sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Rato de Biblioteca: memórias intelectuais de um diplomata não convencional - Paulo Roberto de Almeida

Rato de Biblioteca: memórias intelectuais de um diplomata não convencional

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nova redação do trabalho n. 5126, com aportes dos trabalhos 5062 e 5072, para avançar na redação das minhas memórias entre a academia e a diplomacia.

 

 

Vamos começar primeiro por uma exposição em torno dos três conceitos duplos inscritos no título deste trabalho. “Rato de Biblioteca” nada mais representa senão minha natureza mais profunda, minha condição mais estável e durável ao longo de mais de meio século, provavelmente três quartos, desde a segunda metade do século XX e o primeiro quarto do atual. Devo ter passado mais da metade da minha vida entre livros, seja em bibliotecas públicas ou universitárias, seja em minhas próprias bibliotecas, agora divididas em três lugares diferentes, com diferentes graus de organização e acesso.

Memórias intelectuais é, provavelmente, o que. mais define o presente escrito, assim como dezenas de outros escritos, em diferentes formatos e finalidades variadas, mas todos convergindo para o mesmo objetivo: retraçar minha trajetória de vida, sempre focado na leitura, no estudo, na escrita, na produção de artigos, ensaios, livros, que todos trazem a marca da leitura atenta, da reflexão ponderada e inovadora, expressando elaborações próprias a partir do que li e do que observei na vida real, e, por fim, desprovida de objetivos literários, mas buscando, justamente, sintetizar e apresentar um roteiro de vida que se fez nos livros, entre livros e para os livros.

“Diplomata não convencional”, finalmente, é o que talvez me defina profissionalmente, o que fui durante mais de quatro décadas a serviço das relações exteriores do Brasil, mas nunca muito bem ajustado aos padrões convencionais da carreira, ou totalmente aderente aos ritos e convenções típicas de um ofício de Estado, e vista, justamente, de uma disposição precoce a expressar minhas próprias ideias e defender posturas não exatamente conformes ao que se espera de um funcionário obediente de uma respeitável máquina estatal. Já fui chamado de accident-prone diplomat, eu mesmo achei que poderia ser chamado de anarco-diplomata, em função de uma baixíssima disposição em acatar ordens superiores sem que eu mesmo estivesse convencido de sua adequação, justeza, racionalidade e em conformidade com minha própria interpretação dos interesses nacionais do Brasil, não exclusivamente em sua estrita dimensão diplomática.

Pois será em torno desses três conceitos duplos que procurarei organizar minhas lembranças de uma dupla carreira mantida em paralelo, a academia (bem mais longa) e a diplomática (agora já fora da ativa), assim como as memórias pessoais, familiares, afetivas, de uma vida que pode ser considerada pouco típica, nessas três dimensões: o estudo, a trajetória acadêmico-diplomática e a vivência com meus entes queridos, Carmen Lícia, meus dois filhos, Pedro e Maira, e os quatro netos até aqui: Gabriel, Rafael, Yasmin e Theodora, convivência compartilhada por meio século, com a Carmen Lícia (infinitamente mais leitora e mais inteligente do que eu), e em durações decrescentes com os demais integrantes da família próxima. As três dimensões receberão, em meus registros seguintes, um tratamento de memórias intelectuais” cobrindo, em primeiro lugar, as leituras e escritos que percorrem praticamente toda a vida, desde que aprendi a ler e começar a rabiscar os papeis à disposição, a dupla profissão de professor e de burocrata das relações exteriores do Brasil, que se completam intimamente – a atividade acadêmica subsidiando boa parte do trabalho diplomático e vice-versa –, e, também, a vida pessoal, feita de viagens, experiências enriquecedoras, gratificantes na maior parte das vezes, desafiadoras em certas ocasiões, em todo caso muito ricas.

Eu já havia preparado um roteiro de “memórias”, com o mesmo título inicial, mas diferente subtítulo, que foi formulado pouco tempo atrás, ao qual retorno para adaptá-lo às novas intenções do presente. Reproduzo esse roteiro in fine, como forma de aproveitar algumas ideias e sugestões, e de começar, finalmente, a concretizar, um antigo desejo pessoal – planejado de maneira intermitente ao longo das duas últimas décadas, mas nunca avançado – e, também, sob a discreta pressão de alguns amigos, que consideram que minha trajetória pode conter alguns ensinamentos aos mais jovens da atualidade e do futuro, estudantes, acadêmicos ou diplomatas. Deixo aqui esta primeira reflexão e reproduzo abaixo um esquema vai provavelmente sofrer muitas mudanças no decorrer das noites de escrita e de rememoração. 

Digo, desde já, que não me considero um escritor, apenas um escrevinhador aplicado, ou seja, alguém que escreve segundo seus próprios critérios, reproduzindo aquilo que o mais célebre escritor e humorista Millor Fernandes, dizia, sob o pseudônimo de Vão Gogo: “enfim, um escritor sem estilo”. “Meu caminho pela vida, eu mesmo traço”, já disse um poeta-compositor; assim será com meu estilo e abordagem dos temas que vão entrar nestas memórias, um pouco do que vai abaixo, e outras coisas que acabarão sendo escrevinhadas ao sabor das lembranças e dos cadernos de notas, que também fazem parte – junto com o computador, para as últimas três décadas – das minhas “fontes primárias”.

Não cabe nenhuma conclusão, pois este é o começo, e também um Rubicão, daqui para a frente cabe apenas avançar e oferecer algo razoável aos meus poucos leitores. Vale!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 514412 dezembro 20252 p.

Postado no blog Diplomatizzando (link: ).

 

Anexo: 

 

Rato de Biblioteca: uma trajetória nas relações internacionais do Brasil

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Projeto de novo livro autobiográfico

 

Prefácio

Apresentação: da academia para a diplomacia, numa breve linha do tempo

1. Das origens: na esteira dos imigrantes que vieram ao Brasil

2. Uma eterna fascinação pelas bibliotecas: livros a perder de vista

3. O aprendizado da política imposto pela ditadura militar

4. A formação universitária, construída fora do Brasil, mas voltada ao Brasil

5. No retorno, uma incursão não planejada em direção à diplomacia

6. Da sociologia política para as relações internacionais e a política externa

7. Um olhar para o Brasil, visto desde fora: comparações inevitáveis

8. Uma longa estada produtiva na biblioteca do Itamaraty

9. As últimas janelas diplomáticas em postos do exterior

10. Divertimentos ecléticos na diplomacia acadêmica

11. Uma descida aos arquivos do Itamaraty e uma literatura de combate

12. O legado intelectual, com plena liberdade de expressão

 

Livros publicados pelo autor

Livros editados pelo autor

Colaborações em obras coletivas

Uma linha do tempo dos meus muitos exílios

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5126: 30 de novembro de 2025.

Roteiro preliminar já esquematizado nos trabalhos n. 5072 (“Memória Diplomática: Linha do tempo de PRA” (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/09/memoria-diplomatica-linha-do-tempo-de.html).) e n. 5062 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/09/memoria-diplomatica-paulo-roberto-de.html), contendo roteiro cronológico sobre as principais etapas da vida pessoal e da carreira diplomática.

 

Putin Eradicates Officials as FSB CANNIBALIZES Kremlin - Jason Jay Smart (Kyiv Post)

Putin Eradicates Officials as FSB CANNIBALIZES Kremlin

Jason Jay Smart (Kyiv Post, Dec 11, 2025)

In Moscow, the walls of power are closing in. Putin’s own secret police are arresting the men who once built his empire. Governors, generals, and ministers are being dragged from their offices into handcuffs. The Federal Security Service, the FSB, has turned from guardian to executioner. It is dismantling the very system it once served, piece by piece.

Inside the Defense Ministry, the purge is ruthless. Deputy Minister Timur Ivanov has been sentenced to thirteen years for stealing billions from military construction. Other generals have been stripped of rank and jailed. The FSB now controls the courts, the prisons, and the ministries. Even Putin’s oldest allies are no longer safe.

The collapse is fueled by economic freefall. Oil prices have plunged below fifty-four dollars a barrel, far under what Moscow needs to survive. Inflation is near nine percent, mortgages have hit thirty percent, and the National Wealth Fund is running dry. China and Iraq have frozen projects, and foreign investors are fleeing. Ordinary Russians are emptying their savings as confidence in the banks vanishes.

On the battlefield, Ukraine’s strikes are destroying the illusion of control. Drones hit oil refineries, ports, and power plants across Russian territory. Each explosion deepens the chaos in Moscow. The FSB uses every military failure as an excuse to tighten its grip. The regime is devouring itself, its elite collapsing into paranoia and betrayal. The war that began in Ukraine has reached the Kremlin’s heart. The question now is who still rules Russia.

CHAPTERS:
00:00 - Intro
01:16 - New Drone Fundraiser: Double Your Impact
02:25 - Billion-Dollar Corruption: Regional Leaders Arrested
03:19 - FSB Seizes Control: Defense Ministry Purge
05:25 - Russia's Silent Bank Run & Economic Crisis
07:34 - Ukraine's Strikes: Humiliation & Internal Collapse
10:51 - The Final Act: Autocracy's Implosion

https://youtu.be/-q5f-LuFNNY?si=LAKHq1l_9gBBySN7

Trump: the end of Freedom in the U.S. and the Betrail of the Free World

 Many of us have long suspected or even predicted that Donald Trump would betray America, gut our democracy in favor of a police state, and align us with Russia. You know, the country that the Financial Times reported this week tried to launch multiple terrorist attacks against the United States and Europe over the past year.

We’re now there.

It’s the most under-reported story of the year, perhaps of the century: under Trump, the United States is abandoning advocacy of democracy (shutting down Voice of America, etc.), abandoning our democratic allies in Europe, and for the past year has abandoned Ukraine to the tender mercies of the Butcher of Moscow.

At the same time, Trump’s building ties to Middle Eastern dictatorships, adopting Russia’s explicit worldview, trashing civil and human rights at home, and now handing to China our most valuable military-potential technology.

In other words, we’ve been betrayed by Donald Trump and the people around him in ways that would have made Benedict Arnold blush.

A few weeks ago, Trump presented Ukraine with a so-called “peace deal” that was apparently written, in first draft, by Moscow. This week, he told that nation they have “until Christmas” to hand over more than 20% of their country to Putin and surrender their own military abilities forever, leaving them vulnerable to Russia’s next attack.

Trump’s brain trust just produced a new National Security Strategy (NSS) for the United States that largely abandons Canada and Europe while embracing a racist, neofascist worldview straight out of Putin’s rhetoric.

As the National Security Desk writes:

“It abandons allies, misidentifies threats, emboldens aggressors, erodes deterrence, and even drives allies to consider nuclear proliferation.”

Alexander Vindman, the former Director of European Affairs for the United States National Security Council (NSC), wrote:

“The prevailing sentiment among European observers was that this document represented not only the closing chapter of decades’ worth of cooperation between the United States and Europe, but also that Washington may soon actively sabotage the political and economic systems of the European Union through the promotion of ‘patriotic parties’ and far-right figures. Amidst an ongoing impasse over a potential peace agreement in Ukraine, representatives of the Russian government claims that the document is ‘consistent with our vision.’”

David Rothkopf, a former senior national security/trade official in the Clinton administration, was equally blunt in an article published by The New Republic:

“Indeed, the document, released by the White House on Thursday, reads as if it were dictated by the Kremlin, much as our recent ‘peace proposal’ for Ukraine turned out to have been. Or, perhaps more accurately, it reads like the product of a collaboration between Vladimir Putin and Stephen Miller, the deputy White House chief of staff for nativist hate.”

Russia expert Olga Lautman called it “Russia’s return on investment for interfering in the 2016 election,” and it sure looks like she’s right. An earlier article by her titled “America’s Foreign Policy Now Aligns With Russia” noted:

“The NSS does not merely ‘shift priorities.’ It flips seventy-five years of American policy on its head and declares political war on Europe’s democratic institutions while elevating the far-right parties in Europe that Russia has been cultivating for more than a decade. Trump’s team packaged this as a vision for a ‘new’ transatlantic relationship, but the core message is unmistakable, and that is to weaken NATO, fracture Europe, isolate Ukraine, and empower nationalist movements that are openly friendly to Moscow, with every paragraph carrying the same cold, transactional, subservient logic that has defined Trump’s relationship with Russia for decades.”

Nobel Prize-winning economist Paul Krugman, rarely one to engage in hyperbole, wrote of this document in an article titled “Is This the End of the Free World?”:

“The language is astonishing. Europe, the document warns, faces ‘the stark prospect of civilizational erasure.’ Why? Because ‘it is more than plausible that within a few decades at the latest, certain NATO members will become majority non-European.’ I don’t know why they bothered with the euphemism: ‘non-European’ clearly means ‘nonwhite.’

“But there’s hope, the document declares, thanks to ‘the growing influence of patriotic European parties,’ by which it clearly means parties like Germany’s neo-Nazi AfD.”

Meanwhile, Russia, China, Iran, and North Korea are working together to destroy Ukraine, the gateway to Europe, and fielding armies of bots to fill social media and other venues with pro-Trump and anti-democracy rhetoric.

And the world’s richest man and recipient in billions in American government contracts, Elon Musk, the architect of the destruction of America’s soft power via USAID, this week called for the abolition of the European Union itself.

Finally, to the shock of the western world, Trump “cut a deal” to let Nvidia sell some of their most advanced chips to China after our military and intelligence experts have explicitly warned of the danger that this could accelerate that country’s move toward seizing Taiwan and threatening us with World War III.

Add to that Trump’s bellicose and murderous actions against Venezuela that could lead to us engaging in warfare in our own hemisphere, and you have the formula to tie up our military while bringing about the final end of American influence in the larger world, exactly as Putin and Xi want.

NATO chief Mark Rutte yesterday urged the West to prepare for war “like our grandparents endured,” adding:

“Conflict is at our door. Russia has brought war back to Europe. And we must be prepared.”

Trump could use such a war — as has been done before by presidents Wilson and Roosevelt — to gut civil rights in America and imprison the people he sees as his “threats” or political enemies.

And try to call off or steal the elections of 2026.

These developments, combined with the naked brutality of ICE that was revealed by this week’s report from Amnesty International, are shocking. American democracy is being gutted from within, our foreign policy is realigning away from Europe and toward Russia and China, all while dictators and corporate oligarchs openly bribe Trump and members of his family.

Where is our media? Where is the GOP? Democratic politicians are speaking out, as are some commentators, but elected Republicans and the majority of the corporate media are “business as usual.”

This is a five-alarm fire for democracy, both here and around the world.

Pass it along and help wake up our country.


A estratégia de Trump para o ‘quintal’ do Hemisfério Ocidental – Paulo Roberto de Almeida (revista Será?)

 Revista Será? ANOXIV | A estratégia de Trump para o ‘quintal’ do Hemisfério Ocidental – Paulo Roberto de Almeida

Paulo Roberto de Almeida disseca a nova Estratégia de Segurança Nacional de Donald Trump, revelando sua retórica imperial, o ressurgimento distorcido da Doutrina Monroe e a visão hegemônica dos EUA sobre a América Latina. O autor demonstra como a abordagem trumpista ignora história, diplomacia e limites do poder americano, prenunciando fracassos regionais e globais. Uma análise contundente sobre o declínio estratégico de um império.

#PolíticaExternaEUA #DoutrinaMonroe #RelaçõesInternacionais #HemisférioOcidental #PauloRobertoDeAlmeida

Segue o link para o artigo.

https://revistasera.info/2025/12/a-estrategia-de-trump-para-o-quintal-do-hemisferio-ocidental/

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Texto completo do artigo: 


quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Vergonha diplomática: governo Lula se recusa a condenar o sequestro de crianças ucranianas pelo amigo Putin

 Delegação brasileira no Conselho de Direitos Humanos se abstém de votar sobre sequestro de crianças ucranianas pela Rússia, uma quebra de princípios e valores da diplomacia e da política externa do Brasil. (PRA)


Entra a IA de Airton Dirceu Lemmertz:

No dia 3 de dezembro de 2025, o Brasil se absteve de votar resolução, no âmbito da Assembleia-Geral da ONU, sobre o retorno de crianças ucranianas levadas para a Rússia, em decorrência da guerra travada pelos dois países. A resolução acabou sendo aprovada por 91 votos favoráveis, 12 contrários e 57 abstenções. A Resolução da ONU trata de matéria de alta sensibilidade humanitária, envolvendo o sequestro, deslocamento forçado e transferência ilegal de crianças ucranianas pela Federação Russa, condutas amplamente denunciadas por organismos internacionais e investigadas como violações graves ao Direito Internacional Humanitário. Discussões oficiais no âmbito das Nações Unidas e do Tribunal Penal Internacional apontam que entre 20 mil e 30 mil crianças ucranianas foram ilegalmente transferidas pela Rússia, configurando aquilo que especialistas têm qualificado como a maior operação de sequestro de crianças na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Uma abstenção em votação referente à proteção imediata de crianças vítimas de remoção forçada afronta princípios constitucionais, especialmente o da prevalência dos direitos humanos, núcleo ético da atuação internacional do Brasil desde a redemocratização. ESCREVA DE MODO DETALHADO E CRÍTICO SOBRE O FATO NARRADO. ESCREVA PRINCIPALMENTE SOBRE A MANEIRA QUE OCORREU O SEQUESTRO DE MILHARES DE CRIANÇAS UCRANIANAS PELA RÚSSIA, OS MEIOS UTILIZADOS, A FINALIDADE DE TAL ATO PELA RÚSSIA DE PUTIN. APRESENTE, PREFERENCIALMENTE, O TEXTO EM ORDEM CRONOLÓGICA.

https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/credn/noticias/credn-repudia-abstencao-do-brasil-sobre-devolucao-de-criancas-ucranianas-pela-russia

https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/12/credn-repudia-abstencao-do-brasil-sobre.html

A abstenção do Brasil na votação da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de 3 de dezembro de 2025, relativa ao retorno de crianças ucranianas ilegalmente transferidas para a Rússia, gerou um intenso debate sobre a política externa do país e seus princípios humanitários. A resolução, que exige o regresso imediato das crianças, foi aprovada por 91 votos a favor, 12 contra e 57 abstenções, incluindo a brasileira.
A decisão brasileira foi criticada por organismos internacionais e internamente, pois a matéria envolve graves violações do Direito Internacional Humanitário, que estão sendo investigadas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) como potenciais crimes de guerra e genocídio.
* O Sistema Russo de Sequestro e Reeducação de Crianças Ucranianas
A transferência forçada de dezenas de milhares de crianças ucranianas para a Rússia não é um incidente isolado, mas uma política de Estado sistemática, denunciada em diversos relatórios por organizações como a War Child UK e a Human Rights Watch. O processo, que especialistas qualificam como a maior operação de sequestro de crianças na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, desenrola-se de maneira coordenada, com métodos específicos e uma finalidade clara de assimilação cultural.
1. Cronologia e Métodos Utilizados:
- Fevereiro de 2022 (Início da Invasão): O deslocamento forçado de civis, incluindo crianças, intensificou-se após a invasão em grande escala. Inicialmente, muitas crianças desacompanhadas ou que estavam em orfanatos e instituições de assistência foram recolhidas pelas forças russas nas áreas ocupadas.
- Campos de "Recreação" e "Filtração": Um método comum envolveu persuadir pais ou responsáveis a enviar seus filhos para supostos "campos de verão" ou centros de "reabilitação" na Rússia ou em territórios ocupados, sob a promessa de um período de férias seguro. Após o período acordado, muitas crianças não foram devolvidas e foram transportadas para outros locais. Outro método de separação ocorreu nos chamados "campos de filtração" ao longo da linha de frente, onde pais e filhos eram separados.
- Violações Legais e Processos Administrativos: A Rússia implementou medidas legais e administrativas para consolidar o rapto. Isso incluiu a emissão de passaportes e documentos de identidade russos para as crianças, muitas vezes sem o consentimento dos pais ou responsáveis. Recém-nascidos em territórios ocupados foram registrados com certidões de nascimento russas, cortando laços legais com a Ucrânia desde o nascimento.
- Adoção Forçada e Apagamento de Identidade: O passo final envolve a colocação dessas crianças em famílias adotivas russas, que muitas vezes mudam seus nomes, apagando completamente sua identidade ucraniana.
- Doutrinação e Propaganda Militarista: Em acampamentos e escolas nas áreas ocupadas, as crianças são submetidas a "programação ideológica", currículos russos e eventos patrióticos, visando a "russificação" e a absorção da cultura russa.
2. A Finalidade da Rússia de Putin
O objetivo central por trás dessas ações, supervisionadas diretamente por autoridades russas de alto escalão, incluindo a Comissária para os Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova (ambos com mandados de prisão do TPI), é a assimilação cultural forçada e a alteração da composição demográfica da Ucrânia.
Organismos internacionais apontam que a transferência forçada de crianças de um grupo nacional para outro, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, esse grupo, configura o crime de genocídio, conforme a Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. A finalidade, portanto, transcende o conflito militar, sendo um esforço deliberado para eliminar a identidade nacional ucraniana nas novas gerações.
* A Posição Crítica sobre a Abstenção do Brasil
A abstenção do Brasil na votação, justificada pelo Itamaraty como uma tentativa de manter uma "linha mais construtiva" e menos "confrontacionista" com a Rússia, que não indicava um caminho para soluções, foi amplamente repudiada.
A crítica central reside no fato de que o Brasil, ao se abster em uma questão de alta sensibilidade humanitária que trata da proteção imediata de crianças vítimas de remoção forçada, ignorou o princípio constitucional da prevalência dos direitos humanos, um núcleo ético fundamental da atuação internacional do país. O governo ucraniano ressaltou que a questão é, acima de tudo, humanitária, e não política ou geopolítica.
A decisão de não tomar uma posição firme contra uma violação de direitos humanos documentada e investigada como crime internacional grave enfraquece a credibilidade do Brasil como um ator global comprometido com a proteção de populações vulneráveis e o direito internacional.

Fonte (Gemini, a IA do Google):
https://www.google.com/search?q=No+dia+3+de+dezembro+de+2025%2C+o+Brasil+se+absteve+de+votar+resolu%C3%A7%C3%A3o%2C+no+%C3%A2mbito+da+Assembleia-Geral+da+ONU%2C+sobre+o+retorno+de+crian%C3%A7as+ucranianas+levadas+para+a+R%C3%BAssia%2C+em+decorr%C3%AAncia+da+guerra+travada+pelos+dois+pa%C3%ADses.+A+resolu%C3%A7%C3%A3o+acabou+sendo+aprovada+por+91+votos+favor%C3%A1veis%2C+12+contr%C3%A1rios+e+57+absten%C3%A7%C3%B5es.+A+Resolu%C3%A7%C3%A3o+da+ONU+trata+de+mat%C3%A9ria+de+alta+sensibilidade+humanit%C3%A1ria%2C+envolvendo+o+sequestro%2C+deslocamento+for%C3%A7ado+e+transfer%C3%AAncia+ilegal+de+crian%C3%A7as+ucranianas+pela+Federa%C3%A7%C3%A3o+Russa%2C+condutas+amplamente+denunciadas+por+organismos+internacionais+e+investigadas+como+viola%C3%A7%C3%B5es+graves+ao+Direito+Internacional+Humanit%C3%A1rio.+Discuss%C3%B5es+oficiais+no+%C3%A2mbito+das+Na%C3%A7%C3%B5es+Unidas+e+do+Tribunal+Penal+Internacional+apontam+que+entre+20+mil+e+30+mil+crian%C3%A7as+ucranianas+foram+ilegalmente+transferidas+pela+R%C3%BAssia%2C+configurando+aquilo+que+especialistas+t%C3%AAm+qualificado+como+a+maior+opera%C3%A7%C3%A3o+de+sequestro+de+crian%C3%A7as+na+Europa+desde+a+Segunda+Guerra+Mundial.+Uma+absten%C3%A7%C3%A3o+em+vota%C3%A7%C3%A3o+referente+%C3%A0+prote%C3%A7%C3%A3o+imediata+de+crian%C3%A7as+v%C3%ADtimas+de+remo%C3%A7%C3%A3o+for%C3%A7ada+afronta+princ%C3%ADpios+constitucionais%2C+especialmente+o+da+preval%C3%AAncia+dos+direitos+humanos%2C+n%C3%BAcleo+%C3%A9tico+da+atua%C3%A7%C3%A3o+internacional+do+Brasil+desde+a+redemocratiza%C3%A7%C3%A3o.+ESCREVA+DE+MODO+DETALHADO+E+CR%C3%8DTICO+SOBRE+O+FATO+NARRADO.+ESCREVA+PRINCIPALMENTE+SOBRE+A+MANEIRA+QUE+OCORREU+O+SEQUESTRO+DE+MILHARES+DE+CRIAN%C3%87AS+UCRANIANAS+PELA+R%C3%9ASSIA%2C+OS+MEIOS+UTILIZADOS%2C+A+FINALIDADE+DE+TAL+ATO+PELA+R%C3%9ASSIA+DE+PUTIN.+APRESENTE%2C+PREFERENCIALMENTE%2C+O+TEXTO+EM+ORDEM+CRONOL%C3%93GICA.&rlz=1C2GCEA_enBR1094BR1098&sca_esv=e2fb2748a0591637&sxsrf=AE3TifOFUYJK2e3DwhuUypIiMddEa3hkcg%3A1765502642707&source=hp&ei=sm47aaT9KPOd1sQPgLTBWA&iflsig=AOw8s4IAAAAAaTt8wow2wLewd4bjAE1ld7AqKN75Mmrb&aep=22&udm=50&ved=0ahUKEwiknvfu8baRAxXzjpUCHQBaEAsQteYPCBI&oq=&gs_lp=Egdnd3Mtd2l6IgBIAFAAWABwAHgAkAEAmAEAoAEAqgEAuAEByAEAmAIAoAIAmAMAkgcAoAcAsgcAuAcAwgcAyAcAgAgA&sclient=gws-wiz&mstk=AUtExfC8XfO5_pZ8jWYdX9K9lR4LiDR4ltDePH8QNpBA_G3JpD1kLF69AE-g-IMMyMbpxa9So7y_RWPSBg0awFV0Wy19TTQPlaHhL9TKluUR-q3Ngk4t8sEYSaylbJIFUj6Ve9nXteX3mRhkzNFGLSKx7v1vtxB7sDOffDAaHEt7y2t7WbrYVitC66JZyZGcBg_Zvvrujsj-OWt7ljGG54APpbWi2vA3Lwfh6Ckn525Ilajn6vXVR9p_hcXe_KUYvHxYjrHzX4xRg1jR3N07ISJxphxCycIVTL7657I&csuir=1&mtid=jHA7aa-lHobX1sQP7NHYqQQ

A resistência intelectual contra o bolsonarismo diplomático: uma seleção de obras digitais - Paulo Roberto de Almeida

 A resistência intelectual contra o bolsonarismo diplomático

uma seleção de obras digitais

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Esquema de publicação a partir dos livros digitais produzidos entre 2019 e 2022. (trechos)

Reproduzo abaixo os índices de todos os meus livros digitais tratando do bolsonarismo diplomático, escritos e divulgados durante os anos de dominação da política externa brasileira pelos representantes do bolsonarismo político, entre ele familiares do ex-presidente golpista e o chanceler acidental...
(trechos apenas, texto completo, aqui:

1) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5; Boa Vista: Editora da UFRR, Clube de Autores, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN livro impresso: 978-85-8288-201-6; ISBN livro eletrônico: 978-85-8288-202-3; Academia.edu; Amazon.com.br).
2) O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 205 p.; 1309 KB; ISBN: 978-65-00-05968-7; Kindle, ASIN: B08B17X5C1).
3) Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.; ISBN: 978-65-00-19254-4; Academia.edu).
4) O Itamaraty sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo (Brasília: Diplomatizzando, 2021, 130 p. ISBN: 978-65-00-22215-9; ASIN: B094V28NGD)
5) Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Curitiba: Appris, 2021, 291 p.; ISBN: 978-65-250-1634-4; Amazon.com.br)
(...)
No meio de tudo, um colega anônimo ofereceu uma série de crônicas desabusadas, sob o pseudônimo de “Ereto da Brocha”, que eu coletei e editei num volume da séria humorística, digamos assim:
Memorial do Sanatório ou Ernesto e seus Dragões no País de Bolsonaro, por Ereto da Brocha, Ombudsman do Itamaraty (Brasília: Ombudsman, 2021, 180 p.). Blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/memorial-do-sanatorio-ou-ernesto-e-seus.html), disponível, também, na plataforma de interação acadêmica Academia.edu (link: https://www.academia.edu/71720946/MemorialdoSanatorioEretodaBrochaOmbudsmandoItamaraty2021 .
Convido todos a lerem essas crônicas: depois de minha análise cáustica, nada como um pouco de diversão para aliviar nossas agruras daqueles anos sombrios.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11/12/2025

CREDN repudia abstenção do Brasil sobre devolução de crianças ucranianas pela Rússia (CREDN)

 COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL

CREDN repudia abstenção do Brasil sobre devolução de crianças ucranianas pela Rússia
10/12/2025 14h11
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/credn/noticias/credn-repudia-abstencao-do-brasil-sobre-devolucao-de-criancas-ucranianas-pela-russia

A abstenção compromete a imagem do País, colocando em dúvida seu compromisso histórico com a infância, a proteção humanitária e o respeito às normas internacionais de direitos humanos.
Kayo Magalhães

CREDN repudia abstenção do Brasil sobre devolução de crianças ucranianas pela Rússia
Guerra

Brasília – No dia 3 de dezembro, o Brasil se absteve de votar resolução, no âmbito da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, sobre o retorno de crianças ucranianas levadas para a Rússia, na esteira da guerra travada pelos dois países há pouco mais de três anos.

Nesta quarta-feira, 10, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) aprovou Moção de Repúdio ao governo brasileiro pela decisão. A resolução acabou sendo aprovada por 91 votos favoráveis, 12 contrários e 57 abstenções.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PODEMOS/PR), autor da proposta, afirmou que a Resolução da ONU “trata de matéria de alta sensibilidade humanitária, envolvendo o sequestro, deslocamento forçado e transferência ilegal de crianças ucranianas pela Federação Russa, condutas amplamente denunciadas por organismos internacionais e investigadas como violações graves ao Direito Internacional Humanitário”, explicou.

Discussões oficiais no âmbito das Nações Unidas e do Tribunal Penal Internacional apontam que entre 20 mil e 30 mil crianças ucranianas foram ilegalmente transferidas pela Rússia, configurando aquilo que especialistas têm qualificado como a maior operação de sequestro de crianças na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Na avaliação de Hauly, “uma abstenção em votação referente à proteção imediata de crianças vítimas de remoção forçada afronta princípios constitucionais, especialmente o da prevalência dos direitos humanos, núcleo ético da atuação internacional do Brasil desde a redemocratização”, pontuou.

Assessoria de Imprensa – CREDN

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