quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ah, esse capitalismo monopolista internacional, tao perverso, tao concentrador, tao contrario a inovacao...

Eu já imagino os companheiros que dão aulas de sociologia, de geografia, de filosofia, de qualquer coisa parecida com ideologia, em cursos médios e superiores. Eles vão ficar tão contentes ao saber dessa notícia!
Confirma tudo o que eles esperam do capitalismo concentrador, perverso, monopólico, logo eles que adoram um partido exclusivo, dominante hegemônico.
Parece que o capitalismo vai ficar agora parado nessas 147 supercorporações que dominam o mundo, e que se reunem de noite, secretamente, para complotar contra o nosso bem estar, para preservar o seu monopólio justamente nesse número mágico de 147.
E elas ainda estão concentradas no hemisfério Norte...
Não é o que se espera de qualquer boa teoria conspiratória?
Paulo Roberto de Almeida


Ernesto Carmona - de Santiago do Chile, 30/10/2012



Um estudo da Universidade de Zurich revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporaçõestrasnacionais, principalmente financeiras e mineiro-extrativas, na prática controlam a economia global. O estudo foi o primeiro a analisar 43.060 corporaçõestransnacionais e desentranhar a teia de aranha da propriedade entre elas, conseguindo identificar 147 companhias que formam uma “super entidade” que controla 40% da riqueza da economia global.
O pequeno grupo está estreitamente interligado através das diretorias corporativas e constitui uma rede de poder que poderia ser vulnerável ao colapso e propensa ao “risco sistemico”, segundo diversas opiniões. OProject Censored (Projeto Censurado, em tradução livre) da Universidade Estadual de Sonoma, na Califórnia, EUA, desclassificou esta notícia e sua repercussão foi sepultada pelos meios de comunicação norte-americanos. Mas Peter Phillips, professor de sociologia naquela universidade, ex-diretor do Projeto Censurado e atual presidente da Fundação Media Freedom/Project Censored, fez referência a ela em seu trabalho The Global 1%: Exposing the Transnational Ruling Class (O Um Por Cento Global: Exposição da Classe Dominante Transnacional), assinado com Kimberly Soeiro e publicado em projectcensored.org.
Os autores do estudo são Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, pesquisadores da Universidade de Zurich (Suíça), os quais publicaram seu trabalho a 26 de outubro 2011, sob o título A Rede de Controle Corporativo Global (The Network of Global Corporate Control) na revista científica plosone.org.
Na apresentação do estudo publicado na PlosOne, os autores escreveram: “A estrutura da rede de controle das empresas transnacionais afeta a concorrência do mercado mundial e a estabilidade financeira. Até agora, foram estudadas somente pequenas mostras nacionais e não existia uma metodologia adequada para avaliar o controle a nível mundial. Apresenta-se a primeira pesquisa da arquitetura da rede de propriedade internacional, junto ao cálculo da função mantida por cada contendor global”.
“Verificamos que as corporações transnacionais formam uma gigantesca estrutura como gravata de laço e que uma grande parte dos fluxos de controle conduzem para um pequeno núcleo muito unido de instituições financeiras. Este núcleo pode ser visto como um bem econômico, uma “super-entidade” que propõe novas questões importantes, tanto para os pesquisadores como para os responsáveis políticos”.
O diário conservador britânico Daily Mail foi talvez o único do mundo a publicar esta notícia, em 20 de outubro 2011, assinada por Rob Waugh com o chamativo titulo: Existe uma ‘super-corporação’ que dirige a economia global. O Estudo ressalta que esta célula empresarial gigante poderia ser terrivelmente instável. A pesquisa concluiu que 147 empresas criaram uma “super entidade” dentro do grupo, controlando 40% da riqueza mundial”.
Waugh explica que o estudo da Universidade de Zurich “prova” que um pequeno grupo de companhias – principalmente bancos – exerce um poder enorme sobre a economia global. O trabalho foi o primeiro a examinar um total de 43.060 corporações transnacionais, a teia de aranha da propriedade entre elas e estabeleceu um “mapa” de 1.318 empresas como coração da economia global.
“O estudo encontrou que 147 empresas desenvolveram em seu interior uma “super entidade”, controladora de 40% de sua riqueza. Todos possuem parte ou a totalidade de um e outro. A maioria são bancos – os 20 top, incluídos Barclays e Goldman Sachs. Mas o estreito relacionamento significa que a rede poderia ser vulnerável ao colapso”, escreveu Waugh.
O 1% do mundo
“Efetivamente, menos de 1% das empresas foi capaz de controlar 40% de toda a rede”, disse ao Daily Mail James Glattfelder, teórico de sistemas complexos do Instituto Federal Suíço de Zurich, um dos três autores da investigação.
Alguns dos supostos que subjazem no estudo foram criticados, como a ideia de que propriedade equivale a controle. “No entanto, os pesquisadores suíços não têm nenhum interesse pessoal: limitaram-se a aplicar à economia mundial modelos matemáticos utilizados habitualmente para modelar sistemas naturais, usando o Orbis 2007, um banco de dados que contém 37 milhões as companhias e investidores”, informou Waugh.
O economista John Driffil, da Universidade de Londres, especialista em macroeconomia, disse à revista New Scientist que o valor do estudo não radicava em ver quem controla a economia global, mas em mostrar as estreitas conexões entre as corporações maiores do mundo. O colapso financeiro de 2008 mostrou que este tipo de redes estreitamente unidas pode ser instável.
– Se uma empresa sofre uma angústia, esta se propaga – disse Glattfelder.
Para Rob Waugh e o Daily Mail há um “senão”: “Parece pouco provável que as 147 corporações no coração da economia mundial pudessem exercer um poder político real, pois representam demasiados interesses”, assegurou o diário conservador britânico.
A riqueza global do mundo estima-se que se aproxima dos US$ 200 bilhões, ou seja, duas centenas de milhões de milhões. Segundo Peter Phillips e Kimberly Soeiro, 1% mais rico da população do planeta agrupa, aproximadamente, 40 milhões de adultos. Estas pessoas constituem o segmento mais rico da população dos países mais desenvolvidos e, intermitentemente, em outras regiões.
Segundo o livro de David Rothkopf Super-classe: a Elite de Poder Mundial e o Mundo que está Criando, a super elite abarcaria aproximadamente 0,0001% (1 milionésima parte) da população do mundo e compreenderia umas 6 a 7 mil pessoas, embora outros assinalem 6,6 mil. Entre esse grupo, teria que se procurar os donos das 147 corporações a que se refere o estudo dos pesquisadores de Zurich.
Ernesto Carmona é jornalista e escritor chileno.
• Artigo publicado originariamente em Diário da Liberdade.

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