Quanto falta para trocarmos o caminho do declínio pela vereda da reconstrução?
Paulo Roberto de Almeida
Populistas surgem em momentos de stress político ou de crise econômica, em quaisquer países.
Foi o caso do Brasil entre 2013 e 2018: a resposta não poderia ter sido pior, pois se elegeu um despreparado, fanfarrão, mentiroso e perverso.
Existem remédios na democracia para se corrigir o equívoco, embora a chave esteja no Congresso.
É uma verdade elementar que o principal problema brasileiro é a corrupção política, mas ademais da ignorância geral do eleitorado brasileiro (suscetível, portanto, de votar por demagogos e populistas), um dos lados do problema está no comportamento predatório das elites, desde sempre, sobretudo dos que financiam políticos corruptos.
Não será fácil resolver esse problema e poucas sociedades o fizeram de modo consensual por reformas progressivas. Muitas apenas depois de grandes crises ou declínios prolongados, como parece ser o caso da China.
A Argentina, ao nosso lado, ainda não o conseguiu. O Brasil ainda não tomou consciência de seus problemas principais e não existe diagnóstico consensual, a despeito de bons estudos a respeito deles: talvez estejamos, por enquanto, mais do lado da Argentina do que da China.
O atraso se mede em gerações perdidas: no nosso caso podem ser duas ou mais.
Reflitam...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/11/2020
Addendum:
No ciclo normal da política, presidentes fracassados como Trump e Bolsonaro seriam simplesmente destinados ao limbo, ao “oblivion” da sociedade.
Ocorre que personalidades perversas e egocêntricas, próximas do comportamento psicopata, não se convencem do seu fracasso.
Daí que se fala em trumpismo ou bolsonarismo, que para mim são equívocos conceituais de jornalistas e de cientistas políticos, pois tais fenômenos não correspondem a nenhuma formulação coerente ou racional de alguma doutrina ou movimento organizado, apenas a frustrações e “grievances” reais com problemas sociais não resolvidos pelo sistema político governamental.
Em síntese, é a falta de estadistas na sociedade, que é a sua incapacidade de encontrar uma liderança capaz de realizar a síntese desses problemas, oferecer um diagnóstico lúcido da situação e expor claramente à sociedade o que fazer.
Não é facil, pois a maioria do povo quer respostas simples a problemas complexos, ou mais exatamente que outros, geralmente o Estado e suas instituições, resolvam esses problemas.
Este é o nó dos problemas das sociedades, que só se resolvem, a termo, com boa educação. Esta demora, e pode não chegar, pois como sabemos todos nascemos como tábula rasa.
Desculpem o realismo.
Paulo Roberto de Almeida
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