O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Curiosidades... cubanas: seria tudo o que se deve lembrar?

Eu por vezes me pergunto: para que serve, exatamente, uma universidade?
Ora, para transmitir o saber, me responderiam, na lata, como se diz...
Bem, se é para transmitir o saber, eu me pergunto por que, exatamente, um centro, supostamente dedicado a "Estudos Avançados Multidisciplinares", precisa aproveitar o 15. aniversário de criação de um "Núcleo de Estudos Cubanos" -- que se imagina voltado não tanto para estudos realmente cubanos, e sim mais para a defesa de uma ditadura hoje indefensável -- para realizar uma exposição como a que vai relatado abaixo, sobre a "Solidariedade Internacionalista" e em torno da figura de Ché Guevara?
Não é preciso lembrar aos mais jovens -- que devem eventualmente se enternecer romanticamente com aquela famosa foto do personagem de boina preta e cabelos desgrenhados, numa simbologia próxima a desses Cristos medievais de semblante torturado, encimando a famosa frase ensinando que "hay que endurecerse..." (ops!) "... sin perder la ternura jamás" -- que o guerrilheiro heróico morreu na Bolívia em 1967, numa infeliz tentativa de produzir "quatro, cinco Vietnãs na América Latina", e que desde então, a única coisa que se tem, do personagem, é a sua exploração política pela ditadura cubana e sua exploração mercantil por milhares de fabricantes de camisetas e de buttons em volta do mundo.
Tampouco seria preciso lembrar que essa coisa de "Solidariedade Internacionalista" é uma invenção do stalinismo, para a III Internacional, que na prática significava que todos os partidos comunistas nacionais deveriam se colocar obrigatoriamente a serviço do PCUS, ou melhor dito, dos interesses nacionais da União Soviética, mais especificamente da ditadura stalinista e da figura do ditador supremo, ele sim o "Guia Genial dos Povos".
Talvez o mesmo ocorra com o "NESCUBA", servilmente colocado à disposição dos interesses da ditadura cubana na UnB.
Alguém ainda acredita na tal de "revolução cubana" e na "solidariedade internacionalista" com esse personagem que tem mais fama do que resultados?
Talvez meia dúzia de true believers, e mais os curiosos que passarem pela Biblioteca da UnB, que vão continuar sendo enganados por uma das mais eficientes máquinas de propaganda -- política e mercantil, volto a dizer -- de que já se teve notícia em toda a história.
Voltando à pergunta inicial, e sua resposta tentativa, a universidade deveria transmitir um saber real, não uma propaganda política e comercial mistificadora, enganosa, simplesmente patética.
Os jovens sabem que o personagem em questão foi, sucessivamente, presidente do Banco Central de Cuba e ministro da Indústria, e que nas duas funções foi de uma tal incompetência gerencial e administrativa -- ele sabia mais manejar armas do que um órgão de Estado -- que a única coisa que restou a Fidel foi dispensá-lo dessas funções?
Os jovens sabem que, como resultado de suas gestões incompetentes à frente dessas instituições, a situação econômica de Cuba se tornou tão grave que a ilha e seu ditador não tiveram outra via de escape do que se colocar servilmente a serviço da União Soviética, para dela receber um "mensalão" periódico -- avaliado em bilhões de dólares, pagos em troca de açúcar superfaturado -- que durou enquanto a URSS existiu?
Os jovens que estudam no NESCUBA sabem o desastre econômico e material que é a ilha de Fidel, que tinha a segunda ou terceira renda per capita da América Latina em 1959, e que hoje está relegada às últimas posições?
Esse Núcleo de Estudos Cubanos estuda de fato a situação política e econômica de Cuba, sua miséria moral no plano dos direitos elementares da população, a violação constante dos direitos humanos, a falta completa de liberdade que ali existe?
Enfim, o núcleo estuda Cuba ou serve apenas de instrumento de propaganda do regime atual?
A UnB confirma o que se pode esperar dela...
Paulo Roberto de Almeida

O Núcleo de Estudos Cubanos/NESCUBA, vinculado ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares/Ceam, tem a honra de convidar toda a comunidade Acadêmica
para a exposição CHE VIVE - A Solidariedade Internacionalista, em comemoração aos 15 anos de criação do NESCUBA/CEAM.
Período: 22 de novembro a 02 de dezembro
Local: Biblioteca Central - BCE da Universidade de Brasília/UnB 
Atenciosamente,
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares/Ceam
Universidade de Brasília/UnB

3 comentários:

Ícaro disse...

Ao certo os "revolucionários" ou amantes dela também estão em outras instituições. A que eu pertenço (PUC-Sp) acaba de ter a reitoria invadida pelo "Granma" com o objetivo (impossível por sinal) de reduzir as mensalidades...

E a foto do camarada CHE sempre aparece por lá, é claro, mas no lugar do charuto, digamos a Cannabis.

Anônimo disse...

Fala-se tanto de uma tal "altivez ativa", ou algo que o valha, em termos de política externa e as universidades federais são utilizadas como agências de propaganda de regimes estrangeiros? Ou será que Cuba não é um regime estrangeiro?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Icaro,
Essas fotos do Che Guevara me parecem aquelas fotos de Cristos sofredores, das paredes das igrejas antigas, esses santos todos espalhados por ai.
Ou seja, um culto meio irracional, mas que já entrou nos costumes.
Vai fazer o quê?
Pelo menos movimenta uma parte do comércio de icones...
Sempre tem jeito de fazer dinheiro com essas crenças...
Paulo Roberto de Almeida