberdade acima de tudo. |
Para o Brasil, os esforços do G20 deveriam concentrar-se no combate à atual pandemia, que continua a assolar muitos países. | Mas, os países ricos do G20, a ONU e o FMI é que deveriam estar comprando vacina para distribuir entre os países pobres. Já vou avisando que o Brasil não precisa. |
Entendemos, portanto, caber ao G20 esforços adicionais pela produção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento. | Vocês que são ricos é que precisam ajudar, da minha parte posso garantir que o Brasil tem recursos para vacinar até o dobro da população. Façam a sua parte. |
Muito obrigado. | É isso, pessoal, dei o meu recado. Bom dia. |
Pela nova versão...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 outubro 2021, 2 p.
Irresponsabilidade deliberada: descalabro fiscal - Editorial Estadão
Irresponsabilidade deliberada
O preço da demagogia pesará desproporcionalmente sobre os pobres. Por ironia (ou talvez justiça) do destino, é possível que a fatura chegue antes das eleições
30 de outubro de 2021 | 03h00

Responsabilidade fiscal e responsabilidade social são aspectos da responsabilidade com os recursos públicos. A última garante que eles servirão o bem comum, em especial aos vulneráveis, auxiliando-os a conquistar sua independência. Mas para tanto é preciso que haja recursos. É isso o que a disciplina fiscal garante, além da estabilidade econômica, condição para que os negócios prosperem e, logo, para a ampliação do melhor programa social que existe: o emprego.
O País deve a essa disciplina sua maior conquista econômica desde a redemocratização – o controle da inflação – e a saída de sua pior crise – a recessão. O retorno da indisciplina o põe na rota da inflação, juros altos, mais dívida pública, pressão tributária, fuga de investimentos, desvalorização cambial, deterioração da renda e desemprego. O alívio aos pobres hoje será pago com a multiplicação e a perpetuação da miséria amanhã.
O rompimento do teto de gastos pode elevar as despesas de R$ 1,647 trilhão para R$ 1,680 trilhão. “Não é o fim do mundo”, ponderou Mansueto Almeida, um dos artífices da recuperação pós-recessão, “se bem justificado tecnicamente.” Nesse “se” está o x da questão.
Uma “licença para gastar” deveria ser provisória. Em tese, diz-se que o auxílio de R$ 400 valerá até o fim de 2022. Na prática, está se constitucionalizando o calote (nos precatórios) e as pedaladas (na manipulação retroativa do cálculo dos limites de gastos). Em segundo lugar, essa licença deveria ser acompanhada por um plano convincente de corte de gastos e racionalização dos programas sociais.
Se se preocupasse mais com a vida do que com o voto dos pobres, o presidente Jair Bolsonaro teria iniciado seu mandato articulando uma base parlamentar apta a implementar uma tributação progressiva e uma máquina pública mais eficiente e menos custosa. Só a eliminação dos privilégios do funcionalismo, como propõe a PEC 147/19, renderia um auxílio de R$ 250.
A racionalização dos programas sociais permitiria remanejar recursos sem custos e com mais eficiência, amparando (continuamente) as pessoas em miséria crônica e (provisoriamente) as sujeitas à volatilidade de renda em excepcionalidades como a pandemia. O projeto de Lei de Responsabilidade Social, que jaz no Senado, foi formatado com esse fim.
Além de reformas para garantir a sustentabilidade fiscal e social, o governo poderia ter investido contra gastos como os Fundos Partidário e Eleitoral, emendas parlamentares exorbitantes ou os inúmeros subsídios corporativos.
Essas medidas abririam espaço para gastos sociais e permitiriam até antecipar a revisão do teto sem convulsões no mercado. Mesmo sem elas, seria possível, segundo a Instituição Fiscal Independente, reservar ao abrigo do teto R$ 30 bilhões, ampliando para R$ 250 o Bolsa Família e incluindo os mais de 2 milhões de pessoas na sua fila.
Mas o presidente optou de saída pelo confronto com o Congresso. Depois, sabotou a vacinação, retardando a retomada. Enquanto sua popularidade derretia, o Centrão sequestrava o Orçamento e submetia a política econômica a seus interesses paroquiais. As reformas foram subvertidas em contrarreformas. Não se esboçou qualquer modernização dos programas sociais. Os subsídios seguem intocados e os fundos partidários e emendas parlamentares foram anabolizados.
A quebra da regra fiscal já está abrigando mais demandas fisiológicas por fundos e emendas e novos benefícios corporativistas, como o auxílio aos caminhoneiros. O teto despedaçado sofrerá mais investidas, e a credibilidade fiscal do País irá para o espaço. Em plena turbulência global, o Brasil entrará na rota da estagflação. As projeções do PIB estão em queda livre, o desemprego pode aumentar e a inflação acabará corroendo os ganhos com os benefícios sociais. O preço da demagogia pesará desproporcionalmente sobre os pobres. Por ironia (ou talvez justiça) do destino, é possível que a fatura chegue antes das eleições.
A população já paga caro pela crônica irresponsabilidade social do governo. Com o surto de irresponsabilidade fiscal, a conta vai explodir.
Tudo o que une petistas e bolsonaristas (e não só no Congresso): no discurso e na retórica também - Daniel Weterman e Thiago Faria (O Estado de S.Paulo)
Interesses corporativos unem PT e bolsonaristas no Congresso
Maior partido de oposição se alinha à base do presidente em votações de projetos que beneficiam classe política e enfraquecem órgãos de controle
30 de outubro de 2021 | 05h00
BRASÍLIA — A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta o poder do Congresso sobre o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na semana passada, contou na Câmara com uma inusitada união entre o PT, maior partido da oposição, e aliados do presidente Jair Bolsonaro. Embora a proposta tenha sido rejeitada, não foi a primeira vez que os adversários se juntaram para apoiar medidas que beneficiam políticos e enfraquecem órgãos de controle. Levantamento da consultoria Inteligov, feito a pedido do Estadão, mostra que os petistas se alinharam ao líder do governo em uma a cada dez votações nominais, desde 2019.
Houve um casamento de interesses, por exemplo, no projeto que afrouxou a Lei de Improbidade Administrativa, sancionado nesta semana por Bolsonaro. O texto aprovado foi o do relator, Carlos Zarattini (PT-SP), com apoio do líder do governo, Ricardo Barros (Progressistas-PR), nome do Centrão. Os 52 deputados do PT foram a favor da medida, que dificulta a punição de políticos ao exigir a comprovação de “dolo específico”, ou seja, a intenção de cometer irregularidade.
O PT e o governo também se aliaram quando estavam em jogo interesses partidários. Foi assim nas votações do novo Código Eleitoral, que fragiliza a fiscalização das contas de partidos; da proposta que permitia a volta das coligações – barrada no Senado –; e da que retoma a propaganda das legendas no rádio e na TV. Nos três casos, o PT votou 100% fechado com a orientação do Planalto.
O levantamento da Inteligov indica que esta situação ocorreu em 349 das 3.672 votações nominais realizadas na Câmara e no Senado desde que Bolsonaro tomou posse, em 2019. O cálculo leva em conta votações de projetos, PECs, medidas provisórias e requerimentos do Legislativo, como pedidos para retirar uma proposta da pauta.
‘Sobrevivência’. Para o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper, há nessas alianças um instinto de sobrevivência da classe política. “No caso da PEC do CNMP e da Lei de Improbidade, há uma agenda de blindagem. O governo e o PT têm, hoje, claramente uma agenda contra esse tipo de medida, em que pese já terem ambos levantado a bandeira contra a corrupção.”
“Todos estão olhando para o próprio umbigo e as bases eleitorais exigem recursos. Não há preocupação com a transparência”, disse o analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Neuriberg Dias.
Nos últimos anos, o Congresso aumentou as emendas parlamentares e passou a destinar recursos diretamente para Estados e municípios. Trata-se das chamadas “emendas cheque em branco”. O modelo foi criado a partir de uma PEC da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), mas encontrou maior adesão na base do governo. Em 2021, sete em cada dez deputados que usaram essas emendas votaram com o governo em 70% das ocasiões, apontou a Inteligov.
‘Política’. “Esses são temas da política, não se trata de oposição e situação. Na Lei de Improbidade, temos o abuso do MP sobre o julgamento de pessoas que, por questões apenas administrativas, são retiradas da vida política. Outra questão é a vida do povo, e aí o Bolsonaro está fora da democracia”, disse o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS).
Mesmo na pauta econômica, porém, houve convergências, como na reforma do Imposto de Renda. A bancada petista votou em peso para aprovar a medida, que, além de reduzir impostos de empresas, cria uma cobrança sobre lucros e dividendos.
Pautas comuns
Emendas
Petistas e governistas votaram juntos no projeto que determinou a execução obrigatória de emendas parlamentares de bancada, ampliando o poder de deputados e senadores sobre o Orçamento.
Improbidade administrativa
Também se alinharam na análise do projeto que afrouxou a Lei de Improbidade Administrativa, dificultando a punição a políticos.
Coligações
A proposta que previa a volta das coligações nas eleições para o Legislativo, prática proibida com o intuito de reduzir o número de legendas no País, uniu petistas e parlamentares governistas.
Código Eleitoral
O novo Código Eleitoral, que prevê regras mais brandas para o uso de recursos públicos por partidos, reduz a fiscalização e tira poderes da Justiça Eleitoral, teve apoio tanto do PT quanto de parlamentares bolsonaristas.
Ministério Público
Os adversários votaram juntos na proposta que mudava a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e aumentava a influência do Congresso no órgão, responsável por fiscalizar a atuação de procuradores.
Propaganda
Projeto que retoma a propaganda gratuita de partidos políticos no rádio e na TV, suspensa em 2017 após a aprovação do Fundo Eleitoral, obteve votos de petistas e de parlamentares governistas.
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...