quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Carta Aberta de apoio ao presidente e ao chanceler no caso da iniciativa contra Israel por genocidio na Faixa de Gaza

 Carta Aberta de apoio ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República Senhor Luiz Inácio Lula da Silva e ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira

17 de janeiro de 2024

O governo da África do Sul apresentou, em 29 de dezembro passado, uma petição à Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU), em Haia, órgão com 15 juízes que julga disputas entre Estados, com o apoio de 67 países, inclusive o Brasil. A petição acusa o Estado de Israel de descumprir a Convenção de Prevenção e Punição do Genocídio de 1951.

 No dia 10 de janeiro, em uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o presidente da República relatou os esforços e ações que seu governo tem feito em inúmeros fóruns, em prol do cessar fogo, da libertação dos reféns e da proteção da população civil em Gaza. Destacou ainda a atuação incansável do Brasil no exercício da presidência do Conselho de Segurança para promover uma solução diplomática para o conflito.

À luz da continuidade de flagrantes violações ao direito internacional humanitário em Gaza, o presidente Lula manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça, para que

 determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção de Genocídio.

A decisão do presidente da República suscitou críticas como a alegação de uma suposta falta de coerência da diplomacia brasileira ao apoiar a ida à Corte, que foi considerada em discordância com a política externa de equilíbrio entre Israel e a Palestina, e teria por objetivo a deslegitimação de Israel quebrando a irmandade(sic) com o povo judeu, reforçando o antissemitismo.

Não há incoerência alguma na diplomacia brasileira. Essas críticas ignoram que o Estado brasileiro tem se guiado, nas relações internacionais, pela primazia do respeito aos direitos humanos, conforme o artigo 4o da Constituição de 1988. A política externa brasileira sob a

 constitucionalidade democrática sempre respeitou a primazia das normas internacionais e das decisões de órgãos multilaterais.

Qualquer referência à crise em Gaza deve ser examinada, como asseverou recentemente o secretário-Geral da ONU, no contexto da história das relações entre Israel e o povo palestino. A manutenção da equidistância nas relações do Brasil advém da situação das duas partes do conflito, sob o ângulo das obrigações do Brasil em face da legislação internacional: o Estado de Israel, como potência ocupante, e a Palestina ocupada, submetida a anos de apartheid, 56 anos de ocupação militar e a 16 anos de bloqueio em Gaza.

Muitas críticas apontam que o processo na Corte deixa de lado o exame dos ataques do Hamas em 7 de outubro. Porém, o Hamas não pode ser parte em um processo perante a Corte Internacional de Justiça, que examina apenas

 disputas entre Estados. A Corte examinará a defesa de Israel, que culpa o Hamas pelas mortes de civis e não pela sua própria conduta. Em qualquer hipótese, o órgão judicial que pode penalizar os crimes de guerra do Hamas é o Tribunal Penal Internacional (que investiga e processa indivíduos), mas Israel impediu o procurador do Tribunal de entrar em Gaza diante do risco de que ele pudesse investigar e processar autoridades oficiais de Israel.

 A acusação de reforçar o antissemitismo faz parte da campanha de instrumentalização política do termo, ao considerar qualquer crítica ao Estado de Israel e seu governo como antissemita. O antissemitismo é um flagelo perigoso e deve ser combatido vigorosamente. Mas não significa ser antissemita condenar o apartheid e o desrespeito sistemático, por Israel, das decisões dos órgaõs da ONU e de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, incluindo a não prevenção de genocídio. Conforme observado pela Declaração de Jerusalém e pelo The Nexus Document sobre antissemitismo, equiparar falsamente antissemitismo com crítica a Israel prejudica a importante luta conta o antissemitismo.

Lamentavelmente todas essas críticas hipócritas à decisão do governo em cartas jactanciosas, editoriais, avalanche de notas na mídia social não levam em conta natureza, âmbito e extensão dos ataques militares de Israel a Gaza, com um bombardeio contínuo durante 100 dias em uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, forçando a evacuação de 1,9 milhão de pessoas (85% da população de Gaza) de suas casas, deslocadas para áreas cada vez mais exíguas, sem abrigo adequado, onde continuam a ser bombardeadas, mortas, feridas e privadas de necessidades básicas para sobrevivência. Os ataques já mataram mais de 23 mil palestinos. Gaza se transformou em um cemitério de mais de 10 mil crianças, com milhares de feridos com amputações sem anestesia, desaparecidos, supostamente enterrados sob os escombros. Foram mortos 82 jornalistas, muitos com suas famílias extensas. Mais de 150 funcionários da ONU foram mortos, mais do que em qualquer outro conflito nos 78 anos de história da organização.

Israel destruiu vastas áreas de Gaza, incluindo bairros inteiros, danificou ou destruiu mais de 355 mil casas palestinas, terras agrícolas, padarias, escolas, quatro universidades, empresas, mesquitas e locais de culto, cemitérios, sítios culturais e arqueológicos, serviços municipais e instalações de água e saneamento e redes de eletricidade, sistema médico e de saúde palestinos. Israel continua a reduzir Gaza a escombros, matando, ferindo e destruindo a população e criando condições de vida que a petição da África do Sul alega serem calculadas para a destruição física dos palestinos como grupo étnico e nacional.

 Os aqui abaixo assinados apoiam o governo democrático do Brasil e concordam com a decisão tomada pela diplomacia brasileira junto à Corte Internacional de Justiça. Nesse sentido, apoiamos o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira.

PAULO SÉRGIO PINHEIRO, Ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos

KENNETH ROTH, Ex-diretor Executivo da Human Rights Watch

EMBAIXADOR JOSÉ MAURÍCIO BUSTANI, Ex-diretor Geral da Organização para Proibição de Armas Químicas

JUAN E. MENDEZ, Ex-assessor Especial do Secretário-Geral da ONU para a Prevenção do Genocídio

FABIO KONDER COMPARATO, Professor Emérito da Faculdade de Direito, USP

EMBAIXADOR TADEU VALADARES, Ex-diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais, Ministério das Relações Exteriores

JAMES CAVALLARO, Ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, OEA

MARILENA CHAUI, Professora Emérita, Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, USP

PAULO VANNUCHI, Ex-ministro de Direitos Humanos

REGINALDO NASSER, Professor de Relações Internacionais, PUC-SP

ROGERIO SOTTILI, Ex-ministro de Direitos Humanos

LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA, Ex-ministro da Fazenda, Ex- ministro da Administração Federal e da Reforma do Estado

EMBAIXADOR EDUARDO ROXO

LUIZ EDUARDO SOARES, Antropólogo e Escritor, Ex-secretário Nacional de Segurança Pública

NILMA LINO GOMES, Ex-ministra da Igualdade Racial

EMBAIXADOR FRANCISCO ALVIM

JOSE ́LUIZ DEL ROIO, Historiador, Ex-senador da Itália

IDELI SALVATI, Ex-senadora, Ex-ministra de Direitos Humanos MILTON HATOUM, Escritor

ELEONORA MENICUCCI DE OLIVEIRA, Ex-ministra de Políticas para as Mulheres

BRENO ALTMAN, Jornalista

SALEM NASSER, Professor de Relações Internacionais, FGV-Direito

PEPE VARGAS, Deputado Estadual- RS e Ex-ministro de Direitos Humanos

LAURA GREENHALGH, Jornalista

MARIA DO ROSARIO, Deputada Federal, Ex-ministra de Direitos Humanos

MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES, Professora Emérita da Faculdade de Educação, USP

BRUNO HUBERMAN, Professor de Relações Internacionais, PUC-SP EMBAIXADOR JOSÉ VIEGAS FILHO, Ex-ministro da Defesa


Ex-ministros e intelectuais defendem Lula por apoiar denúncia contra Israel por genocídio (FSP)

 Ex-ministros e intelectuais defendem Lula por apoiar denúncia contra Israel por genocídio

Folha de S. Paulo, 17/01/2024

 Carta será envida ao presidente e ao ministro Mauro Vieira Intelectuais, ex-ministros e ativistas elaboraram uma carta aberta em apoio à decisão do governo Lula de endossar a iniciativa da África do Sul em acionar a Corte Internacional de Justiça da ONU contra Israel. O país pede que seja apurada a suposta prática de genocídio pelo Estado judeu contra o povo palestino em Gaza. O documento será enviado, entre a noite desta terça (15) e a manhã de quarta-feira (16), ao presidente e ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. 

Entre os signatários estão os ex-ministros dos Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi, Rogério Sottili e Maria do Rosário (hoje deputada federal) e da Defesa José Viegas Filho. Ainda apoiam a carta o ex-diretor-executivo da Humans Right Watch Kenneth Roth, o ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) James Cavallaro, a filósofa Marilena Chauí, o escritor Milton Hatoum, o jornalista Breno Altman e a socióloga Maria Victoria de Mesquita Benevides. A ação da África do Sul foi apresentada ao tribunal, mais conhecido como Corte de Haia, no último dia 29. 

O apoio do Brasil foi divulgado em 10 de janeiro, horas depois de Lula ter se reunido com o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben. A carta rebate críticas que o governo recebeu de entidades como a Conib (Confederação Israelita do Brasil), que disse, em nota que o governo diverge da posição de equilíbrio e moderação da política externa do país. "Não há incoerência alguma na diplomacia brasileira. Essas críticas ignoram que o Estado brasileiro tem se guiado, nas relações internacionais, pela primazia do respeito aos direitos humanos, conforme o artigo 4º da Constituição de 1988", diz um trecho do manifesto em apoio ao petista. "A acusação de reforçar o antissemitismo faz parte da campanha de instrumentalização política do termo, ao considerar qualquer crítica ao Estado de Israel e seu governo como antissemita. 

O antissemitismo é um flagelo perigoso e deve ser combatido vigorosamente. Mas não significa ser antissemita condenar o apartheid e o desrespeito sistemático, por Israel, das decisões dos órgaõs da ONU e de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, incluindo a não prevenção de genocídio", afirma ainda. 

“A Ucrânia NÃO DEVE EXISTIR”: Dmitry Medvedev - Anton Geraschenko

 Não sei se Lula, Amorim ou qualquer um dos seus assessores diplomáticos concordariam com os argumentos rudes do vice-presidente do Conselho russo de Segurança sobre a inutilidade de se pensar sobre a existência da Ucrânia. Pelo menos ele é sincero…

From: Anton Geraschenko

Today Dmitry Medvedev, deputy chairman of the Security Council of Russia, once again wrote in his Telegram channel that Ukraine should be destroyed as an independent state and that the only option that Russia offers for Ukrainians is to live in an empire:

"The existence of Ukraine is deadly for Ukrainians. And I am not at all referring only to the current state, the Bandera political regime. I am talking about any, absolutely any Ukraine. 

No matter how much they aspire to the mythical European Union and NATO. When choosing between eternal war and inevitable death and life, the absolute majority of Ukrainians (except for a minimal number of sick nationalists) will eventually choose life. They will realize that life in a big common state, which they do not love much now, is better than death. Their death and the death of their loved ones. And the sooner Ukrainians realize this, the better." - he wrote.


O rebaixamento do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

O rebaixamento do Itamaraty 

Paulo Roberto de Almeida 


O lado mais preocupante para o futuro do Itamaraty e o dos seus diplomatas é o fato desses dois dogmas da vida militar, a disciplina e a hierarquia, tê-los conduzido a muito mais submissão à diplomacia presidencial, nem sempre bem orientada, do que ao necessário e indispensável aconselhamento. 

Sempre tivemos diplomacia presidencial, algumas vezes mais, outras vezes menos. O aspecto preocupante é quando ela esmaga a diplomacia profissional, sobretudo aquela personalista e mal informada ou aconselhada. Parece que vivemos essa situação agora.

Antigamente usávamos as Informações  ao PR, quando queríamos preservar a sanidade e a coerência da diplomacia do Estado brasileiro. Atualmente parece que isso se perdeu no excesso de personalismo da diplomacia presidencial. Isso não é bom, nem para o Estado brasileiro, nem para o Itamaraty.

Paulo Roberto de Almeida

São Paulo, 17/01/2024


terça-feira, 16 de janeiro de 2024

How U.S. Allies and Trump Is Already Reshaping Geopolitics - Graham Allison (Foreign Affairs)

 Artigo relativamente pessimista sobre o futuro do Ocidente.

How U.S. Allies and Trump Is Already Reshaping Geopolitics

Adversaries Are Responding to the Chance of His Return

By Graham Allison

In the decade before the great financial crisis of 2008, the chair of the Federal Reserve, Alan Greenspan, became a virtual demigod in Washington. As U.S. Senator John McCain, Republican of Arizona, famously advised, “If he’s alive or dead it doesn’t matter. If he’s dead, just prop him up and put some dark glasses on him.”

During Greenspan’s two decades as chair, from 1987 to 2006, the Fed played a central role in a period of accelerated growth in the U.S. economy. Among the sources of Greenspan’s fame was what financial markets called the “Fed put.” (A “put” is a contract that gives the owner the right to sell an asset at a fixed price until a fixed date.) During Greenspan’s tenure, investors came to believe that however risky the new products that financial engineers were creating, if something went awry, the system could count on Greenspan’s Fed to come to the rescue and provide a floor below which stocks would not be allowed to fall. The bet paid off: when Wall Street’s mortgage-backed securities and derivatives led to the collapse of Lehman Brothers, triggering the 2008 financial crisis that sparked the Great Recession, the U.S. Treasury and the Fed stepped in to prevent the economy from sliding into a second Great Depression.

That dynamic is worth recalling when considering the effect that the 2024 U.S. presidential election is already having on the decisions of countries around the world. Leaders are now beginning to wake up to the fact that a year from now, former U.S. President Donald Trumpcould actually be returning to the White House. Accordingly, some foreign governments are increasingly factoring into their relationship with the United States what may come to be known as the “Trump put”—delaying choices in the expectation that they will be able to negotiate better deals with Washington a year from now because Trump will effectively establish a floor on how bad things can get for them. Others, by contrast, are beginning to search for what might be called a “Trump hedge”—analyzing the ways in which his return will likely leave them with worse options and preparing accordingly.

THE GHOST OF PRESIDENCIES PAST

Russian President Vladimir Putin’s calculations in his war against Ukraine provide a vivid example of the Trump put. In recent months, as a stalemate has emerged on the ground, speculation has grown about Putin’s readiness to end the war. But as a result of the Trump put, it is far more likely that the war will still be raging this time next year. Despite some Ukrainians’ interest in an extended cease-fire or even an armistice to end the killing before another grim winter takes its toll, Putin knows that Trump has promised to end the war “in one day.” In Trump’s words: “I would tell [Ukrainian President Volodymyr] Zelensky, no more [aid]. You got to make a deal.” Facing a good chance that a year from now, Trump will offer terms much more advantageous for Russia than anything U.S. President Joe Biden would offer or Zelensky would agree to today, Putin will wait.

Ukraine’s allies in Europe, by contrast, must consider a Trump hedge. As the war approaches the end of its second year, daily pictures of destruction and deaths caused by Russian airstrikes and artillery shells have upended European illusions of living in a world in which war has become obsolete. Predictably, this has led to a revival of enthusiasm for the NATO alliance and its backbone: the U.S. commitment to come to the defense of any ally that is attacked. But as reports of polls showing Trump besting Biden are beginning to sink in, there is a growing fear. Germans, in particular, remember former Chancellor Angela Merkel’s conclusion from her painful encounters with Trump. As she described it, “We must fight for our future on our own.”

Trump is not the only U.S. leader to ask why a European community that has three times the population of Russia and a GDP more than nine times its size has to continue to depend on Washington to defend it. In an oft-cited interview with The Atlantic’s chief editor, Jeffrey Goldberg, in 2016, U.S. President Barack Obama lacerated Europeans (and others) for being “free riders.” But Trump has gone further. According to John Bolton, who was then Trump’s national security adviser, Trump said, “I don’t give a shit about NATO” during a 2019 meeting in which he talked seriously about withdrawing from the alliance altogether. In part, Trump’s threats were a bargaining ploy to force European states to meet their commitment to spend two percent of GDP on their own defense—but only in part. After two years of attempting to persuade Trump about the importance of the United States’s alliances, Secretary of Defense James Mattis concluded that his differences with the president were so profound that he could no longer serve, a position he explained candidly in his 2018 letter of resignation. Today, Trump’s campaign website calls for “fundamentally reevaluating NATO’s purpose and NATO’s mission.” When considering how many tanks or artillery shells to send to Ukraine, some Europeans are now pausing to ask whether they might need those arms for their own defense were Trump to be elected in November.

Leaders are waking up to the fact that Trump could return to the White House.

Expectations derived from a Trump put were also at work during the recently concluded COP28 climate change summit in Dubai. Historically, COP agreements about what governments will do to address the climate challenge have been long on aspirations and short on performance. But COP28 stretched even further into fantasy in heralding what it called a historic agreement to “transition away from fossil fuels.”

In reality, the signatories are doing precisely the opposite. Major producers and consumers of oil, gas, and coal are currently increasing—not reducing—their use of fossil fuels. Moreover, they are making investments to continue doing so for as far ahead as any eye can see. The world’s largest producer of oil, the United States, has been expanding its production annually for the past decade and set a new record for output in 2023. The third-largest emitter of greenhouse gases, India, is celebrating its own superior economic growth driven by a national energy program whose centerpiece is coal. This fossil fuel accounts for three-quarters of India’s primary energy production. China is the number one producer of both “green” renewable energy and “black” polluting coal. So although China installed more solar panels in 2023 than the United States has in the past five decades, it is also currently building six times as many new coal plants as the rest of the world combined.

Thus, although COP28 saw many pledges about targets for 2030 and beyond, attempts to get governments to take any costly, irreversible actions today were resisted. Leaders know that if Trump returns and pursues his campaign pledge to “drill, baby, drill,” such actions will be unnecessary. As a bad joke that made its way around the bars at COP28 went: “What is COP28’s unstated plan to transition away from fossil fuels? To burn them up as rapidly as possible.”

A DISORDERED WORLD

A second Trump term promises a new world trading order—or disorder. On his first day in office in 2017, Trump withdrew from the Trans-Pacific Partnership trade agreement. The weeks that followed saw the end of discussions to create a European equivalent as well as other free-trade agreements. Using the unilateral authority that Section 301 of the Trade Act of 1974 gives the executive branch, Trump imposed 25 percent tariffs on $300 billion worth of Chinese imports—tariffs that Biden has largely kept in place. As the Trump administration’s trade negotiator Robert Lighthizer—whom the Trump campaign has identified as its lead adviser on these issues—explained in his recently published book, No Trade Is Free, a second Trump term would be much bolder. 

In the current campaign, Trump calls himself “Tariff Man.” He is promising to impose a ten percent universal tariff on imports from all countries and to match countries that levy higher tariffs on American goods, promising “an eye for an eye, a tariff for a tariff.” The cooperation pact with Asia-Pacific countries negotiated by the Biden administration—the Indo-Pacific Economic Framework for Prosperity—will, Trump says, be “dead on day one.” For Lighthizer, China is the “lethal adversary” that will be the central target of protectionist U.S. trade measures. Beginning with the revocation of the “permanent normal trading relations” status China was granted in 2000 ahead of joining the World Trade Organization, Trump’s goal will be to “eliminate dependence on China in all critical areas,” including electronics, steel, and pharmaceuticals.

Since trade is a major driver of global economic growth, most leaders find the possibility that U.S. initiatives could essentially collapse the rules-based trading order almost inconceivable. But some of their advisers are now exploring futures in which the United States may be more successful in decoupling itself from the global trading order than in forcing others to decouple from China.

Trade liberalization has been a pillar of a larger process of globalization that has also seen the freer movement of people around the world. Trump has announced that on the first day of his new administration, his first act will be to “close the border.” Currently, every day, more than 10,000 foreign nationals are entering the United States from Mexico. Despite the Biden administration’s best efforts, Congress has refused to authorize further economic assistance to Israel and Ukraine without major changes that significantly slow this mass migration from Central America and elsewhere. On the campaign trail, Trump is making Biden’s failure to secure U.S. borders a major issue. He has announced his own plans to round up millions of “illegal aliens” in what he calls “the largest domestic deportation operation in American history.” In the thick of their own presidential election, Mexicans are still searching for words to describe this nightmare in which their country could be overwhelmed by millions of people coming across both their northern and southern borders.

FOUR MORE YEARS

Historically, there have been eras when differences between Democrats and Republicans on major foreign policy issues were so modest that it could be said that “politics stops at the water’s edge.” This decade, however, is not one of them. Unhelpful as it may be to foreign-policy makers and their counterparts abroad, the U.S. Constitution schedules quadrennial equivalents of what in the business world would be an attempted hostile takeover.

As a result, on every issue—from negotiations on climate or trade or NATO’s support for Ukraine to attempts to persuade Putin, Chinese President Xi Jinping, or Saudi Crown Prince Mohammed bin Salman to act—Biden and his foreign policy team are finding themselves increasingly handicapped as their counterparts weigh Washington’s promises or threats against the likelihood that they will be dealing with a very different government a year from now. This year promises to be a year of danger as countries around the world watch U.S. politics with a combination of disbelief, fascination, horror, and hope. They know that this political theater will choose not only the next president of the United States but also the world’s most consequential leader.

·  GRAHAM ALLISON is Douglas Dillon Professor of Government at the Harvard Kennedy School and the author of Destined for War: Can America and China Escape Thucydides’s Trap?


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Russia prepares to launch new offensive but will not have operational breakthroughs: ISW - Olha Hlushchenko (Ukrainska Pravda)

Russia prepares to launch new offensive but will not have operational breakthroughs – ISW

MONDAY, 15 JANUARY 2024

According to data analysed by experts from the Institute for the Study of War (ISW), the Russians are preparing for a new offensive but, according to a preliminary assessment, will not be able to make operationally significant breakthroughs.

Source: Institute for the Study of War (ISW)

Details: Russian sources claim that Russian troops are preparing to launch a new offensive in the coming weeks as soon as the ground freezes in eastern and southern Ukraine.

Sergei Pereslegin, a Russian literary critic and alternative history theorist, said that the Russians will launch a large-scale offensive in Ukraine sometime between 12 January and 2 February after the ground freezes and probably after Ukrainian troops become "exhausted" from defending their positions in Avdiivka and on the eastern (left) bank of Kherson Oblast.

He also expressed concern that Russia does not have enough manpower to carry out the large-scale offensive he has predicted.

A Russian military blogger said on 14 January that the number of Russian troops at the front allows the Russians to conduct local tactical manoeuvres but that there are unlikely to be any operationally significant "breakthroughs".

He claimed that the freezing weather was affecting Russian and Ukrainian ground activity, artillery and unmanned systems along the entire frontline, especially on the Kherson front.

Another Russian blogger said that the frost was preventing Russian troops from conducting ground operations and advancing north of Verbove in western Zaporizhzhia Oblast.

Ukraine's Southern Operational Command reported that Russian aircraft could not operate in southern Ukraine due to weather conditions.

Dmitry Rogozin, the former head of the Russian space agency Roscosmos, said that the front line in western Zaporizhzhia Oblast is "buzzing like a beehive" due to the large number of Ukrainian drones.

He claimed that Ukrainian forces are allocating drones to strike every important target in western Zaporizhzhia Oblast and that the intensive use of Ukrainian drones makes it difficult for Russian personnel to rotate.

According to a previous assessment by ISW, sub-zero temperatures in Ukraine are likely to deter operations on the front line for now, but the terrain is likely to become more favourable for mechanised manoeuvre warfare as the ground freezes.

At the same time, analysts continue to assess that Russian forces are likely to try to maintain or intensify localised offensives in eastern Ukraine in an attempt to seize and retain the initiative despite the winter weather and terrain conditions.

ISW also estimates that the Russian forces will not be able to make operationally significant breakthroughs.

To quote the ISW’s Key Takeaways on 14 January: 

  • Russian sources claimed that Russian forces are preparing to launch a new offensive in the coming weeks once the ground freezes in eastern and southern Ukraine. 
  • Russian forces likely continue to experiment and adapt their missile and drone strike packages against Ukraine in an effort to penetrate Ukrainian air defences. 
  • Representatives from 83 countries met to discuss the implementation of Ukraine’s Peace Formula on the sidelines of the World Economic Forum in Davos, Switzerland on 14 January.
  • The Kremlin continues to undertake measures to undermine the Republic of Tatarstan’s autonomy within the Russian Federation and cultural heritage despite the republic’s sacrifices on behalf of the Russian war in Ukraine. 
  • The Russian Investigative Committee will officially open a case into the fire that destroyed a large Wildberries warehouse in St. Petersburg.
  • Positional engagements continued along the Kupyansk-Kreminna line, near Bakhmut and Avdiivka, in the Donetsk-Zaporizhia Oblast border area, in western Zaporizhia Oblast, and on the east (left) bank of Kherson Oblast.
  • Moscow-based international exhibition-forum "Russia" opened the Russian Ministry of Defence’s (MoD) "Army of Children" exhibit on 14 January to educate children about the military and careers in the Russian Armed Forces.
  • Swedish Defence Materiel Administration announced on 14 January that it had signed an agreement with Nordic Ammunition Company (Nammo) to increase the production and deliveries of 155mm artillery ammunition to support Ukraine’s needs.
  • The Kremlin is funding select non-profit organisations operating in occupied areas that propagate Kremlin social narratives.

La escuela austríaca: una rama muerta de la teoría económica | La sobrevalorización de la economía en la esfera política - Bruno Susani (Pagina 12)

 Uma tomada de posição politica contra as tomadas de posições politicas da Escola Austríaca, assim como a Economia Política de Adam Smith também é política. A economia entra como a cereja do bolo.  PRA

"La escuela austríaca: una rama muerta de la teoría económica | La sobrevalorización de la economía en la esfera política | Página|12" https://www.pagina12.com.ar/703170-8-a-la-escuela-austriaca-una-rama-muerta-de-la-teoria-econom 

La sobrevalorización de la economía en la esfera política

La escuela austríaca: una rama muerta de la teoría económica

Javier Milei reivindica una teoría económica agotada que surgió como doctrina de la extrema derecha del Partido republicano en su cruzada contra Franklin D. Roosevelt.


Las y los argentinos cuentan con primer presidente economista pero, probablemente, no será el último. La profesión es reciente, aunque la función de consejeros del soberano sea muy anterior. La importancia que se otorga hoy a los economistas es inédita: han adquirido, en poco tiempo, un lugar excepcional en el campo de la política por una supuesta expertiz que fascina los cenáculos con exposiciones aparentemente complejas pero en realidad simples. Sin embargo,  permito recordar que un título universitario no da autoridad.

Los medios de comunicación han otorgado a los economistas un prestigio que no merecemos, incluso en detrimento de la deontología y la ética. Nuestra autoridad científica ha sido exagerada por la completa ignorancia, salvo excepciones, de los problemas económicos por parte de los presentadores radiales o televisivos. 

El resultado de la sobrevalorización de la economía en la esfera política es que Javier Milei haya podido hacer un show, que dio la vuelta al mundo, golpeando hasta destrozar una maqueta del BCRA, supuestamente principal causante de la inflación en perfecta complicidad con el presentador y el propietario del medio de comunicación sin dar la más mínima explicación teórica plausible. Se puede decir que Milton Friedman, el creador del monetarismo, hubiera desaprobado semejante propuesta. Este tipo de secuencias televisivas son una ilustración de la falta de ética de los economistas, pero también de los periodistas.

La base teórica de Milei

Milei se ha reivindicado como miembro de la escuela austríaca, lo cual ha sorprendido ya que es una rama muerta de la teoría económica agotada a principios del siglo pasado. Los “neo austriacos” a los que se refiere Milei no son economistas sino polemistas. Su literatura, que devino una doctrina, condena la acción económica y social del Estado pero es un invento de dos inmigrantes austríacos en los Estados Unidos a quienes la extrema derecha del Partido republicano en su cruzada contra Franklin D. Roosevelt durante los años 40, dio “cobijo y comida” a cambio de ideología. 


La vieja escuela marginalista fue fundada en la segunda mitad del siglo XIX por Carl Menger que comenzó su carrera como periodista y consejero escriba del primer ministro del emperador y luego fue profesor. Su teoría afirma que los objetos no valen por el trabajo que contienen ni tampoco por su escasez, sino por su utilidad psicológica según las condiciones subjetivas personales a cada utilizador. No se pueden ni medir ni comparar porque las “satisfacciones” son personales. Los fundadores de la teoría marginalista no condenaban el rol del Estado, no eran opositores al emperador ni clamaban por ninguna libertad ya que de otra manera los hubieran encarcelado.

Menger se inspiró en la “ley de la utilidad marginal decreciente”, enunciada por un economista alemán Hermann Gossen, una transposición de la ley del rendimiento decreciente de David Ricardo a la demanda, pero en términos subjetivos. Sostenía que cuando una persona tenía hambre y le servían un plato de sopa iba a obtener una gran satisfacción con la primera cucharada pero que dicho placer disminuiría a medida que se vaya saciando con las cucharadas siguientes. Es la economía del plato de sopa. De su “ley” surgen las llamadas curvas de indiferencia en microeconomía que describen el supuesto comportamiento y elección del consumidor que con un presupuesto dado debe elegir una combinación de las cantidades de los dos bienes, mucho pan y poca manteca o la inversa es según!. En la década de los 50 de siglo pasado se utilizaron las matemáticas para describir el fenómeno. Y allí se acaba.


En 1944, Friedrich August von Hayekpublicó en Inglaterra un pequeño panfleto cuya publicación fue facilitada por el servicio de propaganda de guerra inglés ya que había sido escrito por un austriaco que criticaba doctamente el régimen imperante en su no-país, ya que Austria no existía más. Una versión aligerada fue publicada en 1945, en varios capítulos sucesivos, por el Reader's Digest cuya tirada en esa época era superior a 600.000 ejemplares. 

El texto de propaganda es pretencioso y falaz, ya que finge confundir la economía del bienestar con el estalinismo o el nazismo, ens un texto polémico estilo siglo XIX donde no hay teoría económica. Von Hayeck criticaba la modificación en la distribución del ingreso que, según él, no corresponde a un ideal de justicia ya que son "los fuertes (entiéndase los ricos) que deben oponerse al Estado” (sic). Esta formulación pone en evidencia que Von Hayeck deseaba ya sea engañar a sus lectores o no había comprendido que en el liberalismo los ricos aprovechan del Estado para aumentar su fortuna. 


El punto central de su posición es que nadie debería ser obligado a pagar la seguridad social. Se oponía al principio de la mutualización del riesgo ideado por Beveridge, que es uno de los puntos básicos del sistema de la economía del bienestar, porque este sistema es superior al sistema individual y privado de cobertura. Todos nos enfermaremos y anhelaremos ser atendidos, y todos deberemos dejar de trabajar debido al envejecimiento pero necesitamos de ingresos. Se trata de riesgos colectivos y universales, que son menos costosos si son asumidos por el conjunto de la sociedad.

El cuento de la jubilación privada de las AFJP es de Von Hayeck. Puesto que el seguro es una apuesta entre el asegurador y el cliente la idea de una “apuesta” sobre la enfermedad o el envejecimiento no tiene sentido. En la mayor parte de los países del centro capitalista el sistema de mutualización del riesgo es el que dio los mejores resultados y es el predominante, incluso para von Hayeck que murió atendido gratuitamente durante meses, en un hospital de Freiburg im Breisgau, en Alemania, pagado por los alemanes.


El plan económico a demanda

Milei estudió en una de esas universidades privadas pero subvencionadas y asistidas por los impuestos de los contribuyentes que existen en Argentina. En la época en que Milei frecuentó la “casa de estudios” le enseñaron lo que sus profesores habían podido aprender en los periodos dictatoriales cuando frecuentaban la universidad. Recordemos que entre 1966 y 1983 hubo solo 3 años de gobiernos democráticos. 

La teoría marginalista fue muy difundida ya que era casi la única que era “enseñable” en esos momentos de oscurantismo extremo para el país. Si Nixon decía que “somos todos keynesianos”, esa no era la opinión de Martínez de Hoz o de Llerena Amadeo que fue ministro de educación de Videla y subsecretario de Onganía. No es extraño que Milei se declare participe de la “escuela austriaca” ya que es lo único que le enseñaron.


La lectura detallada del programa económico de Milei muestra que solo tiene de “neo austriaco” el cierre del BCRA, idea pregonada por Murray Rothbard, otro oscuro polemista en economía fallecido en 1995. Ha abandonado dicho punto porque hubiera conducido al hundimiento del sistema bancario y ese tipo de broma puede funcionar en un programa televisivo pero hace palidecer a los capitalistas banqueros, industriales o financistas y también a los ciudadanos. Quedan en su programa las futilidades del tipo desarrollar el turismo privado, la economías regionales, enre otros, lo cual es puro relleno. El resto del programa son los ortodoxos 10 puntos del Consenso de Washington enunciados por el inglés John Williamson en 1989, economista despedido del Banco Mundial. 

La única sorpresa en toda esta confusión es el llamativo silencio de la academia, y con algunas excepciones de las corporaciones y multinacionales que ven que se desmoronará la demanda global y comienzan a preocuparse por sus futuras ganancias ya que saben que la injusticia social que reclaman es una situación que lleva a una crisis del consumo y disminuirá sus beneficios. La ultra ortodoxia del programa económico del nuevo presidente producirá a una estanflación que hundirá la economía del país en la crisis.

* Doctor en Ciencias Económicas de l’ Université de París. Autor de “La economía oligárquica de Macri”, Ediciones CICCUS Buenos Aires 2019. bruno.susani@wanadoo.fr


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...