sábado, 16 de fevereiro de 2013

Argentina: ja falamos dela hoje? Agora, com o Chavez no estaleiro, sobra a CK...

De erro em erro, Argentina se isola

Editorial O GLOBO - 16/02/2013

Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades imediatas e sem levar em conta graves consequências para o país


Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades mais imediatas e adota medidas “da mão para a boca”, com desprezo para as graves consequências para o povo argentino e a credibilidade do país. O piloto, nesses voos rasantes e temerários, é o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

Não é de hoje que a inflação tornou-se um problema para a Casa Rosada. Moreno, então, interveio no Indec (responsável pelos índices), que passou a produzir taxas fajutos de 10% ao ano. A inflação real, hoje de 25% e em alta, continuou sendo calculada por consultorias privadas, até que elas foram ameaçadas de processo penal pelo governo. Com isto, passaram ao Congresso a tarefa de divulgar os números. O país passou a ter dois índices — o oficial, que ninguém leva a sério, e o do Congresso. Como resultado, a Argentina já foi formalmente advertida pelo FMI e corre o risco até de ser afastada do Fundo.

Quando a manipulação dos índices se tornou insuficiente, o governo recorreu a Moreno para congelar os preços, a princípio até 1º de abril. As consequências não tardaram: começaram a faltar produtos nas prateleiras da Grande Buenos Aires. O desabastecimento é um subproduto inevitável do congelamento. Outro é o surgimento do “mercado negro”, no qual as mercadorias reaparecem, mas com preço mais alto. Ao governo K o que interessa é poder trombetear uma queda da inflação, mesmo que o anúncio careça de credibilidade. E também, com isso, conter as demandas por aumento salarial. Os sindicatos querem reajustes na faixa dos 30%, mas a Casa Rosada não quer ir além dos 20%.

A farsa do congelamento ensejou um novo capítulo da guerra dos governos K contra a imprensa independente, nomeadamente os grupos Clarín e La Nación. Moreno proibiu supermercados e cadeias de varejo de publicar suplementos com ofertas de produtos nas edições dominicais dos jornais, acabando com uma de suas principais fontes de receita.

A Argentina segue na rota do isolamento. Uma das maneiras é afrontar os EUA, à maneira chavista. Assim, a Casa Rosada produziu um acordo com o Irã para, supostamente, relançar as investigações sobre o atentado contra a associação judaica Amia, realizado em 1994, em Buenos Aires, com 85 mortos e 300 feridos. A Justiça argentina pede a extradição de oito iranianos envolvidos na ação, entre eles altos funcionários do atual governo de Teerã. Com o inédito acordo, a ser ainda votado pelo Congresso, Buenos Aires solicita a cooperação do criminoso, o Irã, para deslindar o que já sabe. A Casa Rosada é acusada de se render ao Irã ,e a comunidade judaica está possessa. Com razão, tudo indica.

Mas Cristina não quer ficar para trás em relação à Venezuela e, em menor grau, ao Brasil, na parceria com os aiatolás da bomba nuclear. Doa a quem doer. No caso, dói nos próprios argentinos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.