Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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sexta-feira, 27 de abril de 2012
Divan, Iran, coracao, etc...: dos acentos nos titulos
Seja por pressa, seja mesmo pela intenção de criticar, eles não percebem que NENHUM TITULO DE POST LEVA ACENTO, ou sinais diacríticos, em geral.
Geralmente, a mesma expressão que vem "errada" no título, recebe, no corpo do texto, sua grafia correta.
Assim, Iran e divan, no título, mas Irã e divã no post.
Eles não repararam que os títulos de posts, assim como muitas linhas de assunto em determinados servidores de email, são invariavelmente danificados por roteadores que trabalham unicamente com códigos ASCII, forçosamente mais limitados, e reduzidos ao essencial dos caracteres em inglês, que não comporta acentos de qualquer espécie (salvo em livros editados, para transcrever palavras em outras línguas).
Eu sigo esta regra, para evitar que meus títulos virem sopa de letras, e por vezes ainda recebo algumas mensagens com caracteres trocados, dificultando a leitura.
Se eu escrever completamente sem acentos, sem sequer cuidar da correcao formal das expressoes aqui reproduzidas, aposto que ningem vai se incomodar com as diferencas sutis, imperceptiveis e totalmente dispensaveis, como acabo justamente de fazer, sem qualquer problema de compreensao, de leitura ou de duvidas quanto ao significado das palavras, como acabo justamente de fazer. Sera que alguem teve algum problema em entender?
Pois é, tem gente que ainda se preocupa com a forma, e descuida do conteúdo.
Tem outros, que ficam vigiando este autor, para criticá-lo em tudo.
Vou continuar errando, para dar um secreto prazer a estes últimos, e lhes dar um trabalho perfeitamente inútil (bem, acho que depois dessa, eles vão parar de se preocupar com ridicularias...).
Paulo Roberto de Almeida
Argentina: caes farejadores de dolares e inconsciencia do desastre...
Quando falta confiança na própria moeda, é sinal de que o futuro não é brilhante para o pais em questão.
Talvez as autoridades brasileiras venham um dia requisitar, no quadro dos acordos de cooperação bilateral ou no âmbito do Mercosul, esses tais cães farejadores de dólares, mas o problema agora é o excesso de dólares, não sua escassez. Por isso mesmo o governo está controlando a entrada, não a saída de dólares.
Ironias do destino econômico na América Latina...
Paulo Roberto de Almeida
Move on Oil Company Draws Praise in Argentina, Where Growth Continues
By SIMON ROMERO
The New York Times, April 26, 2012
BUENOS AIRES — President Cristina Fernández de Kirchner of Argentinahas incurred the wrath of the European Union by expropriating a controlling stake in YPF S.A., the oil and gas company owned by the Spanish energy giant Repsol, prompting retaliatory salvos in a budding trans-Atlantic trade war.
A version of this article appeared in print on April 27, 2012, on page A7 of the New York editionwith the headline: Move on Oil Company Draws Praise in Argentina, Where Growth Continues
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Argentina: procurando um divan do tamanho do pais
O problema vai ser como acomodar tanta gente no divã, pois são centenas de milhares que sofrem de um transtorno sério de dupla personalidade, uma com os substitutos atuais, outra com o fantasma da comédia em cartaz desde mais de meio século.
Acho que vai ser difícil resolver...
Paulo Roberto de Almeida
Companhias de mais de um bilhao de clientes - Le Figaro
Cada padre, cada rabino, cada iman poderia anunciar, no meio do sermão (enfim, ao chamar para a prece no caso destes últimos), algo do gênero: "E agora, meus caros irmãos na fé, uma pausa para... (segundo o anunciante seria) uma bebida refrescante, uma consulta ao e-mail, uma postagem no mocroblog, e por aí vai...
Negócios são negócios, com uma devoção religiosa..,
Cinquenta chibatadas, no minimo, para o iraniano pedofilo...
Esses pedófilos precisam aprender a se comportar...
Paulo Roberto de Almeida
Ate onde vai a tragedia educacional brasileira?: a perder de vista
Eis o comentário:
Protecionismo e bodes expiatorios externos: males de Brasil e Argentina - Jamil Chade
As Malvinas no inicio da crise da divida de 1982 - O Globo
Nota PRA2: Agradeço ao leitor Andre Eiras, meu amigo de blog, sempre solícito, que me enviou a informação sobre a autoria do artigo interessante, abaixo transcrito, que tinha ficado sem crédito devido à ausência do registro no boletim que recebi.
- Malvinas: Marinha argentina recrutou mil voluntários no Rio
- Malvinas: como a Argentina enganou o governo brasileiro
- Na Guerra das Malvinas, um flerte com a morte sobre o Atlântico Sul
- País temia um conflito de ‘grandes proporções’ nas Ilhas Malvinas
- Ilhas Malvinas: Brasil apoiou tráfico de armas para Argentina
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A "maldita" comedia do populismo latino-americano - Eliana Cardoso
A caminho do Brasil segregacionista - Roberta Fragoso Kaufmann
As Cotas Raciais e o Leito de Procrusto
Roberta Fragoso Kaufmann
Blog Contra a Racialização do Brasil, 25/04/2012
Na mitologia grega, conta-se a história de Procrusto, famoso ladrão que além de surrupiar os transeuntes que passavam em seu território, submetiam-nos a um tratamento cruel e degradante: a necessidade de enquadrá-los em um leito de ferro, cortando-lhes a cabeça ou as pernas, acaso ultrapassassem a cama. A lenda de Procrusto é uma metáfora sobre a tentativa de padronização, ainda que lastreada apenas em artimanhas e em sortilégios.
E aqui estamos, em pleno século XXI, vivenciando as agruras da intolerância e da heteroidentificação pretendida por meio dos Tribunais Raciais. De composição secreta e com base em místicos critérios, são as “Comissões Raciais” quem vão estabelecer os rótulos identitários que irão acompanhar os candidatos às cotas raciais pelo resto de suas vidas.
Alguém poderia me ensinar qual é o limite exato entre um pardo e um branco no Brasil? Será que preciso andar com uma cartela de cores igual à das lojas de pintura para que esta definição seja precisa e possa fazer algum sentido? Em um País miscigenado desde a colonização, como o Brasil, a definição da mestiçagem revela-se completa loteria. Somos ao cabo todos mestiços e o que dantes era motivo de orgulho, momentaneamente parece ser a grande chaga e a prova do racismo no Brasil: a dificuldade de encaixar-se em meio às pretensas categorias raciais. Não por acaso, na única pesquisa de amostragem em que o entrevistado foi livre para dizer à que cor pertencia, o resultado em terras tupiniquins foram impressionantes 135 possibilidades, em uma mostra criativa que nem o Aurélio é capaz de reproduzir.
Esta exposição se torna melancólica em relação ao nosso País quando se percebe que se a Corte Constitucional conceder o beneplácito à instituição das políticas de cotas raciais em Universidades, como é o caso hoje em julgamento, paulatinamente as cotas raciais serão estabelecidas em todos os setores sociais, como pretendido pela Secretaria de Igualdade Racial, beneficiando tão-somente uma casta de privilegiados de classe média e alta de negros que não seriam os mais necessitados da ajuda estatal. Consta do ideário de pleitos da referida Secretaria do Racismo Institucional a instituição de cotas raciais em partidos políticos, no mercado de trabalho, na publicidade e na propaganda, além de atendimento diferenciado no Sistema Único de Saúde e do estabelecimento de indenizações para cada descendente de escravo (?) no Brasil.
Em vez de observarmos o Brasil como exemplo para o mundo do século XXI, a partir do convívio harmônico entre brasileiros natos e imigrantes das mais diferentes culturas, religiões e cores, ativo absolutamente estratégico nesse século de tantos conflitos, pretende-se promover o dissenso e a divisão de nossa unidade nacional. As tentativas de racialização e de imposição de categorias estanques colocam em risco justamente o que temos de diferente – e de melhor – em relação aos outros países.
Nós não precisamos copiar um modelo que foi pensado para resolver o problema do racismo institucionalizado e praticado em outros países. Podemos ser criativos e elaborarmos um modelo próprio de ação afirmativa para a necessária integração dos negros carentes no Brasil. Cotas sociais, sim! Cotas raciais, não! Porque a pobreza, no Brasil, é a grande causa da segregação.
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quarta-feira, 25 de abril de 2012
Brasil abole a separacao dos poderes, e vira tudo uma coisa so...
Já existe pouca separação entre Executivo e Legislativo, pois ambos se chantageiam mutuamente e fazem tudo mais ou menos combinadinhos.
Agora, que o supremo já deixou de ser supremo, vai também deixar de ser tribunal de última instância, para ser apenas um procedimento a mais no caminho da unificação dos poderes.
Mais um pouco e voltamos ao soberano de direito divino.
Não acreditam?
Ele está apenas esperando uns testes médicos para voltar com toda corda e iniciar uma dinastia...
Não estou brincando...
Paulo Roberto de Almeida
A constitucionalizacao da burrice: uma enfermidade congressual (e brasileira)
O Brasil deve ser o único país no mundo que tem emendas constitucionais para regular alhos e abobrinhas, para resolver se vamos virar à esquerda ou à direita, e em ambos os sentidos, vamos nos atando com tantas emendas constitucionais que, dentro de mais ou menos dez anos, a CF será um cartapácio de mais de 1.000 páginas, que vai definir até o número de calorias que deve ter a merenda escolar.
Querem apostar?
Acho que alguém já disse que não existe limite para a estupidez humana...
Paulo Roberto de Almeida
Retrocessos na educacao tambem: vai continuar ruim, apenas com um pouco mais de dinheiro
Se fosse assim, a Venezuela, que durante décadas teve a maior renda per capita da América Latina, seria um paraíso para se viver. Aliás, ela teve um afluxo de bilhões de dólares nos últimos dez anos, por causa dos altos preços do petróleo, e a situação de sua população piorou sempre.
O aumento compulsório da verba para educação me recorda o deputado do PT que pretendia fixar por lei o salário mínimo a 100 dólares, quando na época ele valia menos de 70 dólares. Hoje deve estar em mais de 450 dólares, e os operários dispõem obviamente de maior poder de compra, o que seria talvez obstaculizado se a medida idiota do deputado do PT fosse aprovada.
Agora pretendem colocar a 8, 9 ou 10% do PIB o montante das verbas destinadas à educação. Eu aposto como a educação vai continuar pavorosa, apenas que torrando mais dinheiro da população com as máfias sindicais e as burocracias das secretarias de educação e do MEC, povoados de saúvas freireanas que só fazem a educação recuar, sempre, invariavelmente.
Lamento um debate tão pobre.
Paulo Roberto de Almeida
O (pouco) supremo tribunal federal joga o Brasil 120 anos atrás...
Não tanto materialmente -- pois o progresso parece ser uma fatalidade, como dizia Mário de Andrade -- mas sobretudo mentalmente.
Quando se escolhem homens medíocres como juízes do supremo, que para mim deixou de ter esse qualificativo, podem acontecer esses recuos, esses atrasos mentais, essa desmoralização das próprias leis que esse funcionários da justiça deveriam defender.
No caso, retrocederam para defender opiniões, não a lei.
Isso me lembrou de outro retrocesso famoso, acontecido na Suprema Corte dos EUA.
Os infelizes juízes de 1892, alguns (talvez) racistas brancos como pode acontecer, mas em todo caso defendendo uma opinião corrente à época, decidiram que brancos e negros eram iguais, mas que não havia problema nenhum em separá-los. Até então, os estados do sul vinham introduzindo medidas que separavam os brancos dos negros, numa clara violação da emenda constitucional de 1862 que os declarou iguais (e portanto livres).
A decisão da Suprema Corte, conhecida por "iguais mas separados", foi o que bastou para que os estados racistas ampliassem enormemente seus estatutos raciais, em detrimento dos negros.
Pior, o próprio governo federal, poucos anos depois, sob a direção do único presidente doutor que os EUA tinham tido até então, o virginiano Woodrow Wilson, começou a introduzir legislação racista, separando negros e brancos nas administrações federais. Pronto: os estados do sul voltaram a ampliar suas medidas segregacionistas.
O panorama -- horrível, pois levou a linchamentos e toda sorte de exações contra os negros -- só começou a reverter nos anos 1950.
Pois o Brasil, com o julgamento das cotas, remete o Brasil mais de cem anos atrás, para os tempos obscuros da separação racial.
Um dia a história vai condenar esses juízes despreparados para o cargos que ocupam.
Abaixo, um pequeno relato do que significou o famoso caso americano.
Paulo Roberto de Almeida
Plessy v. Ferguson
On June 7, 1892, a 30-year-old colored shoemaker named Homer Plessy was jailed for sitting in the "White" car of the East Louisiana Railroad. Plessy was only one-eighths black and seven-eighths white, but under Louisiana law, he was considered black and therefore required to sit in the "Colored" car. Plessy went to court and argued, in Homer Adolph Plessy v. The State of Louisiana, that the Separate Car Act violated the Thirteenth and Fourteenth Amendments to the Constitution. The judge at the trial was John Howard Ferguson, a lawyer from Massachusetts who had previously declared the Separate Car Act "unconstitutional on trains that traveled through several states"[3] . In Plessy's case, however, he decided that the state could choose to regulate railroad companies that operated only within Louisiana. He found Plessy guilty of refusing to leave the white car [4] . Plessy appealed to the Supreme Court of Louisiana, which upheld Ferguson's decision. In 1896, the Supreme Court of the United States heard Plessy's case and found him guilty once again. Speaking for a seven-person majority, Justice Henry Brown wrote:
"That [the Separate Car Act] does not conflict with the Thirteenth Amendment, which abolished slavery...is too clear for argument...A statute which implies merely a legal distinction between the white and colored races -- a distinction which is founded in the color of the two races, and which must always exist so long as white men are distinguished from the other race by color -- has no tendency to destroy the legal equality of the two races...The object of the [Fourteenth A]mendment was undoubtedly to enforce the absolute equality of the two races before the law, but in the nature of things it could not have been intended to abolish distinctions based upon color, or to enforce social, as distinguished from political equality, or a commingling of the two races upon terms unsatisfactory to either." [5]The lone dissenter, Justice John Harlan, showed incredible foresight when he wrote
"Our Constitution is color-blind, and neither knows nor tolerates classes among citizens. In respect of civil rights, all citizens are equal before the law...In my opinion, the judgment this day rendered will, in time, prove to be quite as pernicious as the decision made by this tribunal in the Dred Scott case...The present decision, it may well be apprehended, will not only stimulate aggressions, more or less brutal and irritating, upon the admitted rights of colored citizens, but will encourage the belief that it is possible, by means of state enactments, to defeat the beneficient purposes which the people of the United States had in view when they adopted the recent amendments of the Constitution." [6]Over time, the words of Justice Harlan rang true. The Plessy decision set the precedent that "separate" facilities for blacks and whites were constitutional as long as they were "equal." The "separate but equal" doctrine was quickly extended to cover many areas of public life, such as restaurants, theaters, restrooms, and public schools. Not until 1954, in the equally important Brown v. Board of Education decision, would the "separate but equal" doctrine be struck down.