Talvez um dia se saiba, mas duvido.
Depois da Stasi, ninguém mais mais quer deixar traços de seus... hum, malfeitos?
O que dizem os torturados da Venezuela
Atacados por forças de segurança e por paramilitares a mando do presidente Nicolás Maduro, dez venezuelanos contam suas histórias a VEJA
Nathalia Watkins, de Caracas
Os nomes Jorchual, Carkelys, Marvinia e Lourds podem parecer estranhos aos leitores da revista. Mas todos eles são de pessoas que poderiam perfeitamente ter nascido no Brasil. São estudantes esforçados que sonham em seguir uma boa carreira. Donas de casa preocupadas com o bem-estar dos filhos. Profissionais liberais com garra para trabalhar. Por terem nascido e viverem na Venezuela, porém, mesmo para as coisas mais elementares, como comprar carne em um açougue ou expressar sua opinião pessoal, eles precisam batalhar. Desde fevereiro, centenas de milhares de venezuelanos como eles foram às ruas protestar, na maioria das vezes pacificamente, contra o governo. O presidente Nicolás Maduro reagiu colocando todas as forças de segurança do Estado, além de milícias paramilitares, para reprimir as manifestações e espalhar o terror entre os cidadãos que ousam se organizar para lutar por seus direitos. A Venezuela vive, hoje, uma crise social da qual ainda não se pode antever uma saída. As forças a serviço de Maduro realizaram mais de 2 000 prisões arbitrárias. Os casos de tortura, no cálculo mais conservador, somaram 59. Quarenta pessoas morreram. O ataque aos cidadãos solapou o já frágil estado democrático de direito no país e criou uma situação ainda mais cruenta que a do primeiro período da ditadura brasileira, entre abril de 1964 e o Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, quando o regime ainda não havia organizado e intensificado os métodos de tortura. No mês em que se relembra o legado do golpe militar, ocorrido há cinquenta anos, o Brasil fecha os olhos para abusos que ocorrem na vizinhança. Para perplexidade dos venezuelanos, o que os representantes brasileiros têm feito até agora é legitimar as ações de Maduro, enquanto simulam uma mediação entre o governo chavista e a oposição. Na semana passada, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, esteve em Caracas com outros dois chanceleres da América do Sul e com o núncio do Vaticano, Aldo Giordano, para uma reunião no Palácio de Miraflores. A oposição pediu a libertação dos presos políticos, o respeito ao direito de protestar e a independência entre os poderes. No início da reunião, porém, Maduro deixou claro que não se arrepende de nada. “Imaginem se tivéssemos sido fracos e os protestos tivessem me tirado daqui”, disse ele.
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