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sábado, 15 de maio de 2010

A farra do governo com o meu, o seu, o nosso dinheiro...

Não se engane, caro leitor: você, os seus filhos, netos e talvez até os seus tataranetos (se ninguém consertar essa farra rapidinho), pagaremos a conta dessa verdadeira orgia de gastos irresponsáveis que o governo está promovendo atualmente, na verdade que vem promovendo desde o primeiro dia (com alguma contenção em tempos paloccianos).
Essa é a verdadeira herança maldita que Lula deixará para os seus dois próximos sucessores (e portanto para ele mesmo caso consiga realizar seu intento de voltar em 2014).
Não duvido de que consiga, dada a compulsão do brasileiro, sobretudo dos mais ricos -- capitalistas, banqueiros, etc -- e dos mais pobres -- miseráveis e não tão miseráveis que vivem das esmolas demagógicas do governo -- pelo dinheiro público, que nada mais é do que o dinheiro que o governo arranca dos trabalhadores e empresários.
Aprenda uma coisa, você comentarista eventual que se arriscar a me criticar neste post: NÃO EXISTE milagre; TODO o dinheiro que o governo redistribui, com a sua proverbial incompetência, sai do que você produziu, como trabalhador ou como empresário. Não existe outra maneira de se criar riqueza, e o governa certamente não produz um grama, um centimetro quadrado, um mililitro de riqueza. Tudo o que ele supostamente "tem", ele arrancou de mim, de você, de todos nós.
Abaixo, a confirmação do que diga.
Quem quiser comentar, que o faça com competência, pois de ofensas à lógica formal e à realidade dos fatos, o mundo já está cheio, sobretudo este canto do mundo que é infelizmente o nosso, cada vez mais indo para o brejo.
Paulo Roberto de Almeida

Gastança federal
Miriam Leitão
O Globo, 14.05.2010

O governo Lula deixará uma pesada herança fiscal para quem quer que seja que lhe suceda. O corte anunciado ontem é uma gota num oceano de gastança. A maior parte da queda do superávit primário foi para aumento de despesas de custeio, pessoal e Previdência. A dívida pública bruta cresceu fortemente e isso só não aparece na dívida líquida pelos truques contábeis.

Confira nos gráficos abaixo. Em outubro de 2008, o governo destinava para superávit primário 16% da Receita Corrente Líquida. Hoje, ele destina apenas 6%. Receita Corrente líquida é o que fica nos cofres federais, depois dos repasses para estados e municípios. Pelos cálculos do economista político Alexandre Marinis, sócio da consultoria Mosaico, essa queda do superávit primário não significou um aumento de investimento. Antes da crise, o governo investia 5% da sua receita, agora, destina 6%. O aumento foi de apenas um ponto percentual. Mas as despesas de pessoal, Previdência, custeio e outras despesas obrigatórias, que já engoliam 79%, foram para 88%.

— Do ponto de vista da sustentação do crescimento econômico no futuro, é difícil imaginar uso mais ineficiente dos recursos públicos — diz Marinis.

A Tendências consultoria calcula que as despesas do governo cresceram em média 7,7% ao ano nos últimos 10 anos enquanto o PIB cresceu bem menos, 3,3%. Se esse aumento fosse concentrado nos investimentos, o gasto seria saudável. O problema é que ele se concentra em salários para funcionários públicos, reajustes no INSS e nas despesas correntes, que são gastos para o próprio funcionamento do governo. Para se ter uma ideia da diferença de valores, nos 12 meses terminados em março, o governo e o Banco Central gastaram R$ 597,1 bilhões. Desse total, R$ 154,4 bilhões foram para pagamento de pessoal; R$ 232,8 bilhões, para benefícios previdenciários; e apenas R$ 39 bilhões, para investimentos.

O único ano em que houve um ajuste fiscal foi 2003. Depois, o governo aumentou fortemente o número de funcionários; não regulamentou a única reforma que fez; a da Previdência Pública; e tem usado truques contábeis para esconder o aumento do endividamento. Note, por exemplo, num dos gráficos, o aumento dos créditos repassados ao BNDES. Esse é um dos truques. O governo alega que empresta ao banco, mas na verdade está aumentando o capital do banco de fomento, que concede empréstimos subsidiados muitas vezes para as próprias estatais.

— O Tesouro empresta para o BNDES com juros em torno de 5%, só que paga 9,5% de juros, que é a taxa Selic, para rolar a própria dívida. Ou seja, o Tesouro está tomando prejuízo na operação — explicou Felipe Salto, da Tendências.

A declaração do ministro Guido Mantega de que será feito um corte de R$ 10 bilhões e o aviso do ministro Paulo Bernardo de que “vai doer” não impressionam. Ao longo dos últimos anos o governo ampliou de forma extravagante seus gastos. Essa é a herança que ficará para a próxima administração. Marinis acha que se tivesse mantido constante, depois de 2003, as despesas de pessoal e custeio em relação ao PIB, o governo poderia ter aumentado em 45% os investimentos. Felipe Salto acha que o corte anunciado serve para apagar incêndio.

— O governo tem que fazer cortes pensando num horizonte mais longo. O que foi anunciado é mudança de curto prazo para apagar incêndio. Por não ter feito isso antes, teremos mais juros e crescimento menor do PIB a partir de 2011. Crescer um ano é fácil, mas a partir do ano que vem vamos entrar num ciclo de crescimento mais baixo — afirmou Salto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que esta gastança se deva à falta de organização de nossa sociedade, a qual é dominada -atualmente mais ainda - por minorias organizadas. Um milhão de funcionários públicos conseguem todo tipo de benefício a ser pago por outros 190.000.000 de brasileiros. O empresariado consegue dinheiro subsidiado do BNDS. Ruralista não paga dívida e sempre é anistiado. Saúde e educação só para índio de sem-terra. E por aí vai.
A imensa maioria que paga a conta fica calada e desorganizada.
A elite da indústria e do ruralismo não faz nada e fica em silêncio porque quer seu naco do dinheiro público. Nossa pseudo elite intelectual não faz nada pois são quase todos funcionários públicos - na maioria escondidos em seus cargos nas Universidades e também querendo seu naco da gastança.
Isso só vair mudar quando o grosso do financiamento da elite vier da bolsa de valores, ou seja, quando não mais precisar do dinheiro fácil do governo, e quando a classe média e o pequeno empresário se organizar e começar a punir nas urnas legisladores e chefes do executivo que promovam a farra com o dinheiro público.
Quando isso começar a ocorrer será quem um deputado defenderá medidas como estas que estão votando recentemente e beneficiam a casta do funcionalismo público? Um deputado que assim agir ganhará o beneplácito de 1.000.000 de funcionários públicos e a antipatia dos demais brasileiros.
Será que nos Estados Unidos o Congresso aprovaria impunemente medidas como as que estamos vendo em 2010?
O Estado brasileiro é muito grande e precisa urgentemente diminuir.
Para que ninguém dúvide de minhas intenções: sou funcionário público!
Marcelo

Paulo Roberto de Almeida disse...

Msrcelo,
Grato pelos comentários. Independente de você ser ou não funcionário público -- e eu também sou -- uma análise objetiva, isenta, como cidadão honesto e pagador de impostos, você também tem interesse em que o Estado -- como em outros países normais -- faça bem aquilo que só o Estado pode e deveria fazer: educação de massa de qualidade, segurança pública, saúde para os desprovidos, Justiça eficiente (ou seja, rápida e não subjetivamente determinada por juizes malucos), obras de infra-estrutura que só o Estado poderia fazer ou coordenar, defesa decente (não só contra imaginários ataques imperialistas sobre os fabulosos recursos da Amazônia, mas contra os traficantes de droga e os bandidos organizados das metrópoles), relações exteriores com sentido de finalidade e de resultados efetivos, enfim, tudo aquilo que sabemos que cabe efetivamente ao Estado, não essa incrível "mãe" -- como o presidente já declarou várias vezes -- que ele pretende ser e que obviamente não consegue ser.
Um Estado decente tampouco é aquele que arranca, literalmente, mais da metade da renda dos mais pobres, para devolver-lhe algumas migalhas assitencialistas, que os mantem nessa situação vergonhosa de dependência da demagogia política.
O Brasil já é uma "República sindical" no pior sentido da palavra e há muito tempo, não apenas dos trabalhadores, mas das máfias de sindicalistas patronais, também, aqueles capitalistas parasitas, que ficam esperando dinheiro do governo (o que se compreende, em parte, devido aos juros abusivos), em lugar de lutar pela formação de um mercado de créditos decentes, sem o custo Brasil e sem os juros altos determinados precisamente pela dívida pública e pelos déficits estatais.
Enfim, não tenho nenhuma ilusão se que a situação seja corrigida any time soon.
Vamos pagar caro por isso, tenha certeza...
Paulo Roberto de Almeida