IPEA. 8/11/2017. Seminário no Ipea discute os fenômenos da desglobalização e reglobalização. Instituto recebeu o professor da Columbia University Marcos Troyjo para falar sobre tendências no mundo e projeções para o Brasil
A desglobalização é um fenômeno no mundo desde 2008. Paulo de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (Ipri/Funag), explica que esse conceito diz respeito, em linhas gerais, "à nova globalização sob a liderança chinesa". Mas de que forma esse processo impacta nas relações entre os países? O que existe de oportunidade para o Brasil nessa nova fase de globalização? Essas foram algumas questões discutidas no Seminário Desglobalização, nesta quarta-feira, 08, realizado na sede do Ipea, em Brasília.
Segundo o palestrante convidado Marcos Troyjo, diretor do Centro de Estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China (BRINClab) da Columbia University, em Nova York, que também é autor do livro "Desglobalização – crônica de um mundo em mudança", a desglobalização é um fenômeno no mundo desde 2008. "O mundo que está por vir é o da ‘reglobalização’. Enquanto isso, a desglobalização não significa o fim da globalização, mas que essa está perdendo velocidade", explica.
Na palestra, Troyjo criticou ideias e conceitos do senso comum que tentam explicar o motivo de nações tornarem-se próximas e prestigiosas. Ele defende que as nações que ascendem são aquelas que conseguem se adaptar adequadamente à globalização. "Mas que globalização é essa?", provocou.
De acordo com ele, o maior milagre econômico da humanidade não se deu sem clara separação entre os poderes, sem imprensa livre, sem instituições reguladoras, sem democracia representativa, sem livre mercado e sem uma noção muito específica sobre o que é comércio internacional. "E por trás de tudo isso, o êxito das nações combina instituições fortalecidas e uma porção de estratégia", acrescenta.
Desafios para o Brasil
Para Troyjo, nesse contexto, o Brasil deve fazer mais investimentos horizontais, como a educação, e em uma indústria específica, além de ficar mais aberto às exportações. "O Brasil é a economia mais fechada entre os vinte países de maior PIB do mundo. E não há países que ascenderam sem ter 35 a 40% do PIB para ações de exportações", destaca.
O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, Sergio Abreu e Lima Florencio, destaca que, mesmo com todos os desafios impostos ao país, conseguimos nos diferenciar em relação à América Latina por nossas instituições sólidas. "Na primeira metade dos anos 2000, o Brasil crescia 4% ao ano, se revelava uma economia emergente, com uma influência crescente no comércio e na economia internacional. Isso ajudou a projetar a nossa política externa", finalizou.
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